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Para a crítica da centralidade do trabalho: contribuição com base em Lukács e Postone Towards the critique of the centrality of labor: a contribution based on Lukács and Postone Resumo -O artigo procura contribuir para a autocrítica que a tradição marxista deve a si mesma. Baseia-se especialmente em Lukács e Postone para sustentar que a crítica das concepções correntes sobre trabalho, no interior da tradição, constitui um imperativo para tal autocrítica e, consequentemente, para a restauração da dimensão crítica da teoria marxiana. O argumento concentra-se na diferença entre trabalho como categoria fundante e central, e apresenta a seguinte estrutura: em primeiro lugar, oferece uma explanação sobre o caráter fundante do trabalho na gênese e desenvolvimento do ser social; em segundo, procura mostrar que a centralidade do trabalho é exclusiva do capitalismo e constitui a contradição básica desse sistema; em terceiro, defendendo que crítica de fato é crítica ontológica, sustenta que a crítica da economia política de Marx consiste na crítica do trabalho, ou da relação social armada pelo capital que unidimensionaliza os sujeitos como trabalhadores. Palavras-chave: crítica ontológica; centralidade do trabalho; Marx; Lukács; Postone.
O presente número da Verinotio -Revista on-line de Filosofia e Ciências Humanas tem como tema a crítica da centralidade do trabalho. Nas últimas décadas, a tradição marxista tem procurado melhor compreender a categoria trabalho, seu papel na sociedade capitalista e no processo de emancipação humana. Durante algum tempo foi moda falar em fim do trabalho, fim do proletariado etc. No entanto, aqui objetivamos precisar a centralidade (ou não) do trabalho na sociedade em que domina o modo de produção capitalista. Para tanto, apresentamos um conjunto de artigos que abordam diretamente esta questão, tendo por destaque, na maioria desses trabalhos, para além da evidente referência aos textos de Marx, a obra magna de Lukács, Para uma ontologia do ser social, e a contribuição teórica de Moishe Postone, cujo ponto alto é o livro Tempo, trabalho e dominação social. O primeiro artigo que apresentamos é do economista marxista indiano Paresh Chattopadhyay, intitulado Sobre alguns aspectos da dialética do trabalho na Crítica da economia política. O autor discute as contradições inerentes à categoria trabalho que Marx sublinhara em diversos de seus escritos (trabalho em geral, trabalho abstrato, concreto, necessário e excedente) e explora, ao final, o lugar do trabalho na vida social livre da lógica do capital. Trata-se de um texto rigoroso, embora curto, que pode ser de ajuda aos leitores menos familiarizados com tais categorias. O segundo artigo é de María Fernanda Escurra, intitulado O trabalho como categoria fundante do ser social e a crítica à sua centralidade sob o capital. Nele a autora trata da diferença entre o trabalho como categoria fundante do ser social e a centralidade que adquire na sociedade capitalista. Centralidade que unidimensionaliza os indivíduos e produz um tipo especial de dominação social, uma dominação abstrata. A conclusão é a de que a crítica de Marx é uma crítica negativa do trabalho no capitalismo, logo, que a crítica à centralidade do trabalho é um imperativo para a crítica do capital. O terceiro artigo (Marx e a crítica ontológica da sociedade capitalista: crítica à centralidade do trabalho), de Mario Duayer, na mesma linha do anterior, procura demonstrar que o propósito central da obra marxiana, que 1 Professor da Faculdade de Economia da UFF e membro do Niep-Marx-UFF. 2 Professor titular da UFF (aposentado).
2006
After identifying and describing five important aspects concerning the issue of work at the present time, this paper seeks to present arguments for a critique of one of them: the Marxist stream that defends the centrality of work. To that end, we argue that the concept of work is an abstraction resulting from the bourgeois practice and mentality which has also contributed to an inversion in the social values of productive activities. Devalued in practically all former class societies, productive activities, with capitalism, gained a noble status, being considered the source of property (Locke), wealth (Smith) and capital (Marx). Marx stressed the importance of productive activities when he stated that work is a natural and permanent activity of mankind, one that is also responsible for our humanization. In the present paper we criticize this naturalization of a specific characteristic of capitalist culture. Finally, following Marx, we argue that the tendency to save work time is sub...
