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Reimaginando Homero

Abstract

Neste ensaio, interessa-me, sobretudo, esclarecer como a ideia de tradução criativa, ou “transcriação”, é posta em prática na tradução da "Ilíada" de Haroldo de Campos, como ela se articula com a teoria linguística de Jakobson, e de que maneira o resultado dessa prática tradutória nos ajuda a entender aspectos dos poemas homéricos que permaneceriam, de outra forma, ocultos ao leitor não versado no grego. Ainda, é minha intenção colocar em perspectiva a tradução como uma criação original do tradutor, mas que mantém com o texto de partida uma relação de isomorfia resultante de uma série de regras transformacionais previamente estabelecidas que indicam o caminho de ida a, e volta do, original e que, portanto, determinam quais níveis de fidelidade face àquele estão sendo salientados e em que graus. De fato, um dos conceitos mais importantes para a tradução criativa é o reconhecimento da impossibilidade de qualquer tipo de tradução literal em qualquer grau. Ao contrário, para Haroldo o que se deve procurar é uma imagem especular, isomórfica, de um determinado texto de partida em uma determinada língua de chegada. Isto se torna possível apenas quando se consegue identificar as regras transformacionais que regem o primeiro