Academia.edu no longer supports Internet Explorer.
To browse Academia.edu and the wider internet faster and more securely, please take a few seconds to upgrade your browser.
O ensaio busca compreender como o autor luso-africano Valter Hugo Mãe opera o devir-minoritário (DELEUZE e GUATARI, 2003) em sua escrita.
2017
Quem e como são os Homens imprudentemente poéticos? O que significam e para o que servem? Não por acaso começamos por nos interrogar sobre o pórtico do romance já que, em regra, o que de um título se espera ou, pelo menos, o que até recentemente se esperava, pois novas (contra) expectativas vão sendo criadas com a dinâmica própria da evolução literária, é a sua capacidade para revelar e não para esconder. Adorno, por exemplo, concebe-o como o “microcosmos da obra” (apud Levin, 1977, p. xxiii), assim remetendo para aquela que a larga maioria dos leitores considera ser a função primordial deste paratexto: apresentar o que vai, ou que fica, entre a capa e a contracapa. O efeito, muito prático, que pretende obter-se, respeita à criação de determinados efeitos no leitor, levando-o, ou não, a adquirir um livro em que os universos apresentados, alternativos ao real em que vivemos mas, nem por isso, dele desligados, só se atualizarão, de facto, no e pelo ato de ler. Ora, no caso deste roman...
A humanidade e a cidadania ativa de Valter Hugo Mãe nas suas crónicas da revista 2 do jornal Público.
Cincinnati Romance Review, 2020
Proponho, neste artigo, uma leitura do romance a máquina de fazer espanhóis (2010), do consagrado escritor português Valter Hugo Mãe, quer enquanto sátira sociopolítica e religiosa, quer enquanto reflexão sobre os lugares e os significados da literatura e da arte em geral. Nota: Até à publicação, em 2011, de O Filho de Mil Homens, Valter Hugo Mãe escrevia apenas com minúsculas. Por se tratar de uma opção idiossincrática (e/ou ideológica), mantenho, ao longo deste artigo e no seu título, o critério do uso de minúsculas nos títulos das obras do autor (mas não no seu nome), incluindo a palavra inicial. Quando cito textos de Valter Hugo Mãe ou quando refiro uma personagem, um topónimo, etc., respeito igualmente o uso das minúsculas. Nas “Obras citadas”, todavia, prevalece o formato da norma bibliográfica escolhida.
Revista Leitura, 2016
O fenômeno da heteronímia encontrou como origem e fonte mais profícua a escrita polifônica do poeta Fernando Pessoa. Em sua obra, testifica-se uma complexa e dinâmica relação espaço/tempo da criação literária, havendo uma confluência de múltiplas temporalidades, facetas e personalidades num dialógico espaço artístico-biográfico. Nesta reflexão identificamos em conceitos bakhtinianos, o cronotopo (convivência de temporalidades no(s) tempo(s)/espaço) e a exotopia (articulação de espaços no processo de criação verbal), o insumo suficientemente aberto para dirimir a realidade heteronímica do autor. As análises exotópicas e cronotópicas de excertos poéticos de Pessoa (ortônimo) e de seus heterônimos (Reis, Caeiro e Campos) apontam uma subjetividade povoada e dialógica. A poética pessoana sugere presenças extralocalizadas e temporalidades em convivência no tempo presente do autor. Assomam personas diversificadas artística e biograficamente, bem como múltiplas temporalidades (passado, presente e um projeto de futuro do sujeito e da nação).
2020
Este artigo tem como objetivo abordar o conceito de experiencia presente no conto “O rosto”, de Valter Hugo Mae, inserido no livro Contos de caes e maus lob os (2017). Num primeiro momento, sera abordada a questao formal de duas formas breves de representacao – o conto e o poema-errância – mediados pela nocao de experiencia apresentada por Flannery O´Connor, Charles E. May e Paul Gilbert. Num segundo momento, sera analisado “O rosto” considerando a ideia filosofica de experiencia, interligando silencio e natureza. Neste percurso, o conto de Valter Hugo Mae sera posicionado numa equacao tripartida fundamentada na experiencia, no silencio e na natureza, a qual privilegia o afeto primordial mais profundo, revelando-se atraves da viagem que permite olhares outros.
