Academia.edu no longer supports Internet Explorer.
To browse Academia.edu and the wider internet faster and more securely, please take a few seconds to upgrade your browser.
RESUMO: A pergunta sobre o " ancestral literário " do diálogo platônico não pode ser respondida sem uma remissão à comédia. Com efeito, dentre os modelos literários dos quais Platão se serviu para compor um novo gênero, a comédia assume lugar de destaque. Partindo da ideia de que o diálogo platônico constitui um gênero híbrido, que incorpora outros gêneros literários e os articula num rico diálogo, este trabalho busca estabelecer uma relação entre o estilo literário platônico e o modelo cômico de composição dramática. ABSTRACT: The issue on the "literary ancestor" of Platonic dialogue cannot be answered without a reference to comedy. Indeed, among the literary models that Plato has used to compose a new genre, the comedy is remarkable. Starting from the idea that the Platonic dialogue is a hybrid genre that incorporates other literary genres and articulates them in a rich dialogue, this study searches to establish a relationship between the literary style and the comic Platonic model of dramatic composition. Introdução Este trabalho se insere num projeto mais amplo de pesquisa, que visa analisar a importância filosófica do processo de composição dos diálogos platônicos, tendo como horizonte a questão da forma literária. Partindo da ideia de que o diálogo platônico constitui um gênero híbrido, que incorpora outros gêneros literários e
Gêneros Poéticos da Grécia Antiga, 2014
No Górgias, Sócrates se desculpa antecipadamente à personagem homônima, caso ela venha a entender que sua crítica à retórica lhe pareça ser uma ridicularização de sua atividade profissional (462e-463a). A ocorrência do verbo diakōmōidein nesta passagem (literalmente, “fazer comédia de”, 462e7) não é uma escolha acidental de Platão, pois a discussão subsequente entre Sócrates e Polo é de fato permeada de elementos tipicamente cômicos. Todavia, a menção indireta à comédia neste trecho do Górgias não parece indicar apenas que o debate entre as personagens remeta o leitor aos agōnes cômicos, tais como aqueles que conhecemos por meio das peças supérstites de Aristófanes; Platão parece ter em mente aqui, no tratamento da retórica como uma espécie de “lisonja” (kolakeia), uma comédia aristofânica em específico: Os Cavaleiros, encenada no festival das Leneias em 424 a.C. Nela, Aristófanes satiriza a figura do político Cléon (sob a máscara da personagem Paflagônio) e do político democrático em geral, bem como sua relação de dominação e/ou subserviência para com o Povo, representado na peça também como personagem. O objetivo principal desta comunicação, portanto, será mostrar como em Os Cavaleiros encontram-se presentes diversos elementos de caracterização da prática oratória que serão centrais na crítica de Platão à retórica no Górgias, quando ele a define como uma espécie de lisonja (462b-466a). Serão ressaltadas nesta análise tanto as semelhanças de imagens, analogias e metáforas empregadas por ambos os autores (e, em especial, a analogia entre retórica e culinária), quanto os ecos verbais, com o intuito de mostrar como Platão parece se apropriar de elementos da sátira aristofânica na sua reflexão crítica sobre a retórica e a democracia ateniense no Górgias. Se é neste diálogo que se verifica uma das primeiras ocorrências do termo rhētorikē na história da literatura grega, então a comédia Os Cavaleiros de Aristófanes nos oferece, em contrapartida, indícios de que a caracterização da prática oratória como kolakeia precede a abordagem crítica do filósofo.
2006
Sócrates, através da dialética, tornava seus interlocutores conscientes da própria ignorância, libertando-os da ilusão de pensar que sabiam o que estavam dizendo. Assim, Sócrates lhes dava o benefício da possibilidade de buscar o verdadeiro conhecimento.
Resumo: Pretende-se abordar dois temas fundamentais para qualquer estudioso da obra platônica: a forma dialogal da escrita filosófica e o aspecto erótico da filosofia. A interpretação apresentada propõe que a morte de Sócrates condenado pela democracia rompeu a possibilidade de comunicação entre o filósofo e a cidade. Sócrates, como amante que é, afirma agir em benefício da cidade que, no entanto, reconhece na atividade do filósofo a corrupção de seus costumes. A escrita platônica seria, então, a recriação da possibilidade de diálogo entre filosofia e cidade. Como Aquiles volta à batalha após a morte de Pátroclo, Platão lança-se ao obrar filosófico como amante do filósofo-amante morto. Suas armas: os diálogos.
Caderno de Letras da UFF, 2018
Starting from the idea that the opening of a work plays a significant role in the economy of its composition, this article presents an analysis of the openings of the Platonic dialogues, putting in evidence the usage of the dramatic mimesis. This work highlights the mimetic character of such texts, indicates the position of the author in relation to his work, and points out the construction of the one who will be able to read the dialogues. KEYWORDS: Platonic dialogues; Plato; mimesis.
