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2012
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A tarefa de tradutora, para mim, como, eu acho, para a maioria dos tradutores, acontece. Não é uma coisa que já vem planejada. Eu sempre gostei de línguas, estudei várias, esqueci quase todas. A tradução vem como conseqüência. Na faculdade, fui para algumas línguas que eu gostava, mas, naquele momento, meus estudos não tinham a ver com tradução. Eu, sinceramente, não sei quando começou o ofício de tradução na minha vida.
Quanto mais a mim se revelam os inúmeros significados da palavra 'juramentada', tanto mais os adornos do manto (Benjamin: 2008) da promessa prestada a mim se tornam visíveis, desfilando cruéis e impunemente ao asseverarem minha dívida, minha missão, minha tarefa (Derrida: 2006) e, por conseguinte, minha angústia. Como que em vigília, passo a empreender uma breve investigação, refletindo acerca do meu ofício de Tradutora Juramentada. Coloco-me a examinar a relação que se estabeleceu entre mim, a lei e o texto original. Em várias ocasiões a literatura relativa aos estudos da tradução faz constar adjetivos atribuíveis àquele que traduz, descrevendo-o penosamente como o que trai, transgride, violenta o texto (Rajagopalan: 2000), faz o espírito humano passar de um povo para outro [1] (Hugo apud Venuti: 2005), um sujeito que se acha imediatamente endividado pela existência do original (...), obrigado a fazer alguma coisa pelo original e sua sobrevida (Benjamin apud Derrida:?). Blanchot (1997), por sua vez, descreve o (hábil) tradutor como aquele que preserva um sentimento de imperfeita comunicação e, em L'Amitié (1971), segue afirmando "... Le traducteur est un homme étrange, nostalgique, qui ressent, à titre de manque, dans sa propre langue (...)". Assim, com a estranheza de um forasteiro, vejo todos estes traços ratificarem meu estado de angústia perante a atividade tradutória e tudo o que ela engendra.
2017
Esta dissertação pretende, em primeiro lugar, abordar algumas posições que falam do tradutor e do seu papel em relação ao Outro, não na perspetiva de um «destinatário ideal», enquanto recetor da obra de arte, mas sim numa dimensão mais dilatada e culturalmente falando, mais abrangente quanto às suas significações. O conhecido ensaio de Walter Benjamin, A tarefa do Tradutor vai servir de ponto de partida desta viagem através do tempo e do espaço naquilo que, hoje em dia, pode ser visto como o ressurgir do papel do tradutor. O tradutor é o agente que promove e realiza o ato de traduzir, mas para levar a cabo esta tarefa tem de saber lidar e relacionar-se com o leitor/recetor que ele simboliza e o seu papel de tradutor, mas também o texto tem algo a dizer-lhe. Já não temos uma obra muda e silenciosa. Temos uma Terceira Voz que condiciona e reage perante este novo mundo que é o mundo do tradutor dos nossos dias. As regras da pragmática e o sistema de cooperação estabelecido por Umberto ...
BELT - Brazilian English Language Teaching Journal, 2020
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre um projeto didático executado em uma turma de Língua Inglesa do curso de Licenciatura em Letras Português-Inglês de uma universidade federal do sul do Brasil. Neste projeto, os licenciandos ouviram falas de diversos profissionais da área de Letras – professora de inglês de escola pública federal, professora de inglês da escola privada e um tradutor Inglês-Português. Este artigo foca nas reflexões escritas na forma de ensaios reflexivos (reflective essays) por quatro estudantes da referida disciplina acerca do trabalho de tradutor. Pode-se afirmar que os participantes passam de uma visão idealizada do trabalho do tradutor (um intelectual cercado de livros, traduzindo literatura) para uma visão mais conectada com a realidade da maioria dos profissionais de tradução (um profissional realizando um trabalho técnico). Por fim, os participantes sugerem que esta experiência é significativa para sua reflexão sobre seu futuro profissional, não necess...
Matices en Lenguas Extranjeras, 2021
Este texto retoma as ideias essenciais da conferência plenária proferida na terceira edição da conferência estudantil Vozes nas Margens[1] sob o tema «Tradução: uma ponte entre culturas». Procurou-se, de certa forma, estabelecer uma ponte entre a atividade do tradutor e do didata das línguas quando este participa na definição do currículo, na tradução do conhecimento científico para a seleção dos conteúdos e das metodologias para o ensino de uma língua, recorrendo ao conceito de transposição didática. Poderemos verificar que a transposição do saber cientifico-acadêmico para um saber pedagógico não está isenta de problemas, podendo, por isso, associar-se-lhe a máxima traduttore, traditore, muitas vezes aplicada à tradução. Não obstante, a equacionar-se a possibilidade de traditore, o mesmo sucede por se adequar, em sala de aula, os conteúdos a ensinar às características dos discentes e não por infidelidades aos conteúdos e às competências dos programas curriculares. [1] http://www....
