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Globalizações passado e presente

2016, Cadernos Mateus DOC X: Globalização

Abstract

As viagens dos Descobrimentos são um dos actos fundadores de uma sociedade globalizada, estando na origem de trocas de experiências e no conhecimento de outras realidades. A circulação de formas e ideias durante a Idade Média potenciou a confrontação ideológica e a incorporação de novos saberes que de outra forma não seriam tangíveis. Serão as viagens dos descobrimentos portugueses, ponto de partida para uma realidade internacional globalizada acompanhados por uma atitude reflexiva em relação ao conhecimento ancorado numa forte ligação ao seu contexto de origem? Esta é tanto mais eficaz quanto maior for a capacidade de investigar sobre o sentido das coisas e as suas raízes. A historiografia da arte portuguesa tem-nos demonstrado a importância da viagem como possibilidade de cruzamento de influências e como esta contribui para a formação do gosto de mecenas e de autores. Em Portugal, tal como noutros países, a questão impõe-se nestas duas diferentes perspetivas. Sendo essencial entender o nosso enquadramento na realidade da Europa mediterrânica, é também impositivo perceber de que forma este enquadramento lhe permitiu desenvolver uma resposta tão particular. Serão as edificações deste período apenas importações de modelos ou, traduzem, em sim mesmas, uma perspetiva coerente e original? A interação de diferentes culturas e diferentes locais introduz uma matriz dinâmica que se concretiza, na realidade nacional, em edifícios ricos de simbolismo e de significado. A arquitetura da época manuelina inaugura uma nova forma de encarar o espaço. A sua unicidade e a funcionalidade mostram um momento particular na arquitetura portuguesa A história da arquitetura é feita sobretudo de descontinuidades. Todavia, as permanências deverão também ser tidas em conta. A linguagem clássica da arquitetura sempre esteve presente por todo o Mediterrâneo. A análise da arquitetura terá que ser feita a partir de um raciocínio lógico. De acordo com A. Zaragoza Catalán, apenas na nossa época é possível apreciar de que modo as influências formais do norte francês se refletiram nas poderosas tradições construtivas locais. Há que fazer uma nova leitura, por cima dos estilos (Carrera Santamaria, 2012). Fernando Távora diria: o estilo não conta, conta sim a relação entre a obra e a vida. (Alves Costa, 2001).