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Da vida da Lógica à lógica da vida

Abstract

A filosofia de Hegel é comumente descrita como organicista. A presença ubíqua de metáforas orgânicas é uma característica marcante de sua obra. Mas o uso metafórico da vida está intimamente associada ao tratamento conceitual que recebe na Ciência da Lógica, onde a vida aparece como a forma básica do Si, realização imediata da unidade entre objetividade e subjetividade. De acordo com Hegel, há uma estreita ligação entre cognição e vida. Neste trabalho exploramos a vida como a categoria da Lógica e mostramos como ela expressa a unidade de sujeito e objeto, que é central para o projeto hegeliano de idealismo objetivo. Examinamos a estrutura autorreferencial do indivíduo vivente e como esta se liga à noção de falta, que caracteriza o processo vital, e expomos a isomorfia entre o fenômeno da assimilação e o conhecer. Mostramos, ao final, que a conexão entre a vida e cognição não se restringe à filosofia dialética, mas reaparece na biologia teórica contemporânea, em especial com a teoria da autopoiese de Francisco Varela, que aponta para a organização circular de organismos e enfatiza o caráter autoprodutivo do processo vital.