O domínio da organização como autoria mediata

Revista Competencia, 2014

Este artigo procura fazer uma análise sobre como o conceito de competência tem evoluído ao longo do tempo e como tem sido utilizado, tanto nas organizações quanto para descrever os profissionais da administração. Partindo da evolução histórica da noção de competência individual, passa-se a explorá-la no contexto organizacional, buscando-se descrever como os gestores a compreendem e aplicam. Além de verificar como os gestores têm definido competência, também se apresentam as atividades organizacionais que estão diretamente relacionadas com o uso desse conceito. Alguns exemplos são o mapeamento de competências, a formação e o desenvolvimento de profissionais, a remuneração e a avaliação de desempenho. Por fim, busca-se estudar, em particular, como têm sido descritas as competências do administrador, tendo-se como referência órgãos governamentais e pesquisas específicas realizadas sobre o tema. Espera-se que esta revisão sobre o tema sirva de base para a construção de novos modelos de competências, aplicáveis nas organizações, de modo a permitir uma adequada avaliação e planejamento do desenvolvimento dos seus profissionais.

Linguagem em (Dis)curso

Resumo Este artigo objetiva mostrar marcas de (não) assunção de responsabilidade enunciativa presentes em uma reportagem de divulgação científica midiática publicada na revista Superinteressante. Para isto, baseia-se na Análise Textual dos Discursos (ATD), especificamente na noção de responsabilidade enunciativa (RE) (ADAM, 2011), nas teorizações de Guentchéva (1994, 1996) sobre o mediativo, e nas considerações de Charaudeau (2016) sobre midiatização da ciência. Procura entender que representações do discurso alheio são construídas, as quais fazem com que o Locutor/Enunciador (L1/E1) cumpra certas finalidades, próprias do contexto de comunicação em que está inserido. Analisa três excertos da reportagem, mediante os quais descreve como são apresentadas e representadas as vozes do texto. Embora a reportagem não tenha finalidade propriamente argumentativa e Pontos de Vista (PdV) contrastantes sejam expostos, a análise evidencia que L1/E1 expressa diferentes graus de engajamento em rela...

Esta dissertação discute o fenômeno da autoria-compreendido como procedimento que organiza e controla o discurso, conceito extraído da obra de Foucault-e suas possíveis relações com a natureza material do discurso. Analisa os meios através dos quais os discursos ganham corpo, as modificações culturais que eles introduziram na cultura ocidental e os procedimentos de autoria que esses mesmos meios justificam. Descreve a autoria sob as culturas oral, manuscrita, impressa e digital e investiga a relação entre a materialidade de que se reveste o discurso e alguns procedimentos de autoria observados. Conclui que, dentre os procedimentos gerados por fatores sociais, históricos e ideológicos que compõem o contexto de produção mais amplo do discurso, há procedimentos de autoria que só podem ser compreendidos no âmbito da cultura midiática em que o discurso se produz.

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"A propriedade intelectual deve ser compreendida, na contemporaneidade organizacional, como um instrumento que media suas relações: mais do que o desejo por sua posse, os atores sociais buscam através dela traçar possíveis relações de poder. As transformações mais recentes nas questões culturais, das quais compartilham sociedade e organizações - um índice muitas vezes chamado de pós-modernidade - explodiram o que confinava políticas e relações de poder ao interior de seus muros (Estados, partidos, instituições) e logicamente consagrava sua força dentro dos mecanismos sociais de controle. Neste novo contexto social, além de novas formas de comportamento e identidades, as relações de poder entre os indivíduos se tornam cada vez mais claras e parte das práticas cotidianas. Se inserindo em relações cada vez mais presentes, a propriedade intelectual se transformou de uma instituição sem grande relevância a um bem estratégico, e portanto, um objeto de interesse da comunicação organizacional e relações públicas. O índice que denuncia esta mudança é a transformação do trabalho mecânico e braçal em atividade intelectual, fenômeno que não se restringiu à comunicação, mas foi comum à grande maioria das atividades econômicas nas últimas décadas. Os dispositivos sistêmicos utilizados nas organizações e em seu modo produtivo extrativista diminuíram a atividade intelectual para empregar corpos ao invés de mentes no trabalho. Esta realidade não é mais possível com a crescente complexidade nas redes de relações, tecnologias e exigências sociais. Agora, todo indivíduo é um criador – do topo da pirâmide organizacional à sua base – e como tal, trás consigo singularidades e particularismos que se configuram como objeto de desejo das organizações. Fronteiras precisam ser traçadas em um ambiente cada vez mais desterritorializado. Todo este feixe de transformações, em constante movimento, interfere também na concepção e interpretação sobre o próprio homem e seu papel social. Agora somos nômades: mas é o mundo que se desloca sobre nossos pés, e como conseqüência de tantas mudanças em tão pouco tempo, a entropia nos laços sociais se torna cada vez mais instável. A profusão de novas modalidades de ser, novas condutas e práticas no espaço de trabalho exigem uma adaptação constante das organizações, no intuito de permanecer ocupado seu papel de importância nas rédeas sociais. A ética ressurge com a finalidade de estabelecer regras para a condução das relações entre os atores de formas cada vez mais particulares e específicas. Não há um indicador mestre que defina e dê lastro às negociações entre eles – tudo fica mais volátil neste novo contexto. A coação, instrumento de força e capacidade de poder, precisa de uma encarnação mais sutil e eficaz – os discursos e a sedução são sua nova forma material, e precisam da comunicação para realizar sua persuasão. Fundamentado na filosofia da comunicação, esta investigação põe em exame estas relações, atrás das raízes entre eles e suas imbricações. ---- [Full text in portuguese] In the organizational contemporaneity the intellectual propriety should be understood as a tool that mediates its relations. More than a mere desire for its possession, the social actors search it as a means for designing power relations. Both society and organizations share the most recent transformations in the cultural issues – a trait often called post-modernity. Such transformations have eroded the politics and power relations hat had been confined to the interior of the walls of the State, political parties and institutions which certainly consecrated their strength within the social mechanisms of control. In this new social context, besides the new ways of behavior and identities, the power relations among individuals have become clearer and part of the quotidian practices. Being more and more present in the relations, the intellectual propriety has turned from a less relevant institution into a strategic possession, and therefore, an object of interest to organizational communication and public relations. The sign that evidences this change is the transformation of the mechanic and hand labor into intellectual activity; a phenomenon that has not restricted to communication, but extended to the great majority of the economic activities in the last decades. The systemic procedures applied by the organizations in their extractivist production manners shortened the intellectual activity: they employed bodies instead of minds for the work. This reality is no longer possible due to the growing complexity in the networks of relations, technologies and social demands. Every individual is, now, a creator – from the top of the organizational pyramid to its base. As such, every individual brings singularities and particularities that figure as objects of desire of the organizations. Frontiers must, then, be traced in an ever-growing deterritorized environment. All this set of transformation, in constant movement, interferes also in the conception and interpretation about men themselves and their social role. We are now nomadic: but it is the world that moves under our feet, and as a consequence of so many changes within such a short time, the entropy in the social affairs has become more and more unstable. The profusion of the new manners of being, new behaviors and practices at the workplaces require a constant adaptation inside the organizations, as a way of keeping up their role of importance in the social bridle. Ethics, then, emerges aiming at establishing rules for conducting the relations among the actors, through more particular and specific fashions. There is no indicating guide that defines and nurtures the negotiations among them – everything becomes more fickle in this context. Coercion, an instrument of strength and power capacity, requires a more subtle and efficient semblance – discourses and seduction are its new material shape, and need communication to accomplish its persuasion. Based on Philosophy of Communication, this investigation examines these relations, searching for their roots and imbrications. "

Editora IFC eBooks, 2022