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2006
Sócrates, através da dialética, tornava seus interlocutores conscientes da própria ignorância, libertando-os da ilusão de pensar que sabiam o que estavam dizendo. Assim, Sócrates lhes dava o benefício da possibilidade de buscar o verdadeiro conhecimento.
Resumo: Pretende-se abordar dois temas fundamentais para qualquer estudioso da obra platônica: a forma dialogal da escrita filosófica e o aspecto erótico da filosofia. A interpretação apresentada propõe que a morte de Sócrates condenado pela democracia rompeu a possibilidade de comunicação entre o filósofo e a cidade. Sócrates, como amante que é, afirma agir em benefício da cidade que, no entanto, reconhece na atividade do filósofo a corrupção de seus costumes. A escrita platônica seria, então, a recriação da possibilidade de diálogo entre filosofia e cidade. Como Aquiles volta à batalha após a morte de Pátroclo, Platão lança-se ao obrar filosófico como amante do filósofo-amante morto. Suas armas: os diálogos.
(Versão completa do texto publicado nos Anais da ABRALIC 2017). Partindo da concepção de que a linguagem modela a percepção humana do mundo, este texto pretende investigar de que forma a constituição de diferentes gêneros discursivos se deu num momento basilar para a formação epistemológica ocidental, qual seja, na Atenas do período clássico. Empregando um arcabouço teórico que vai da filosofia contemporânea (Foucault e Derrida) à linguística (Bakhtin, Coseriu, Mondada e Dubois), pretendemos dar a ver de que modo um estudo diacrônico dos diferentes gêneros discursivos instituídos entre os atenienses do período clássico pode indicar uma série de mecanismos de controle do discurso vigentes ainda hoje.
RESUMO: A pergunta sobre o " ancestral literário " do diálogo platônico não pode ser respondida sem uma remissão à comédia. Com efeito, dentre os modelos literários dos quais Platão se serviu para compor um novo gênero, a comédia assume lugar de destaque. Partindo da ideia de que o diálogo platônico constitui um gênero híbrido, que incorpora outros gêneros literários e os articula num rico diálogo, este trabalho busca estabelecer uma relação entre o estilo literário platônico e o modelo cômico de composição dramática. ABSTRACT: The issue on the "literary ancestor" of Platonic dialogue cannot be answered without a reference to comedy. Indeed, among the literary models that Plato has used to compose a new genre, the comedy is remarkable. Starting from the idea that the Platonic dialogue is a hybrid genre that incorporates other literary genres and articulates them in a rich dialogue, this study searches to establish a relationship between the literary style and the comic Platonic model of dramatic composition. Introdução Este trabalho se insere num projeto mais amplo de pesquisa, que visa analisar a importância filosófica do processo de composição dos diálogos platônicos, tendo como horizonte a questão da forma literária. Partindo da ideia de que o diálogo platônico constitui um gênero híbrido, que incorpora outros gêneros literários e
v. 35 n. 2, 2012
Neste artigo, pretendo analisar como o Filebo de Platão retoma alguns tópicos específicos da dialética platônica, empregando-os a fim de entender como a alma cognitiva pode ser afetada por prazeres falsos, por opiniões falsas e por imagens falsas. Este estudo visa a criticar certas leituras modernas do platonismo, especialmente a teoria esoterista, baseada na doutrina não escrita de Platão, cujo escopo central estipula um revisionismo da teoria platônica das Formas, defendendo a emergência de uma nova ontologia, explicada por dois princípios, o Um e a Díada ilimitada do grande e do pequeno, concebidos, assim, como princípio formal e princípio material.
