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CELESTE & ESTRELA: METALINGUAGEM E GÊNERO

Resumo: o artigo faz uma leitura do filme Celeste e Estrela, de Betse de Paula, 2007, a partir do conceito de gênero e de metalinguagem, mostrando como o cinema faz uso de sua própria linguagem para falar das dificuldades que a mulher enfrenta para fazer cinema no Brasil. Palavras-chave: cinema – mulher – gênero – metalinguagem-patriarcado Anos atrás seria praticamente impensável que as mulheres pudessem fazer parte do seleto grupo de diretores, roteiristas, produtores e muito menos compor a maioria dos profissionais da ficha técnica de um filme. A presença das mulheres no cinema esteve sempre atrelada à encenação e raramente a funções mais técnicas, como por exemplo, a de diretoras de filmes: um lugar de riscos onde apenas os homens poderiam sobreviver. No entanto, ao estudar o percurso dessas mulheres, pude verificar que elas têm sobrevivido aos perigos, compondo uma fatia significativa das fichas técnicas dos filmes, sobretudo quando dirigido por mulheres. Apesar de terem superado os discursos desanimadores, elas começaram não apenas a ocupar a cadeira de diretor, mas a se profissionalizarem em atividades de pouca tradição feminina, como diretora de fotografia, de som e na montagem. Interesso-me, como parte dos estudos feministas, pelos espaços de poder no cinema, seus discursos e textualidades através das narrativas fílmicas e pelo fato de as mulheres formarem um grupo minorizado e quase invisível na história do cinema, independente do país de origem. Questiono se o fato de se aceitar esse quantitativo com certa naturalização, desconsiderando as razões sociais, históricas e culturais de gênero, não se estaria colaborando para uma história do cinema incompleta, restritiva e ideologicamente androcêntrica, isto é, tendo como norma apenas a atuação, o pensamento e a vivência masculina, sem respeitar as vivências das mulheres: