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2025
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2025.v48.n2.e025007…
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Resumo: Há uma dificuldade teórica na economia do argumento de O Príncipe, notadamente no capítulo IX, quando trata da astúcia afortunada necessária ao príncipe novo. No período que abre esse capítulo central na economia da obra, temos a mobilização de noções fundamentais do pensamento político maquiaveliano, como virtù, fortuna, cidadão particular e, também, a astúcia figura como atributo importante. Ora, sobre a astúcia afortunada, Maquiavel pouco disserta, ao contrário, ela não recebe uma atenção expositiva, a despeito de sua relevância no rol das qualidades políticas necessárias ao príncipe, donde a questão em como pensar a astúcia afortunada do príncipe novo. A fim de se entender melhor esse conceito maquiaveliano, pretende-se aproximá-lo, primeiramente, à métis grega, o que permite compreender melhor o que seja essa qualidade que se requer do príncipe novo. Em seguida, a partir da economia argumentativa da obra, extrair uma compreensão dessa qualidade política.
2025
Os debates sobre a natureza e o significado da noção de virtù, na obra de Maquiavel, tem um longo percurso na historiografia do escritor florentino. Em seu tempo, a proximidade do tema com as formulações ciceronianas sobre as virtudes necessárias à vida política ajudava o leitor a diferenciar a maneira como o Secretário florentino tratava a questão da abordagem medieval sobre a natureza das virtudes. Esse olhar chamava a atenção para um aspecto importante do problema, mas escondia outro. De fato, era fácil ver que a virtù maquiaveliana não podia se identificar com as virtudes teologais. A dificuldade, conforme já anotou Martins (2018), é que o tema da virtude havia sido impactado durante o Renascimento pela filosofia de Aristóteles, a qual sacudira antes o pensamento medieval desde o século XII e abrira caminhos para uma nova visão da política. Alguns pensadores, como Leonardo Bruni, eram ao mesmo tempo exímios conhecedores de Aristóteles e amantes da obra de Cícero, fundamental para a concepção de república que elaboravam. Na primeira metade do século XX, um intérprete italiano de Maquiavel, Federico Chabod, afirmou que a virtù, tinha um significado essencialmente individual, que podia, por vezes, se casar com um ideário político fundado nas leis. Sua expressão máxima era o cidadãosoldado, erigido em modelo pelos autores italianos do século XV, como foi o caso de Bruni. Para ele, "[o] mundo espiritual do qual surgiu O Príncipe era restrito ao seu aspecto políticomilitar" (Chabod, 1982, p. 83).
2025
Martins (2025) parte de um problema muito concreto, com especulações ousadas, e, muito por isso, originais. Trata-se de perscrutar, como ponto de entrada em O Príncipe, a expressão "astúcia afortunada" 2 (Machiavelli, 1994, cap. IX, 1) contida nas frases iniciais do capítulo nove. O problema é concreto porque, como afirma o intérprete, Maquiavel pouco se dedicou à expressão, a empregou apenas aqui, onde é central. Esse problema se desdobra nas diferentes embocaduras em que os mistérios da obra maquiaveliana podem suscitar e em como atacá-los. No universo straussiano, por exemplo, poderíamos procurar expressões semelhantes na astrologia medieval ou contar o número de letras das palavras de trás para frente e de frente para trás para afirmar que aquilo que não foi dito, ou dito pouquíssimo, merece maior atenção do que o que foi repetido inúmeras vezes, como nos casos da fortuna e da virtù. Se, ao contrário, nos alinhássemos ao contextualismo linguístico, poderíamos recorrer às cartas, peças teatrais, documentos de governo, poesia, diálogos e historiografia do secretário para colocá-lo em confronto com autores de época e com textos disponíveis, a fim de marcar a importância dos termos naquele cenário. Esses seriam os caminhos majoritários que muitos estudiosos de Maquiavel atualmente optam por seguir, quase sempre, um em confronto com o outro.
