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Bourdieu em pílulas (6): O poder simbólico

Abstract

Em um dos textos mais densos de sua carreira (2001a: 7-15), Bourdieu expôs sua teoria do poder simbólico através de uma reflexão sobre as funções sociais desempenhadas por sistemas simbólicos diversos, como a religião, a ciência, a arte, o mito, a linguagem etc. Como de costume, sua perspectiva teórica sobre o tema deriva de uma síntese crítica de diferentes abordagens. A primeira diferenciação importante que Bourdieu estabelece entre as diversas teorias do simbólico opõe visões internalistas e externalistas do fenômeno. O internalismo considera as produções simbólicas como portando, em si próprias, seu significado e sua inteligibilidade. Uma interpretação internalista de um texto literário como um romance ou uma poesia, por exemplo, apreende o seu sentido como imanente à própria obra, em vez de determinado (ou "codeterminado") por fenômenos exteriores, como as intenções expressivas do seu autor, a época histórica de sua produção ou a atmosfera sociocultural em que o texto emergiu. Em contraste, como o seu nome já indica, o externalismo sustenta que os significados de uma produção simbólica carregam decisivamente as marcas de influências externas a ela, mesmo que tais influências não sejam facilmente perceptíveis.