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A perceção subjetiva da solidão pela pessoa idosa

Abstract

Socialmente o envelhecimento envolve uma mudança de estatuto social, de relações/interações sociais exigindo do idoso uma adaptação contínua e uma reorganização de forma a manter a homeostasia. Quando investigadores questionaram aos idosos quais os problemas, ou dificuldades mais relevantes que percecionavam, as respostas foram: "a solidão". É crucial a avaliação da solidão não como estado unitário mas nos aspetos que integram a sensação de solidão em três âmbitos específicos: social, familiar e romântico para a manutenção/melhoria de qualidade de vida. Objetivos Identificar e caracterizar através dos dados sociodemográficos o grupo de pessoas idosas dos municípios de Covilhã (Portugal) e de Burgos (Espanha); Compreender se a perceção subjetiva de solidão é análoga entre o grupo de pessoas idosas dos municípios de Covilhã (Portugal) e de Burgos (Espanha). Palavras-chave: Envelhecimento, Idoso, Solidão Metodologia O estudo concretizou-se nos municípios de Covilhã (Portugal) e Burgos (Espanha). Utilizámos o método quantitativo sendo o tipo de amostragem não probabilística, método por conveniência do tipo acidental. Estabelecemos que ambas as amostras fossem equivalentes quanto à idade e género. Como critério de exclusão considerámos a pessoa idosa apresentar défice cognitivo moderado ou grave, aplicámos o questionário Mini-Mental State Examination (MMSE). Para operacionalização das variáveis utilizámos um questionário de caracterização sociodemográfica; escala SELSA-S (Short Version of The Social and Emotional Loneliness Scale for Adults). A fiabilidade das escalas utilizadas no estudo foi efetuada através da análise da respetiva consistência interna. Resultados A amostra constituída por 200 idosos, 100 residentes no município de Covilhã e 100 residentes no município de Burgos Ambos os municipios (Burgos e Covilhã) têm um predomínio do género feminino. Existe uma prevalência de pessoas idosas casadas. Quanto à escolaridade evidenciam diferenças estatisticamente significativas A escala SELSA-S permitiu-nos avaliar a perceção subjetiva de solidão dos idosos e podemos afirmar, pela análise dos valores médios e medianos, que os idosos de ambas as amostras evidenciaram baixa perceção de solidão social, familiar ou romântica. Constatamos, ainda, que a diferença é significativa no global. Os resultados do teste U de Mann-Whitney evidenciaram a existência de diferenças estatisticamente significativas nas dimensões social e familiar. A diferença é significativa no global. A comparação dos valores das medidas de tendência central permite-nos, também, afirmar que os idosos da Covilhã evidenciam índices mais elevados de solidão que os idosos de Burgos. Conclusões Ambas as amostras apresentam maior estado de perceção de solidão familiar. A idade está significativamente correlacionada com a perceção subjetiva de solidão na dimensão romântica mas não na dimensão global. Idosos casados, do género masculino, reformados, que vivem acompanhados, que tomam menor quantidade de medicamentos e que dormem mais horas tendem a apresentar menor perceção subjetiva de solidão. As conclusões desta investigação reforçam a urgência de sinalização e monitorização dos que vivem sozinhos, maior vigilância e supervisão do seu estado de saúde; promover atividades integradas de incentivo relacional, ocupacional e melhorar a rede de apoio social.