P rincípios: Revista de Filosofia, Natal, v. 28, n. 55, jan - abr. 2021. ISSN 1983- 2109., 2021
Resumo: Desenvolvo neste artigo uma leitura sobre o pensamento político de Maquiavel com base no par conceitual força-aparência tendo como ponto de inflexão entre ambos a noção de astúcia (astuzia e industria). Metodologicamente, delimito a questão ao âmbito do texto O príncipe. Interpreto, a princípio, os conceitos à luz das figuras do leão e da raposa expostas pelo autor a fim de especificar o significado da força enquanto vigor e enquanto aparência. Em seguida, desenvolvo o argumento por meio do conceito de astúcia como uma forma de saber político. A partir da análise, sobressai-se a dimensão do político como fenômeno circunscrito não por uma disjunção entre os conceitos trabalhados, mas enquanto fenomenicamente interrelacionados e constituintes do poder político. Esta interpretação, assim, emerge junto à noção de "verdade efetiva" como estrutura de um pano de fundo conceitual que afirma o realismo político tanto dos regimes reais, quanto das ações políticas.
Jus.br, 2014
Resumo O trabalho busca esclarecer dois pontos centrais da Filosofia política de Maquiavel-as figuras da Virtù e da Fortuna. A virtú deve ser vista como uma forma do livre-arbítrio do governante, sendo a principal variável na condução do principado. Destaca-se, também, a utilização da variável na contestação aos valores tradicionais. Já a Fortuna constitui-se na indeterminabilidade de parte dos resultados do governo: ela deve ser dominada, conquistada para o benefício do príncipe. Introdução O trabalho estuda duas variáveis fundamentais na Filosofia política de Maquiavel-Virtù e Fortuna. Esses dois conceitos estabelecem um momento inédito na filosofia política até então aplicada-a partir deles começa-se a pensar política de forma factual, através da expressão 'verdade efetiva das coisas', ao contrário do pensamento medieval, em que se abordava o poder a partir de análises religiosas ou morais, espelhando o que deveria fazer o príncipe, isto é, um fundamento deontológico do poder. A Virtù trata-se da capacidade do príncipe em controlar as ocasiões e acontecimento do seu governo, das questões do principado. O governante com grande Virtù constrói uma estratégia eficaz de governo capaz de sobrestar as dificuldades impostas pela imprevisibilidade da história. Assim, o político com grande Virtú observa na Fortuna a probabilidade da edificação de uma estratégia para controlá-la e alcançar determinada finalidade, agindo frente a uma determinada circunstancia, percebendo seus limites e explorando as possibilidades perante a mesma. Destaca-se também a estabilidade requerida por Maquiavel-a virtú seria uma forma de manter a paz e estabilidade do Principado. Outro ponto importante é acerca da superioridade da vida pública em detrimento da vida privada na constituição da Virtù. Por fim,
APRESENTAÇÃO Nicolaus Maclavellus, ou Nicoló Macchiavelli foi um gênio. Ou alguém conhece escritor dos anos 1500 que seja tão atual quanto ele? Um ex-ministro, poderosíssimo, deste país confessou, publicamente, que "O Príncipe" era seu livro de cabeceira. Falo sobre Delfim Netto. O Fernando Henrique, habituado a dizer bobagens, nunca confessou, mas basta ver suas atirudes e decisões para verificar que "O Príncipe " é mais que um livro de cabeceira, é Bíblia. As pessoas, neste país não lêem, ou o fazem mal. "O príncipe" deve ser analisado com cuidado. De forma indireta, é um libelo pela democracia e libertarismo. Prestem atenção, aprenderão muito e quem sabe, encontrarão o caminho da liberdade. Infelizmente nossos políticos não entenderam, ou não querem O PRÍNCIPE Maquiavel AO MAGNÍFICO LORENZO DE MEDICI NICOLÓ MACHIAVELLI ÍNDICE DOS PRINCIPADOS Capítulo II. Dos principados hereditários Capítulo III. Dos principados mistos Capítulo IV. Por que o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste Capítulo V. De que modo se devam governar as cidades ou principados que, antes