2016
Com o Teatro Bruto, é o caso da peça canil, escrita previamente, mas objeto de trabalho dramatúrgico numa residência artística e motivo para uma conferência cénica com o autor, em Guimarães, em 2012, e de Comida, no mesmo ano, escrita parcialmente no contexto de uma residência artística com a companhia. 2 Para um panorama atual, com a chancela da crítica de teatro e dos estudos universitários, consultar a revista Sinais de Cena: http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/revistas-eperiodicos/sinais-de-cena.html.
Revista E Scrita Revista Do Curso De Letras Da Uniabeu, 2010
Manoel de Barros, o poeta do devir Márcio Sales da Silva UNIABEU Resumo: A poesia de Manoel de Barros é uma afirmação do devir. A noção de devir surge entre os gregos com a intenção de explicar o movimento, a transformação das coisas e a criação do novo. Ela é discutida, por exemplo, por Heráclito que reconhecia a mudança permanente de tudo o que existe. Na atualidade, o filósofo Gilles Deleuze debruça-se sobre o conceito de devir e o experimenta a partir dos encontros. As coisas em movimento se esbarram umas com as outras, de maneira que acontece uma mútua afetação que faz com elas estejam o tempo inteiro se modificando. E os encontros são múltiplos; bem como a possibilidade de invenção de novas relações e novas composições. É assim que Manoel de Barros pode ser visto como o poeta do devir. Em sua poesia a invenção é a marca principal; e ela é feita através da mistura dos corpos e das palavras. Palavras-chave: devir, encontro, invenção. The poetry of Manoel de Barros is an affirmation of becoming. The notion of becoming appears among the Greeks with the intention to explain the movement, the transformation of things and the creation of the new. It is argued, for example, by Heraclitus who recognized the permanent change of everything that exists. In the present time, the philosopher Gilles Deleuze leans on the concept of becoming and tries it through the encounters. Things in movement encounter one another so that a mutual affectation happens that makes them change all the time. And those encounters are multiple; as well as the possibility of invention of new relations and new compositions. It is that way Manoel de Barros can be seen as the poet of becoming. In his poetry invention is the main mark; and it is made by means of the mixture of bodies and words.
Colóquio/Letras, 2019
Dividida em oito livros – “Poema Feio”, “Folclore Íntimo”, “Livro de Maldições”, “O Resto da Minha Alegria”, “Útero”, “A Cobrição das Filhas”, “Três Minutos antes de a Maré Encher” e “A Remoção das Almas” –, Publicação da Mortalidade é a terceira “poesia reunida” de Valter Hugo Mãe (Saurimo, Angola, 1971), depois de Folclore Íntimo (2008) e de Contabilidade (2010). (...) A avaliar pelo itinerário poético de Valter Hugo Mãe e pelo que o autor afirma nas notas autorais das suas duas primeiras coletâneas de “poesia reunida”, publicação da mortalidade anuncia futuras recolhas de poemas. Se é de esperar que ao poeta interessará que esse novo livro seja “a passagem para um tempo outro mas como um estádio intermédio e nunca uma fixação definitiva”, já quando acontecerá essa nova publicação é, no mínimo, imprevisível. Apenas dois anos (de 2008 para 2010) separaram as duas primeiras recolhas, enquanto que da segunda para a terceira há um intervalo de quase uma década. (...)
FronteiraZ, 2016
Este estudo pretende refletir sobre o ato de leitura, tendo por base dois contos de Valter Hugo Mãe, publicados na obra Contos de Cães e Maus Lobos ( “O rapaz que habitava os livros” e “Bibliotecas”), em que LER se assume como experiência de aprendizagem pelos sentidos e pelos sentimentos e, simultaneamente, de abertura do olhar para (a construção de) novos mundos. PALAVRAS-CHAVE: Autor; Leitor; Leitura; Livro; Memória.