(Des)centralidade do trabalho, 2016
Revista Em Pauta, 2015
Towards the critique of the centrality of labor: a contribution based on Lukács and Postone Resumo-O artigo procura contribuir para a autocrítica que a tradição marxista deve a si mesma. Baseia-se especialmente em Lukács e Postone para sustentar que a crítica das concepções correntes sobre trabalho, no interior da tradição, constitui um imperativo para tal autocrítica e, consequentemente, para a restauração da dimensão crítica da teoria marxiana. O argumento concentra-se na diferença entre trabalho como categoria fundante e central, e apresenta a seguinte estrutura: em primeiro lugar, oferece uma explanação sobre o caráter fundante do trabalho na gênese e desenvolvimento do ser social; em segundo, procura mostrar que a centralidade do trabalho é exclusiva do capitalismo e constitui a contradição básica desse sistema; em terceiro, defendendo que crítica de fato é crítica ontológica, sustenta que a crítica da economia política de Marx consiste na crítica do trabalho, ou da relação social armada pelo capital que unidimensionaliza os sujeitos como trabalhadores.
2015
As seguintes reflexoes formam parte de um estudo mais amplo que estaem curso e sera editado em breve. O tema e o impacto do processo de trabalhona saude dos trabalhadores, em particular como gerador de condicoes, ambientee riscos psicossociais no trabalho.
As Políticas Públicas frente a Transformação da Sociedade, 2019
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. "A sociedade em transformação": à primeira vista, essa frase pode parecer uma redundância, na medida em que, por definição, todas as sociedades estão sempre mudando, seja por meio da sucessão das gerações, seja por meio de inovações (intencionais ou não, grandes ou pequenas), seja por meio de mudanças ambientais. Nesse sentido, há 25 séculos, Aristóteles formalizava a concepção grega de que, em contraposição à orbe celeste -imutável, perfeita e incorruptível -, o mundo sublunar caracteriza-se pela corruptibilidade e pelas constantes mudanças. Ora, o sentido específico da presente afirmação da "transformação da sociedade" consiste nos fatos de que as sociedades contemporâneas vivem as mudanças conscientemente; de que as mudanças sucedem-se com grande rapidez e de que -e isto é o mais importante para nós -desejamos ativamente as mudanças. É na busca ativa das mudanças sociais que as políticas públicas assumem um caráter especial, na medida em que é graças à ação coordenada do Estado com e sobre a sociedade que se pode implementar, de maneira razoavelmente racional, planejada e sujeita ao permanente escrutínio público, todo um conjunto de medidas que visam a melhorar o bem-estar social, bem como o equilíbrio ambiental. Nesses termos, o presente livro reúne 31 artigos que abordam de diferentes maneiras seja a organização do Estado com vistas à execução de políticas públicas, sejam aspectos de variadas políticas públicas específicas, sejam problemas relacionados à atuação de agentes jurídicos com vistas à imposição de políticas públicas. Espelhando a variedade de temas, os autores dessa trintena de artigos têm as mais variadas formações acadêmicas e políticas, que vão desde a Sociologia até a Medicina, desde a Fisioterapia até a Gestão de Políticas Públicas, desde o Serviço Social até o Direito, sem deixar de lado as modalidades de interdisciplinaridade que consistem em ter uma formação inicial em uma área e realizar pesquisas pósgraduadas em outras áreas. Igualmente, a titulação desses pesquisadores é variada, passando por estudantes de graduação e chegando a doutores e a pesquisadores com pesquisas pós-doutorais. De qualquer maneira, acima dessa variedade temática, disciplinar e profissional -que, em todo caso, apenas realça a qualidade do presente livro -, está o fato de que os autores evidenciam todos o compromisso intelectual e também político com o aperfeiçoamento das instituições públicas que visam ao bem-estar social, em suas mais diversas manifestações. Ler os artigos seguintes é aprender a diversidade de possibilidades de realizar a "transformação social" -e, bem entendido, de realizar essa transformação para melhor.