Revista De Estudos Filosoficos E Historicos Da Antiguidade, 2014
RESUMO: Aqui, pretende-se explorar -sem a pretensão da completude ou do tratamento exaustivo -alguns dos aspectos constitutivos da assim denominada teoria platônica da comunicação fi losófi ca, a partir de um "estudo de caso", qual seja: a composição dramatúrgica do diálogo Teeteto. Para tanto, a partir da recíproca determinação implicada na estrutura bipolar personagens/natureza temática do diálogo, busca-se tratar da caracterização teatrográfi ca do personagem Teeteto e sugerir chave de leitura do diálogo baseada também em uma leitura cruzada com algumas das informações extraídas da República sobre a formação do dialético. Por fi m, tenta-se demonstrar a íntima relação entre determinação prosopográfi ca e dimensão artistica do diálogo; dimensão esta que, esperamos, poderá servir ao estudioso como uma verdadeira meridiana pelo intrincado percurso pensado para o diálogo em questão.
Kriterion: Revista de Filosofia, 2007
Ao final do diálogo Crátilo de Platão, deparamo-nos com a constatação de que os nomes não seriam capazes de dizer a essência das coisas, o que parece pôr em xeque a tarefa da filosofia pensada como atividade de busca do conhecimento presidida pelo lógos. O presente artigo pretende mostrar que é possível entrever, a partir da própria construção dos elementos que compõem o diálogo, sobretudo em sua dimensão dramática, indicações de que a linguagem não é destituída de seu papel de viabilizar o conhecimento.
Rónai - Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, 2019
In this article, we evaluated the notion of tékhnē in three contexts of the Cratylus, which allows us to identify three nuances associated with the term: 1. as a "know how" intermediated by an instrument (388e-389a); 2. as the possession of a noetic knowledge, in the moment of the etymological analysis of this word (414b-c) and 3. as the art of representing things through their names (428a-440e). Our point is to show these meanings not as something disconnected and fragmentary, but that they are developed within the dialectical movement of this dialog itself.
Anais de Filosofia Clássica , 2021
A análise das formas verbais empregadas em uma obra literária permite identificar estratégias temporais de composição que definem a atitude comunicativa adotada e determinam o modo como o texto será recebido pelo leitor. Um número expressivo de empregos verbais nos Diálogos platônicos coloca em evidência o tempo em que se fala, garantindo os efeitos dramáticos da enunciação em um suporte material voltado não para o espetáculo, mas para a leitura. A partir de uma aproximação aos usos verbais nas aberturas dos Diálogos, este artigo pretende explorar a produção de um fenômeno discursivo de ordem temporal com a propriedade de conduzir o leitor à realização filosófica de uma (re)performance.
Intuitio, 2013
Resumo: O diálogo platônico Lísis apresenta uma instigante análise acerca do conceito de amizade (philía). O estudo de tal tema justifica-se mediante sua relevância tanto para o estudo da filosofia antiga, como para o estudo da ética clássica. Desenvolve-se o tema apresentando a tese de que o diálogo Lísis se constitui em oito hipóteses desenvolvidas ao longo de seu texto. Também se apresenta a hipótese, contrária de Giovanni Reale, que não é Eros, em si, que impede a philía filosófica, mas a parte da alma (psychê) que se direciona, ou não, para o Eros filosófico. Portanto, é a alma (psychê) que delibera sobre o amor pela sabedoria e lhe tem ou não a amizade. Palavras-chave: Amizade (philía). Alma (psychê). Diálogo. Platão.
Revista Digital de Ensino de Filosofia - REFilo
Neste texto, apresentaremos uma abordagem de ensino de filosofia, baseada numa interpretação dos diálogos de Platão e da nossa experiência em escolas estaduais em Campinas e região. Num primeiro momento, apresentaremos uma forma de discutir letras de músicas como mito. A este respeito, refletiremos como Platão estudou, percebeu e se apropriou da retórica dos poetas da sua época. Num segundo momento, considerando as técnicas de Platão para investigar os sábios de seu tempo, sugeriremos um método que os alunos possam aplicar para examinar o conhecimento e a sabedoria do nosso tempo.
