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Em um dos textos mais densos de sua carreira (2001a: 7-15), Bourdieu expôs sua teoria do poder simbólico através de uma reflexão sobre as funções sociais desempenhadas por sistemas simbólicos diversos, como a religião, a ciência, a arte, o mito, a linguagem etc. Como de costume, sua perspectiva teórica sobre o tema deriva de uma síntese crítica de diferentes abordagens. A primeira diferenciação importante que Bourdieu estabelece entre as diversas teorias do simbólico opõe visões internalistas e externalistas do fenômeno. O internalismo considera as produções simbólicas como portando, em si próprias, seu significado e sua inteligibilidade. Uma interpretação internalista de um texto literário como um romance ou uma poesia, por exemplo, apreende o seu sentido como imanente à própria obra, em vez de determinado (ou "codeterminado") por fenômenos exteriores, como as intenções expressivas do seu autor, a época histórica de sua produção ou a atmosfera sociocultural em que o texto emergiu. Em contraste, como o seu nome já indica, o externalismo sustenta que os significados de uma produção simbólica carregam decisivamente as marcas de influências externas a ela, mesmo que tais influências não sejam facilmente perceptíveis.
Disponível em: http://quecazzo.blogspot.com.br/2016/11/bourdieu-empilulas-8-um-percurso.html quarta-feira, 2 de novembro de 2016 Bourdieu em pílulas (8): um percurso intelectual Notinha preliminar: O presente texto apresenta brevemente a trajetória acadêmica de Pierre Bourdieu. Nesse sentido, embora seja a oitava parte de uma introdução à sua obraem doses controladas, o post que vai abaixo bem que merecia figurar no início dessa série, não no finalno introito, em vez do cabo, como diz o outro. Seja como for, o propósito dessas linhas é combinar a apresentação sistemática do esquema analítico de Bourdieu, feita nos posts anteriores, a uma visão mais diacrônica do seu percurso intelectual.
Como vimos nos posts anteriores dessa série, a sociologia de Bourdieu busca efetuar uma "ruptura epistemológica" com o saber e a linguagem de senso comum. Uma das manifestações dessa almejada ruptura consiste no seu esforço para superar a imprecisão da noção leiga de "sociedade", substituindo-a por conceitos técnicos que designem, de modo mais exato, a estrutura e a dinâmica da vida social. De acordo com o sociólogo francês, o modo mais fecundo de analisar o mundo societário é pensá-lo em termostopológicos, isto é, como um espaço de posições. No seio deste espaço, as posições se diferenciam entre si a partir de uma distribuição desigual de bens e recursos escassos, os quais podem ser os mais diversos (do dinheiro ao poder político, da autoridade científica ao carisma religioso). Esta distribuição
Bourdieu em pílulas : a crítica como sublimação
Estruturas estruturadas e estruturantes..."
Revista de Gênero, Sexualidade e Direito
O presente trabalho trata sobre o empoderamento feminino sob a perspectiva da teoria do poder simbólico de Pierre Bourdieu. A escolha do tema motiva-se pela sua contemporaneidade e pela recorrente discussão em torno do empoderamento feminino. A questão que orienta esta investigação é a seguinte: é possível sustentar a ideia de que o empoderamento feminino é uma forma de poder simbólico? Para responder a esta indagação o desdobramento argumentativo teve como base a seguinte trajetória: primeiro abordou-se o significado de empoderamento feminino; na sequência se fez uma abordagem acerca da teoria do poder simbólico de Pierre Bourdieu; por último analisou-se a possibilidade de considerar o empoderamento feminino uma forma de poder simbólico. O método de pesquisa adotado foi o método dedutivo e como metodologia a pesquisa bibliográfica.
O Neo-Institucionalismo Sociológico ea teoria de Bourdieu vêm sendo colocadas como antípodas nas análises de vários pesquisadores em Estudos Organizacionais no Brasil. Embora esses estudos vêm iluminando aspectos importantes de diálogo e dissociação entre esses corpos teóricos, algumas posições em processo de consagração merecem revisão. Esse artigo reabre essa discussão em diálogo direto com Misoczky (2003).