Valter Hugo Mãe, As ilhas dos Abaeté - Catálogo de exposição, 2019
Valter Hugo Mãe (Angola, 1971) constitui hoje um dos pilares mais sólidos da cultura portuguesa contemporânea graças, sobretudo, a um perfil bastante singular que tem vindo a traçar enquanto criador. A maioria de nós chegou até si através dos seus livros, primeiro pela poesia e depois pela prosa, apesar desta guardar em si a mesma essência poética que o autor escolheu como maná da sua escrita. Entramos sorrateiramente pelos seus textos adentro e somos logo seduzidos pela plasticidade que o escritor imprime às suas narrativas, deixando-nos entrever em que medida a sua inquietação artística não se pode bastar apenas com a escrita, razão pela qual acode à música ou ao desenho como atividades complementares. No caso do desenho, sabemos que o autor sempre o considerou como um suporte importante para a sua produção literária; a almofada onde assentar a sua imaginação. Felizmente, existe sempre um papel para receber os seus adoráveis monstrinhos e pássaros bordados, ou um livro onde estampar uma silhueta, já que o escritor, sempre que a ocasião lho permite, é capaz de converter o seu autógrafo num abraço infinito com os seus leitores. Só muito recentemente Valter Hugo Mãe se atreveu a compartir os seus desenhos com o público em geral; primeiro através das capas de algumas das reedições dos seus romances e, posteriormente, como ilustrador da última edição de O paraíso são os outros 1 , para júbilo dos que conhecíamos essa sua paixão e como revelação para muitos dos seus leitores que passaram a ler esse livrinho com uma alegria renovada. Uma alegria que se revigora com a exposição desta fascinante mostra de desenhos do autor. Para Valter Hugo Mãe, a arte constitui a melhor garantia de entendimento da vida e por isso ele parece vivê-la sempre com urgência pelo que, tal como já o temos afirmado, identificá-lo como escritor afigura-se-nos sempre como algo simplista, na medida em que esta será apenas a cara mais visível de um criador. Ele mesmo nos confessa que desenhar 1 Valter Hugo Mãe, O paraíso são os outros. Ilustrações de Valter Hugo Mãe. Porto Editora. Porto, 2018
2016
Em A desumanizacao , romance do autor Valter Hugo Mae, e possivel atestar o poder mitico da literatura. O artigo procura, a partir do tema do duplo, analisar a sua configuracao como linguagem e representacao, proporcionando pensar a literatura como uma forma de duplicacao do mundo e da condicao humana. Palavras-chave: literatura, duplo, representacao, condicao humana.
Carlos Nogueira (org.), Nenhuma Palavra É Exata. Estudos sobre a Obra de Valter Hugo Mãe, Porto Editora, 2016
Uma das ideias fulcrais de toda a obra de Valter Hugo Mãe (e de toda a literatura) é a de que o nosso “destino comum é a velhice, a doença, a morte, o esquecimento” (Bloom, 2001: 497). Poderíamos ficar satisfeitos com este diagnóstico, mas a questão não é assim tão linear. O autor de O Cânone Ocidental (1994), Harold Bloom, lembra-nos que “As tradições nos dizem que o eu livre e solitário escreve para vencer a mortalidade” (Bloom, 2001: 497). Mas o crítico norte-americano não se contenta com esta ideia universalmente aceite e nota que “[…] o eu, em sua busca para ser livre e solitário, em última análise lê com um só objetivo: encarar a grandeza” (Bloom, 2001: 497). Encarar a grandeza é precisamente o que propõe o silva da europa de a máquina de fazer espanhóis ao seu amigo antónio jorge da silva (quando lhe propõe que escreva um livro de poemas, e quando lhe fala de Camões), e é também essa a explicação que Harold Bloom apresenta em relação a quem lê (e a quem escreve): não lemos apenas, ou sobretudo, para subjugarmos a mortalidade. “Esse confronto mal disfarça o desejo de juntar-se à grandeza, que é a base da experiência estética outrora chamada de O Sublime: a busca de uma transcendência de limites” (Bloom, 2001: 497). Valter Hugo Mãe, como todos os grandes escritores, sente o apelo de “conceber uma obra literária que o mundo não deixasse voluntariamente morrer” (Bloom, 2001: 27), e os seus leitores sentem o apelo de conhecer essa obra e de participar no seu (re)nascimento e na sua (re)construção. O encontro com a grandeza da palavra, da sabedoria e da verdade que cada leitor procura na obra de Valter Hugo Mãe é também o encontro desejado por todos os estudos que compõem este livro.
