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Após o processo de independência com a Espanha, a Argentina não conseguiu ocupar toda a extensão da área que havia herdado da colonização, tanto por não conhecer precisamente o território para definir suas fronteiras, o que gerou disputas de jurisdições com outros países vizinhos em igual situação, quanto pelas sociedades indígenas que ocupavam a maior parte da extensão da Argentina atual. Além dos indígenas que ocupavam o nordeste argentino, na região do Chaco, diversos grupos de índios ocupavam o Pampa e a Patagônia, ao sul das regiões ocupadas pelas populações criollas, ou os descendentes de espanhóis que povoaram o território americano. Nos Pampas, destaca-se uma grande variedade de grupos indígenas. Enquanto os índios amigos, sobretudo a família do cacique Catriel, instalavam-se nas imediações da fronteira bonaerense e eram afins às políticas criollas, os índios de Vicente Pincén, instalados na zona situada entre a Lagoa de Toay e Trenque Lauquen, optaram por um posicionamento mais autônomo, oferecendo constante resistência aos intentos de penetração militar em seus domínios. Os ranqueles, estabelecidos em torno da Lagoa de Leuvucó, mantiveram uma autonomia étnico-cultural e política em relação aos mapuche, embora neles reconhecessem sua origem. Divididos em duas linhagens, tinham como principais líderes à época Mariano Rosas e Manuel Baigorria, que mantiveram interlocução com os missionários franciscanos, dentre eles Marcos Donati. Os salineros, liderados pela dinastia dos Curá (Juan Calfucurá e Manuel Namuncurá), habitavam a Lagoa de Chiloé e as Salinas Grandes. Controlavam a via mais importante do circuito ganadero, denominada "rastrilladas de los chilenos" e construíram uma Confederação que abarcava muitos cacicados da região. Já na transição entre * Doutora em História Social da Cultura pela PUC-Rio. Professora Substituta de História da América da UFRJ. ** Doutoranda em História pela UnB, bolsista do CNPQ.
A cidade não pode crescer ao seu bel prazer. Ela tem que ser coordenada." Sr. José de Oliveira Reis "A gente não queira sair de jeito nenhum" D. Florinda No início do século XX a cidade do Rio de Janeiro sofreu inúmeras transformações na sua forma urbana, a fim de adequá-la aos modelos idealizados de cidade vigentes desde a segunda metade do século XIX. A busca em torno do ideal urbano pontuou uma disputa implícita onde grupos sociais diferentes, cada qual com sua noção ou necessidade de cidade, pensava também de maneira diferente sobre o uso do espaço urbano. De um lado estavam os "produtores do espaço", representados por engenheiros, arquitetos, médicos, sanitaristas e políticos, que, imbuídos de um discurso científico, atribuíram para si a função de construir o espaço moderno urbano no Rio de Janeiro. 2 E do outro lado, os próprios habitantes da cidade, cuja relação se dava através do uso do espaço urbano e não da intervenção técnica. Neste artigo, pretendo discutir como dois grupos sociais específicos, engenheiros e moradores, perceberam o desmonte do morro do Castelo ocorrido em duas etapas: a primeira em 1905 na administração de Francisco Pereira Passos e a segunda entre 1920 e 1922 na administração de Carlos Sampaio, focando na maneira como os populares lidaram com a perda de sua moradia. 3 No final do século XIX o morro do Castelo ocupava uma grande área triangular do distrito de São José, centro da cidade do Rio de Janeiro: do contorno da rua São José, até o largo da Mãe do Bispo -que foi excluído da malha urbana carioca para a abertura de outra praça, a atual Cinelândia, no final da Avenida Central -e terminando suas encostas atrás da Igreja de Santa Luzia, até onde batia o mar. Parte do centro comercial, político e financeiro do país, esta região vinha sendo motivo de discussão e preocupação por parte das autoridades brasileiras devido ao seu crescimento desordenado e de sua estrutura urbana desde pelo menos o final do século XVIII. 