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Sobre a Liberdade - John Stuart Mill

Abstract

Introdução assunto deste Ensaio não é a chamada liberdade do querer, tão infortunadamente oposta à doutrina mal denominada "da necessidade filosófica"; e sim a liberdade civil ou social: a natureza e os limites do poder que a sociedade legitimamente exerça sobre o indivíduo. Uma questão raramente exposta, e quasi nunca discutida, em tese, mas que influencia profundamente as controvérsias políticas da época, pela sua presença latente, e na qual talvez se reconheça a questão vital do futuro. Está tão longe de ser nova que, num certo, sentido, tem dividido a humanidade desde, quasi, as mais remotas idades. Mas no estágio de progresso em que as porções mais civilizadas ria espécie entraram agora, ela se apresenta sob novas condições, e requer um tratamento diferente e mais profundo.

Key takeaways

  • O efeito do costume, de evitar qualquer dúvida sobre as regras de conduta que os homens impõem à atividade alheia, é o mais completo possivel por constituir assunto no qual, geralmente, não se considera necessário apresentar razões, quer aos outros, quer a si mesmo.
  • E isso quasi sem distinguir se se trata de assunto pertinente à legítima esfera do controle da lei, ou não, de modo que o sentimento, altamente salutar em geral, tem tanto fundamento nos casos próprios de sua aplicação, quanto é muitas vezes desviado destes.
  • Contudo, isso é tão evidente por si mesmo quanto é certo que as épocas não são mais infaliveis que os indivíduos --cada época tendo adotado muitas opiniões que as époeas seguintes consideraram não só falsas como ainda absurdas; e que muitas opiniões, agora gerais, serão rejeitadas no futuro, como muitas, outrora gerais, o foram no presente.
  • O mais que elas concedem é que a opinião não seja de tão absoluta necessidade, sendo sempre necessária, ou que se atenue a positiva culpa que há em rejeitá-la.
  • É certo que toda verdade de que os homens de capacidade estreita falam com fervor, é afirmada, inculcada, e, ainda, de muitas formas levada à prática, como se outra não existisse no mundo, ou, em todo o caso, como se não existisse nenhuma que pudesse limitar ou modificar a pri-Reconhecemos, agora, a necessidade para o bem-estar mental humano (de que todo o bem--estar humano de outra natureza depende), da liberdade de opinião, e da liberdade de exprimir a opinião.