Academia.edu no longer supports Internet Explorer.
To browse Academia.edu and the wider internet faster and more securely, please take a few seconds to upgrade your browser.
2007, Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea
No clássico estudo Um teto todo seu, de 1929, Virginia Woolf, ao visitar bibliotecas à procura de obras escritas por mulheres, e constatar o número quase insignificante dessa produção, atribuiu à profunda misoginia que não cansava de afirmar a inferioridade mental, moral e física do gênero feminino, as poucas chances que então eram dadas às mulheres. E resumiu assim as condições necessárias para que o talento criativo pudesse surgir: era preciso ter um quarto próprio e serem minimamente independentes e instruídas. A exclusão cultural estava associada irremediavelmente à submissão e à dependência econômica. Se o talento criador não era exclusivo dos homens, os meios para desenvolvê-los, com certeza eram. É certo que Virginia Woolf fala de um outro lugar e de um outro tempo, quando as universidades inglesas não aceitavam mulheres circulando em suas dependências, e muito menos o mercado de trabalho. Mas também entre nós já foi assim. Nas últimas décadas do século XIX, e mesmo nas primeiras do século XX, causava comoção uma mulher manifestar o desejo de fazer um curso superior. E a publicação de uma obra costumava ser recebida com desconfiança, descaso ou, na melhor das hipóteses, com condescendência. Afinal, era só uma mulher escrevendo. Por isso, para realizar o desejo de publicar seus trabalhos, muitas usaram pseudônimos, o anonimato, ou se juntaram para criar jornais e revistas que atravessaram muitas vezes os limites de suas cidades, de seus Estados, e se converteram em verdadeiras redes intercambiantes de informações e cultura. Outras, apesar de tudo e todos, ousaram escrever poemas, contos, romances, teatro, e publicaram seus livros, que com o tempo se perdiam nas primeiras edições e na poeira dos arquivos. Em conhecido ensaio publicado na Revista Anhembi, em 1954, intitulado "As mulheres na Literatura Brasileira", Lúcia Miguel Pereira, assim como Woolf, decide buscar as escritoras antigas, e recorre à pesqui-
2009
O presente trabalho parte da reflexao derridiana sobre os males do arquivo para refletir sobre as escritoras brasileiras “anarquivadas”, isto e, deixadas de fora da memoria literaria nacional. Nesse sentido, pretende discutir sobre as dificuldades interpostas a pesquisa de textos de autoria feminina, especialmente os mais antigos, e seus impactos na formacao do cânone.
História e Cultura, 2022
Desde a década de 1970, historiadoras vêm apontando a ausência das mulheres nas narrativas da história tradicional. Como lembra Michelle Perrot, em seu hoje clássico texto "Práticas da Memória feminina", "no teatro da memória as mulheres são sombras
Revista Estudos Feministas, 2001
Registro- Revista do Arquivo Público Municipal de Indaiatuba, 2005
A variedade tipológica, o dinamismo das formas de organização, a multiplicidade e frequente heterogeneidade de agentes e a preocupação preponderante com a ação (mais do que propriamente com o registro da ação) são características dos movimentos sociais que influem decisivamente não só na produção de registros de sua história como na organização e acessibilidade dos documentos daí resultantes (seus arquivos). O presente trabalho discute a importância dos arquivos para os movimentos sociais e a relevância de sua preservação.
RIDPHE_R Revista Iberoamericana do Patrimônio Histórico-Educativo, 2016
Este trabalho resultou do livro Educação Libertária no Brasil-Acervo João Penteado: Inventário de Fontes e procura sintetizar a pesquisa desenvolvida ao longo de 10 anos no Centro de Memória da Educação, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (CME-FEUSP), por um grupo multidisciplinar de professores e estudantes de graduação e pós-graduação. Os estudos desdobraram-se em dois eixos: o primeiro refere-se ao levantamento e análise das fontes documentais e sua importância para a reconstituição da história escolar interligada à discussão teórica da historiografia da educação no Brasil, e o segundo eixo explora a importância das teorias e práticas anarquistas na educação iberoamericana sublinhando a relativa ausência de estudos sobre o tema.
Americanía: Revista De Estudios Latinoamericanos, 2023
A militância das mulheres no anarquismo se deu em várias frentes, apropriando-se do programa libertário com o objetivo de contemplar as múltiplas questões que envolviam a escravização da mulher, sua organização enquanto grupo e suas iniciativas. A imprensa teve papel central na cultura libertária que se formou no espaço rio-platense, exercendo a função de denúncia dos aprisionamentos da mulher e de formadora de novas anarquistas. Este artigo volta-se para problematizar a atuação das mulheres na imprensa como uma das expressões de sua militância, tomando como fontes centrais os jornais que circularam em Montevidéu, entre 1897 e 1910. Em um primeiro momento, a análise proposta privilegia artigos de mulheres ou sobre mulheres que apresentam diferentes perspectivas sobre questões de gênero. Em seguida, a reflexão foca na experiência das mulheres anarquistas como editoras de periódicos. Em última instância, pretende-se abordar como algumas ideias foram discutidas por ambos os gêneros no âmbito da imprensa operária e anarquista.
