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Nas últimas décadas, a democracia se tornou um significante com sentido positivo, bem como um elemento central para as reflexões da maior parte da literatura produzida pela Ciência Política na América Latina. Estas reflexões passaram por distintas fases. De forma resumida, pode-se afirmar que de meados dos anos 1970 a meados dos 1980 o debate se concentrou no tema da “transição” democrática. Do final dos anos 1980 ao final dos 1990 multiplicaram-se as formulações acerca da “consolidação” democrática. Finalmente, desde os anos 2000 tem se refletido sobre meios de se avaliar e medir a “qualidade” das democracias, tema que será discutido criticamente nas próximas páginas. Grosso modo, é como se a preocupação em meio às ditaduras em quase toda a região tivesse sido a de encontrar caminhos para sair delas na direção de regimes democráticos. Posteriormente, de como estabilizar esses novos regimes. E finalmente, de como melhorá-los. No entanto, há diversos problemas nesse tipo de reflexão. Ela parece estar sempre a sugerir que há um caminho unívoco a ser percorrido, que iria desde as autocracias até as “melhores” democracias. Nesse argumento está implícita uma noção de progresso, e eventualmente de irreversibilidade evolutiva. Também está implícito qual é o parâmetro a definir as melhores democracias: os regimes políticos dos países do capitalismo central. Para definir o que é democracia e o que é uma “boa” democracia, supõe-se que há um único modelo de democracia, e a partir dele define-se quando os regimes podem ser considerados democracias, quando são democracias “estáveis” e “irreversíveis” (como se isso fosse possível), e finalmente entre estas quais são as “melhores” e as “piores”. Ademais, essas análises são amplamente calcadas na avaliação e comparação de instituições. Tal abordagem institucionalista é limitadora, mas isso não deve surpreender nesse caso, na medida em que as instituições vêm a ser a principal (para não dizer exclusiva) preocupação de quase toda a Ciência Política, na América Latina e alhures. Talvez mais problemático seja constatar que, a partir do momento em que se parte de um modelo implícito (as democracias dos países centrais) para definir o que é democracia e quais dentre elas são as melhores, não é muito difícil imaginar quais serão as instituições consideradas essenciais para se avaliar as democracias de todo o globo.
Anagrama, 2020
O presente artigo propõe uma análise dos discursos circulantes (CHARAUDEAU, 2018) acerca dos discursos sobre limites da democracia e da liberdade de expressão em matérias jornalísticas publicadas na Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo a propósito das manifestações no Chile em outubro de 2019. Para isso, buscamos apreender traços de dialogismo e polifonia (GRILLO, 2005) presentes nos textos analisada. A partir de rastreamentos junto aos acervos digitais dos veículos em foco, o corpus de pesquisa se constitui de reportagens estampadas nas capas dos periódicos no período de oito dias subsequentes à determinação do estado de exceção no país pelo presidente Sebastián Piñera.
2007
Podem os empresários ser parte de um partido e de um governo de esquerda? Para responder a essa pergunta é necessário saber o que entendemos por esquerda e direita. Meu conceito de esquerda e direita tem como critérios a justiça social ea ordem pública, de um lado, eo reconhecimento ou não da necessidade de intervenção do Estado na economia, de outro.
Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião
O painel "Democracias na América Latina: valores e direitos tensionados", se propôs indagar sobre algumas questões que emergem da paisagem sociorreligiosa latinoamericana atual. Os textos apresentados trazem para a reflexão temáticas que oscilam desde a noção e constituição das laicidades, à compreensão do papel do Estado em relação às religiões e igrejas, até a discussão de um aparelho analítico que permita captar a materialidade do direito e a tensão que supõe a narrativa de separação entre religião e direito. Paula Montero e Juan Marco Vaggione questionam os conceitos e categorias que percorrem nossas análises sobre a relação entre política e religião. Já Aldo Ameigeiras interroga a ambos os autores, sinalizando a estrutura vertebral dos textos e apontando para alguns horizontes que podem ampliar a leitura deles. No seu conjunto, esta reunião de textos nos convida a olhar para uma América Latina tensionada por conjunturas políticas em rota de polarização e por valores d...
