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2020, Diadorim
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Procura-se neste artigo reconstituir, mediante análise de ensaios críticos, cartas e textos publicados na imprensa, o contexto em que se deu a publicação e a apreciação crítica inicial das obras póstumas de Cruz e Sousa, especialmente dos Últimos sonetos (1905). Apontado por Sílvio Romero, em 1900, como o maior poeta surgido em 400 anos de história do Brasil, Cruz e Sousa foi avaliado com muito rigor por José Veríssimo em janeiro de 1906. As divergências de vária natureza entre os dois críticos vinham do século XIX e já se tinham agravado após a publicação de estudo de Romero sobre Machado de Assis em 1897. Falecido em 1898, Cruz e Sousa seria causa de novas discordâncias entre os dois críticos, o que teria consequências para a recepção de sua obra como se pretende sugerir.
O Eixo e a Roda, 2021
Resumo: O artigo procura, por meio da revisão bibliográfica da fortuna crítica e da análise de poemas de Cruz e Sousa, refletir sobre dois dos perfis historicamente estabelecidos sobre o poeta catarinense: o de tribuno, poeta engajado na liça abolicionista, e o de místico, ligado ao culto à arte e a busca pela transcendência e comunhão com o Absoluto. Tais questões são pensadas à luz de bibliografia teórico-crítica brasileira e internacional, com eventuais contribuições do pensamento social e filosófico para a compreensão da poesia de Cruz e Sousa como um momento singular da poesia moderna brasileira e ocidental. Nesse sentido, demonstra-se que aquela dualidade se apresenta como perfil apenas parcial da produção do poeta, cujas temáticas e elaborações formais precisam ser pensadas com base no conjunto de sua obra e de suas transformações ao longo de sua trajetória literária.
Revista Mosaicum, 2020
Com base nos postulados apresentados por Raymond Williams, em sua obra "Tragédia moderna", especialmente os alusivos à violência sofrida pelas classes trabalhadoras frente ao complexo de forças que deram sustentabilidade à sociedade capitalista, pretendemos discutir, a partir da análise dos poemas "Humilhações", de Cesário Verde, e "Claro e escuro", de Cruz e Sousa, a presença de conflitos dramáticos entre classes sociais e instituições que se confrontam, ensejando a construção de percusos trágicos modernos.
Afro-Ásia
O presente artigo discute dois aspectos importantes da trajetória do poeta simbolista João da Cruz e Sousa. O primeiro deles refere-se às relações familiares e de solidariedade construídas pelo poeta com seus pais. O segundo diz respeito à sua participação na imprensa de Desterro como literato engajado na causa abolicionista, na segunda metade do século XIX, e à sua luta contra os limites raciais e sociais. Por meio de seus escritos, Cruz e Souza satirizava e protestava contra uma sociedade canhestra, racista e excludente.Palavras-chave: imprensa - literatura - memória.
Broquéis, particularmente, teria sido escrita nos anos iniciais de chegada do poeta à capital (logo, de 1890 a 1893). Nasceu da convergência de tendências já fixadas no meio literário brasileiro, das importações culturais, principalmente as francesas, da formação estética do poeta (na qual o romantismo tardio teve grande relevância, como se pode ver nos poemas esparsos da década de 80) 3 , da necessidade de ascender socialmente por meio da carreira literária e, sem dúvida, da personalidade "exótica", "arrogante" e "orgulhosa" do poeta, como descreviam os seus contemporâneos 4. Por consequência, parto de um pressuposto que será reafirmado ao longo do texto: o livro de poesia Broquéis é etapa importante de um percurso intelectual, com as deficiências e os avanços que esse percurso objetivamente poderia produzir. Ver Broquéis dessa maneira pressupõe compreender como convergem experiências pessoais e históricas, demonstrando assim a singularidade da obra. Desse modo, tratarei, no primeiro capítulo, da experiência histórica em que o intelectual Cruz e Sousa esteve inserido e dos limites culturais que a Primeira República impunha. Dos primeiros poemas abolicionistas e de estética mais claramente romântica à aceitação de uma "nova" poesia, há um caminho marcado por escolhas pessoais, mas também e, sobretudo, por limitações de ordem sociocultural. No segundo capítulo, dedico-me a encarar a