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Jornal da USP / ISSN 2525-6009 13/07/2018
Peço licença para começar por uma curiosa experiência vivida há muitos anos, em 1964, no IPM do ISEB. Interrogado por um coronel a respeito de uma palestra que eu havia feito sobre o marxismo, falei em dialética. Para a minha surpresa, o coronel explicou ao sargento datilógrafo: "A dialética é esse negócio que os comunas inventaram para dizer que uma coisa é, mas ao mesmo tempo não é"… No momento em que ouvi a explicação, por força da situação grotesca, achei-a apenas engraçada. Sinistra, porém cômica. Com o tempo, entretanto, comecei a reconhecer que havia alguma procedência naquela crítica rudemente formulada: de fato, com esse sentido a dialética tem sido -e continua sendo -usada com freqüência.
Media & jornalismo, 2022
Distintos na liderança política, Donald Trump e Jair Bolsonaro se aproximam em um discurso populista. Este, quase como senso comum, trata de lideranças que defendem os interesses do povo e com uma disputa político-discursiva, colocando pessoas contra elites ou instituições. A migração das demandas do governo para as esferas privadas envolve o processo de despolitização e os discursos populistas despolitizam o debate público, naturalizando problemas sociais e isentando a responsabilidade da esfera pública. Nessa discussão, investigamos o processo de despolitização na retórica populista e os valores acionados. Analisamos as comunicações de Trump e Bolsonaro no Twitter, durante os períodos eleitorais. Realizamos uma análise qualitativa interpretativa para aferir sobre como a retórica populista e nacionalista aparecem nos discursos de ambos e como isso influenciar a despolitização do debate público. Palavras-chave despolitização, populismo, Donald Trump, Jair Bolsonaro, análise qualitativa interpretativa
Estudos Ibero-Americanos
Este texto foi pronunciado como Conferência de Encerramento do XIX Congresso Internacional da AHILA, realizado em Paris, em agosto de 2021, por via remota. Ele faz uma reflexão sobre a trajetória do conceito de populismo, tendo os debates historiográficos ocorridos no Brasil, especialmente a partir dos anos 1970, como base. A posição crítica da autora, assinalada em trabalhos anteriores, é retomada sob o estímulo de se pensar os chamados neopopulismos, no caso do Brasil, o do desgoverno Bolsonaro. Defende-se que, se como conceito, o populismo não é teórica ou empiricamente sustentável, como categoria de acusação tem e terá largo trânsito.
Revista Eco-Pós
O artigo apresenta definições e entendimentos que o campo acadêmico tem produzido sobre o populismo, de modo a evidenciar diferenciações entre o populismo de esquerda e o de direita — enfatizando questões relacionadas ao último — e apontar articulações entre o populismo e a comunicação, debatidas em tempos recentes. Concluindo o trabalho, discute-se a necessidade de utilizar o enquadramento exposto de maneira reflexiva e contextual, com observações sobre os casos de Donald Trump e Jair Bolsonaro.
O objetivo deste artigo é traçar as origens do uso do termo “populismo” no interior do marxismo latino-americano. Para tanto, retomarei três polêmicas ocorridas no final da década de 1920: entre o cubano Julio Antonio Mella e o peruano Victor Raul Haya de La Torre; entre Haya e o também peruano José Carlos Mariátegui, e entre este último e os representantes da Internacional Comunista (IC) na região. Ao examinar os usos do “populismo” nessas contendas, procurarei demonstrar como, de modo análogo ao que ocorrera nas controvérsias entre os revolucionários russos em fins do século XIX, o vocábulo foi empregado para estigmatizar correntes políticas ou autores que propugnavam a necessidade de um caminho próprio para a revolução no subcontinente, escapando aos limites da ortodoxia da IC. Tal uso do termo ganha sentido no bojo da divisão entre comunistas e nacionalistas, de grande duração na esquerda latino-americana.
Práticas da História, n.º 12 , 2021
Populism is founded on the social effectiveness of a simple opposition between the “people” and the “politicians” accused of taking the state to their advantage. This opposition does not include a criticism of social structuring, considered as a dimension of a “natural” quality, but only the denunciation of abuses. This tradition of “simplicity” is illustrated in the “myth” in Georges Sorel or in the “people” in Ernesto Laclau. It is still the “simplicity” found in the identification of an enemy as diabolical, in the tradition of the image of the “free-masons” and “jacobins” or of anti-communism. In order to be socially perceived and experienced by many people, a conflict has to appear as a cleavage between two and only two forces.
2010
Este texto é fruto de um traba-lho conjunto de alunos e professor na disciplina monográfica sobre GRAMSCI, realizada por este curso de pós-graduação. Seu objeto imediato se resumiria na constatação da existên-cia ou não de um processo de constru-ção de um poder hegemônico a partir da sociedade civil brasileira, no pe-ríodo populista de 1945-64.
