A propósito de Pagu", escrito por Mariza Corrêa e publicado em 1993 como o primeiro artigo do primeiro número da cadernos pagu, apresenta-nos brevemente Patrícia Galvão (1910-1962) em suas controvérsias e seu pioneirismo nas artes, na literatura, no jornalismo e na política. Segundo Corrêa (1993), somente leitores sensíveis saberiam captar que bons autores precisariam ser retomados e suas ideias levadas adiante, ainda que isso não implicasse, necessariamente, em um verdadeiro reconhecimento destes. Como fica claro ao final do artigo, Pagu é uma dessas autoras. Suas ideias ainda hoje circulam, mas o seu lugar nos cânones das artes e literatura não está completamente consolidado. Nomear como Pagu o núcleo de estudos de gênero e o periódico científico surgido desse mesmo núcleo é, a um só tempo, uma espécie de "resgate", tal como afirma Corrêa (1993), das ideias e um reconhecimento do pioneirismo e das lutas empreendidas por Patrícia Galvão. Além disso, e não menos importante, diz muito das relações e trocas na produção de conhecimento, mas também da constituição das redes de apoio e afeto inerentes ao pensamento e a prática feminista. Dessa maneira, afirma Corrêa (1993:17) "escolhemos o nome Pagu para o nosso Centro de Estudos de Gênero por sugestão de Beth Lobo, prima de Mara Lobo por muitas e boas razões" 1. Nesse mesmo número de 1993, ficou a cargo de Adriana Piscitelli elaborar a apresentação do periódico. Nas breves, porém instigantes palavras, a pesquisadora afirma: Apresentamos De trajetórias e Sentimentos, o primeiro número da Cadernos Pagu. Esta atividade é uma publicação intimamente ligada aos interesses e atividades de um grupo: um coletivo acadêmico interdisciplinar que pretende, através do trabalho conjunto, aprofundar-se no conhecimento em torno das categorias de gênero (1993:5, marcações da autora).