Revista Estudos Feministas, 2012
2018
O artigo discute as experiencias das mulheres anarquistas no Brasil no que se refere a organizacao, acao direta, propaganda e educacao por meio de seus relatos colhidos pela historia oral, por arquivos da repressao policial e, principalmente, por seus textos publicados em periodicos libertarios. Essa discussao e feita com vistas ao carater internacionalista da teoria anarquista e dos intercâmbios dos movimentos libertaros. O resgate de tais experiencias se faz por meio de rastros documentais e da problematizacao em torno da historiografia segundo referenciais da Historia Social do Trabalho e da Historia das mulheres.
Nascidas na escravidão, Harriet Jacobs e Amanda Smith ousaram escrever as próprias histórias em primeira pessoa. Tornaram-se escritoras da liberdade, em sentido amplo. Procuravam igualdade e dignidade em suas vidas. O presente trabalho procura decifrar os significados da escrita em primeira pessoa a partir de duas autobiografias de mulheres, nascidas escravas, nos Estados Unidos do século XIX. Por diferentes caminhos, a palavra escrita foi entendida por tais mulheres como arma contra a escravidão e pela liberdade.
UNICAMP , 2020
O fazer artístico está completamente vinculado com a forma de viver e de estar no mundo. A presente tese admite que há múltiplas faces do ofício de artista. Contudo, as que nos interessam são sociais e críticas e participam de um lugar solidário e compartilhável. O conhecimento situado parcial e localizável, fruto de um trabalho em arte, é um gesto corporal de responsabilidade ativa. Para tanto, parte-se de um lugar anticapitalista e de luta das mulheres. O fio condutor metodológico é a narradora (A Mulher do Canto Esquerdo do Quadro) que se encontra com escritos, documentos e produções dela e de outras mulheres que viveram nos anos 1900. Não há na narradora ou no ato narrado nada de excepcional, ela não lida com a exceção e/ou genialidade, e sim com um universo genuinamente das mulheres que sempre contaram histórias, sempre guardaram suas fotografias e sempre receberam pessoas em suas casas. O desafio no campo metodológico, aqui, foi unir uma perspectiva feminista com uma prática artística e de pesquisa (em arte e com arte) que advêm de uma responsabilidade ativa. A presente tese desmonta, remonta, edita e publica palavras e imagens por meio de uma narrativa encarnada anarcofeminista e situada.
Revista Estudos Feministas, 2021
Martha A. Ackelsberg é uma cientista política estadunidense, professora emérita de política e estudos de mulheres e gênero do Smith College em Northampton, Massachusetts, Estados Unidos. Lecionou cursos de política urbana, participação política, teoria feminista, teoria democrática e anarquismo. Ackelsberg estudava questões de identidade, diferença e comunidade. A escrita do livro faz parte da vontade da autora de contar a história de um grupo de mulheres e do movimento que faziam parte (Martha ACKELSBERG, 2019, p. 120). Mulheres Livres foi lançado no Brasil, em 2019, pela editora Elefante a partir da tradução publicada originalmente em inglês, nos Estados Unidos. O livro é particularmente relevante na literatura em língua portuguesa, devido à relativa escassez de publicações com os temas mulher, revolução e anarquismo nessa língua. Outro fator que torna a obra especialmente relevante é a abordagem de tais temas com outras revoluções similares em curso, como o Zapatismo e a Revolução Curda. Ainda, o volume é um registro inédito importante das memórias das militantes anarquistas espanholas e apresenta outros documentos (todos dados primários). A obra, ao longo das suas 410 páginas, tem o objetivo de apresentar a fundação da associação Mulheres Livres na Espanha, o desenvolvimento e a sua atuação. A autora relata que tinha uma fascinação pela organização, principalmente pelo aparente distanciamento das integrantes com o movimento feminista (ACKELSBERG, 2019, p. 35). Dividido em seis capítulos, o livro aborda em especial a experiência anarquista e de libertação das mulheres no contexto da Revolução Espanhola durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939): a primeira de cunho abertamente antifascista1. No primeiro capítulo, intitulado "A
História e Cultura
estudo de mulheres artistas, atuantes no entresséculos, oferece muitos desafios aos historiadores. Rotuladas de amadoras, muitas não foram reconhecidas pelo cânone artístico e consequentemente tiveram os vestígios de suas trajetórias ignorados por arquivos e muitas vezes perdidos definitivamente com o passar do tempo. Sabendo de tais desafios, o presente artigo centrará sua análise no caso da pintora paulista Nicota Bayeux (1870-1923). Pretendemos refletir a respeito das barreiras encontradas no estudo de sua trajetória, bem como os caminhos construídos para solucionar em parte as lacunas deixadas pela falta de documentação e fragmentação das fontes. Destaca-se também em nosso estudo a descoberta de um importante documento elaborado pela artista: seu Álbum pessoal.