Este artigo analisa de que maneira o jornal Luta Democrática construiu um canal de conexão entre o político Tenório Cavalcanti, dono do periódico, e as suas bases eleitorais. O objetivo é mostrar como a abordagem sobre o discurso utilizado por este jornal popular pode dialogar com o conceito de populismo desenvolvido pelo teórico político argentino Ernesto Laclau. A pesquisa foi realizada entre o ano da fundação do jornal - 1954 - e o fim da experiência democrática da República de 46, demarcado pelo golpe militar de 1964. A análise se concentrou em manchetes, reportagens, seções do periódico destinadas para as queixas dos leitores e nas ideias expressas por alguns de seus colunistas sobre problemas e demandas sociais. Assim, concluo que a forma como o Luta Democrática buscava se comunicar com o seu público leitor era parte integrante da imagem pública construída em torno deste político e, sobretudo, que essa interação teve como resultado a invenção de mecanismos de representação, noções de pertencimento, identidade coletiva e inclusão social. Esses elementos ajudam a entender o papel de uma liderança popular no processo de incorporação política da população e, consequentemente, evidenciam algumas formas de expressão da cidadania brasileira que se consolidava na época.
Exilium. Revista de Ciências Sociais, 2021
Resumo: Esse artigo tem como objetivo discutir o populismo em uma dimensão histórica e conceitual. Para tanto, a proposta é dividida em duas partes. Primeiro, percorremos a históriado conceito, começando no século XIX quando populismo definiaos movimentos na Rússia e nos Estados Unidos; depois, atravessamos o século XX,
História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 2014
C hega ao público brasileiro-e aos luso-brasileiros-a obra intitulada A razão populista, de Ernesto Laclau, publicada pela Editora Três Estrelas, de São Paulo. O livro tem quase quatrocentas páginas e apresenta excelente acabamento e sugestiva capa que traz a forte imagem neoimpressionista de Giuseppe Pellizza da Volpedo O quinto Estado, muito adequada a seu instigante conteúdo. Essa imagem também ilustrou a capa da edição originalmente publicada em inglês pela Verso, em 2005, sob o título On populista reason. A edição brasileira conta com a competente apresentação de dois grandes especialistas do nosso país sobre o pensamento
Há essencialmente duas correntes de reflexão sobre as raízes do populismo, uma que se baseia em questões culturais e a outra em aspectos econômicos. Esta coluna, parte do debate da VoxEU, examina cada uma dessas perspectivas. Concluindo que existem tempos em que o populismo econômico pode ser o único caminho para afastar o seu primo muito mais perigoso, o populismo político.
Resumo: Neste artigo iremos abordar, mesmo que de forma concisa, o fenômeno do populismo na perspectiva de alguns historiadores e cientistas sociais, uma vez que o debate sobre os usos e abusos do conceito de populismoseja para compreender e explicar a vida política brasileira ou latino-americanaainda parece ocupar um papel relevante na comunidade acadêmica. Portanto, nossa proposta será discutir a contribuição de alguns pesquisadores no trato da temática do populismo. À luz da literatura concernente ao tema, nosso ponto de partida reside numa pergunta aparentemente simples, embora não isenta de controvérsias teóricas: é possível trabalharmos o fenômeno "populismo" enquanto conceito e/ou categoria de análise?
Crise e Crítica, 2019
RESUMO: Trata-se de apresentar três diagnósticos recentes no campo da Teoria Crítica da sociedade acerca do fenômeno do populismo nas democracias ocidentais do século XXI. Para tanto, mobilizamos como os modelos críticos da teoria do reconhecimento e cooperação social de Axel Honneth, da contestação e julgamento político de Albena Azmanova e da crítica da participação e redistribuição de Nancy Fraser compreendem o populismo como manifestações de patologias políticas decorrentes das mudanças estruturais do neoliberalismo ocorridas na esfera pública e na cultura política na última década. Palavras-chave: Neoliberalismo. Populismo. Teoria Crítica. Azmanova. Fraser. Honneth. ABSTRACT: The aim of this paper is to compare three recent diagnoses in the field of the Critical Theory of the society regarding the phenomenon of the populism in the western democracies of the XXI century, understood by the critical theory of recognition and social cooperation of Axel Honneth, political judgment and contestation of Albena Azmanova and participation and redistribution of Nancy Fraser as manifestations of political pathologies arising from the structural changes of neoliberalism occurred in the public sphere and political culture in the last decade. Key-words: Neoliberalism. Populism. Critical Theory. Azmanova. Fraser. Honneth
O texto aborda as as fontes ou origens teórico-ideológicas do conceito de populismo, bem como as determinações sociais que permitiram sua aceitação e enraizamento no interior das esquerdas brasileiras.
