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O presente artigo tem como fnalidade analisar a trajetória do contato e remoção compulsória, no período da Ditadura Militar (1964-1985), de dois povos indígenas de língua jê: os Tapayuna e os Panará. O contato de ambos os povos com as frentes de expansão no estado do Mato Grosso, entre as décadas de 1950 e 1970, teve um impacto nefasto em suas vidas. Eles foram vítimas de processos genocidas, etnocidas e de espoliação territorial. Foram removidos compulsoriamente para o Parque Indígena do Xingu: os Tapayuna foram transferidos em 1970, os Panará em 1975. Após 22 anos, os Panará lograram retornar a uma porção de seu antigo território. Os Tapayuna de hoje se espelham no processo panará, pleiteando o reconhecimento do esbulho sofrido e a reconquista de sua autonomia territorial. O texto apresenta os eventos vividos por cada povo e discute as possibilidades de uma justiça de reparação no país.
2014
The existing comparative analysis of southern Cayapó language records and those of Cayapó Panará, performed by Heelas (1979), Schwartzman (1988), Rodrigues & Dourado (1993), Giraldin (1997, 2000) and Dourado (2004), in order to evaluate the hypothesis raised by Heelas (1979) that southern Cayapó (indigenous people who kept intermittent contact and conflict with the fronts of colonization of central Brazil, during the eighteenth and nineteenth centuries, and considered extinct in the early twentieth century) are the ancestors of Panará (indigenous people contacted in the 1960s in northern Mato Groso, Brazil). Both comparisons do not address systematically southern Cayapó items, that judge a priori some resemblance to the records of Panará, which creates a lack of comparisons with other Ge family languages, blaming the discrepancies of the records of southern Cayapó found. We present the first results of a comparative analysis of southern Cayapó and Panará, also comparing to other Ge family languages.
valores, adoção de uma ideologia qualquer, o que o leva a assumir, de má-fé, o sentido anacrônico da liberdade, a prática da violência naturalizada. Seus sentimentos de opressão e inferioridade passará a ser atribuído ao exterior-e não a si mesmo, à dificuldade de auto-afirmação-, quando ele passará a verse como dominado, culpando o outro por suas frustrações, pelos seus fracassos, pela sua impotência diante do mundo de que faz parte, daí o assassinato, no seu plano aparente, surgir como ato de vingança, rebeldia: "A obsessão ia desaparecer. Tive um deslumbramento. O homenzinho da repartição e do jornal não era eu. (...) Pessoas que aparecessem ali seriam figurinhas insignificantes" (RAMOS, 2009, p. 238) O assassinato de Julião Tavares é determinado pela livre escolha de Luís da Silva, tomada no sentido de tentar afastar os angustiantes sentimentos de opressão e inferioridade, por meio de um ato de vingança, porém, não surtirá o efeito desejado. Há também uma motivação não consciente, relativa ao conflito edipiano, o medo da castração simbólica, quando o Outro, o duplo, não aparece na sua faceta ideológica, de dominante degradado (opressor, superior), mas sim na sua faceta psíquica, enquanto imagem do pai castrador, cuja narrativa digressiva, enquanto forma de auto-análise, irá trazer a tona. Luís da Silva, na sua condição de subalterno funcionário público, e de articulista de jornal, revela certa admiração pelos tempos passados, o tempo que ele alcançou ainda menino, da rústica sociedade nordestina, a sociedade patriarcal-já em fase de decadência-, como se nela estivesse a autêntica forma de liberdade, da qual ele se vê como que destituído, ao assumir a auto-imagem do dominado. É como se na transição da aristocracia rural nordestina, da qual o avô, o velho Trajano, fazia parte, para a nova classe, a burguesia, composta de comerciantes, industriais, políticos e profissionais liberais, ocorresse a perda do lugar que ele se atribui de direito (dada sua origem aristocrática), embora não de fato, o lugar do dominante, do livre, praticante da violência naturalizada. A crise existencial de Luís da Silva, sua crise de identidade, além do fator de ordem psicológica, a dificuldade de auto-afirmação, decorre do fator ideológico, seus valores arcaicos, que o tornam alguém, de certa forma, descontextualizado em relação ao mundo citadino de que faz parte. Como funcionário público, escritor, nem pertencente à burguesia, nem as classes mais baixas, os miseráveis, e cultuando as formas de vida do passado, a figura do avô e de criminosos, ele não se identificando com nenhum desses dois pólos opostos da sociedade: "Os 12 vagabundos não tinham confiança em mim. Sentavam-se, como eu, em caixões de querosene, encostavam-se ao balcão úmido e sujo, bebiam cachaça. Mas estavam longe. As minhas palavras não tinham para eles significação." (RAMOS, 2009, p. 140) Nesse sentido, Luís da Silva, aquele que seria predestinado, pela sua origem aristocrática, à posição de dominante, de superior, aquele que seria descendente do velho Trajano, chefe político local, nos seus tempos áureos, acaba por ocupar a posição do sem lugar social na nova sociedade, sentindo-se igualmente distante das classes altas (burguesia), como também das classes mais baixas (proletariados e mendigos). Se Luís da Silva não se identificava com os mais ricos por não possuir a posição social deles, a linguagem também o afastava das classes mais baixas, dos mais pobres, não se vendo como