Conjectura filosofia e educação, 2020
Trajetórias biográficas de mulheres feministas atuantes em movimentos sociais
A escassez numérica de arquivos de e sobre as mulheres sinaliza a necessidade de compreender e problematizar os fatores que ocasionam o apagamento e o silenciamento das trajetórias e das memórias femininas. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é analisar a representatividade das mulheres nos arquivos, refletindo sobre como a perspectiva de gênero pode perpassar as instituições arquivísticas. Para tanto, optou-se por realizar um mapeamento da discussão sobre o tema, apresentando as razões sociais e os fatores técnicos que impactam diretamente na discrepância numérica entre arquivos de mulheres e de homens, bem como na invisibilidade da memória feminina. A partir disso, buscou-se analisar a experiência arquivística do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (FGV CPDOC), uma vez que dentre os atuais 230 fundos pessoais sob tutela da instituição, apenas 19 são de mulheres, equivalente a aproximadamente 8%. À vista disso, o setor de documentação buscou problematizar o espaço reservado às mulheres e aos seus documentos na composição do acervo do CPDOC, desenvolvendo estratégias para identificar os desafios e as potencialidades desses arquivos. Assim, através da realização de entrevistas com profissionais do CPDOC, apresento tais estratégias a fim de servir de exemplo para outras instituições arquivísticas nacionais. Em suma, esta pesquisa propõe aguçar a discussão sobre a relação entre os estudos de arquivos e de gênero, a partir de um olhar crítico acerca da lógica androcêntrica presente nas instituições de salvaguarda de acervos. Tais reflexões ainda são bastante incipientes no cenário nacional.
O objetivo desse trabalho é analisar algumas miniaturas de um manuscrito do Ovídio Moralizado do século XV (o BNF Fr 137), a fim de percebermos como as fábulas pagãs foram cristianizadas por meio de imagens. Tomaremos como exemplo as representações das mulheres: mostraremos como as concepções cristãs do feminino, ao privilegiarem o par antitético Eva-Maria, moralizaram, a partir deste, as várias personagens mitológicas femininas.
2021
Este artigo apresenta a resistência libertária à masculinização da cultura a partir da análise do conceito de “verdadeiro gozo” de Teresa Claramunt. Insere Claramunt, pelo tratamento arqueológico de Foucault, no dispositivo de sexualidade (FOUCAULT, 2008). Demonstra como, ainda no fim do século XIX e início do XX, produziu-se uma sexualidade de resistência que não se centrava na instância “Sexo”. A proposta de recomposição libertária do indivíduo materializada no “verdadeiro gozo” de Claramunt dá preferência a movimentos sublimes.
2024
Resumo: Catherine Malabou escreve o clítoris desde o que ela própria chamará de "pensamento clitoriano", em trabalho, em curso, em Filosofia e anarquismo; e ela o faz, por meio de um vínculo entre a "teoria de gêneros" ou teoria crítica americana, em seus estudos culturais, e o pensamento do ser (Heidegger) revisitado pela Desconstrução. Desse vínculo, desprende-se a diferença em uma filosofia contemporânea, a qual soube ver o espaço de uma pluralidade de identidades possíveis em direção àquilo que será privilegiada, no presente texto, como distância. Tal distância, por sua vez, aparecerá como o efeito mais atualizado do pensamento político descentralizado e desidentificador, enquanto deslocamento do conceito de "diferença ontológica", possível apenas pelo pensamento da diferença sexual e de gêneros. O "feminino" será abordado como uma forma do pensamento e a partir de uma distância que o clítoris estabelece com as determinações conceituais e políticas fixadas pela metafísica ocidental. Um segundo vínculo será mais difícil de se desfazer, aquele entre a feminidade e o corpo da mulher, embora Malabou procure na distância entre eles um lugar político-filosófico de equilíbrio entre a extrema dificuldade e a extrema urgência de dizer hoje o feminino.
2018
The lyceum Our Lady of the Nile prepares the female elite from Ruanda to take over their roles at society. The discursive, ideological and cultural disputes reveal oppressive power relations, in which the Tutsi quota holder minority is constantly humiliated by their Hutus colleagues. In a country known by its violence and by its racial-ethnical differences, Scholastique Mukasonga intends to give voice to the memory so far obliterated by the genocidal practices. By unveiling the female students’ day-by-day, the author constructs a narrative that shows the private environment as a reflex of the excluding society. The testimonial content in the work discloses these female bodies in order to reveal another experience, different from the one contemplated in the official memory re-elaboration processes. A mosaic of voices, also polyphonic and plural, problematizes themes such as virginity, femininity, violence, rape, sexual abuse and power relations that are permeated as well by race and ...
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
Este artigo apresenta a trajetória do Laboratório de Estudos de Gênero e História – LEGH, da Universidade Federal de Santa Catarina, bem como discute a importânciade acervos acadêmicos de pesquisa para contribuir na disseminação de informações sobre o período das ditaduras civil-militares do Cone Sul. Todo o material coletado sobre gênero, feminismos e ditaduras no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile, vem propiciando várias análises, utilizandose das mais variadas fontes documentais e possibilitando um estudo comparativo a partir de diferentes pesquisas.
Loading Preview
Sorry, preview is currently unavailable. You can download the paper by clicking the button above.