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2017, A Morte animada
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Nietzsche decretou a morte de Deus e vislumbrou o sentido do mundo através da experiência dionisíaca, uma apologia à comunhão do homem com o mundo natural e com o Universo. Refratário a uma existência atrelada a um porvir, afirmou que não existem dualidades, platônicas ou cristãs, e que só existe esse mundo, essa realidade na qual vivemos e nada mais, nem além. A partir disso, ao elaborar sua filosofia provocativa do Eterno retorno não caminhava na direção do eterno ciclo de reencarnações do Hinduísmo, mas à afirmação budista do deus subjetivo e presente no agora. Segundo Nietzsche, "a vida boa é a que consegue viver o instante sem referência nem ao passado nem ao futuro, sem condenação pessoal, com leveza absoluta, com o sentimento perfeito de que não há mais diferença real entre o passado e a eternidade". Uma poética glorificação, portanto, à efemeridade e à impermanência. Um desdobramento dessa reflexão é sua crença nas Artes como os universos lingüísticos adequados à abordagem da realidade mais essencial. Dentre esses universos, essas linguagens artísticas, as que mais se utilizam das qualidades transitórias em suas elaborações são, inequivocadamente, as Artes cênicas, teatro e dança. Ao se extinguirem após sua concretização, enaltecem a vida em seu caráter mais fundamental: a efemeridade. Poesia do presente glorificado, as Artes cênicas possuem, no entanto, em sua definição o traço da morte e do súbito desaparecimento. A aproximação destemida da Morte preenche de Vida suas elaborações. Essa pequena e modesta digressão sobre o pensamento nietzchiano, busca conduzir ao universo teatral das formas animadas e sua dialética de vida e morte. Dentre as inúmeras vertentes das artes do palco, o teatro de formas animadas, cujo representante mais ancestral, a máscara, acabou por forjar o ícone que simbolizaria para sempre a própria arte teatral e toda sua trajetória, uma vez que é presença importante em quase todos os momentos da história do teatro. E mesmo antes. Com o movimento simbolista no final do século XIX, Von Kleist, Maeterlink, Appia, Yeats e, principalmente Edward Gordon Craig, resgata-se o universo de formas animadas-e com ele, as máscaras-e o preenchem com novas possibilidades expressivas. A parte o encanto renovado à época com o teatro de bonecos, Craig foi o autor da provocação de se substituir os atores pelos assim chamados
Assim como os rios desaguam no mar e ali tornam-se infinitamente maiores que eles mesmos, assim é a vida do ser humano que desagua na morte tornando-se algo maior que ele mesmo.
revista Quatro CInco Um, 2019
Grande nome da poesia do século 20, o russo Vladímir Vladímirovitch Maiakóvski (1893-1930) escreveu "como um vivo aos vivos", habitando o presente e ansiando pelo futuro. Talvez por isso seus versos sejam tão atuais: "Não estamos alegres/ É certo/ Mas também por que razão/ Haveríamos de ficar tristes?/ O mar da história/ É agitado/ As ameaças/ E as guerras/ Havemos de atravessá-las/ Rompê-las ao meio/ Cortando-as/ Como uma quilha corta/ As ondas".
Galáxia (São Paulo)
Resumo Há um pequeno relato de morte escrito por Fiódor Dostoievski em 1876, inspirado em notícias de jornal, em que o esforço narrativo se volta para cobrir de sentido a falta de sentido original do morrer. Intitulado A dócil, esse texto é aqui retomado para pensar sobre alguns dos caminhos que tomam o jornalismo e seus relatos ao ingressarem na teia de referências associadas à morte em nossa cultura.
Dissertação de Mestrado, 2020
O presente trabalho se refere a uma crítica antropológica sobre a morte que tem como ponto de partida a história social da morte no ocidente. Trata-se de um estudo com caráter bibliográfico, mas com vários elementos etnográficos visto que o projeto inicial previa um trabalho de campo que não pode ser concluído por questões pessoais diversas, curiosamente, relacionadas a morte. A narrativa traz a morte como categoria socioculturalmente construída, isto com base em análises de alguns ritos de luto e sepultamento, assim como da ressignificação da ideia de corpo como suporte único e exclusivo daquele que vive. Busca-se promover, no discurso empreendido, um esvaziamento da ideia ocidental de corpo analisando as performances dessa estrutura quando ela biologicamente morre e quando culturalmente ressuscita. Diálogos reflexivos sobre os vários tipos de morte são promovidos na tentativa de que a aproximação com o fenômeno e suas múltiplas manifestações permitam ver de perto como a finitude nos move, nos comove, impacta e imprime a vida a partir de suas multiagências.
Revista M. Estudos sobre a morte, os mortos e o morrer, 2019
É com muita satisfação que a Revista M. chega ao seu quinto número, trazendo aos leitores e às leitoras o Dossiê Temático "Morte, regimes políticos e violência",
Life and Death, 2019
Vida e Morte Vida e Morte são acontecimentos inerentes à existência do homem desde sua origem na terra. Para manter a sobrevivência frente aos eventos traumáticos desenvolveu defesas filogenéticas que nortearam sua evolução. Freud (1916-1917) diferenciou a neurose traumática das neuroses de defesa, mas abdicou de seu estudo alegando falta de subsídios da biologia na época. Retomo-o usando conhecimentos atuais das ciências biológicas e minha prática clínica como psiquiatra e psicanalista. Por exemplo, Kandel (2000), prêmio Nobel de Medicina, demonstrou que o acervo dessas defesas filogenéticas é armazenado nas amígdalas cerebrais, constituindo a memória implícita cujo funcionamento é semelhante ao do inconsciente freudiano. Outra referência é o conceito do evento traumático, segundo o DSM-IV (1994), “como uma experiência que a pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais eventos que envolveram ameaça de morte ou de grave ferimento físico, ou ameaça a sua integridade física ou à de outros; a pessoa reagiu com intenso medo, impotência ou horror”. Esse evento gera sintomas de revivência do trauma em flashbacks de memória, sonhos repetitivos com o evento e sintomas de esquiva do local ou pessoas envolvidas. Scaer (2001) mostrou a importância da predisposição para o desenvolvimento da sintomatologia do trauma ao apontar que vítimas de acidentes automobilísticos em alta velocidade não desenvolviam sintomas traumáticos, em oposição a outros que adoeciam vítimas de acidentes a dez quilômetros. Harlow (1958) apontou que essa predisposição é gerada por trauma em período precoce do desenvolvimento. Fez experiências com ratos separados de suas matrizes logo após o nascimento e outro dez dias. Os primeiros ao retornarem ao contato após uma semana com as matrizes mantinham-se separados e não alimentavam. O mesmo não sucedeu com o segundo grupo, voltando a socialização. Os estudos de Selye (1936) foram seminais para entender o trauma, o estresse e sua sintomatologia, assim como os de Canon (1929) sobre a homeostase. Alguns psicanalistas, além de Freud, também contribuíram. Winnicott (1988) escreveu: “O caos é primeiramente uma ‘quebra na linha do ser’, e a recuperação ocorre através de uma revivência da continuidade; se a perturbação ultrapassa um limite possível de ser tolerado, de acordo com as experiências anteriores ‘de continuidade do ser’, ocorre que devido às leis elementares da economia, uma quantidade de caos passa a fazer parte da constituição do indivíduo”. Tustin (1986) contribui com a ênfase dada às experiencias sensoriais geradas por elementos do próprio corpo como a urina, a saliva, os dedos, a língua e outros. Segundo ela para satisfação do princípio do prazer. Em verdade, promovem o apaziguamento da angústia de morte presente, como fazem os adultos que se coçam, teclam o celular e outros. Seus estudos foram confirmados por Piontelli (1977) com ultrassonografia fetal mostrando o feto coçando os órgãos genitais e as orelhas. Ogden (1989b) auxiliou ao escrever: "a intensidade e o ritmo das experiências sensoriais são ditadas pela filogênese. Não existe ainda um sujeito que interpreta. Existe, apenas, a noção de uma experiência em uma superfície sensorial relacionada aos processos vitais”. Continua: "dependendo do ritmo, regularidade e intensidade desta experiência, começa o sentimento de lugar... onde estou e como sou”. Associando estes estudos formulei a hipótese de que a vítima do trauma desenvolve para se manter vivo uma regressão somática filogenética no qual o consumo de oxigênio pela célula é diminuído ao mínimo para manutenção de suas funções vitais. Essa regressão somática foi descrita por Blackstone et al. (2005) como estado de suspensão animada, quando fazia experiências com órgãos humanos para transplante em receptores distantes. Mediante a Retirada Autista o corpo funciona como uma “mãe suficientemente boa” (Winnicott, 1962) como sucede na anorexia nervosa. A psicoterapia psicanalítica é o principal elemento terapêutico pela valorização do setting e o conhecimento da transferência e contratransferência, além da recuperação da desconexão cérebro-hipotálamo. É fundamental aceitar o paciente vivendo no mundo dos semivivos, onde se encontra mais apaziguado. Assim assistido, desapega do último recurso que lhe resta para sobreviver ou se apaziguar: apelar para o próprio corpo como uma segunda mãe. Foi assim com minha paciente de 32 anos com memórias diurnas e sonhos repetitivos do trauma da separação dos pais aos quatro anos e os abusos sexuais na infância por parte do padrasto. Chega no horário combinado na sessão no fim de semana. - Perguntou-me logo o que estava achando da sua doença. - Lembrei-me da chegada no horário certo, do relato anterior desinibido dos rituais da anorexia, da separação dos pais e dos abusos sexuais na infância, lembranças que indicavam haver ligação minha com sua pessoa, um fato para valorizar em termos de contratransferência. - Disse-lhe que poderia ajudá-la se continuássemos conectados em estado de confiança recíproca para nos servir de sustentação. Conclusão O biológico e a mente vem sendo considerado por especialistas como dois universos distintos sem pontos de união. Esse extremismo é prejudicial para o progresso da ciência.