Este artigo propõe uma análise da estrutura discursiva do diálogo Lísis de Platão a fim de evidenciar o seu caráter psicagógico. Nesse diálogo, Sócrates discute com dois garotos, Lísis e Menêxeno, sobre a natureza da amizade e procura mostrar a eles como se empreende uma discussão na busca pelo conhecimento. Para tanto, Platão compõe uma intrincada argumentação da qual podemos depreender duas camadas de sentido: uma elocução que dirige-se aos interlocutores e outra aos leitores, ainda que em alguns momentos elas estejam entrelaçadas. Ademais, o presente texto apresenta também como a aporia relaciona-se com a intenção pedagógica do diálogo e está intimamente ligada ao procedimento argumentativo.
São contrapostas duas teses/posições sobre a semântica: o naturalismo, pelo qual cada coisa tem nome por natureza (o logos está há physis), tese defendida no diálogo por Crátilo; e o convencionalismo, posição sofística defendida por Hermógenes, pela qual a ligação do nome com as coisas é absolutamente arbitrária e convencional, é dizer, não há qualquer ligação das palavras com as coisas. Em síntese, no 1º posicionamento existe uma ligação natural do nome com a coisa, enquanto que a 2ª corrente, a utilização do nome é arbitrária, ou seja, sem nenhuma vinculação, apenas convenção
Gêneros Poéticos da Grécia Antiga, 2014
No Górgias, Sócrates se desculpa antecipadamente à personagem homônima, caso ela venha a entender que sua crítica à retórica lhe pareça ser uma ridicularização de sua atividade profissional (462e-463a). A ocorrência do verbo diakōmōidein nesta passagem (literalmente, “fazer comédia de”, 462e7) não é uma escolha acidental de Platão, pois a discussão subsequente entre Sócrates e Polo é de fato permeada de elementos tipicamente cômicos. Todavia, a menção indireta à comédia neste trecho do Górgias não parece indicar apenas que o debate entre as personagens remeta o leitor aos agōnes cômicos, tais como aqueles que conhecemos por meio das peças supérstites de Aristófanes; Platão parece ter em mente aqui, no tratamento da retórica como uma espécie de “lisonja” (kolakeia), uma comédia aristofânica em específico: Os Cavaleiros, encenada no festival das Leneias em 424 a.C. Nela, Aristófanes satiriza a figura do político Cléon (sob a máscara da personagem Paflagônio) e do político democrático em geral, bem como sua relação de dominação e/ou subserviência para com o Povo, representado na peça também como personagem. O objetivo principal desta comunicação, portanto, será mostrar como em Os Cavaleiros encontram-se presentes diversos elementos de caracterização da prática oratória que serão centrais na crítica de Platão à retórica no Górgias, quando ele a define como uma espécie de lisonja (462b-466a). Serão ressaltadas nesta análise tanto as semelhanças de imagens, analogias e metáforas empregadas por ambos os autores (e, em especial, a analogia entre retórica e culinária), quanto os ecos verbais, com o intuito de mostrar como Platão parece se apropriar de elementos da sátira aristofânica na sua reflexão crítica sobre a retórica e a democracia ateniense no Górgias. Se é neste diálogo que se verifica uma das primeiras ocorrências do termo rhētorikē na história da literatura grega, então a comédia Os Cavaleiros de Aristófanes nos oferece, em contrapartida, indícios de que a caracterização da prática oratória como kolakeia precede a abordagem crítica do filósofo.
Philósophos - Revista de Filosofia, 2010
A ontologia platônica, como conhecida a partir do Fédon e da República, está centrada na hipótese das Formas inteligíveis, ou seja, a crença defendida pelo Sócrates platônico na existência de entidades ontologicamente independentes, "o belo em si", "o bem em si", "o igual em si", etc., das quais as coisas empíricas participam recebendo por isso as propriedades que exibem. Notoriamente, as principais influências filosóficas dessa doutrina são a filosofia pré-socrática, a sofística e o pensamento de Sócrates. O objetivo deste artigo é mostrar que ideias ou questões filosóficas levaram Platão a postular as Formas.
