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Resenhas

2016, Revista Brasileira de Educação

Beberagens indígenas e educação não escolar no Brasil colonial, quinto livro de Maria Betânia Barbosa Albuquerque, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Valendo-se do estudo das beberagens, termo que Albuquerque cunhou para referir-se à prática do consumo de bebidas fermentadas, focalizando, em especial, a prática dos índios Tupinambá 1 no Brasil colonial, a autora discute e denuncia a concepção de educação que privilegia os saberes escolares e silencia os diversificados saberes não escolares. O livro traz em sua capa e contracapa uma gravura de Hans Staden, importante fonte histórica sobre os Tupinambá no Brasil colonial, que representa o momento de preparo das bebidas fermentadas, com as várias etapas retratadas, diversas gerações, inclusive crianças. A imagem parece sintetizar a ideia que a autora discorre no livro: o preparo das bebidas fermentadas pressupunha o domínio de saberes específicos, além de outros que os perpassavam, que circulavam e eram apropriados nesses momentos de preparo e posteriormente nos diversos eventos de consumo das bebidas. Para Thaís Nivia de Lima e Fonseca, que assina o prefácio do livro, o estudo é pioneiro em relação às questões da educação não escolar em perspectiva histórica, pouco explorada pela historiografia da educação brasileira. O objetivo geral foi "analisar de que modo as beberagens configuravam-se como práticas educativas ou instâncias de socialização fundamentais na estruturação da vida cotidiana dos Tupinambá" (p. 22). A análise teórica situou-se em estudos antropológicos, históricos, arqueológicos, mas sobretudo em estudos do "campo da educação em sua confluência com história, particularmente, com a história cultural da educação" (p. 23). O estudo é de natureza histórica, baseado em fontes