This article seeks to relate the loss of centrality of work allied with colonization of politics by economics problem, aimed at taking of a democracy more substantive. From the thought of Ellen M. Wood, rescues the position of the free worker in ancient Greece, glimpsed the crux of the success of that model of democracy. This position will be identified with the loss of centrality of work, and then approaches the problem is verified both by Wood and by Francisco de Oliveira, the isolation / separation between economic and political spheres. At the end show how the colonization of political economy through the exception state is the condition of existence of capitalism itself dependent on the modern nation-state.
journal of physical education, 2008
O objetivo deste trabalho é levantar questões sobre a necessidade de se retomar a centralidade da categoria Trabalho para as análises em Educação Física. Com o surgimento das novas tecnologias produtivas baseadas na microeletrônica, a tendência de se questionar a centralidade desta categoria ganhou força, provocando reações tanto
Politeia Historia E Sociedade, 2011
RESUMO O artigo analisa a questão da centralidade do trabalho no capitalismo contemporâneo sob a regência das finanças. Apresenta a dinâmica do mercado de trabalho no período conhecido como regime de acumulação flexível, no qual se observa que o capital combina novas estratégias de exploração da força de trabalho com formas pretéritas de extração de mais valia pari passu ao desenvolvimento de mecanismos que levam à expansão do capital financeiro. Nesse momento o capital, parcialmente, queima etapas do ciclo D-M-D´ (D-M...P...M-D'), passando a se valorizar na forma D-D'. Apesar da constatação da dominância das finanças no regime de acumulação flexível, a esfera da produção não é eliminada e o trabalho continua a ser central para o capitalismo.
2020
This article seeks to reveal how outsourced workers who work at the Federal Institute of Paraíba/campus João Pessoa (IFPB-JP), located in Bairro Jaguaribe, remain for long periods in their jobs even with the turnover of service providers. Therefore, at first, the text brings some particularities in the world of work in Latin America and Brazil, and also how the sociology of work is faced with these historical challenges and then, starting from the assumption that outsourcing is a form of labor subcontract, therefore a structurally precarious condition, this article seeks to highlight and contextualize politically the main milestones of the construction of the current (2020) legal framework Aluno do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais da UFPB/Brasil. E-mail: marcelocadorecs@gmail. com.
1996
The aim of this paper is to rescue Marxist view about the centrality of labor in the capitalist society while being simultaneously positive and negative. We defend here that this rescue is essential to criticise two formally antagonic perspectives of contemporary process of labor denying: the catastrophic and the optimistic one. Despite the approval these two perspectives have received from distinct public, they are equally mistaken and both fail in simplifying a very complex process. What is necessary to understand nowadays is that, if the contemporary patterns of labor absortion and control are negative to the labor class organization, it simultaneously deepens the capitalism crisis of sociability. Underestimating this contradiction, the defensors of the two criticised perspectives miss the possibility of noticing that what the modernity is putting again is the necessity of a revolutionary reflexion about the fate of the private property.
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que sem fins comerciais e que o trabalho original seja corretamente citado.
O presente artigo intenta demonstrar a radical indissociabilidade entre método e conteúdo na filosofia social e política de Marx, particularmente em torno da sua apropriação da metodologia hegeliana. Seguindo a interpretação de Flickinger, a primeira parte do artigo visa articular essa apropriação a partir de um conjunto de tópicos nucleares da filosofia de Marx. Já num segundo momento, o artigo foca num conceito absolutamente fundamental tanto em Hegel quanto em Marx, qual seja: o conceito de trabalho. Assim, o presente artigo visa desenvolver a função sistemática deste conceito na elaboração do sistema de Hegel, e as implicações da mesma na filosofia social do Autor. A seguir, fazemos uma reconstituição da crítica de Marx a essa teoria do trabalho e indicam-se alguns rumos que a filosofia social e política de Marx toma face à filosofia hegeliana, particularmente em torno das tensões que emergem numa sociedade em que o trabalho foi erguido ao status de fonte da riqueza ao mesmo tempo em que aqueles que trabalham e a produzem não podem usufruí-la.
Revista Labor
Os indivíduos sem-abrigo são frequentemente rotulados como «preguiçosos e amorais», apoiando-se esta classificação na sua suposta rejeição do trabalho. A empiria desmente esta representação, mostrando que o trabalho é uma relação desejada por quem vive na rua e, sobretudo, que funciona como um mecanismo de construção identitária positiva que permite um afastamento relativo dos rótulos de «preguiça e amoralidade». É observável, porém, em alguns indivíduos sem-abrigo, uma efectiva rejeição de um tipo de trabalho concreto, mal remunerado, temporário e estatutariamente desvalorizado. É fundamental, contudo, distinguir entre a representação espúria de uma rejeição do trabalho em geral e estas ocorrências de rejeição deste tipo particular de trabalho, que, por experiência própria, quem vive na rua sabe que não lhe permitirá aumentar o seu bem-estar. Com propósito ilustrativo, a discussão é ancorada, no final do texto, na relação longitudinal de um indivíduo sem-abrigo com o trabalho, inte...