O romance A tradutora, de Cristovão Tezza, publicado pela editora Record em 2016, traz novamente à cena o casal de protagonistas do romance Um erro emocional, de 2010, e do livro de contos Beatriz, de 2011: Beatriz, a tradutora curitibana, e Antonio Donetti, o escritor paulista. Se os dois livros anteriores de Tezza apresentam histórias das vidas dos protagonistas, o início do relacionamento e o auge da paixão amorosa, este novo romance aponta para a inevitável ruptura, conforme o leitor poderá inferir já nas primeiras páginas do livro.
Flusser Studies 21 - June 2016
This paper addresses the issue of how to use translation as a method to understand archives. To this end, this paper proposes an intersection between Vilém Flusser’s reflection about his own writing method and the artistic experience of Mabe Bethônico as translator of the archives of the geologist and geographer Edgar Aubert de la Rüe.
Trabalhos em Linguística Aplicada, 2020
RESUMO Propomos refletir sobre o processo tradutório do testemunho de Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere (1954), ressaltando as marcas do contato com essa escrita “penosa” que a tradução de Antoine Seel e Jorge Coli, Mémoires de Prison (1988), põe em relevo O testemunho original relata a prisão arbitrária sofrida pelo autor durante a ditadura Vargas e a experiência traumática do cárcere. A narração dessas memórias sinaliza para o seu conturbado processo de escrita de situações limites, encenando a aporia que, segundo Jacques Derrida (2000b), comanda o processo tradutório: a necessidade dominante de traduzir e, ao mesmo tempo, as limitações da tarefa. Essa aporia atravessa as leituras do filósofo acerca do gesto testemunhal. Como afirma, ao apresentar-se como único sujeito a presenciar uma verdade, a testemunha recusa a traduzibilidade e a possibilidade de ser substituída (DERRIDA, 2000a), numa performance do que lemos nos últimos versos de Ashenglorie, por Paul Celan: ninguém tes...
Revista da Anpoll
Clarice Lispector tornou-se conhecida por renovar a prosa intimista da literatura brasileira durante o século XX. Além de escritora, foi jornalista, repórter e entrevistadora na imprensa carioca, sem contar o seu ofício de tradutora, por meio do qual assinou a versão de cerca de 46 textos em língua portuguesa, entre eles romances, contos e peças teatrais. Contudo, seus trabalhos de tradução ficaram de lado quando se discutiu, no cenário da crítica, o peculiar caminho de seu projeto literário. Nesse sentido, o presente artigo visa a um estudo da primeira tradução assinada por Clarice antes mesmo da publicação de Perto do coração selvagem (1943): a versão em português do conto “Le missionnaire” (1921), de Claude Farrère. Em outras palavras, este estudo procura evidenciar o lugar sintomático da tradução diante do projeto da escritora-tradutora, mesmo antes da publicação de seu primeiro romance. Para tanto, a partir dos estudos da tradução literária, esta reflexão volta-se à versão em l...
2021
O não à tradução é interior à força de tradução e é isso que faz com que a tradução seja um combate incessante. ANTOINE BERMAN Seminário La traduction et la défaillance, 1986 Sorriso largo, grandes mãos irrequietas, dedos intermináveis, Antoine Berman nos acolhia, ano após ano, para um percurso sinuoso: o de seu pensamento se fazendo, ali, diante de nós. Como se pelas mãos e passo a passo, ele nos conduzisse ao longo do caminho que ele mesmo percorriaatravés do estudo da tradução/de traduções; e de sua experiência-em direção à "pura meta da tradução". O primeiro seminário ao qual assisti se intitulava La traduction et la défaillance, que eu traduzi por "A tradução e a falha". Sobre a escolha da palavra "falha" para traduzir do francês a palavra défaillance. Ela tem uma polissemia que autoriza leituras múltiplas: pode significar defeito, estado de algo que falta, que falha, que é incompleto, errado ou insuficiente. Pode significar também desfalecimento, uma ausência (ou inconsciência) precedendo a emergência de algo que estava adormecido ou oculto.
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Alea : Estudos Neolatinos, 2012
Trabalhos em Linguística Aplicada, 2010
Significação: Revista de Cultura Audiovisual
Revista Desenredo, 2016
Prometeus: Filosofia em Revista, 2017
Revista Letras, 2001
E por falar em tradução, 2021