Academia.edu no longer supports Internet Explorer.
To browse Academia.edu and the wider internet faster and more securely, please take a few seconds to upgrade your browser.
Universidade Federal da Bahia na cosmologia jônica, oferecido algum outro modelo de mundo determinado? Ou teria ele apenas se preocupado em ensinar a percepção de inexauríveis níveis de interpenetração desta unidade, que, desdobrando-se em sentidos contrários, μεταβάλλον ἀναπαύεται (D.84a)
O objetivo do artigo é investigar como Heráclito usa as ideias tradi- cionais expressas nos poemas de Hesíodo para fazer uma contraposição à sua concepção de mundo. Primeiro o papel circular do poeta como alguém que aprende da tradição e ensina para reforçar a tradição é analisado. Em seguida, a partir dos fragmentos B57 e B106, as ideias expostas em seus poemas são apresentadas. O paradigma é o caso do dia e da noite que Hesíodo apresenta como dois fenômenos separados e ainda qualifica uns como bons e ruins. A refutação de Heráclito tem o objetivo de mostrar que não só eles são opostos unidos por uma mudança diacrônica do dia que vira noite e vice versa como também é uma falha humana qualificá-los como bons ou ruins.
O objetivo deste ensaio é investigar as noções de "compasso" e "descompasso" no pensamento de Heráclito de Éfeso, cujo pensamento complexo e enigmático não cessa de suscitar, entre seus leitores e estudiosos, muita dúvida, divergência de opiniões e confusão. Historicamente situado na transição do pensamento mítico para o racional-filosófico, Heráclito representa um período de peculiar maneira de explicar a existência, a natureza e o cosmos como um todo (apesar de que ele não usa o termo grego kósmos). Sua linguagem críptica e seu estilo labiríntico de escrever, ao mesmo tempo em que buscavam dar conta de explicar o complexo funcionamento velado por trás de toda a aparência sensorial do que é (ou parece ser), sem que isso acabasse sendo reduzido e simplificado pelos limites da linguagem, causou e causa até os dias de hoje mais uma dificuldade para que seja devidamente entendido. Para dificultar ainda mais seu estudo, restam para nós, desde a Antigüidade, apenas alguns fragmentos e recortes de sua obra completa. Uma boa parte foi perdida durante os séculos, fazendo muita falta para se ter uma apreensão mais abrangente e consistente da filosofia heraclitiana.
A palavra logos, em suas primeiras aparições, como em Heródoto ou Hesíodo, é usualmente traduzida como "palavra escrita" ou "palavra falada". Porém, ela não se refere à palavra no sentido gramatical, para tal, usa-se o termo lexis. Ambas palavras derivam do verbo lego, traduzido como contar, dizer, falar, enumerar. Um fator comum entre essas traduções: todas tratam de algo transmissível, o que pode ser também entendido como um ensinamento, uma linguagem, uma doutrina, uma palavra, etc. Essas possíveis interpretações de logos, apesar de também serem empregadas nos textos de Heráclito, são duvidosas se quisermos compreender um pouco deste
Archai: Revista de Estudos sobre as Origens do Pensamento Ocidental, 2015
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em . Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso.
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos
O debate contemporâneo a respeito da importância de Heráclito tem apresentado uma valorização dos elementos antropológicos, contribuindo para a reavaliação da tendência que enfatizava os aspectos cosmológicos e físicos da filosofia pré-socrática, aquela que modulou basicamente a historiografia da filosofia antiga, na qual os elementos da natureza (physis) eram refletidos conforme a conjuntura epistemológica do final do século XIX e início do XX. Dentre a numerosa crítica contemporânea, podem-se destacar, especialmente, os estudos de Voegelin, Snell e Jaeger, que expressam as tensões que ocorreram nos estudos heraclitianos. Considerando esse cenário epistemológico e hermenêutico, além de adotar o reordenamento dos fragmentos efetuado por Charles H. Kahn em detrimento ao de Diels, o presente artigo examina o esforço contemporâneo que busca alcançar nos registros de Éfeso os indícios da antropologia filosófica.
Filosofia Hermenêutica, 2024
A práxis ontológica da linguagem e do diálogo a partir da filosofia gadameriana
2022
A problemática central do livro IV da Metafísica de Aristóteles é o combate travado entre o filósofo metafísico e seus oponentes, Heráclito e Protágoras, no que diz respeito ao princípio de todos os princípios: aquele que assegura a unidade e identidade de toda e qualquer coisa existente no mundo e a inteligibilidade de todo e qualquer discurso e pensamento, a saber: o famigerado princípio de não contradição (PNC). O presente texto visa analisar, suscintamente, o esforço de validação do princípio mais fundamental do próprio ser, esforço esse que se caracteriza como uma tentativa de assegurar a ordem do mundo, bem como a coerência do dizer o mundo. Validá-lo significa refutar tanto o relativismo de Protágoras como o mobilismo de Heráclito, pois ambas as concepções de filosofia ou, como diz Aristóteles, de “aparente filosofia” pretendem levar o pensamento para o estado abismal da contradição, em que tudo pode ser e não ser; pior, em que tudo é e não é ao mesmo tempo. O cerne da argumentação do estagirita é que nenhuma filosofia poderia comunicar algo com sentido sem fazer uso desse princípio mais fundamental do discurso enunciativo, uma vez que nenhum pensamento e, consequentemente, nenhuma asserção poderia transgredi-lo. Desse modo, como não se pode provar um princípio, caso contrário já não seria mais princípio, validá-lo significa refutar aqueles que o negam. Por isso, o meu objetivo é compreender a chamada prova indireta ou via refutação de tal princípio, o que implica expor a solução aristotélica à questão da possibilidade de haver um discurso significativo sobre o ser em franco combate àqueles que põem em dúvida a validade do princípio de não contradição: Heráclito e Protágoras.