Análise Econômica, 2009
Este texto foi elaborado para resgatar o método materialista dialético, abandonado por muitas das teorias que defendem o fim do trabalho e de sua centralidade na sociedade contemporânea. Nosso ponto de vista se opõe às concepções idealistas e teológicas da criação do homem que fundamentam, metodologicamente, aquelas teorias. Para tanto, diferenciamos o trabalho em geral, como o fundamento da existência humana, do trabalho alienado, como trabalho determinado historicamente. Defendemos que, sob o modo de produção capitalista, o trabalho alienado não perde a sua centralidade. E, também, que é necessário superar o modo de produção capitalista para que o trabalho perca a sua posição central e desapareça como atividade exercida pelo homem e determinada exteriormente pelas necessidades naturais e sociais.
O artigo argumenta que há, em Marx, uma diferenciação da função social do proletariado e dos outros assalariados fundada na distinta inserção na estrutura produtiva de cada classe social. Argumenta, ainda, que esta distinção está claramente posta em O Capital e que, com freqüência, o recurso aos manuscritos como os Grundrisse ou o Capítulo VI -Inédito têm servido para desautorizar o texto publicado por Marx e que, política e teoricamente, têm servido para revogar a centralidade do proletariado para superação do sistema do capital. * Prof. Departamento de Filosofia da UFAL, membro da editoria da Revista Crítica Marxista.
O trabalho como categoria fundante do ser social e a crítica à sua centralidade sob o capital 1 María Fernanda Escurra 2 Tão logo o trabalho na sua forma imediata deixa de ser a grande fonte de riqueza, o tempo de trabalho deixa, e tem de deixar, de ser a sua medida e, em consequência, o valor de troca deixa de ser [a medida] do valor de uso. O trabalho excedente da massa deixa de ser condição para o desenvolvimento da riqueza geral, assim como o não trabalho dos poucos deixa de ser condição do desenvolvimento das forças gerais do cérebro humano. Com isso, desmorona a produção baseada no valor de troca, o próprio processo de produção material imediato é despido da forma da precariedade e contradição. [Dá-se] o livre desenvolvimento das individualidades e, em consequência, a redução do tempo de trabalho necessário da sociedade como um todo a um mínimo, que corresponde então à formação artística, científica etc. dos indivíduos por meio do tempo liberado e dos meios criados para todos eles. K. Marx Resumo: Este artigo aborda a diferença do trabalho como categoria específica e fundante na gênese e no desenvolvimento do ser social e a centralidade que o trabalho adquire na sociedade capitalista. Tal centralidade unidimensionaliza os indivíduos e os submete a um tipo de dominação abstrata, nova e específica desta forma de organização social. Daí é possível concluir, de acordo com autores marxistas contemporâneos, que a crítica de Marx é crítica negativa do trabalho no capitalismo e, por isso, a crítica à centralidade do trabalho é um imperativo para a crítica do capital. Labor as founding category of social being and the critique of its centrality under capital Abstract: This paper discusses the difference between labor as a specific and founding category in the genesis and development of social being and the centrality labor taken on the capitalist society. Such a centrality reduces individuals to one-dimensional – as laborers – and subject them to a new form of abstract 1 Fragmento, com modificações, extraído da minha tese de doutorado (cf. ESCURRA, 2015).
2011
se sobre as novas (e precárias) formas de trabalho na contemporaneidade para analisar como o trabalho vem a abandonar o seu formato clássico para existir sob novas formas, muito embora permanecendo como elemento central da organização social.
Áskesis - Revista des discentes do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar, 2016
O presente artigo procura apresentar o debate acerca das teses de desconstrução e de afirmação da centralidade da categoria trabalho mais influentes na teoria social e no debate sociológico contemporâneo. Ao expor a nova configuração do mundo do trabalho e suas metamorfoses, afirma-se os equívocos acerca da desconstrução dessa categoria analítica chamando-se atenção para a importância da articulação de elementos teóricos e empíricos nas pesquisas de sociologia do trabalho.
Caderno CRH (UFBA), vol. 28, n. 75, 2015
Resenha do livro "Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil", vol. III, organizado por Ricardo Antunes.
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