Revista DIAPHONÍA
Neste trabalho, discutiremos a visão de Platão sobre a dialética, sua relação com os pensadores pré-socráticos Heráclito e Parmênides, e os desafios filosóficos que ele enfrentou. Platão viveu em um período de mudanças na Grécia clássica, onde tradições filosóficas antigas não mais atendiam às novas formas de pensar e viver. Heráclito enfatizou a importância da mudança e do combate como fundamentais para a existência, enquanto Parmênides buscava a verdade por meio de argumentos racionais não contraditórios. Essas perspectivas colocaram Platão diante de questões complexas, que ele explorou em sua própria filosofia.
Revista De Estudos Filosoficos E Historicos Da Antiguidade, 2014
RESUMO: Não são cabíveis dúvidas de que o Parmênides é um diálogo estranho. Ele foi escrito mais de vinte anos após a abertura da Academia, e Platão viu na obra a oportunidade para exibir certos pontos débeis de sua Teoria das Formas (sugeridos quiçá por alunos avançados, colegas, ou diretamente detectados por ele mesmo). Elegeu para isso uma miseen-scène adequada: fez sua teoria ser exposta pelo seu porta-voz habitual, Sócrates, mas o rejuvenesceu: na fi cção este não tem mais de vinte anos. Isso não signifi ca que sua posição fi losófi ca seja diferente: tudo que este diz corresponde literalmente às ideias expostas por Platão em diálogos anteriores... Mas a falta de experiência própria à juventude o impedem de responder às severas críticas que lhe apresenta seu interlocutor, o "grande Parmênides". O diálogo trata-se, na realidade, de um diálogo de Platão consigo mesmo: sob o aspecto do jovem Sócrates, ele expõe a versão tradicional de sua teoria; e, identifi cando-se com o personagem Parmênides, critica os aspectos sensíveis que, no momento de escrever este diálogo, ele encontrou em sua fi losofi a. Todavia, este diálogo de Platão consigo mesmo é enganoso porque Platão já tem elaboradas as respostas às críticas que ele põe na boca de Parmênides. Estas respostas aparecerão no diálogo Sofi sta.
Platão. Coleção XVI Encontro ANPOF, 2015
Carvalho, M.; Cornelli, G.; Montenegro, M. A. Platão. Coleção XVI Encontro ANPOF: ANPOF, p. 42-53, 2015.
DISSERTATIO Revista de Filosofia, 2020
Nossa investigação propõe a hipótese de que os introitos dos diálogos platônicos não se esgotam enquanto mero recurso dramático para suas respectivas ambientações, mas visam, sobretudo, expor as disposições de espírito necessárias para o fazer filosófico e o método que o põe em movimento. Ante a impossibilidade de recorrer ao exame particular de cada introito, escolhemos Parmênides como diálogo exemplar a ser investigado. Os resultados obtidos apontaram que há, no introito selecionado, uma compreensão do método dialético enquanto condução fortuita, global e paradoxal que leva à rememoração e que, como tal, é acompanhado de uma disposição que se explicita enquanto um fazer-se presente no lugar do encontro e da conversa, deixando-se conduzir corajosamente à rememoração pela ausculta cuidadosa.
Nesta aula, eu abordo o uso do termo mímesis em A República de Platão com o intuito de entender suas matizes interpretativas, tendo como tema central uma das passagens mais controversas da história da filosofia da arte ocidental, a saber, a expulsão da poesia da cidade ideal.
Philósophos - Revista de Filosofia, 2010
A ontologia platônica, como conhecida a partir do Fédon e da República, está centrada na hipótese das Formas inteligíveis, ou seja, a crença defendida pelo Sócrates platônico na existência de entidades ontologicamente independentes, "o belo em si", "o bem em si", "o igual em si", etc., das quais as coisas empíricas participam recebendo por isso as propriedades que exibem. Notoriamente, as principais influências filosóficas dessa doutrina são a filosofia pré-socrática, a sofística e o pensamento de Sócrates. O objetivo deste artigo é mostrar que ideias ou questões filosóficas levaram Platão a postular as Formas.
Pitágoras 500, 2019
Neste artigo, analisaremos os métodos de trabalho e os espetáculos selecionados do diretor polonês Tadeusz Kantor e do diretor brasileiro Antunes Filho. Após a análise dos métodos de trabalho e dos espetáculos de cada diretor, faremos possíveis comparações entre um e outro, na conclusão deste trabalho.
Rónai - Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, 2019
In this article, we evaluated the notion of tékhnē in three contexts of the Cratylus, which allows us to identify three nuances associated with the term: 1. as a "know how" intermediated by an instrument (388e-389a); 2. as the possession of a noetic knowledge, in the moment of the etymological analysis of this word (414b-c) and 3. as the art of representing things through their names (428a-440e). Our point is to show these meanings not as something disconnected and fragmentary, but that they are developed within the dialectical movement of this dialog itself.