2016
Resumo: O processo sublimatório guarda questões insondáveis, mas através da criação se tem acesso à ética do desejo. Ética que advém de um percurso estético para a psicanálise, que comporta e tensiona as faces antitéticas da experiência entre Eros e Thanatos, o Belo e o Horrível e o estranho familiar. Neste artigo, ética e estética se encontram com os textos de Hilda Hilst que nos convidam a acompanhar a escrita de uma posição subjetiva, dissolvendo o distanciamento imaginário do outro e causando a proximidade pelo Outro, mantendo o leitor numa tensão estranhamente familiar.
Crítica Cultural, 2022
Resumo: O cenário político brasileiro, entre 2017 e 2021, se compôs por cenas engendradas na repetição e perpetuação do espetáculo da morte e da violência nos meios de comunicação. A partir deste recorte, pretende-se destacar e compreender os mecanismos e o combustível que sustentam estas produções. Para isto, nos ancoramos em estudos freudianos sobre os aspectos psicológicos que embasam a formação das massas e a pulsão de morte enquanto instrumento de propagação compulsiva de manchetes, notícias e discursos destrutivos no espaço público. Desta forma, o presente artigo visa elencar manchetes, noticiários e discursos do chefe do Estado com intuito de sinalizar a espetacularização da morte como conteúdo consumido nos meios de comunicação e construir reflexões acerca da pulsão de morte enquanto propulsora de repetições e também de instauração de mudanças. A análise do conteúdo será realizada sob a luz da Psicanálise e seu trânsito com os outros campos do saber.
2005
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literatura, 2005.O presente trabalho pretende demonstrar, por meio do estudo de duas concepções de mundo - a mítica e a racional -, as características da crença homérica acerca da morte e dos temas a ela relacionados, como a questão da alma e da vida post mortem. Para isso, julgou-se necessário observar como essa crença era vivida no período pré-homérico, ressaltando tanto as reminiscências desta como as novidades encontradas nas epopéias homéricas. Além disso, são delineados os rumos tomados pelo tema da morte no período posterior a Homero, ainda na Grécia antiga. _______________________________________________________________________________ ABSTRACTThis work intends to demonstrate, through studies of two different world conceptions – mythic and rational – the characteristics of the Homeric belief around death and related themes, as the soul matter and life post mortem. To do s...
O artigo apresenta o debate sobre o aborto, no Brasil, ocorrido na esfera do Legislativo Federal, de 2003 a 2010. O foco incide sobre a maneira como as ideias em torno da interrupção da gravidez relacionam-se com as noções de morte, de acordo com as representações sobre a gestante e o embrião humano em gestação ou de laboratório. O levantamento foi efetuado no portal da Câmara dos Deputados, por meio de mecanismos de busca de proposições legislativas e de discursos, contendo as palavras-chave aborto e embrião. Observou-se durante o período que determinados eventos atuaram como acionadores para despertar o tema, como o debate em torno da Lei de Biossegurança, o aborto em caso de anencefalia suscitado pela tramitação da ADPF 54 no Supremo Tribunal Federal, as eleições de 2010 associadas à crítica ao PNDH3, e o estupro de uma menina pernambucana de 9 anos. A pesquisa evidenciou um número superior de proposições legislativas e de discursos contrários ao aborto, em comparação com os favoráveis à sua legalização.
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Psicologia e Saúde em Debate, 2019
TROPOS: Comunicação, Sociedade e Cultura, 2021
Galáxia: Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, of the Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no. 34, São Paulo, Brazil, January-April, 2017, a republication of ‘The Animation of Cinema’ in The Semiotic Review of Books, vol. 18, no. 2, 2008, pp. 1-10., 2017
Revista Scripta Uniandrade, 2014
REVISTA DO MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA, 2016