4 de Santa Teresa, como foi o caso de D. Florinda e de Seu Francisco. Talvez essa tenha sido a grande resistência popular à reforma urbana: não deixar de morar no centro da cidade A reforma Pereira Passos agravou o problema habitacional da cidade do Rio de Janeiro. As habitações para as classes populares localizadas no centro foram alvo de inúmeras demolições, ficando cada vez mais escassas e inflacionando o mercado de aluguéis. Apesar da grande ação de remover a população pobre do centro, estes atores sociais, como visto, não abandonaram o centro da cidade. 19 Quando Carlos Sampaio assumiu a prefeitura, incumbido pelo presidente Epitácio Pessoa de preparar a cidade para dois grandes eventos, preocupou-se exclusivamente em arrumar uma de suas partes mais nobres: a Cinelândia. A presença do morro do Castelo, com suas encostas atrás da Biblioteca Nacional, em espaço tão nobre e simbólico, não condizia com os objetivos da administração de Carlos Sampaio. Mesmo depois do arrasamento do morro do Castelo, o número de habitações populares do centro da cidade não diminuiu. Como já visto, reduziu-se o seu número em Santa Rita e São José, porém ocorreu um acréscimo destas construções em Santo António, Sacramento, Glória, Lagoa, Gávea, Santana, Gamboa e Espírito Santo. 20 Apesar de parte dos moradores que perderam suas casas terem partido para os subúrbios, "os setores populares não abandonaram as áreas centrais da Capital". 21
112 117 121 125 129 EIXO 5: HISTÓRIA DO MOVIMENTO OPERÁRIO E ORGANIZAÇÃO DE CLASSES 132 II ENITEFH -07 a 10 de novembro de 2017 -Teresina -Piauí Trabalho e Educação: as reverberações históricas a partir da luta de classes APONTAMENTOS CRÍTICOS SOBRE O SINDICALISMO CONCILIADOR
Não resta dúvida de que a campanha abolicionista foi a questão de maior adesão social das últimas décadas no Brasil do século XIX. Outro tema, porém, manifestou reverberação além das fronteiras nacionais. Focando o espaço Atlântico de fala lusófona, percebe-se que a vaga republicana tropical despertou viva atenção dos comentaristas da cena política da ex-Metrópole. O que sugere a existência de uma dialogia luso-brasileira no âmbito dos republicanismos observados num e noutro país. Motivo suficiente para acompanharmos a recepção e o impacto, em Portugal, dos acontecimentos que levaram ao 15 de Novembro no Brasil. E ainda assim perscrutarmos o desenvolvimento deste relacionamento até os desfechos do 5 de Outubro de 1910, quando os portugueses declaram a República como seu regime de governo. Será o escrutínio destes fenômenos o fito de nossa análise a seguir. A bem da verdade deve-se reconhecer a existência de uma não-desprezível referencialidade a Portugal desde os primeiros movimentos da campanha republicana no Brasil. Dir-se-ia até algo mais: que já na propaganda pela República identifica-se um claro sentimento de afastamento do velho reino lusitano. Distanciamento não apenas do ponto de vista políticopelo óbvio de a Monarquia representar a permanência da Dinastia dos Bragança em solo nacional, como foi explorado na época -, mas no que tange à mobilização das histórias nacionais (tanto da brasileira quanto da portuguesa);
Resumo: Na tradição historiográfica ecoaram repetidamente as argüições de Aristóteles na Poética, onde a história, colocada ao lado da poesia, é reduzida ao seu caráter particular, enquanto que a poesia trata do universal, sendo, portanto, mais filosófica e virtuosa (Poética, 1451b). Este trecho polêmico agitou inúmeras discussões sobre o caráter do conhecimento histórico, e frequentemente é associado a uma deliberada expulsão da história do campo das ciências, operada por Aristóteles (LE GOFF, 1988, p. 34, 75; e HARTOG, 2001, p. 138). O presente trabalho realiza uma leitura da passagem e, com apoio de uma bibliografia complementar , J. Redfield, 1975, P. Ricoeur, 1983, F. Hartog, 2001 procura compreender: qual o significado, para Aristóteles, da distinção entre poesia e história? O que define o "particular" e o "universal" nessa distinção? Palavras-chave: História, Aristóteles, Poética. 