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Portinari entre livros

2009

Abstract

A história editorial brasileira vem aos poucos sendo (re)descoberta e (re)escrita, e os personagens que dela participaram emergem de suas páginas, deixando à vista sua grande contribuição à solidificação do mercado editorial nacional. Um desses personagens é Candido Portinari. Figura atuante no período áureo da ilustração de livros no Brasil, ao longo de 29 anos (1932-1961), ilustrou 42 títulos, trabalhando para as editoras mais expressivas, como a José Olympio e a Cem Bibliófilos do Brasil. Este artigo visa refletir, através da pesquisa nas fontes primárias do Projeto Portinari – os exemplares de "Menino de engenho", de José Lins do Rego (30 ilustrações), "Memórias póstumas de Brás Cubas" e "O alienista", de Machado de Assis (88 e 40 ilustrações), produzidos para os Cem Bibliófilos do Brasil, e sua correspondência relativa – sobre a prática da ilustração de livros “adultos”. À luz dos novos ‘estudos da visibilidade’ apresentados por Karl Erik Schøllhammer (2007), buscarei formular como se deu “a relação entre o que o texto ‘faz ver’ e o que a imagem ‘dá a entender’”, partindo do pressuposto de que essas ilustrações – que chamo de ‘pinturas literárias’ de Portinari – agregaram valor estético às narrativas.