Cadernos PROLAM/USP, 2019
Resumo: Em "América Latina em seu labirinto: Democracia e autoritarismo no século XXI", Fabricio Pereira da Silva expõe ao longo de artigos as particularidades e desafios dos cientistas sociais nas avaliações sobre a democracia na América Latina. Inicia com a "onda rosa"-fenômeno em que partidos de esquerda foram eleitos-passando por suas particularidades e avaliações, até o recente momento dos neogolpes. Esta resenha tem como propósito apresentar os elementos principais das pesquisas feitas por Pereira da Silva, com as particularidades identificadas pelo autor e a importância do senso crítico para romper com determinada hegemonia no campo estudado.
Novos Estudos Juri Dicos, 2008
Palavras-chave A democracia é a forma de governo mais popular no mundo e mesmo em países onde reina uma tirania, como a China e a Birmânia, ela é "o partido da juventude e da esperança, da coragem e do sacrifício", na concepção de Ronald Dworkin. 1 Só mesmo nos países onde o fundamentalismo religioso é forte, diz o
Dados, 2016
RESUMO O artigo compara as instituições participativas desenvolvidas pelos governos nacionais de Brasil e Venezuela. Esses governos encontram distintas estruturas de oportunidades que os limitam/autonomizam, assim como recebem heranças institucionais diversas com as quais devem lidar. Há também diferentes abordagens e graus nas propostas de aprofundamento democrático defendidas por essas forças. Instituições distintas derivam dessa gama de diferenças, que são interpretadas a partir da delimitação de três unidades de análise: público-alvo, efetividade e elementos de representação. As características de cada caso são abordadas majoritariamente a partir de revisão da literatura que trata do tema e, secundariamente, através de trabalho de campo para o caso venezuelano. Ao final, apresentam-se dois padrões distintos em cada uma dessas unidades de análise.
Quis a ironia da história que na América Latina o século XX tenha começado com a revolução mexicana, deflagrada contra a oitava reeleição de Porfírio Diaz, e tenha se encerrado com a integração do México ao NAFTA, a área de livre comércio que reduziu a pátria de Zapata à condição de semi-colônia norte-americana, justamente, quando uma onda de revoluções anti-imperialistas derrubava presidentes alinhados com Washington na Argentina, Bolívia e Equador, derrotava um golpe na Venezuela e enterrava o projeto do ALCA (Acordo de livre comércio das Américas).
This article compares the participatory institutions developed by the national governments of Brazil and Venezuela. Faced as they are with distinct structures of opportunities that limit or grant them authority, these two governments must also deal with their different institutional legacies. With contrasting approaches in the proposed methods for the strengthening of democracy defended by these forces, a variety of institutions are derived from this range of differences, which are interpreted based on the delimiting of the three units of analysis: target audience, effectiveness, and elements of representation. The characteristics of each case are primarily approached based on a review of literature on the topic, and also considered in light of field work on Venezuela. To conclude, two distinct patterns are outlined for each of the units of analysis. El artículo compara las instituciones participativas desarrolladas por los gobiernos nacionales de Brasil y Venezuela. Esos gobiernos encuentran distintas estructuras de oportunidades que los limitan/autonomizan, así como reciben diversas herencias institucionales con las cuales deben lidiar. Existen también diferentes abordajes y grados en las propuestas de profundización democrática defendidas por esas fuerzas. Distintas instituciones derivan de esta gama de diferencias, que son interpretadas a partir de la delimitación de tres unidades de análisis: público objetivo, eficacia y elementos de representación. Las características de cada caso son abordadas en su mayoría a partir de la revisión de la literatura existente sobre el tema y, secundariamente, a través del trabajo de campo para el caso de Venezuela. Cet article a pour but de comparer les institutions participatives mises en ½uvre par les gouvernements du Brésil et du Venezuela. Ceux-ci ont adopté différentes structures permettant de les limiter ou de les rendre plus autonomes, et ont bien évidemment dû compter sur des héritages institutionnels tout aussi divers. Il existe également différentes approches et degrés dans les propositions d’approfondissement démocratique défendues par ces différentes forces. Différentes institutions dérivent donc de cet ensemble de différences et on les étudiera à partir de la délimitation de trois unités d’analyse: leur public cible, leur mise en oeuvre effective et les éléments de représentation. Les caractéristiques de chaque cas seront principalement abordées à partir de la revue de la littérature du domaine, et de manière secondaire, grâce à un travail de terrain au Venezuela. On présentera au final de modèles distincts pour chacune de ces unités d’analyse. O artigo compara as instituições participativas desenvolvidas pelos governos nacionais de Brasil e Venezuela. Esses governos encontram distintas estruturas de oportunidades que os limitam/autonomizam, assim como recebem heranças institucionais diversas com as quais devem lidar. Há também diferentes abordagens e graus nas propostas de aprofundamento democrático defendidas por essas forças. Instituições distintas derivam dessa gama de diferenças, que são interpretadas a partir da delimitação de três unidades de análise: público-alvo, efetividade e elementos de representação. As características de cada caso são abordadas majoritariamente a partir de revisão da literatura que trata do tema e, secundariamente, através de trabalho de campo para o caso venezuelano. Ao final, apresentam-se dois padrões distintos em cada uma dessas unidades de análise.