1. O pé do filósofo "O Sol é do tamanho de um pé humano" (frag. 3) 1 . A frase é esquisita. Quanto a isso, não fica atrás de outras do mesmo período, cunhadas pelos chamados primeiros "físicos" ou "cosmólogos", isto é, os primeiros filósofos. Por exemplo, é engraçado pensar em Tales de Mileto inaugurando a filosofia: "Tudo é água". Ou seu discípulo Anaximandro, também de Mileto, dizendo algo mais ou menos como "tudo é ar". 2 Não temos textos completos dos primeiros filósofos, só fragmentos e, não raro, expostos por filósofos posteriores. Todavia, nada garante que de posse de um discurso um pouco maior de cada um desses homens da colônia grega chamada Jônia 3 , então leríamos frases menos estranhas. Afinal, há indicações de que Heráclito de Éfeso (c. 535 -c. 475 a.C.), o autor da frase sobre o sol e o pé, escreveu um livro, e tudo leva a crer que a peça em papiro foi composta por epigramas e aforismos curiosos e nem um pouco fáceis de entender.
Trans/Form/Ação, 2021
O fragmento B 52 DK de Heráclito define aiṓn (“tempo”, “vida”, ou “duração da vida”) como uma criança brincando/jogando. Qual é, no entanto, o jogo/a brincadeira dessa criança? A interpretação mais comum desqualifica o jogo heraclítico, elencando esse fragmento dentre aqueles nos quais o filósofo critica o conhecimento falho dos homens. Na contramão dessas, propõe-se neste texto uma análise filológica que pode oferecer algumas sugestões para melhor identificar e compreender o jogo de B 52, acreditando que não se trate de uma brincadeira infantil, mas, de fato, de um jogo sério que ressoa com metáforas cósmicas e cívicas.
Anais do XXXII Congresso da ANPPOM, 2022
Revisa-se aqui o significado do termo harmonia, enquanto junção do contraditório em uma unidade, a partir da interpretação de Heidegger aos fragmentos 8 e 51 de Heráclito. A possibilidade, defendida por Heidegger, da existência de um significado principal que sustente a polissemia apresentada pela palavra harmonia, dá margem a uma leitura comentada que visa contribuir para a ampliação do alcance que comumente atribuímos a essa palavra enquanto termo do vocabulário musical.
O texto trata de como Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia receberam, reequacionaram e, por conseguinte, atribuíram novas determinações à teoria da indeterminação absoluta de Anaximandro de Mileto. Na relação entre Ser e devir, constituintes da realidade de acordo com milesiano, é proposto que o efésio introduziu determinação temporal histórica na constituição da realidade, e o eleata, determinação espacial.
Morpheus, 2005
Nesse artigo pretendo confrontar o pensamento de Hegel e de Nietzsche à luz da chamada filosofia trágica. Trata-se especificamente de avaliar a proeminência de Hegel como filósofo trágico. Nesse sentido, visamos primeiramente caracterizar a filosofia trágica em sua relação com uma possível afirmação do devir, para finalmente apontar essa relação em Hegel e em Nietzsche. Nesse percurso, entretanto, tomaremos Heráclito como referência, tanto no discurso nietzschiano, quanto no hegeliano. Caso tenhamos sucesso, veremos que a filosofia de Hegel, apesar de conter uma valorização do tempo e da transitoriedade, acaba por determinar esse devir no âmbito da teleologia; distanciando-se assim da filosofia trágica proclamada por Nietzsche.