inferior, tampouco como superior. Sendo assim, a antipatia para com Julião Tavares, a imagem do dominante degradado, que se contrapõe ao dominante autêntico (o avô, o velho Trajano), seria devido ao fato de Luís da Silva ver no rival o usurpador do seu lugar de direito, o lugar de dominante, usurpação esta que se consuma, aos seus olhos, com a perda da mulher desejada para aquele-a traição de Marina. Luís da Silva, ao negar o sentido existencial da liberdade, a liberdade de escolha, a necessidade de auto-afirmação perante o outro (e não sobre este), parece ver como negativa a passagem da arcaica sociedade rural nordestina (onde prevalecia a lei do mais forte) para a vida urbana, da sociedade de direitos. Para ele seria como se houvesse uma degradação, a perda de uma liberdade autêntica, tolhida pela instituição da justiça, isto é, a referida liberdade ilimitada, a prática da violência naturalizada, seja como forma de opressão, seja como forma de rebeldia, como se verá no capítulo I desta dissertação. Se eu matasse Julião Tavares, o guarda-civil não levantaria o cassetete: apitaria. Chegariam outros, que me ameaçariam de longe. O guarda-civil não tem coragem. Se tivesse, não olharia os automóveis horas e horas, junto ao relógio oficial: ocupar-se-ia devastando fazendas, incendiando casas, deflorando moças brancas, enforcando proprietários nos galhos do juazeiro. (RAMOS, 2009, p. 195) Na citação acima, o guarda-civil é visto sob o ponto de vista de Luís da Silva, a partir do seu valor anacrônico, a prática da violência naturalizada como expressão da autêntica liberdade. Para ele, o guarda civil seria tolhido na expressão dessa liberdade, seria um ser acovardado, submisso à forma de vida citadina, sem coragem, incapaz de 13 rebelar-se. Ambos, o guarda de trânsito, como também Luís da Silva, sob o ponto de vista deste último, seriam covardes, respeitadores da lei, submetidos à rotina do trabalho nas cidades, diferentes dos senhores de terras, tal como o avô, o velho Trajano, nos seus tempos áureos, que impunha a sua vontade pela força, como também diferentes dos cangaceiros, que não se dobravam às determinações da justiça, da lei, da ordem, rebelando-se contra a opressão dos fazendeiros, tal como fizera Lampião. Seu Ivo, silencioso e faminto, vem visitar-me. Faz agrado ao gato e ao papagaio, entende-se com Vitória e arranja um osso na cozinha. Não quero vê-lo, baixo os olhos para não vê-lo. Fico de pé, encostado à mesa da sala de jantar, olhando a janela, a porta aberta, os degraus de cimento que dão para o quintal. Água estagnada, lixo, o canteiro de alfaces amarelas, a sombra da mangueira. Por cima do muro baixo ao fundo vêem-se pipas, montes de ciscos e cacos de vidro, um homem triste que enche dornas sob um telheiro, uma mulher magra que lava garrafas. Seu Ivo está invisível. Ouço a voz áspera de Vitória e isto me desagrada. Entro no quarto, procuro um refúgio no passado. Mas não me posso esconder inteiramente nele. Não sou o que era naquele tempo. Falta-me tranqüilidade, falta-me inocência, estou feito um molambo que a cidade puiu demais e sujou. (RAMOS, 2009, p. 24) Pode-se afirmar que Luís da Silva sente de forma negativa a passagem do antigo "município sertanejo" para o anonimato da cidade (Maceió), atribuindo a esta transição certo sentimento de perda de liberdade, de inferioridade. O personagem do romance que, aos olhos de Luís da Silva, espelha a sua auto-imagem de dominado, de oprimido e inferior, é a do mendigo seu Ivo, aquele que é incapaz de se rebelar. Daí, além do sentimento de compaixão para com o mendigo, Luís da Silva sentir repulsa, pois aquele seria o exemplo daquilo que este não quer ser, isto é, um covarde, medroso, impotente, incapaz de se rebelar por meio da violência naturalizada, tal como os cangaceiros faziam no passado. Há, no romance, personagens relacionados ao passado da infância de Luís da Silva, que destoam deste perfil do mendigo seu Ivo, por expressarem liberdade ilimitada, por meio da prática da violência naturalizada, seja como forma de dominação, tal como o caso do avô, o velho Trajano, seja como forma de rebeldia, tais como as figuras de criminosos: Chico Cobra, Fabrício, Cirilo da Engrácia etc. Na citação acima, há uma auto-avaliação de cunho moral do protagonista, o qual se vê como degradado por um modo de vida citadino, faltandolhe "tranqüilidade", submetido ao regime disciplinar do trabalho, à vontade do chefe,
Este artigo intitulado Pátu: o "pó da memória" dos conhecedores ye'pamasa (Tukano), ele abarca um conjunto amplo e complexo de ideias, concepções e perspectivas a respeito do pátu dos Ye'pamasa, tal como fazem e pensam os kumûa ye'pamasa. Talvez por ser uma temática complexa e que foi silenciada há muito tempo através pela destruição das basaka wi'íseri (malocas) pelos não-indígenas, têm-se pouco investimentos de pesquisa e estudo sobre ela no alto Rio Negro. Para os Ye'pamasa, o pátu foi usado pelo Ʉmᵾkoho Ñekᵾ para intuir e pensar a construção do a'tipati (mundo) e a criação dos primeiros seres humanos. Esse produto, ao ser consumido, ativa os conhecimentos tradicionais, baseados no kiti ukũse (narrativas míticas), basese ("benzimentos") e basase (cerimônias de rituais de cantos/danças) que se ouve e escuta dos especialistas ye'pamasᵾ (tukano). Assim, o pátu é entendido como tᵾoñakawese, o pó da memória dos Ye'pamasa, um elemento de uso dos especialistas para a produção, reprodução e construção dos conhecimentos tradicionais.
Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, 2021
Breve apresentação sobre quem são os Katxuyana e Kahyana no contexto dos demais povos/yanas histórica e atualmente vizinhos entre si, na região dos rios Cachorro e Trombetas, norte do Pará.
Revista de Antropologia, 1998
Sabe-se que os 500 anos de presença não-indígena nas Américas tem tido um profundo impacto de1nográfico sobre as sociedades indígenas do continente. Estatísticas e cálculos numéricos sobre estas populações no Brasil são, às vezes, os únicos traços que 13ermanecem. Isto cria facilmente a noção de que os povos indígenas no Brasil estão desaparecendo, ignorando-se assim o fato de que, hoje em dia, o índice de natalidade nos grupos indígenas está crescendo e sua população aumentando. Panará: a voltcz dos fnclicJs gigantes representa um trabalho muito bem-vindo e bem acabado, que mostra o outro lado da história de dizimação e desaparecimento indígena. Nessa história, nada do trauma sofrido por conta do "conta
Revista portuguesa de história, 1999
Información del artículo Brasil. 1500-1600. Dos 'descaminhos' da Coroa à 'desforra' dos colonos.
Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia
Neste capítulo as organizadoras apresentam um panorama sobre as publicações que versam sobre os Katxuyana e outros Yana que vivem nas regiões dos rios Cachorro, Trombetas e adjacências. O recorte temporal da análise recai sobre as publicações a partir dos anos de 1900, embora apontem informações de publicações históricas anteriores. Com a apreciação destas obras, as organizadoras procuram destacar a ênfase temática dos textos, a depender do momento sócio-histórico, e destacam as principais contribuições dos pesquisadores sobre estes povos.
Tellus, 2008
Resumo: Neste artigo ensaio uma reflexão sobre a oposição entre caçadores e xamãs entre os Katukina, falantes de uma língua pano, moradores de duas terras indígenas localizadas no Acre. É amplamente sabido e discutido na literatura etnológica amazônica que caçadores e xamãs se opõem. Sem divergir dessa interpretação, sustentarei que, ao menos entre os Katukina, seus conhecimentos específicos provêm igualmente de uma mesma fonte: das grandes cobras, moradoras das profundezas das águas. Para sustentar meu argumento, ainda que sem pretensão de ser exaustiva, servir-me-ei da literatura pano, abundantemente desenvolvida nas duas últimas décadas, na tentativa de estabelecer comparações que indiquem as possíveis similitudes e, concomitantemente, as elaborações diferenciais desse tema que é comum entre os falantes de língua pano no sudoeste amazônico.
Revista USP, 2015
2021
The present article intends to articulate the notion of letter as littoral, as forged by Jacques Lacan in his textLituraterre, with the German artist and coreographer Pina Bausch’s dances and plays. We go from the signifier to the letter in Lacan's teachings and proceed with an analysis of the creative process of Pina Bausch's works, aiming to that which seems to present itself as having no sense, as something out of language’s reach; out of what one can say and tell within a field of multiple meanings. Thus, we intend to sew those psychoanalytic concepts to the fragments appearing in Bausch’s productions in order to achieve a further grasping and understanding of the concept of letter in Lacan.A proposta deste artigo é aproximar a noção de letra como litoral, tal como forjada por Jacques Lacan em seu texto Lituraterra (1971/2003), das danças/montagens da artista e coreógrafa alemã, Pina Bausch. Para tal, constrói-se um percurso do significante à letra no ensino de Lacan, be...
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FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária
Revista De Psicologia, 2012
Caderno de Letras, 2016
Revista Brasileira de História, 2006
Os descaminhos do patrimonio cultural, 2021
Os Tupiguarani e os Itararé-Taquara no cenário paulista – uma abordagem metodológica. Tupi and Jê in São Paulo scenario – a methodological approach, 2019
Antiguos jesuitas en Iberoamérica, 2019