Prisma Juridico, 2008
O artigo procura explicitar o conceito de retórica a partir de uma análise crítica fundada em uma teoria platônica da verdade. De acordo com uma abordagem perspectivista, a retórica, de um ponto de vista dialético, é enfocada não apenas em seus possíveis resultados subjetivos, mas também, e antes, no contexto objetivo de sua função no interior do discurso.
Exilium, 2021
Resumo: A deslegitimação é, sem dúvida, uma constante do conflito político. Essa categoria permite ler, de modo unitário, as múltiplas fisionomias assumidas pelo fenômeno do populismo. Não esgota, contudo, o complexo teórico da democracia. É verdade que o populismo representa hoje uma das almas da democracia-é o que o autor chama de "síndrome populista", mas não a identifica completamente (como sustentou, por exemplo, Ernesto Laclau). É por isso mesmo que a recuperação da democracia não passa pelo léxico da deslegitimação, mas pelo da autoridade. O renascimento do político não passa necessariamente pelo populismo.
Insight Inteligência, 2017
Artigo publicado em Insight Inteligência No. 81, pp. 98-106. Rio de Janeiro, 2017. O termo populismo turvou, por décadas, a compreensão do período que vai da destituição de Getúlio Vargas, em 1945, ao golpe militar de 1964, o que certa literatura nomeou “República de 1946”, porque transcorrida sob a moldura da Constituição promulgada naquele ano . A noção está de tal maneira impregnada no inconsciente coletivo do país, que o que proponho aqui pode parecer iconoclastia infantil. O artigo apresenta dois argumentos a partir dos quais propõe o abandono puro e simples do termo.
O trabalho aborda criticamente algumas reflexões que pretendem superar o conceito de populismo, tradicional base explicativa para a relação entre classe trabalhadora e Estado, essencialmente vinculada ao período que vai de Getúlio Vargas até João Goulart. Tomo como expoentes dessa corrente revisionista os autores Ângela de Castro Gomes, Daniel Aarão e Jorge Ferreira, que se sem dúvida têm formulações distintas, comungam de referenciais fundamentais. A crítica se debruça sobre suas resoluções teóricas de “classe” e “Estado” e sobre como sua epistemologia concorre não para uma superação do conceito clássico de populismo, mas para uma diferente forma de mistificação sobre o período.
Revista Brasileira de História, 2002
A co l etânea or ga n i z ada por Jor ge Ferrei ra , profe s s or do Dep a rt a m en to de Hi s t ó ria da Un ivers i d ade Federal flu m i n en s e , se inscreve a meu ver em uma das mel h ores verten tes da ch a m ada "h i s t ó ria po l í tica ren ovad a", tra zendo preocupações con cei tuais como ei xo de articulação dos arti go s , con form e bem ex prime seu títu l o. Como os histori adores têm proc u rado mostra r, o s con cei to s , além de históri cos (como tu do que se refere ao hom em e sua cultu ra , i s to é, tu do que é hu m a n o) , qu a n do usados em po l í tica-em i n en tem en te uma disputa-nunca são neutro s. Também as em o ç õ e s , os sen ti m entos e insti n tos dos indiv í duos e das "m a s s a s" são hoj e , p a ra mu i to s h i s tori adore s , uma dimensão fundamental da vida po l í ti c a ; os analistas do s é c. XIX dela mu i to se oc u p a ra m , mas essa dimensão foi rel egada pelos cientistas sociais bra s i l ei ros das últimas décad a s. Ao começar seu tex to por uma bela epígrafe de Rachel de Queiroz, Jorge Ferreira indica sua intenção de lembrar a importância dessa qu e s t ã o, em bora isso só permaneça su bjacen te aos tex to s. Cita ele : "Não há povo amorfo. Não há massa bruta e indiferen te. A massa é form ada de hom ens e a natu reza de todos os hom ens é a mesma: dela é a paixão, a gratidão, a cólera, o instinto de luta e de defesa." Os autore s , em suas análises, f a zem-nos dar profícuas voltas e mais vo ltas em torno do con cei to ou categoria ex p l i c a tiva pop u l i s m o, ao qual se referem também como "n o ç ã o", "p a l avra", "ex pre s s ã o", " i m a gem", "s en ti do".. . Exploram também aqueles que são vistos como os sujeitos políticos dessa história: os líderes e seus proj eto s , as "m a s s a s" ou as classes e suas rel a ç õ e s. Na obra , o populismo su r ge absolut a m en te en red ado em outros con cei to s , como tra b al h i s m o, getu l i s m o, qu erem i s m o, sindicalismo ou pel eg u i s m o, a utori t a ri s m o, fascismo ou to t a l i t a rismo (como se fo s s em termos equ iva l en te s) , e ainda nacionalismo e estatismo. Esses são analisados em suas doutrinas e em suas práti c a s , con f i g u radas estas em noções como "m i s ti f i c a ç ã o, manipulação e demagogia".
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