Tese de Doutorado, 2021
Ao longo dos aproximadamente dois mil e quinhentos anos que nos separam de sua composição, como podemos perceber pelos testemunhos antigos, o texto de Heráclito de Éfeso tem sido objeto de muitas interpretações distintas. Apesar da sua diversidade, contudo, na maior parte delas foram reconhecidas tanto a qualidade poética da composição quanto a potencialidade filosófica das reflexões heraclíticas. Considerando essas duas dimensões do texto, esse trabalho se volta para seu entrelaçamento entre forma e conteúdo, entre jogos de linguagem e reflexividade. Pensando o texto como um todo e sua relação com seu contexto histórico, observa-se como, criticando as grandes referências e ressemantizando noções fundamentais da cultura intelectual de seu tempo, o efésio se apresenta como um competidor na arte da palavra, em um discurso que reafirma a unidade de todas as coisas enquanto uma realidade ao mesmo tempo inescapável e indecifrável; denunciando a alienação humana, mas também defendendo e induzindo o público a um exercício reflexivo. Desse modo, os jogos de linguagem se articulam com o conteúdo do discurso, criando uma rede de ressonâncias semânticas que sugere uma dinâmica contínua de reinterpretação dos significados. A “concisão e a gravidade” do seu estilo, como o definiu Diógenes Laércio (Livro IX, 5-9), nesse sentido, são entendidos como parte de uma densidade semântica, que entrelaça uma considerável gama de recursos poéticos em uma provocação filosófica sobre a própria linguagem, mas também sobre o pensamento e sobre o real. Em particular, destaca-se aqui a importância da reflexão sobre a linguagem e como ela se expande a partir das metáforas do falar e do escutar. Entendida enquanto exercício sintético (a partir da noção de lógos, a “palavra”) e interpretativo (a partir da noção de escuta), a linguagem se mostra como um instrumento ambíguo, mas também como caminho para uma sabedoria humana, marcada pelo exercício da reflexividade.
Politeia: História e Sociedade, 2010
Propõe-se o presente trabalho fazer um exame intertextual entre passagens de alguns Idílios de Teócrito e a Segunda Bucólica de Virgílio. Antes, porém, de serem analisados os elementos líricos e bucólicos e as semelhanças de expressão e de imagens entre os dois maiores expoentes do gênero bucólico, serão apresentadas, para melhor compreensão da poesia bucólica latina, algumas particularidades de composição dos poetas alexandrinos, em especial de Teócrito, que grande influência exerceu na formação literária de Virgílio, muito embora tenha a poesia pastoril recebido a marca, o timbre e o colorido do estilo pessoal do mantuano.
2020
Este trabalho tem, como objetivo, apontar as relações existentes nas filosofias de Parmênides de Eléia e Heráclito de Éfeso, assim como mostrar que não são filósofos diametralmente opostos, como se é dito pelo senso comum. Portanto, passaremos sobre explicações da vida e obra de ambos os filósofos e evidenciaremos suas semelhanças, mas também suas diferenças.
portal.fclar.unesp.br
A proposta interdisciplinar de nosso projeto pauta-se na necessidade de releitura das fontes antigas, em especial sob a perspectiva brasileira, distanciada da tradição e de valores caros aos europeus, cuja tendência é de unificar o mundo romano. Assim, a cultura romana representaria um amálgama de tradições romanas e gregas, com características e feições da Grécia clássica, teoria cujo autor mais expressivo é Paul Veyne. Por tal motivo, as análises dos especialistas revelam uma escrita que reflete sua dependência da política e da economia romanas. Centrar a argumentação somente nas questões políticas e militares é colocar no ostracismo o significativo passado grego, do qual Plutarco se pronunciava herdeiro, apagando a força e a resistência cultural de um povo desagregado pela sua história de guerras intestinas e de grandes conquistas extraterritoriais.
Hypnos, 2007
Resumo: Pretende-se indicar, abstraíndo parte da imensa quantidade de material das pesquisas históricas e arqueológicas mais recentes, alguns caminhos para a interpretação do advento da filosofia pré-socrática em comparação com algumas vertentes do pensamento indiano de mesma época. Palavras-chave: pré-socráticos; pensamento indiano; movimento.
Revista de Teoria da História - Universidade Federal de Goiás, 2015
Resumo: A escrita de Heródoto representa o primeiro registro historiográfico de que temos conhecimento. No entanto, a escrita herodotiana revela características literárias, etnográficas, arqueológicas, e outras, já prenunciando a importância da interdisciplinaridade para a composição de uma narrativa histórica. Assim, o objetivo central deste artigo é tecer algumas reflexões sobre o conteúdo de sua obra e das diretrizes que guiaram a sua escrita.
Ainda que esta visão torne problemática a designação desses pensadores como filósofos pré-socráticos, continuarei, por força da tradição, a referir-me a eles como tal, mas alerto que sempre que isso acontecer, todas as considerações acima se farão presentes, ainda que de forma implícita.
Este artigo faz uma reflexão sobre o trabalho do artista plástico Ayrson Heráclito exibido em 2015 na exposição do prêmio Novo Banco Photo, em Lisboa. Ao fazer uso da fotografia e do vídeo para apresentar visualmente a relação de dois continentes com a questão histórica da escravidão, o artista estabelece um diálogo em diferentes níveis, entre mídias e culturas. Busca-se pensar o conceito de diálogo nesta obra a partir das proposições do pensador russo Mikhail Bakhtin
Loading Preview
Sorry, preview is currently unavailable. You can download the paper by clicking the button above.