Resumo A comunidade global se depara neste século com uma série de desafios que parecem indicar o limite de sua expansão e desenvolvimento. Entre esses desafios, encontram-se as crises energética e ambiental, profundamente interligadas. A crise energética se deve ao fato da forma dominante de energia adotada pelos países serem os hidrocarbonetos não-renováveis, em especial o petróleo. Por não ser reprodutível é um recurso energético que já nasce com limitantes geológicas naturais. Mas o aumento espetacular de seu consumo nas últimas décadas, chegando até a superar a velocidade da descoberta de novas reservas, somado ao custo cada vez maior de explorar reservas novas mais distantes e profundas, elevam cada vez mais o seu preço no mercado internacional, inflacionando a economia como um todo, uma vez que o petróleo em quase onipresente como insumo produtivo. A essa limitante econômica se adiciona uma limitante ecológica, que tende a se fortalecer cada vez mais com a conscientização da sociedade global das vulnerabilidades ambientais a ponto de até ultrapassar a limitante econômica ao uso do petróleo. Como possível resposta a crise, surgem os biocombustíveis, como uma possibilidade aberta pelas tecnologias do presente século e capaz de fornecer energia renovável, abundante, e limpa. Mas como toda forma de energia os biocombustíveis derivados da biomassa também encontram suas limitantes econômicas e ecológicas, de outra ordem em relação ao petróleo, o que deixa às autoridades políticas uma dúvida sobre qual o melhor caminho a seguir. O presente estudo procura compreender se as vantagens de um uso maior dos biocombustíveis na matriz-energética são maiores que as desvantagens da continuidade do uso do petróleo, bem como possíveis conflitos que podem surgir dependendo de tal escolha.