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Resenha do livro "O Príncipe", de Maquiavel
Mais de cinco séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí têm sua origem. Maquiavélico e maquiavelismo são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do cotidiano. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo está associado à ideia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano. A verdade efetiva das coisas " o destino determinou que eu não saiba discutir sobre a seda, nem sobre a lã; tampouco sobre questões de lucro ou de perda. Minha missão é falar sobre o Estado. Será preciso submeter-me à promessa de emudecer, ou terei que falar sobre ele". (Carta a F. Vettori,de 13/03/1513.) Este trecho de uma carta escrita por Maquiavel revela sua "predestinação" inarredável: falar sobre o Estado. De fato, sua preocupação em todas as suas obras é o Estado. Não o melhor Estado, aquele tantas vezes imaginado, mas que nunca existiu. Mas o Estado real, capaz de impor a ordem. Seu ponto de partida e de chegada é a realidade concreta. Daí a ênfase na verità effettuale-a verdade efetiva das coisas. Esta é sua regra metodológica: ver e examinar a realidade tal como ela é e não como se gostaria que ela fosse. A substituição do reino do dever ser, que marcara a filosofia anterior, pelo reino do ser, da realidade, leva Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como instaurar um Estado estável? O problema central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos. Ao formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel provoca uma ruptura com o saber repetido pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer política, que põe fim à ideia de uma ordem natural e eterna. A ordem, produto necessário da política, não é natural, nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo de dados do acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e, uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre a ameaça de que seja desfeita. Tem-se sempre a sensação de que é necessário ler, reler, e voltar a ler a obra e que são infindáveis as suas possibilidades de formalização. Sua armadilha é atraente-fala do poder que todos sentem, mas não conhecem. Porém, para conhecê-lo é preciso suportar a ideia da incerteza, da contingência, de que nada é
Vol. 46, 1, 2023
Maquiavel e a origem das comunidades políticas Artigos / Articles Maquiavel e a origeM das coMunidades políticas Luís Falcão 1 Resumo: É possível encontrar em Maquiavel uma expressão significativa do consentimento originário para a explicação da origem das comunidades políticas. Investigam-se, assim, as possíveis recepções desse tema, a partir do pensamento político romano. Com Lucrécio e Cícero, torna-se possível compreender os termos do pacto, qual sejam, o primitivismo no contraste entre homens e bestas, o medo e a segurança comuns como elementos fundantes da comunidade política e a liderança de um homem de destaque. Para isso, lateralmente, debatem-se as premissas aristotélicas da natureza política dos homens e apresentam-se exemplos do contexto de Maquiavel, a fim de corroborar a disponibilidade da linguagem do consentimento originário em acordo com o aristotelismo. O artigo conclui que Maquiavel não possui uma teoria substancial da origem dos agremiados humanos, porque o objeto da política, dentro da maneira pela qual ele a entende, existe apenas mediante a fundação das cidades historicamente determinadas. Logo, o emprego de uma linguagem contratualista, em acordo com a aristotélica, estava dentro de um contexto retórico de despertar a atenção de seu leitor.
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Onde a força de vontade é grande, as dificuldades não podem sê-lo" (Maquiavel) Ao longo da História, a imagem de Maquiavel sempre foi associada a trapaças, mentiras e diversas formas de maldades. 2 Todavia, essa imagem que parece cristalizada no senso comum parece olvidar toda a grandeza e importância do pensamento desse autor florentino, bem como o impacto que suas obras causaram no mundo todo. Mas esse quadro, que geralmente é pintado, deixa escapar ao olhar uma constelação de informações que o presente trabalho pretende resgatar. Maquiavel nasceu em 1469, quando a cidade de Florença passa por períodos conturbados: embora formalmente tal cidade assumisse a forma de uma república, a mesma era faticamente controlada e administrada pela família Médici. Todavia, após o falecimento de Cosimo, em 1464, e ascensão de seu filho Piero -cuja saúde precária levou-o a fazer pouco pela cidade -Florença passa por um período de declínio comercial e financeiro (BIGNOTTO, 2003:7). Verifica-se a transfer6encia de diversas casas comerciais e bancárias para outros locais, principalmente para Lion (França), o que fragilizou a economia local, antes acostumada a contar com francos recursos financeiros como principal arma contra as cidades concorrentes e contra a grande intervenção do papado (BIGNOTTO, 2003:7). Com a morte de Piero, os Médici possuíam apenas dois herdeiros, ainda muito jovens e sem experiência política alguma: Lourenço e Juliano (PINZANI, 2004:11). Embora, ambos tenham demonstrado grande apetite pelo poder e igual capacidade para exercê-lo, os chefes de uma outra grande família, os Pazzi, entenderam que já era hora de uma alternância. Para tanto,
Maquiavel e observando Richilieu, do que correndo atrás das últimas quantificações da politologia americana. Fiz esta experiência pessoalmente." (Mário Tronti. "Política e Poder") 2 Resumo: Com alguns flashes e indícios, intenta-se mostrar o avesso da invenção de O Príncipe, de Maquiavel, de modo a problematizar a origem política dos conceitos políticos modernos.
Comunicação & Política (Rio de Janeiro) vol.32, 2014
Alamedas, 2015
Mesmo a obra “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel, contendo mais de quinhentos anos, ela continua presente na atualidade. Podendo ser considerado o fundador do pensamento e da ciência política moderna pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Já na época em que foi escrita e até hoje, muitas pessoas consideram esta obra como polêmica, pela interpretação que pode ser dada como negativa, cruel ou ríspida. Maquiavel apresentou cruamente o problema das relações entre politica e moral, quando ele afirma que o politico sempre necessita estar à frente da moral, apresentando assim uma profunda cisão e irremediável separação entre ambas. Nesta obra, a política não é vista mais através de um fundamento exterior a ela própria, como Deus, natureza, a razão e entre outras, mas sim como uma atividade humana. Sendo que os princípios políticos de Maquiavel permanecerão em debate até o momento em que a humanidade deixar a vontade pelo poder de lado,...
Cadernos Espinosanos, 2015
Maquiavel é geralmente considerado um precursor, senão mesmo o criador, da ciência política. Tal interpretação vê na obra do Florentino uma sistematização da racionalidade intrínseca à ação humana. Com tonalidades distintas, podemos vê-la em autores tão diferentes como Hegel, Meinecke ou Leo Strauss, que atribuem a Maquiavel a intuição do estado como princípio subjacente à autonomia do político e ao realismo. Estará, no entanto, esse princípio realmente presente na obra de Maquiavel? O presente texto questiona semelhante hipótese, sustentando, ao invés, que o Florentino pertence a um universo de pensamento onde o moderno conceito de estado se encontra ausente. Pelo contrário, a mistura de razão e desrazão, que é inerente à ação política, mas que o postulado fundador da ciência política dos modernos – o mito do estado, como lhe chama Cassirer – virá ocultar, ainda se encontra a descoberto.
Revista InterAção, 2020
Nicolau Maquiavel desenvolveu suas ideias no século XVI, no entanto, seus escritos e fama permanecem vivos até hoje e, consequentemente, seu nome originou termos como maquiavelismo e maquiavélico. No entanto, por que razões esse autor carrega demasiada fama? Quais os principais ensinamentos políticos de Maquiavel? Qual a contribuição de Maquiavel à ciência política? Objetivando responder estas perguntas, o presente estudo, por meio do método de revisão bibliográfica, oferece condições para uma reflexão ao estabelecer uma releitura do pensamento político de Maquiavel, retratando os principais pontos presentes na obra do autor, tais como o método utilizado por Maquiavel, os conceitos de virtù e fortuna e a relação de Maquiavel com a ética e a moral na política. Este trabalho apresenta de forma introdutória o pensamento de Maquiavel, vislumbrando servir como um caminho de entrada aos que desejam mergulhar na ciência política maquiaveliana.
Cadernos De Etica E Filosofia Politica, 2014
Resumo: O objetivo do artigo é discutir a importância e a valorização da retórica no renascimento e a natureza da relação que se estabeleceu entre retórica e política no pensamento republicano renascentista e, em especial, na obra de Maquiavel. Procura-se mostrar o estreito vínculo entre a filosofia, a retórica e a política, seguido de uma breve exposição a respeito dos gêneros retóricos e da preeminência, do gênero deliberativo sobre os outros gêneros. A relação entre retórica e política na renascença será considerada a partir da análise de dois discursos deliberativos, o primeiro retirado da História do povo florentino de Leonardo Bruni, o outro é extraído da História de Florença de Maquiavel. A análise deverá expor não apenas o vínculo estreito entre retórica e política em Bruni e Maquiavel, mas também que, precisamente por causa deste vínculo, que os discursos analisados manifestam concepções distintas de república. Palavras-chave: retórica-renascimento-política-filosofia-república
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Educação em Revista, 2012
Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade, 2011
Maquiavel e a compreensão da política, comunicação, informação e poder, 1998
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea
Cadernos De Etica E Filosofia Politica, 2014
Zenodo (CERN European Organization for Nuclear Research), 2023
Revista Filosófica de Coimbra, 2014
Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2004
REVISTA INTERDISCIPLINAR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 2021
Figura: Studies on the Classical Tradition, 2019
Brazilian Journal of International Relations - BJIR, 2013
Coleção Meira Mattos, 2022
Cadernos espinosanos, 2009
Ailton Souza & Rafael Salatini, 2019
O moderno Príncipe e os principados da atualidade: Maquiavel aplicado à política contemporânea, 2011