OPSIS, 2015
A decantada "crise de paradigmas" terá relação, de acordo com Gumbrecht, com a emergência, no imediato pós-Segunda Guerra Mundial, de um "clima de latência", a sensação, ainda atuante, de que algo intangível vigora. O capitalismo tardio rege-se pela lógica de uma nova experiência de tempo histórico em que o passado, como "passageiro clandestino", resiste em passar, o presente dilata-se e o futuro alberga ameaças. Nesse mundo em que Habermas reconheceu o "esgotamento das energias utópicas", que tipo de telos poderia ser perseguido pela esquerda latino-americana? A proposta deste artigo é analisar como essa crise repercutiu nas conceptualizações teórico-políticas de três formações da esquerda latino-americana, atuantes no contexto da denominada transição democrática. Palavras-chave: América Latina; Esquerda; Transição democrática.
2015
Qualidade da democracia no Cone Sul em perspectiva comparada
Estado, Economia e Democracia na America Latina, 2017
Estado, economia e democracia no Brasil e na América Latina 9 Historiadores de todo o mundo afirmam que mudanças significativas aconteceram nos rumos da huma-nidade a partir do momento em que os homens colocam em questão as explicações teocêntricas que ilumina-ram o conhecimento humano durante muito tempo, marcando assim a passagem da Era Medieval para a Modernidade. Essa passagem incidiu em várias áreas do conhecimento como nos enciclopedistas franceses; na Astronomia e Física Descartes; na Medicina e Biologia, de Hipócrates a Darwin; nas Artes, na Cultura, Literatura, nas Engenharias e em todos os objetos cognoscíveis, possíveis de serem submetidos à racionalidade humana tendo o homem como o centro das preocupações. É por evidente que se alteraram, a partir daí, as formas tradicionais de exercício de poder e por consequência os modos de organização das diferentes sociedades. Assim, Estado, Economia e Democra-cia passam a ter suas formas e conteúdos ressignificados no bojo do processo de constituição das classes sociais, das economias liberais e das democracias burguesas. Se no velho continente esse processo é temporalmente situado na transição dos regimes feudais para as sociedades burguesas, na América Latina processo semelhante não apenas ocorre em um distinto tempo histórico, como também é marcado pela violenta expropriação colonialista e imperialista dos nossos povos originários, pela constituição dependente e subordinada de nossas economias-caracterizadas pela degradante e exponencial superexploração da força de trabalho-e pela formação claudicante dos regimes democráticos que se revezaram, ao longo da história, com regimes autoritários civis-empresariais e/ou militares. Essas particularidades, bem como os sentidos gerais e as características universalizantes do Estado, da Democracia e das diferentes formas econômicas-embora sejam os elementos centrais da luta de classes ao redor do mundo-não foram por muito tempo temas dignos de prestigio científico nos meios acadêmicos e intelectuais. O déficit entre nós com relação a estudos e pesquisas nessas áreas vem sendo apenas recente-mente enfrentado com o advento de teorias que resgatam a nossa particularidade de ser um subcontinente expropriado e de economias dependentes, a exemplo do que demonstra a Teoria Marxista da Dependência (TMD), associado a experiências recentes de alternância democrática que ofereceram novas formas de fazer político, distintas das tradicionais orientações (neo)liberais imperialistas, a exemplo de experiências na Venezuela, Bolívia, Uruguai ou mesmo no Brasil. Essas duas ordens de fatores têm possibilitado com que tratemos com maior atenção não apenas as grandes temáticas citadas, mas outras que delas decorrem, como a configuração das políticas públicas, as formas de gerenciamento e alcance dos aparelhos de Estado, as transformações das instituições e o regulacionismo delas decorrentes, dentre outros temas. É na esteira desse resgate que a Revista Katálysis nos brinda com uma edição inteiramente voltada aos temas do Estado, da Economia e da Democracia na América Latina. As reflexões aqui contidas nos dão a oportunidade de problematizar tanto do ponto de vista teórico quanto prático as dimensões constitutivas de nossas sociedades que tem o Estado como seu principal agente difusor. Como elemento de disputa dentro e fora de si mesmo, os Estados burgueses condensam materialmente as contradições provenientes da correlação de forças dispostas nas sociedades, por isso, por mais que possam DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-02592018v21n1p09 © O(s) Autor(es). 2018 Acesso Aberto Esta obra está licenciada sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.pt_BR), que permite copiar, distribuir e reproduzir em qualquer meio, bem como adaptar, transformar e criar a partir deste material, desde que para fins não comerciais, e que você forneça o devido crédito aos autores e a fonte, insira um link para a Licença Creative Commons e indique se mudanças foram feitas.
Revista de Teorias da Democracia e Direitos Políticos, 2019
Resumo: As Constituições latino-americanas, embora inspiradas na norte-americana, dotaram os presidentes de fortes poderes legislativos. Dessa maneira, o déficit democrático na América Latina não decorre puramente do presidencialismo, mas do tipo de presidencialismo adotado, que promove presidentes hiper fortes com permissão constitucional para atuarem ativamente na arena legislativa. No primeiro capítulo trazemos os argumentos dos principais teóricos a respeito do presidencialismo na América Latina. No terceiro e quatro capítulos abordamos a importância do desenho constitucional para a qualidade da democracia. Por fim, concluímos que as amplas faculdades legislativas dos presidentes latino-americanos estariam associadas ao déficit democrático existente na região.
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinar da Universidade de Brasília, 2014
à leitura atenciosa, comentários e contribuições de Henrique Carlos de Oliveira de Castro e Sonia Ranincheski e isento-os de qualquer incorreção no artigo.
Estudos Avançados
RESUMO O artigo analisa dados dos programas eleitorais apresentados para as eleições presidenciais no Brasil de 1994 a 2018, para descrever como as candidaturas se posicionaram ideologicamente. Os dados produzidos e disponibilizados pelo Manifestos Project permitiram quantificar os conteúdos de esquerda e de direita abrigados nas suas plataformas e sua variação no tempo. A análise aponta que conteúdos de esquerda e de direita convivem lado a lado nos programas, ao mesmo tempo que confirma a distinção ideológica entre as alternativas. Além disso, aplica as medidas de ideologia para calcular e comparar o grau de polarização em cada eleição e identifica o seu súbito aumento em 2018.
Revista de Políticas Públicas
Este artigo analisa o impacto da desconfiança na democracia e o aumento da percepção da corrupção na América Latina. Nossa hipótese é que, a diminuição na confiança na democracia e em suas instituições, está associada a percepção dos cidadãos sobre a corrupção, em um contexto de sociedades materialistas. A metodologia é quantitativa tipo survey, com dados da 7° onda da WVS (2020). O artigo conclui que há uma forte relação entre desconfiança política e aumento na percepção da corrupção, que é deletéria para a democracia.
