Após a explosão de violência da semana passada, onde traficantes (?) lançaram ataques contra ônibus e a população em geral, o Rio de Janeiro viveu um carnaval de " relativa " tranqüilidade. Digo isso pois a violência " revolucionária " deve ter parado para descansar e quem sabe desfilar na Sapucaí e/ou pegar uma praia na Região dos Lagos. Afinal de contas, ninguém é de ferro! Bom, vou resumir a situação do Rio: é um verdadeiro jogo de cena. Tipo – a(s) polícia(s) finge(m) que policia(m), a bandidagem finge que se intimida, e a população (alguns se iludem!) acredita. Muitas autoridades e, principalmente, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, temiam que a violência invadisse e estragasse o carnaval na Passarela do Samba e, no intuito de transmitir segurança, os governos federal, estadual e municipal reuniram todas as polícias e colocaram as forças armadas nas ruas. 50.000 homens: este é o efetivo total empregado na " Operação Guanabara ". Lembro que, na minha juventude, quando prestei serviço no EB (Exército Brasileiro), tinha um termo bastante usado para definir operações como essa – " Embuste ". Assim como na Eco 92, o que acontece no Rio de Janeiro é um verdadeiro embuste, ou seria melhor falar em " Jogo de Cena " ? Muitas pessoas como eu duvidavam que determinada facção realizasse algum tipo de ato durante o carnaval. Basta lembrar que segundo a própria justiça fluminense o jogo do bicho e o tráfico de drogas e armas estão intrinsecamente ligados. E sabendo quem faz o gerenciamento das escolas de samba e do carnaval carioca como um todo, chegamos à conclusão de que a " calmaria " seria o resultado mais óbvio. Um outro aspecto importante é que as escolas de samba representam inúmeras comunidades. Um ataque desferido contra estas é um autêntico suicídio, pois as comunidades movidas pela revolta e no intuito da justiça poderiam romper a barreira da ditadura do medo e passariam a cobrar uma atitude mais enérgica e salvadora do lado oficial. O resultado disso encontraria reflexo nos negócios, que estariam condenados. Percebem como tudo é um círculo vicioso? Prestem atenção nas muitas curiosidades. Um forte efetivo das Forças Armadas invadiu os pontos turísticos e principalmente as praias que, aliás, com um sol de 40 graus, muitas mulheres e sem " nenhum opositor " , formam o lugar perfeito para operações. Outra coisa que chamou bastante atenção é que as operações policiais " mais enérgicas " foram desferidas contra comunidades controladas por facções diferentes das que disseminaram a onda de crimes da semana passada. Isso, na minha opinião, levanta muita desconfiança. Será isso algum tipo de conivência? Ou aproveitaram para tirar alguma diferença antiga? Essas outras comunidades a que me refiro sentiram todo o rigor do " estrito cumprimento do dever legal " e da determinação dos que querem mostrar que o trabalho está sendo feito. Essa guerra de propaganda está rendendo frutos para " todos os lados ". Penso que a " retaliação " , ou sei lá como queiram definir esses atos " embusteiros " , deveria ser feita de acordo com as leis e direcionada aos que realmente cometeram as ações, assim como seus mandantes, ou contra todos. O fato disso não ocorrer mostra que coisas estranhas acontecem. Repito: Por que as grandes investigações para desarticulação do chamado crime organizado não contemplam a todas as " organizações " ? Por que os mandados de busca e apreensão coletivos expedidos pelo nosso Judiciário " imparcial " e usados nas favelas, possibilitando o livre acesso a qualquer residência, não são usados nos grandes condomínios situados em áreas nobres? Por que os órgãos chefiados pelo COSI (Comando de Operações de Segurança Integrada) não " invadem " as mansões dos Silveirinhas, mega banqueiros do bicho e autoridades suspeitas? Ou mesmo as casas dos aviõezinhos de luxo assíduos na linha Rio x Amsterdã? Pergunto: Onde está o senso de se cumprir o dever? Onde está a moral? Será que essas movimentações realmente visam transmitir a sensação de segurança ao povo? A única certeza que tenho é que no final das contas todos os envolvidos se encontraram direta ou indiretamente no carnaval.