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Fílon de Alexandria ea Tradição filosófica

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Abstract

Resumo: Fílon de Alexandria, filósofo judeu do século I, surge como o primeiro pensador a tentar conciliar o conteúdo bíblico à tradição filosófica ocidental. Neste sentido, é mais conhecido por sua doutrina do Logos, sobre a qual ainda se encontram à espera de solução inúmeras controvérsias. Considera-se aqui sua importância para teologia cristã posterior e o papel da tradição filosófica, sobretudo do platonismo e do estoicismo, na formulação da doutrina do Logos. No entanto, o pensamento filoniano ainda se mostra original e marcado por contribuições alheias à cultura helênica, a saber, judaicas. Esta combinação tem por resultado instigantes reflexões acerca de questões metafísicas, teológicas, éticas e epistemológicas da maior relevância, revelando Fílon como pensador de grande importância na História da Filosofia. Também são questionados o próprio papel da filosofia na busca humana pela sabedoria e o da fé na obtenção da virtude. Palavras-chave: Filosofia antiga; filosofia judaica; helenismo.

Key takeaways

  • ral, com algumas variações, declaram-no, porém, como havendo vivido no período entre 20 a.C. e 50 d.C., sendo que Emile Bréhier e Hans Lewy estimam seu nascimento em 25 a.C. O último período conhecido da vida de Fílon é 38/41 d.C., quando lidera uma embaixada ao imperador Caio Calígula enquanto representante dos judeus alexandrinos.
  • Tudo o que se sabe sobre a vida do filósofo e sua condição social é o que pode ser inferido destes dados, fornecidos, em sua maioria, pelo historiador Josefo. 1 Exceto por In Flaccum e Legatio ad Caium, que são do mesmo período, as obras disponíveis de Fílon -cerca de quarenta tratados em um total estimado de, pelo menos, sessentasão dificilmente datáveis.
  • Não que Fílon seja um compilador; ele tem amores e ódios muito firmes e deliberados; mas seu pensamento não forma um sistema como aqueles que se vê (ou que se restabelece) nos grandes clássicos: é antes uma corrente que passa, alimentando-se de todas as doutrinas de que precisa.
  • Como bem constata Runia -talvez o mais eminente filonista da atualidade e organizador das Studia philonica -"na prática, Fílon é mais freqüentemente lido pela informação que pode dar com relação aos outros do que por sua própria causa", pelo que se mostra convicto de que "Fílon deveria ser compreendido primeiro por si mesmo, antes que possa ser propriamente usado para lançar luz sobre os outros", defendendo a idéia de que Fílon não é o tipo de autor que possa ser estudado somente de maneira indireta, mas por seus próprios escritos.
  • A conhecida -mas, às vezes, negligenciada -história que conta que os judeus eram tidos por uma "raça filosófica" é oportunamente referida por Jaeger: Acontece que Fílon jamais pretendeu discorrer sobre um tema filosófico colocando-o em primeiro plano, mas como tópico a partir do qual se pudesse lançar alguma luz sobre o conteúdo universalmente relevante das Escrituras, sendo por isso que seus tratados em geral não versam sobre esta ou aquela doutrina, mas sobre as passagens bíblicas que supostamente as evocam na leitura de Fílon, e é isto o que serve de base para os respectivos títulos, sem falar que é incontestável que sua obra segue um plano rígido e sistemático de exegese dos livros mosaicos.