Resumo: Valter Hugo Mãe é um dos escritores que mais dialogam com o humano na atualidade. Em seus romances, a condição humana é representada por histórias e personagens comuns em conflitos com suas paixões e com a vida cotidiana. Nascido em Angola, mas vivendo em Portugal desde criança, Mãe é provavelmente um dos mais influentes escritores de língua portuguesa hoje. Neste artigo, procuramos examinar a condição do humano em seus romances: a busca por uma linguagem que deixe transparecer o grotesco, onde as imagens do humano são plasticamente metamorfoseadas em elementos da natureza, animais e máquinas. Na esteira de autores como Slo-terdjik e Agamben, trata-se de compreender a questão do humano na literatura contemporânea. Abstract: The literature of Valter Hugo Mãe dialogues intensively with human beings' metaphors. In his novels, the human condition is represented by a series of characters in conflict with their passions and their everyday life. Born in Angola, but living in Portugal since his childhood, Mãe is probably one of the most influential Portuguese writers today. Therefore, this article aims to examine the human condition in his novels, analysing the search for a language that shows the grotesque, trough images of the humans plastically metamorphosed in elements of nature, animals and machines. In line with the studies of authors like Sloterdjik and Agamben, this paper intends to understand the issue of human in contemporary literature. O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer. Valter Hugo Mãe. A desumanização
Estudos linguisticos (São Paulo. 1978), 2016
Este texto tem como objetivo mostrar como a personagem Halldora, narradora-protagonista do romance A desumanização (2013), de Valter Hugo Mãe, passa da tristeza relativa ao luto à melancolia, causada por outras perdas que se sucedem à morte da irmã gêmea: o amor da mãe, que torna-se rejeição; a perda da inocência, iniciando ainda criança na vida sexual; a perda de um filho; e, principalmente, a perda da sua própria identidade, uma vez que a relação especular eu/ outro, no caso de gêmeos, é ainda mais acentuada. Para tanto, utilizamo-nos das distinções de Sigmund Freud entre luto e melancolia, em seu artigo de 1917, e concluímos que o percurso da protagonista do romance converge com as premissas da melancolia postuladas por aquele. Segundo Urânia Tourinho Peres (2011), a melancolia tem sido uma das principais características do sujeito contemporâneo, de modo que nos interessa entender como a Literatura recente tem abordado o tema em questão.
Resumo: Em A desumanização, romance do autor Valter Hugo Mãe, é possível atestar o poder mítico da literatura. O artigo procura, a partir do tema do duplo, analisar a sua configuração como linguagem e representação, proporcionando pensar a literatura como uma forma de duplicação do mundo e da condição humana. Abstract: In A desumanização, novel by Valter Hugo Mãe, it is possible to attest the mythical power of literature. From the double theme, this article aims reviewing its configuration as language and representation, from where is the possible to think of literature as a form of duplication of the word and the human condition.
2018
Pensar o humano significa olhar o entorno e o distante, e perceber que aquilo que nos parece longinquo esta ao alcance das maos. Considerada essa dimensao da vida, talvez se possa ver o mundo como de fato ele deveria ser: a casa dos homens. A literatura abre as portas para que seja possivel ter acesso a diferentes experiencias humanas e se reflita sobre a condicao humana. No romance A desumanizacao (2014a), de Hugo Mae, chama atencao, previamente, a condicao contraria ao homem; e um livro que fala do ser humano diante de um mundo desagregador, cujos valores colocam em xeque a propria humanidade. Das possibilidades de leitura, elegemos a abordagem mitica para conduzir este ensaio. O intuito e destacar como a narrativa mitica se inscreve na obra, assumindo uma dimensao altamente sensivel, humanistica e reflexiva, alimentada, sobretudo, pela expressao poetica da linguagem.
Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros
RESUMO: Depois de ter escrito os nove volumes de Conta-Corrente, Vergílio Ferreira continua, com Pensar (1992) e Escrever (2001), a dar forma literária à sua apetência pela escrita diarística. Em fragmentos numerados, mas não datados, estes diários «do acaso de ir pensando» dizem não o vivido no quotidiano, como é próprio do diário mais ortodoxo, mas um pensamento em acção e uma escrita em acto. Aí prossegue Vergílio uma reflexão que se exerce num discurso oscilante entre o diário, propriamente dito, e o ensaio, de que não está ausente uma notória dimensão estética.
Abril – NEPA / UFF, 2010
Pretendo analisar, a partir de “O grito”, poema de Luís Miguel Nava, como a escrita literária, tão barateada pelo mercado, pode discutir seu próprio lugar no mundo. Serão colocadas em evidência as maneiras com que o autor propõe o absurdo e o inesperado na escrita poética, quando mistura elementos aparentemente díspares como o ambiente de terror e a metalinguagem.
Loading Preview
Sorry, preview is currently unavailable. You can download the paper by clicking the button above.