Anais ABCiber 2021, 2021
Na tentativa de expandirmos epistemologicamente uma possível sociologia para a cibercultura, na busca de anularmos a crítica que alguns autores tecem ao trabalho de Marx em não conseguir de todo ou de fato transformar o social em objeto único, plano e simples, queremos dizer aqui que o usuário, hoje, é ele mesmo a nova instituição metodológica de análise dessa mesma cibercultura, lugar de interações arriscadas (LANDOWSKI, 2014) e de altos contrastes, nem sempre uma maré mansa de navegação costeira. Assim, na dimensão da cultura digital eletrônica, nada mais necessário e estruturante que considerar-se o usuário enquanto elemento simbólico da estrutura, matéria constituinte, meio e mensagem (McLUHAN, 1969, 2007). Os símbolos culturais são representações arquetípicas que orientam a cultura. (MORAES, 2021). Usuários porteiros do universo eletrônico, usuários de poder, esse o que queremos instanciar enquanto objeto simbólico compreende três aspectos distintos que podem ou não entrelaçarem-se tanto conceitualmente quanto materialmente: o símbolo, a simbolosfera e a estrutura simbólica. O símbolo é conceito filosófico que sobrevive desde os gregos de sua antiguidade clássica; A simbolosfera é um conceito contemporâneo trazido aqui por Robert Logan, e compreende tanto a produção cultural, tecnológica e simbólica enquanto prótese, prolongamento dos corpos quanto nossa própria consciência em si; e a estrutura simbólica de Deleuze, que estaria além dos objetos reais e imaginários, a partir de um corte de linguagem de ponto de vista estruturalista.
Observando o cenário das ciências sociais na virada dos anos 1970 para os anos 1980, o sociólogo estadunidense Jeffrey Alexander concluiu que elas atravessavam, então, um "novo movimento teórico" ([1982] 1987), liderado por autores como o alemão Jürgen Habermas, o francês Pierre Bourdieu e o britânico Anthony Giddens. O primeiro traço que saltava aos olhos nos esforços teóricos desses três pensadores era uma preocupação de síntese. Cada um deles chegou a uma paisagem intelectual marcada por uma desnorteante proliferação de perspectivas rivais, as quais divergiam quanto às questões mais básicas da teoria social. Se o estrutural-funcionalismo de Parsons havia dominado a reflexão socioteórica nos anos 1950, a derrocada da hegemonia parsoniana nos anos 1960 não levou a um novo "consenso ortodoxo" (GIDDENS, 1979: 235), mas, ao contrário, a uma profusão de abordagens tremendamente distintas no espírito e na letra.
Em contraste com as ambições infladas de tantos esforços teóricos do passado, Giddens (2003: 385) confere à "teoria" nas ciências sociais um papel modesto: a sensibilização cognitiva da pesquisa empírica para dimensões relevantes da vida social. Os instrumentos analíticos da teoria da estruturação munem a pesquisadora com questões de trabalho que a auxiliam no seu acesso a um contexto social particular -questões como, digamos, "quais são as 'regras e recursos' partilhados que os atores têm de empregar para agir eficazmente nesse contexto?". A teoria da estruturação também oferece pistas acerca de onde podem ser achadas as respostas a tais indagaçõespor exemplo, ela informa à investigadora que os saberes mobilizados pelos atores em suas ações não estão restritos ao que eles podem exprimir discursivamente, mas também incluem as habilidades situadas
Como dissemos no post anterior desta série, a noção de habitus é a principal ferramenta analítica mobilizada por Bourdieu para tratar dos motores subjetivos da conduta humana, tanto no que toca à sua dimensão "libidinal" (ou volitiva) quanto à sua dimensão "hábil" (ou "procedimental"). A dimensão libidinal do habitus abarca os interesses e vontades queimpulsionam o agente a engajar-se nos "jogos" do mundo social, a investir seus recursos na busca de bens materiais ou ideais que tal mundo distribui de modo desigual e competitivo. A esfera hábil do habitus contém, por seu turno, as capacidades cognitivas e práticas, mentais e corpóreas, que habilitam o agente a intervir na vida societária, a nela produzir efeitos com maior ou menor eficácia. Tanto os interesses quanto as capacidades que os agentes investem em suas práticas não são dados da natureza, mas disposições subjetivas adquiridas via socialização em determinados cenários sócio-históricos (p.ex., uma família que pertence a tal ou qual classe no espaço social, uma instituição acadêmica de pesquisa com tal ou qual volume de "capital simbólico" no campo científico etc.). Ao chamar o habitus de "uma subjetividade socializada" (Bourdieu; Wacquant, 1992: 126), Bourdieu reconheceu, tal como Elias e Foucault em registros distintos, que diferentes condições sócio-históricas produzem diferentes tipos psíquicos, estruturas de personalidade ou formas de subjetividade. O social, nesse sentido, não é apenas o envoltório externo da subjetividade individual, mas também existe "dentro" ou "através" dessa subjetividade. Em outras palavras, a sociedade encontra nas disposições mentais e corpóreas do organismo socializado uma das suas modalidades fundamentais de existência.