de serem ocupados, viviam com as suas próprias leis Capítulo VI. Dos principados novos que se conquistam com as armas próprias e virtuosamente Capítulo VII. Dos principados novos que se conquistam com as armas e fortuna dos outros Capítulo VIII. Dos que chegaram ao principado por meio de crimes Capítulo IX. Do principado civil Capítulo X. Como se devem medir as forças de todos os principados Capítulo XI. Dos principados eclesiásticos Capítulo XII. De quantas espécies são as milícias, e dos soldados mercenários Capítulo XIII. Dos soldados auxiliares, mistos e próprios Capítulo XIV. O que compete a um príncipe acerca da milícia(tropa) Capítulo XV. Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados . Capítulo XVI. Da liberalidade e da parcimônia Capítulo XVII. Da crueldade e da piedade; se é melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado Capítulo XVIII. De que modo os príncipes devem manter a fé da palavra dada Capítulo XIX. De como se deva evitar o ser desprezado e odiado Capítulo XX. Se as fortalezas e muitas outras coisas que a cada dia são feitas pelos príncipes são úteis ou não Capítulo XXI. O que convém a um príncipe para ser estimado Capítulo XXII. Dos secretários que os príncipes têm junto de si Capítulo XXIII. Como se afastam os aduladores Capítulo XXIV. Por que os príncipes da Itália perderam seus estados Capítulo XXV. De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que modo se lhe deva resistir Capítulo XXVI. Exortação para procurar tomar a Itália e libertá-la das mãos dos bárbaros Carta de Machiavelli a Francesco Vettori, em Roma O PRÍNCIPE Costumam, o mais das vezes, aqueles que desejam conquistar as graças de um Príncipe, trazer-lhe aquelas coisas que consideram mais caras ou nas quais o vejam encontrar deleite, donde se vê amiúde serem a ele oferecidos cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e outros ornamentos semelhantes, dignos de sua grandeza. Desejando eu, portanto, oferecer-me a Vossa Magnificência com um testemunho qualquer de minha submissão, não encontrei entre os meus cabedais coisa a mim mais cara ou que tanto estime, quanto o conhecimento das ações dos grandes homens apreendido através de uma longa experiência das coisas modernas e uma contínua lição das antigas as quais tendo, com grande diligência, longamente perscrutado e examinado e, agora, reduzido a um pequeno volume, envio a Vossa Magnificência.
2021
O cerne do artigo é investigar o comportamento do príncipe no público e no privado, na obra do renascentista italiano Maquiavel: O Príncipe; obra de 1513. Para tanto, é necessário entender o que Maquiavel entendia por política e suas distinções com o conceito de política antiga e também a distinção entre virtù e fortuna, conceitos chave que devem ser esclarecidos para melhor compreensão do tema proposto. A prudência torna-se o conceito principal que norteará o texto nessa busca. Tomando a prudência como chave hermenêutica, poderemos pensar os pressupostos que garantem um bom comportamento do príncipe, tanto no público como no privado
Virtù e fortuna na obra O Príncipe de Nicolau Maquiavel, 2017
The objectives of this monograph are the presentation of the work The prince, wrote by Niccolò Machiavelli (1469 – 1427) around the year of 1513, a description of the historical context in which it was written and an approach to the concepts of virtù and fortuna as presented by the author in the text. The thought of Niccolò Machiavelli represents a rupture with the political idealism of theocratic character, typical of feudalism and clericalism of the Middle Ages, with the insertion of elements of political realism in his work. The present text was written from an analysis of the concrete objective reality of the Renaissance period (14th - 16th centuries) and from a philosophical approach of what can be extracted from the concepts proposed by Niccolò Machiavelli of virtù and fortuna in The prince.
Breve ensaio sobre a visão política de Maquiavel.