1. No verbete História da Enciclopédia Einaudi, depois publicado no livro História e Memória (1988, p. 34 e 74), Jacques Le Goff afirma: A contradição mais flagrante da história é sem dúvida o fato do seu objeto ser singular, um acontecimento, uma série de acontecimentos, de personagens que só existem uma vez, enquanto o seu objetivo, como o de todas as ciências, é atingir o universal, o geral, o regular. Já Aristóteles tinha afastado a história do mundo das ciências, precisamente porque ela se ocupa do particular, que não é um objeto da ciência -cada fato histórico só aconteceu e só acontecerá uma vez. As palavras de Le Goff são referência a um famoso trecho do capítulo IX da Poética de Aristóteles: Pois não diferem o historiador e o poeta por fazer uso, ou não, da metrificação (seria o caso de metrificar os relatos de Heródoto; nem por isso deixariam de ser, com ou sem metros, algum tipo de história), mas diferem por isto: por dizer, um, o que aconteceu, outro, o que poderia acontecer. Por
Esta comunicação objetiva problematizar, a partir do percurso intelectual de Cecília Westphalen (1927-2004), dois possíveis perfis de historiador, o historiador engajado no debate público e o historiador devoto ao desenvolvimento do conhecimento histórico, em uma acepção de que intervir não seria competência de quem faz ciência. Esta tentativa de caracterização tem como cenário dois eventos ocorridos no contexto da ditadura militar: o Simpósio Nacional da, então, Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH) de 1977 e a instituição da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica (SBPH), em 1981. Em 1977 a ANPUH democratiza o seu espaço aceitando a participação de estudantes e professores secundaristas como comunicadores, radicaliza o repúdio aos Estudos Sociais e se torna um fórum de crítica à política militar. Westphalen foi uma das vozes opositoras a dita massificação da associação e a politização exacerbada em um lugar de produção do conhecimento histórico. Ela rompe com a associação que ajudou a criar e atendendo ao convite de Maria Beatriz Nizza da Silva (USP) funda a SBPH, sociedade “unicamente” engajada no “desenvolvimento da pesquisa histórica no Brasil”. Analisando as narrativas que foram mobilizadas para legitimar a criação da SBPH, temos de forma um tanto abrupta um jogo de oposição entre partidarismo – aqui identificado por uma tomada de posição movida por convicções políticas do presente e respaldadas por uma ideologia marxista – e objetividade – identificada como conhecimento liberto de juízo de valor. Para esboçar esta disputa disciplinar, trabalhamos com os Anais das duas instituições e a correspondência pessoal de Westphalen.
Pocahontas: A história das Américas no cinema de animação da Disney.
A historiografia profissional, estabelecida como disciplina acadêmica no Ocidente no século XIX, originou-se da vitória do Romantismo sobre a Ilustração 1 A isso se deveu o crescente abandono da pretensão da descoberta das leis do processo histórico: escrever história significou cada vez mais adentrar num passado singular, desconhecido e misterioso, um contato que exige um arsenal metodológico apropriado. O historiador perdeu sua relação com seu objeto, aquela mediação entre passado e presente que caracterizou as filosofias da história modernas.
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JULGAMENTO ANTECIPADO DE PARCELA DO MÉRITO E PRAZO DA AÇÃO RESCISÓRIA: INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL DO ARTIGO 975, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, 2020
A idade de ouro da Bahia: Circuito econômico e formação social nas vilas auríferas do Sertão Baiano (1710-1735) , 2017