Num estado de estudos em que se vê o poder por toda parte, o poder simbólico é invisível e só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que estão sujeitos a ele. A tradição neo-kantiniana trata os universos simbólicos (arte, religião, língua, ciência, etc.) como instrumentos de conhecimento e construção do mundo. Durkheim avança e considera essas formas simbólicas como arbitrárias e socialmente determinadas. Neste sentido, a análise estrutural é instrumento que permite apreender a lógica específica de cada lógica.
Cadernos EBAPE.BR, 2004
Este artigo pretende analisar a evolução dos fatores históricos e institucionais que levaram ao atual quadro da saúde suplementar no Brasil. A análise está fundamentada, principalmente, na teoria do poder simbólico, de Pierre Bourdieu, sendo complementada, nos aspectos não colidentes, pela visão institucional de Anthony Giddens sobre as motivações da gênese dos campos. Além da pesquisa documental, foram realizadas, entre 2002 e 2003, entrevistas abertas cujos depoimentos são analisados de uma perspectiva qualitativa. Foi levado em conta o ponto de vista dos entrevistados, a identificação dos atores que integram o campo e seus respectivos objetivos estratégicos externalizados (inferindo sobre aqueles nem sempre evidentes), bem como, os recursos de poder utilizados para se alcançar tais objetivos, procurando mostrar, pela descrição de fatos historicamente determinantes, a evolução constitutiva do campo. O estudo sinaliza que o campo da saúde suplementar se formou a partir de inúmeras ...
Editora Universidade de Brasília eBooks, 2021
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Depósito Legal n. u 26739/89 ISBN 972-29-0014 5/ ' NOTA DE APRESENTAÇÃO A obra de Pierre Bourdieu tem-se afirmado, ao longo dos últimos trinta anos, como uma das mais estimulantes e inovadoras na área das ciências sociais, influenciando numerosas pesquisas sociológicas, antro pológicas e históricas em todo o mundo. A novidade encontra-se na escolha dos objectos de análise (sociedades tribais, sistemas de ensino, processos de reprodução, critérios de classificação e lógicas de distinção), na reorientação do olhar (atento aos fenômenos de percepção social, da produção simbólica e das relações informais de poder), na formulação de noções operatórias (habitus, reprodução, poder simbólico, capital, distinção, campo, etc.) e no constante recurso à sociologia do conheci mento (onde a posição do investigador é questionada como forma de controle do seu trabalho de produção de sentido). Compreender o percurso científico de Bourdieu implica atender a pelo menos duas lógicas de leitura: por um lado, uma lógica da evolução da obra, por outro, uma lógica da sua tipologia. Num primeiro momento, o object o de análise são os cabilas do Norte de África, ou seja, uma sociedade tribal que vive nas margens da sociedade moderna, cujos fenômenos de aculturação são caracteriza dos a partir da organização social e familiar, da percepção do tempo e do espaço e da visão do mundo (Esquisse d'une théorie de la pratique, précédé de trois études d'éthnologie kabyle, Genève, Droz, 1972). Este campo de observação, inserido nas restantes áreas da sociedade argelina (Sociologie de 1'Algérie, Paris, P.U.F., 1958), permite superar as divisões tradicionais do saber entre antropo logia, sociologia e economia, e será objecto de comparação através das análises conduzidas na própria região de origem, isto é, no Béarn (Etudes rurales, 5-6, 1962, pp, 32-136). A transferência do campo de análise das margens para o centro da sociedade moderna implica a reformulação de velhos problemas da sociologia e a escolha de nova\ áreas de estudo. Neste caso, encontramo-nos no âmago dos meca 2 0 PODER SIMBÓLICO nismos de reprodução, cruzando-se a problemática da educação com a da origem social dos estudantes. A posição central do sistema de ensino na reprodução de práticas e de representações é relacionada com a aparente igualdade de oportunidades e questionada em função das diferenças de capital econômico, social e cultural entre os estudantes, as quais são decisivas nas escolhas dos níveis superiores de formação (Les héritiers. Les étudiants et la culture, Paris, Minuit, 1964,' La reproduction. Eléments pour une théorie de la violence symbolique, Paris, Minuit, 1970, ambas escritas com J. C. Passeron). Convergindo no mesmo interesse pela instituição escolar, a leitura de Panofsky permite isolar um caso em que a inculcação de habitus idênticos poderá revestir modalidades diversas (E. Panofsky, Archi tecture gothique et pensce scolastique, tradução e posfácio de P. Bourdieu, Paris, Minuit, 1967). De passagem, note-se que tais territórios de investigação se desenvolvem em tempos marcados pela descolonização francesa da Argélia e, mais tarde, pela revolta estudantil de Maio de 68. Contudo, reconstituir, mesmo que de forma simplificada, este contexto obriga a ter presente as lutas entre intelectuais, que caracterizam o campo cultural francês dos anos sessenta. 