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Capitalismo, espaço e tempo

1999, Ensaios Fee

Abstract

Like the waves make towards the pebbled shore, So do our minutes hasten to their end; Each changing place with that which goes before, In sequent toil ali forwards do contend." Shakespeare, Sonnets. N as diversas culturas humanas, os indivíduos e grupos experimentaram variadas formas de se relacionar com o espaço e com o tempo; e, em um certo número dessas culturas, suas diferentes épocas ou estágios evolutivos viram mudanças nessa relação. De nosso ponto de vista ocidental e eurocêntrico, algumas dessas diferentes experiências seguem urna linha evolutiva que parece ligada ao caráter progressivo ou cumulativo da história de suas sociedades, por oposição ao caráter estacionário de outras.' Desde o surgimento do capitalismo, ao final da Idade Média européia, a forma de vivenciar o espaço e o tempo passou a sofrer constantes modificações, modificações estas sempre num mesmo sentido, em que os espaços vão diminuindo e o tempo parece transcorrer de forma cada vez mais acelerada. É resultante desse movimento a circunstância de homens e mulheres que vivem este fim de século experimentarem, como nunca na história, uma sensação de encurtamento das distâncias geográficas e de aumento da velocidade das transformações sociais, políticas e econômicas. Usando uma figura de analogia com a física, David Harvey (1992) * Versão ligeiramente modificada de trabalho apresentado no III Encontro Nacional de Economia Política, Niterói, 9 a 12 de junho de 1998. O autor agradece os comentários de Pedro Fonseca e dos demais participantes. ** Economista da FEE-RS, Professor da UFRGS e Doutorando do lE-UFRJ.