Cadernos De Etica E Filosofia Politica, 2011
Resumo: o texto pretende examinar o conceito de Fortuna, em Maquiavel, a partir da análise do poema Di Fortuna, Dell´Occasione, a carta a Giovan Battista Soderini, o canto VII do Inferno, de Dante, e passagens referentes à Fortuna em O Príncipe. O poema Di Fortuna será dividido em oitos partes para o exame e exposição do conceito de Fortuna. Palavras-chave: Maquiavel-fortuna-virtù-ocasião-ação humana.
Na filosofia antiga há uma conexão intrínseca entre justiça e boa vida. Antes, porém, de nos debruçarmos sobre ética aristotélica, alguns esclarecimentos vocabulares talvez sejam necessários para que o filósofo nascido em Estagira não corra o risco de ser mal interpretado.
A Itália estava dividida em pequenos principados, enquanto outros países como Espanha, Inglaterra e França eram nações unificadas. Estava com o poder fragmentado; instabilidade; milícias particulares; mercenários; conflitos políticos entre as repúblicas -Florença, Milão, Veneza, Nápoles. Imperava tirania em
Nicolaus Maclavellus, ou Nicoló Macchiavelli foi um gênio. Ou alguém conhece escritor dos anos 1500 que seja tão atual quanto ele? Um ex-ministro, poderosíssimo, deste país confessou, publicamente, que "O Príncipe" era seu livro de cabeceira. Falo sobre Delfim Netto. O Fernando Henrique, habituado a dizer bobagens, nunca confessou, mas basta ver suas atirudes e decisões para verificar que "O Príncipe " é mais que um livro de cabeceira, é Bíblia. As pessoas, neste país não lêem, ou o fazem mal. "O príncipe" deve ser analisado com cuidado. De forma indireta, é um libelo pela democracia e libertarismo. Prestem atenção, aprenderão muito e quem sabe, encontrarão o caminho da liberdade. Infelizmente nossos políticos não entenderam, ou não querem O PRÍNCIPE Maquiavel AO MAGNÍFICO LORENZO DE MEDICI NICOLÓ MACHIAVELLI ÍNDICE DOS PRINCIPADOS Capítulo II. Dos principados hereditários Capítulo III. Dos principados mistos Capítulo IV. Por que o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste Capítulo V. De que modo se devam governar as cidades ou principados que, antes de
Essa resenha estendida consiste numa primeira aproximação do autor aos escritos de Maquiavel. Auxilia muito no sentido de fornecer de forma concisa os principais conceitos do importante teórico italiano.
Pós-Limiar
Enquadradas como guerras de Novo Tempo ou de Quarta-Geração, as Guerras Híbridas são um tipo de conflito que tem sido cada vez mais estudado devido ao seu caráter de inovação em relação aos outros formatos e gerações de guerras. Marcadas pela incerteza, assimetria e não linearidade, elas se estruturam em um campo no qual as conectividades proporcionadas, especialmente pela Internet, apontam a necessidade de contestar e superar a crença de que as redes sociais seriam um hiato ouautônomas em relação ao espaço. Visto isso e a relação entre território, circulação de informações e o desenvolvimento das guerras indiretas, o presente artigo pretende refletir o fenômeno das guerras indiretas e o desenvolvimento das políticas contenciosas que, via os movimentos socioterritoriais de esquerda, adquirem caráter subversivo. Para isso, este artigo foi dividido em três tópicos diferentes, abordando em primeiro lugar o contexto que permite a existência da Guerra Híbrida e o que a justifica; no segu...
Neste artigo, realiza-se uma discussão acerca da relação entre ética e política tomando como ponto de partida os capítulos 15 a 19 da obra O Príncipe, de Maquiavel, a qual é um marco neste debate. O texto encontra-se estruturado em dois eixos, que se desdobram do realismo político maquiaveliano: o primeiro, quando este é aplicado à análise da política, e o segundo, quando é aplicado à prática política. Com isso, expõe-se a ruptura relativa à episteme que Maquiavel opera, que o coloca como fundador da ciência política, e a ruptura relativa à práxis, que lhe permite influenciar a prática política desde seus tempos até o presente. Ao final, além de alguns aspectos conclusivos, procede-se a uma problematização de alguns aspectos da obra em questão e de suas interpretações.
