Academia.eduAcademia.edu

Política, identificações e a forja dos inimigos sob o político

2023, Revista Sul-Americana de Ciência Política

Abstract

Este artigo tem como escopo tratar, a partir de teorias pós-fundacionalistas, sobre as identificações políticas que emergem entre o social, a política e o político, notadamente as identificações políticas em torno da definição da ordem e de seus inimigos, em meio aos antagonismos. Para tanto, consideramos as contribuições teóricas de Laclau, Mouffe e Rancière, relacionadas com categorias elaboradas por Agamben e Schmitt. Na primeira parte, tratamos sobre uma breve caracterização sobre ideologia, considerando sua relação com os fundamentos e o télos que se estabelecem para o social a partir da política e, especialmente, do político. Trata-se da relação entre as articulações discursivas, da definição das identificações e da produção de sentidos para o social e a ordem política, destacando a teoria de Laclau e de Mouffe. São consequências da impossibilidade de fundamentos definitivos e estáveis, a viabilizar a disputa pelos sentidos que se estabelecem como fundamentos do social, entre o político e a política, como possibilidades para hegemonia e sedimentação de seus significados. Tem-se um horizonte epistemológico que permite demonstrar o caráter não definitivo dos fundamentos da democracia ocidental, conforme as teorias fundacionalistas, sendo passíveis de recorrentes ressignificações no jogo político, que é, sobretudo, uma disputa entre discursos. Na segunda parte, aborda-se a forma como se definem as identificações políticas a partir do referencial pós-fundacionalista, com destaque para a definição da ordem política e de seus inimigos, e as identificações que se forjam no antagonismo, traço ontológico do político, com suas implicações sobre as relações políticas. Notadamente, está em questão o limite entre a disputa adversarial e as relações entre amigo e inimigo, características da abordagem de Schmitt, presente também em Agamben e Mouffe. Em seguida, na terceira parte do artigo são analisadas as relações entre a ordem política e o consenso democrático, tendo em vista as pretensões da gestão pós-política do social. Nela, são comportadas as exceções engendradas a partir dos referenciais da ordem, como meios para salvaguardá-la diante dos riscos identificados no político, consideradas a dinâmica das relações entre este e a política. Em questão, está o consenso democrático, seus fundamentos e limites diante das manifestações do político, nas quais se encontra a possibilidade democrática, conforme Rancière e Mouffe. São problematizadas, também, as limitações originadas da institucionalidade pretendida além dos antagonismos, nas quais se conformam sentidos da antipolítica, e suas implicações nas articulações discursivas e suas identificações. Cabe ressaltar que nas relações entre o político e a