Dois pontos, 2024
Resumo: No vastíssimo campo de estudos da obra de Platão, constatamos que os (as) especialistas mais respeitados (as) têm posições por vezes completamente divergentes. Em parte, por um lado, isso decorre da riqueza e da complexidade dessa obra; em boa medida, por outro lado, também decorre de diferentes métodos ou formas de abordar os Diálogos que os (as) intérpretes adotam. Diante disso, surge naturalmente a questão de como deveríamos ler essas obras. No entanto, analisando as diferentes abordagens usadas, pode-se notar que as respostas a uma questão anterior frequentemente acabam determinando, não raro de modo tácito, as respotas a como ler os Diálogos e a abordagem adotada na prática. Essa questão anterior é a de qual seria a função precípua dos Diálogos, que tende a se confundir com a questão de o que no fundo seriam os Diálogos. Por exemplo, os (as) estudiosos (as) que na sua interpretação tendem a focar nas teses e nos argumentos (em detrimento dos elementos dramáticos e literários) supõem em geral que estão lidando com obras "filosóficas" e que devem cumprir, portanto, funções "filosóficas", como (segundo determinada concepção em geral pressuposta de filosofia) definir um conceito, responder uma questão teórica com argumentos racionais, fundamentar (ou questionar) a possibilidade de uma ciência do mundo e coisas desse jaez. Por outro lado, estudiosos (as) que focam nos aspectos dramáticos e literários consideram que estão interpretando obras literárias e que, portanto, não necessariamente cumpririam funções ou atividades filosóficas, mas antes fariam aquilo que seria próprio de obras literárias. Diante disso, eu gostaria de abordar uma dessas hipóteses frequentemente utilizadas, de forma explícita ou não, acerca da função dos Diálogos, qual seja, a de que essas obras ou pelo menos algumas delas fariam a defesa de Sócrates da acusação pela qual foi condenado à morte. Comparando a acusação com passagens dos Diálogos, pretendo mostrar que deveríamos descartar essa hipótese ao lê-los. Os ganhos exegéticos disso seriam consideráveis; um deles seria pararmos de tentar tornar corretos a todo custo, e muitas vezes em detrimento do próprio texto, os argumentos de Sócrates e passarmos, em vez disso, a analisá-los de forma mais crítica. How to read Plato? For a non-apologetic reading of the Dialogues Abstract: In the very broad field of Platonic scholarship, we note that the most respected scholars have views that sometimes are completely different. On the one hand, it results from the richness and complexity of these works, on the other, it is also a consequence of different methods that the scholars use in approaching the Dialogues. In the light of that, a natural question emerges: How should we read the Dialogues? However, analyzing the different approaches used, we can see that the answers to a previous question often determines, even if tacitly, the answers to how to read the Dialogues and the approach used in practice. This previous question is the question about the main function of the Dialogues, which tends to be similar to the question about what are the Dialogues. For example, scholars that tend to focuse in the theses and arguments (instead of the literary elements) assume that they are dealing with “philosophical” works, which therefore should fullfil “philosophical” tasks, such as (according to certain conception often presupposed of philosophy) to define a concept, to answer a theoretical question with rational arguments and so on. On the other hand, scholars that tend to focuse in the dramatic and literary aspects assume that they are interpreting literary works which therefore do not need to accomplish philosophical tasks. Thus, I would like to challenge one of these hypothesis often used (even if implicitly) about the function of the Dialogues: the idea that these works or at least some of them are a defense of Socrates against the accusation that put him to death. Comparing the charge with some passages of the Dialogues, I intend to show that we should leave this hypothesis aside while reading the Dialogues. The exegetical benefits that might result from this are considerable. Keywords: Plato’s Dialogues; Method; Interpretation; Defense; Socrates.
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