Revista Portuguesa de Ciência Política, 2017
Figurando entre os principais pensadores do chamado realismo político, Nicolau Maquiavel ocupa um lugar cimeiro na história do pensamento político ocidental, sendo classificado por Jaime Nogueira Pinto como um dos antecedentes do pensamento contra-revolucionário. Esta corrente de pensamento é marcada, entre outros factores, pela consciência da necessidade de decisão e esta consciência está patente no contexto que rodeia a redacção das obras de Maquiavel. Na medida em que este sugere um conjunto de recomendações quanto à actuação política assentes numa determinada concepção do político que é radicalmente diferente da que está na base da filosofia política clássica e atendendo à influência que os seus escritos tiveram e têm sobre a teoria e a praxis políticas, torna-se particularmente relevante para a teoria da decisão. O nosso objectivo geral é o de caracterizar a teoria da decisão decorrente dos contributos de Maquiavel, procedendo a uma análise da sua concepção do político e das principais componentes do seu pensamento, como sejam o pessimismo antropológico, a rejeição da tradição da filosofia política clássica, o legado da razão de Estado, a rejeição da moralidade cristã, a separação entre a moral e a política – que, ainda que seja uma interpretação generalizada da obra de Maquiavel, é alvo de uma contestação assaz pertinente por parte de Isaiah Berlin –, e o patriotismo.
Novos Estudos - CEBRAP, 2006
Este texto examina o debate artístico e cultural do último quartel do século XX, quando o termo pop se viu presa de uma aguerrida batalha de reconfigurações ideológicas, retomado ora como marco de uma nova e benfazeja era da cultura, ora como desfecho da "arte…
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Profanações
O artigo objetiva refletir sobre alguns aspectos do pensamento de Maquiavel, em particular seus posicionamentos em relação à célebre virtù (como faceta primordial da ragion di Stato), entendidos a partir da perspectiva categórica da filosofia prática. Para isso, por um lado, serão revisadas as opiniões expressadas pelo florentino contra a ideia de virtude como forma universal e abstrata e a favor de um ajustamento permanente com as contingencias do mundo. De outro lado, a análise de um trabalho pouco considerado pela maioria dos comentadores de Maquiavel, como A vida de Castruccio Castracani (lido em concomitância com os clássicos O Príncipe e Discursos), ajudará a sustentar tal interpretação, em relação à conceição maquiaveliana da virtù e sua colocação sobre a necessidade de estabelecer o Estado nacional. Palavras-Chave: Maquiavel. Virtù. Castruccio Castracani.
Problemata, 2019
Resumo: O objetivo deste artigo é examinar a concepção de povo presente na obra O Príncipe de Maquiavel. Mostraremos que povo aparece nesta obra com um duplo significado, variando conforme o contexto de sua utilização. Por um lado, no contexto da fundação dos grandes legisladores e da fundação por um príncipe novo ele aparece com o significado de totalidade dos súditos. Por outro lado, no contexto das relações do príncipe com seu povo sob um ordenamento político já instituído, povo indica especificamente o humor que em toda cidade se contrapõe ao humor dos grandes. Enquanto no contexto da fundação povo é um corpo passivo submetido ao príncipe, no contexto do governo de um ordenamento político já instituído povo aparece como força politicamente ativa e determinante em relação ao príncipe. Os dois significados estão numa relação de tensão: no curso da fundação o príncipe tende a reduzir o povo à sua condição de totalidade dos súditos, mas na ação política concreta o príncipe precisa tenere animato l'universaleenquanto humor da parte que, unida ao príncipe, se opõe ao desejo de comandar dos grandes.
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