0 impacto e o grau de consagração de autores como Sartre ou Lévi-Strauss e a discussão difusa em torno das obras de Marx e de Freud (mais propriamente dos seus comentaristas) ou, numa outra escala, de Saussure e de outros linguistas são alguns dos dados a ter em conta. Neste quadro, fortemente dominado pelos «maitres à penser», a obra de Bourdieu afirma-se como instrumento de relativização, através de um duplo investimento. Por um lado, os inquéritos sobre o consumo da fotogra fia, do livro ou da pintura contribuiram para valorizar as práticas dos grupos sociais constituídos nos actos de apropriação de tais objectos culturais (obras colectivas como Un art moyen, essai sur les usages * Introdução a um seminário da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociflles (Outubro de 1987). * (ATI 1 ' = Conseil National du Patronat Français. * «placement» no texto original (N.T.). ** «1'événementiel» no texto original (N. T.). 8 E. Panofsky, Essais d'iconologie, les themes humanities dans I'art de la Renaissance, trad. deC. HerbetteeB. Teyssèdre,
Loïc Wacquant Aksu Akçaoğlu Entre 2014 e 2015, Aksu Akçaoğlu foi professor visitante no Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, no qual trabalhou com Loïc Wacquant em sua pesquisa sobre “o habitus conservador” na Turquia contemporânea – com o apoio do Conselho de Pesquisa Científica e Tecnológica da Turquia (TÜBİTAK). Nesse diálogo, ele convida Wacquant a explicar a filosofia e a pedagogia de seu célebre seminário de Berkeley sobre Pierre Bourdieu, o que oferece uma oportunidade para revisitar os principais nós conceituais no trabalho de Bourdieu e destacar seu molde antiteoricista, bem como as influências de Bachelard e de Cassirer, esclarecer as relações entre espaço social, campo e poder simbólico e alertar contra as seduções da “fala bourdieusiana”.
O presente trabalho faz parte de uma discussão mais abrangente que busca redefinir a relação entre a formação do sujeito na obra de Pierre Bourdieu através de aspectos da psicanálise que são relevantes para uma compreensão mais aprofundada da criatividade na obra bourdieusiana. Aqui, conceitos como libido (libido social em PB) e habitus, bem como sua análise comparada a conceitos da psicanálise (ego ideal, ideal ego, id, simbólico) – presentes em Freud, Lacan e outros autores contemporâneos – ajudam a esclarecer o processo pelo qual os indivíduos tornam-se sujeitos sociais e, em última instância, agentes criativos.
Revista Sem Aspas
A face quantitativa dos trabalhos empíricos de Bourdieu são um aspecto essencial de sua obra, parte intrínseca do desenvolvimento de seu modelo teórico-metodológico. O presente artigo revisita as análises estatísticas presentes nos trabalhos de Pierre Bourdieu e apresenta como elas se disseminam no Brasil. Verifica-se como as Análises de Correspondência (AC) e Análise de Correspondência Múltipla (ACM) são ferramentas de análises de dados capazes de expressar a visão do autor sobre a realidade social. Apresenta-se o compromisso do autor com a quantificação e a formalização matemática e como a modelagem geométrica de dados “a la Bourdieu” é utilizada no Brasil.
Neste artigo, são apresentadas algumas das principais categorias utilizadas por Bourdieu para pensar a complexidade do processo de comunicação, tais como: habitus linguístico, senso de aceitabilidade e de oportunidade, capital simbólico, mercado e poder simbólico. A partir delas, pretende-se demonstrar que a comunicação não se dá pela simples troca de signos – sujeitos a codificação e decodificação. Essa troca é envolvida por signos de autoridade (o valor que cada fala assume na situação) e signos de poder (relações de autoridade entre os falantes). A escolha das fontes jornalísticas e das vozes que ouvimos nos noticiários dependem diretamente dessas condições.
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