2015
Cidadania, mais que uma palavra bonita, um valor fundamental Cidadania é uma palavra que aparece muito na televisão, no rádio, nos jornais e no discurso dos políticos, especialmente na época das eleições. Uma vez eu procurei na internet e achei mais de 8.820.000 resultados para a palavra "cidadania". Tinha mais ocorrências do que a expressão "direitos humanos", com 5.420.000 resultados. Porém, tinha menos ocorrências do que o termo "prisão", com 9.670.000 resultados. E todos nós sabemos que cidadania e direitos humanos devem estar juntos numa sociedade que pretende ser justa e solidária. Como todos nós sabemos também que a prisão é uma medida extrema e não a melhor solução para os problemas da sociedade. A palavra cidadania é bastante utilizada porque é muito expressiva. Possui muitos significados importantes, e com ela é possível dizer e fazer muitas coisas admiráveis. Talvez seja por isso que a cidadania seja considerada uma palavra bonita, como são as expressões segurança, justiça, paz... Quem entende o valor que a cidadania tem para sua vida, e para a vida da sua comunidade, depois de conquistá-la e de exercê-la, não a troca nem a vende por nenhuma outra vantagem ou benefício. Senão deixaria de ser cidadão de verdade para ser (ou para voltar a ser) uma marionete manobrável nas mãos de gente interesseira ou um capacho desprezado por gente gananciosa. Como tantas palavras da nossa língua, o termo cidadania vem do latim, a língua falada pelos antigos romanos que formaram uma das civilizações mais importantes da história da humanidade. Os habitantes da cidade de Roma, há aproximadamente 2.500 anos, chamavam de cidadãos aquelas pessoas que podiam votar e ser votadas nas eleições de então. Naquele tempo, infelizmente, nem mesmo todos aqueles que nascessem em Roma eram necessariamente cidadãos. Sem falar nos escravos feitos durante as guerras que também não eram cidadãos. Mas a ideia de pertencer a uma classe social e, por essa razão, poder participar na organização pública dessa sociedade, neste caso o Império Romano, escolhendo alguém que o representasse no governo, já era conhecida como cidadania. O tempo foi passando e a noção de cidadania foi mudando pouco a pouco. Cidadania passou a ser um vínculo que unia uma pessoa diretamente a um Estado nacional, não passando mais obrigatoriamente pela classe social a que pertencesse (por exemplo, se era da classe pobre, média ou rica); ou pelo grupo social do qual participasse (por exemplo, as famílias, as associações de moradores, as corporações profissionais, etc.); ou pelas esferas sociais internas do próprio Estado (por exemplo, a comunidade, o bairro, a cidade onde estão incluídas). O conceito de cidadania foi se modificando e aumentando, englobando não só os direitos políticos, mas também outros direitos. Vários fatos históricos mostram isso claramente. Eu escolhi pelo menos três deles para comentar agora. Um evento marcante da História foi a Revolução Francesa. Em 1789, em meio a disputas entre monarquistas, republicanos, burgueses, comunistas e anarquistas (que geraram uma violência tão grande que foi chamada de "Terror"), foi proclamada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nela foram incluídos os políticos, como o de votar e ser votado, direitos individuais, como o direito à liberdade de se locomover, o direito à propriedade e o direito à igualdade diante da lei. A cidadania passou a ser entendida não apenas como um conjunto de direitos políticos (direito a uma nacionalidade, direito de voto secreto ou direito a ingressar num partido político), mas também