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Memórias para um filme, a trajetória de Acácio

Abstract

Acácio e Maria da Conceição Videira têm história semelhante à de outros portugueses que, na primeira metade do século XX, saíram de seu país natal para buscar nova vida nas colônias portuguesas em África e presenciaram a dissolução do sonho com as lutas de independência. Ao abrirem sua casa para uma equipe de filmagem e nos permitirem registrar o relato de suas vidas, os Videiras tornaram possível o empreendimento de um olhar estrangeiro para dentro de parte da história do colonialismo português em Angola, país no qual aportaram na década de 1940 e viveram durante 30 anos. Aqui nos interessava a experiência do casal sobre os fatos e a abertura para a descoberta de um tempo que não nos pertencia. Não se tratava de uma análise sistemática dos conflitos políticos para criar uma narrativa sobre a estada dos portugueses em Angola, embora essa questão estivesse latente; tampouco apresentar um discurso nostálgico sobre tempos irrecuperáveis. Pretendíamos nos aproximar da experiência das coisas, que se encarregaria de dizer, na intimidade da família Videira, os conflitos e contradições que resistiam ao tempo. É no relato pessoal deste casal que a memória tentava cumprir a impossível tarefa de recontar toda uma vida, desde Trás-os-Montes (região do Rio Douro, em Portugal), passando por Angola, e chegando a Contagem, Minas Gerais, onde até hoje Maria da Conceição reside.