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A Capitu de Dalton Trevisan

A narrativa de Dom Casmurro de Machado de Assis manifesta, desde a sua publicação em 1899, um potencial produtor tanto de discursos de crítica como de criação literária. Logo na entrada do século XXI, em 2003, Dalton Trevisan volta ao velho Machado no conto intitulado Capitu sou eu. À primeira leitura, a aventura amorosa da professora de literatura poderia ser compreendida como uma reedição da queda de Capitu, afirmando assim o adultério em Dom Casmurro. No entanto, o contexto das aulas de literatura ministradas pela protagonista, os paralelos e diferenças entre a sua aventura e a de Capitu, assim como a alusão a outro grande romance de adultério do século XIX, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, trazem para o conto um efeito de discurso crítico, na medida em que seu desenvolvimento configura-se como uma abordagem interpretativa do romance Dom Casmurro. Esta apresentação pretende, então, discutir a interpretação proposta para o romance Dom Casmurro no conto Capitu sou eu, de Dalton Trevisan.