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Subjetividade – novo verbete

Os psicólogos tomam o sujeito como o eu psíquico, os sociólogos o notam como o indivíduo humano. Não se trata de preferência, mas, não raro, de erro. Erro conceitual se esses profissionais se deixam envolver pelo mundo científico acriticamente, isto é, sem a análise necessária a respeito da terminologia que utilizam. Junto dela podem pegar carona conceitos disformes. Não é difícil não perceber que esse mundo acadêmico-profissional no qual vivem está calçado de sentido pelo mundo filosófico. Esse tropeço marca em muito o entendimento – ou melhor, desentendimento – de nosso senso comum escolarizado a respeito da noção de subjetividade. O eu psíquico e o indivíduo são subprodutos da subjetividade enquanto noção filosófica, e isso se vê bem se levamos em conta a história da filosofia como contendo a história da subjetividade, ou vendo ambas como a mesma coisa. Mas, o que pode causar erro, é que tais subprodutos, tomados neles mesmos, às vezes são re-inseridos no contexto de uma conversação maior, de matriz filosófica, e eis aí instalada a confusão. Um exemplo recente dessa situação é o tema da " morte do autor " ou " fim do sujeito " ou " crise da filosofia da subjetividade " – temas que permanecem ainda vigentes, mas que, encapsulados no quadro da " pós-modernidade " , extrapolaram os muros da academia, causando balbúrdia na imprensa, cujos arautos nem sempre sabem sobre o que de fato estão escrevendo. Dizer que o jornalismo é necessariamente superficial é desnecessário. O chiste se fez verdade: psicólogos, sociólogos, jornalistas e principalmente palestrantes se perguntaram: mas se o sujeito morreu, então será que na clínica não vai aparecer mais ninguém, e no mundo da cidadania os indivíduos vão evaporar? Todavia, não temos que culpar apenas os desavisados por essas confusões. Pois, na verdade, a própria história da subjetividade deu margem para a confusão engendrada nos subprodutos de seu desdobramento. Em determinado momento da história da subjetividade, a noção de sujeito foi sequestrada pela noção de indivíduo. Isso ocorreu quando da emergência do liberalismo, uma doutrina política que se viu contemporânea de uma doutrina filosófica, a monadologia. O direito máximo do indivíduo liberal, o de independência, atropelou uma característica própria do sujeito, a autonomia. Esqueceu-se que, para a filosofia, o sujeito exige do indivíduo uma transcendência até ele. Esqueceu-se que a subjetividade filosófica é uma instância pela qual o indivíduo, saltando para além de sua independência, chega à autonomia – ou pode assim fazer. O abandono da filosofia política em favor da ciência política, e o abandono da filosofia em favor da psicologia e da sociologia, antes nublou que ajudou a formação dos estudantes que vieram depois dos homens célebres, os responsáveis por uma tal transformação. Assim, não é raro, hoje em dia, vermos até professores universitários falando de " sujeito " quando, na verdade, estão utilizando a noção de " indivíduo " ou " eu psíquico ". Ora, a " morte do sujeito " diz respeito aos enunciados que desconfiam que não há mais como dar crédito