O artigo apresenta um quadro geral do estado da democracia no Brasil e em outros 17 países da América Latina e está dividido em duas partes. Na primeira, mostra-se que a democracia política alcançou patamares inéditos nesses países e que melhorias substanciais nos indicadores socioeconômicos são visíveis em praticamente todos eles. Explicita-se ainda que a emergência de lideranças personalistas impacta negativamente os índices de desenvolvimento democrático. Na segunda parte, enfocamos o caso brasileiro, que se destaca também por dados positivos na área social e que tem aprovado uma série de medidas com vistas a aperfeiçoar controles eleitorais e de governo. O artigo argumenta que o processo de democratização e de liberalização política nesses países é inequívoco, mas nem sempre linear e progressivo, e que o desrespeito pela vida bem como a persistente desigualdade estrutural parecem demandar novas formas de pensar as práticas democráticas na América Latina
2021
Este artigo objetiva elucidar a rica diversidade de contextos sobrepostos e narrativas singulares que compoem o cenario da inovacao democratica na America Latina. Para isso, examinaremos o contexto e as principais tendencias das inovacoes democraticas em cada uma das sub-regioes, a saber, o Cone Sul, a America Central e os Andes. Esta analise e complementada por exemplos emblematicos de inovacoes democraticas em 18 paises. Por fim, realizamos uma breve avaliacao de experimentos participativos da sociedade civil em resposta a pandemia de Covid-19 em 2020 e das implicacoes da crise sanitaria no campo da participacao cidada no continente. Na conclusao, apontaremos alguns rumos no desenvolvimento de inovacoes democraticas na America Latina e tentaremos extrair algumas licoes.
Roberto Cavalheiro, 2023
Ao analisar o retrocesso dos direitos e garantias individuais na América Latina, não estamos tratando de atos e ações de governos nacionalistas, o caminho é desviado para a nova rota da seda, caminho esse que, pela história de países que representam risco para democracias, existe um movimento cultural desconstrutivista que visa enfraquecer princípios e instituições conservadoras, seu legado reverbera em uma onda de restrições e proibições que visam colocar o cidadão sob total controle do Estado, a ordem é proibir, silenciar, prender.
Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião, 2020
Assumido o cenário de erosão democrática instalado na América Latina vale a pena se perguntar: em que medida o fator religioso contribui para esse processo? Especificamente, como a atuação política dos evangélicos-pentecostais, cada vez mais em ascensão na esfera pública no continente, participam nessa crise? Algumas das possíveis respostas parecem estar esboçadas tanto no artigo de Renée de la Torre Castellanos, “Genealogia de los movimientos religiosos conservadores y la política en México”, como em “Hermano no vota al Hermano” de José Luis Pérez Guadalupe, e ainda em “Ola onservadora y surgimiento de una nueva derecha cristiana brasileña? La coyuntura pos-impeachment en Brasil” de Joanildo Burity.
Esse artigo compara a trajetória de forças políticas de esquerda que chegaram ao poder na América Latina Contemporânea. Num período de crise de paradigmas para as esquerdas e de hegemonia neoliberal, essas forças conseguiram colocar-se como alternativas de governo, aonde chegaram por meios democráticos. Tal ascensão, por sua relativa sincronia e delimitação regional, constitui um processo que pode ser compreendido em conjunto. O objetivo do artigo, partindo da análise de fatores como estrutura organizativa, ideologia, relação com a democracia e com o neoliberalismo, é discutir a viabilidade de tipologias que começam a ganhar espaço na literatura especializada. Sobretudo as que defendem a existência dicotômica de "duas esquerdas", uma "democrática" e outra "populista" ou "autoritária". Na primeira parte do artigo analiso algumas das principais tipologias classificatórias das esquerdas latino-americanas contemporâneas. Na segunda parte, destaco características que as distinguem entre elas, e discuto se elas são profundas o suficiente para que se possa falar de tipos distintos de esquerdas. Por fim, com base nas distinções apresentadas, proponho uma tentativa de classificação alternativa das esquerdas latino-americanas. A questão que subjaz ao artigo é se há diferenças suficientes entre os casos para sustentar a existência de diversos tipos de esquerdas governantes no continente. A hipótese é de que há, e que é possível propor uma tipologia, antes de tudo um exercício, no qual o mais importante, mais além da tipologia em si, é a defesa de uma análise sistemática, complexa e dinâmica -o que nem sempre caracteriza o debate sobre o tema. 1
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