Resumo: Partindo da aceitação da proposta platônica de que a alma consta de três partes, procuraremos compreender o modo no qual, na interioridade da psyché de quem é "senhor de si mesmo", a razão transmite eficientemente seus conselhos e ordens aos elementos inferiores e estes, por sua vez, os recebem e reagem a eles dando origem à ação virtuosa. Revisaremos em primeiro lugar a resposta a este problema que se apoia (i) na receptividade das partes não-racionais às imagens sensíveis e (ii) na ideia de que a razão é capaz de criar imagens deste tipo, "carregadas" do conteúdo a transmitir sob a forma do sensível, e fazê-las acessíveis aos elementos inferiores no interior da própria alma, os quais, em concordância, podem ser vistos como dotados de uma cognição nãoracional que os torna receptivos a tais influxos (Lorenz). Em seguida, consideraremos o caso do acrático, tomando como linha guia o seu conflito motivacional (stasis) e considerando (iii) a terminologia platônica da domesticação como uma alternativa frente à da persuasão, investigando como o uso da força pode derivar na modificação da conduta e no controle da torrente pulsional. Observaremos aqui o conceito de hábito...
Revista Ética e Filosofia Política, 2022
A presente pesquisa busca refletir, a partir do Górgias de Platão, sobre a controversa estratégia que Sócrates utiliza para desqualificar a retórica sofista, definida por ele como uma falsa tékhne no âmbito da justiça. Surpreende neste diálogo a intensa carga dramática aplicada por Platão nas refutações de Sócrates contra as convicções de Górgias, Polo e Cálicles, combinando recursos retóricos, a fim de levá-los à contradição e, assim, “vencer” o debate. O uso da makrologia, da crítica ad hominem, de uma terminologia ambígua e, claro, da vergonha que suscita em seus oponentes, nos apresentam uma face singular do elenchos socrático, que desperta diretamente os protestos e a hostilidade por parte de Polo e Cálicles. Mas o que justifica a forte carga dramática platônica que aproxima a habitual retórica sofista do método usado por Sócrates? O estudo aqui apresentado, apoiando-se no cruzamento tanto das leituras textuais e subtextuais, como das argumentativas e dramáticas no Górgias, vê na genialidade literária platônica um lugar de destaque para uma articulação de sua prática discursiva com a mesma sofística que ele combatia, e que o teria levado à arena do visceral embate político ateniense.
Veritas (Porto Alegre), 1997
A analogia, enquanto procedimento metodológico da dialética platônica, estabelece uma relação entre paidéia e dialética ascendente. O presente estudo limita-se ao diálogo Ménon e visa, ainda, articular a relação entre este diálogo e o conjunto de obra de Platão no que concerne à relação entre analogia e dialética.
Intuitio, 2013
Resumo: O diálogo platônico Lísis apresenta uma instigante análise acerca do conceito de amizade (philía). O estudo de tal tema justifica-se mediante sua relevância tanto para o estudo da filosofia antiga, como para o estudo da ética clássica. Desenvolve-se o tema apresentando a tese de que o diálogo Lísis se constitui em oito hipóteses desenvolvidas ao longo de seu texto. Também se apresenta a hipótese, contrária de Giovanni Reale, que não é Eros, em si, que impede a philía filosófica, mas a parte da alma (psychê) que se direciona, ou não, para o Eros filosófico. Portanto, é a alma (psychê) que delibera sobre o amor pela sabedoria e lhe tem ou não a amizade. Palavras-chave: Amizade (philía). Alma (psychê). Diálogo. Platão.
ConTextura, 2017
O artigo tem por objetivo demonstrar como o diálogo Cármides é uma resposta hábil e sutil de platão às contradições e desafios do seu tempo; e não, como poderia parecer, apenas uma busca infrutífera por uma definição ou um mero exercício intelectual. Para tanto, oferecemos contextualização do diálogo através de uma reconstrução da conjuntura histórica e política dos períodos arcaico e clássicos, valendo-nos da noção de temperança (σωφροσύνη) como fio-condutor. The article attempts to show how the dialog Charmides is a skillful and subtle response by Plato to the contradictions and challenges of his time; and not, as one could assume, a fruitless search for a definition or a vain intellectual exercise. In order to do that, we’ll contextualize the dialog through a reconstruction of the historical and political conjuncture of the archaic and classical periods, using the notion of temperance (σωφροσύνη) as our guide.
Polyphonía/Solta a voz, 2007
RESUMO Neste artigo, procuramos demonstrar como a questão da paidéia é colocada por Platão, na constituição de uma paidéia fi losófi ca, como verdadeira educação. Para compreender sua originalidade, situamos o pensamento pedagógico de Platão no debate que realiza com a cultura de sua época, sobretudo com os sofi stas-educadores que vendiam o seu conhecimento e viam na erudição a essência da paidéia.
Loading Preview
Sorry, preview is currently unavailable. You can download the paper by clicking the button above.