fortuna crítica que se estabeleceu em torno do livro do poeta simbolista, dando destaque aos autores e críticos que enxergaram em Broquéis também um ponto de chegada, um produto acabado e com qualidades suficientes para ser analisado mais detidamente. Refiro-me aos estudos de Nestor Vítor, Maria Helena 3 Andrade Murici em introdução à obra completa de Cruz e Sousa, a qual ele havia organizado, refere-se a essa produção dos anos 80 como "de manifesta origem retórica e condoreira, à maneira de Pedro Luís, Tobias Barreto e Castro Alves, principalmente deste último" (Murici, Andrade. "Atualidade de Cruz e Sousa" In CRUZ E SOUSA, João da. Obra Completa. p. 24) 4 Lembremos a carta em que o próprio poeta se descrevia como "pobre artista ariano, ariano sim porque adquiri, por adoção sistemática, as qualidades altas dessa grande raça, para mim que sonho com a torre de luar da graça e da ilusão" e que se dizia "fatigado de tudo: de ver e ouvir tanto burro, de escutar tanta sandice e bestialidade e de esperar sem fim por acessos na vida, que nunca chegam". Trechos da carta a Virgílio Várzea, de janeiro de 1889, publicada na Obra Completa (2000: 822). 11 Capítulo 1 Cruz e Sousa e a sociedade dos Oitocentos brasileiro 1.1 Cruz e Sousa e a atividade intelectual Retomo breve traços biográficos já conhecidos de Cruz e Sousa com base em estudos e ensaios como o de Magalhães Júnior (1972), o de Murici (2000) e o de Oliveira Neto (2010) 6. Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, filho de Carolina Eva da Conceição, negra escrava liberta e Mestre Guilherme, escravo liberto apenas em 1865 por seu senhor Coronel Guilherme Xavier de Sousa, cuja esposa, Clarinda Fagundes de Sousa, ensinou o menino João da Cruz a ler e a escrever. Como mostrou ser prodigioso nos estudos, escrevendo seus primeiros poemas aos setes anos, foi cuidado pelo casal de senhores, sendo matriculado no Ateneu Provincial Catarinense em 1871, onde fica até fins de 1875. Com 16 anos, publica seus primeiros versos nos jornais da Província do Desterro, ganha notoriedade como um precoce talento. Em 1881, com o amigo Virgílio Várzea, funda um pequeno semanário denominado Colombo. Afeiçoado pelo Romantismo abolicionista de Castro Alves, dedica um dos números de seu jornal ao poeta condoreiro, por ocasião de 10 anos de sua morte. Por essa época, parece ter escrito um de seus poemas antiescravistas, reunido postumamente em O Livro Derradeiro, cuja inclinação estética faz lembrar a retórica condoreira do poeta baiano. Trata-se do poema "Escravocratas" 7 , no qual o poeta, de forma 6 Ver indicações completas nas Referências Bibliográficas. 7 Todos os poemas citados ao longo da dissertação podem ser encontrados na edição organizada por Andrade Murici. Cruz e Sousa. Obra Completa, publicada originalmente em 1961 e que teve duas reimpressões, a de 1995 e a de 2000. Utilizamos a de 2000, cujo poema citado encontra-se na página 234.
Revista de Letras, 2017
Este artigo tem como foco estudar a obra de Cruz e Sousa, poeta de singularidade ímpar na lírica brasileira. Ele foi, sem dúvida, fundante para a lírica moderna de nosso país, pois inovou seu processo criativo, preso aos moldes parnasianos, para uma poesia, ainda que acanhada, de estrutura mais livre, abusada em sugestões sensoriais, sobretudo por meio das sinestesias visuais que conferem sentidos ampliados aos seus textos. Tais características fez com que sua produção chegasse até nós como um espectro de cores que nos faz ter uma cosmovisão da sua condição existencial. O Objeto principal desse trabalho são as cores preponderantes em cada livro e suas relações com a construção semântico-temática dos livros analisados. Neste estudo, as análises serão amparadas nas noções da semântica das cores de Chevalier e Gheerbrant. Também destacamos a importância dos estudos de Bastide, Coutinho, Moisés, dentre outros em nossa fundamentação teórica e analítica.
Anuário de Literatura
Nesse artigo, o poema em prosa "Umbra”, de João da Cruz e Sousa (2008 [1891]), é tomado como epítome do espaço urbano derruído, reportando-o a Charles Baudelaire e ao poema pós-simbolista “Sub-umbra”, de Artur de Sales (1987 [1950]), como enunciação do estranhamento saturnino (Giorgio Agamben) e da renúncia (Paul Valéry) em justaposição ao conceito de “fugacidade eterna” (BENJAMIN, 2006). Nessa dialética, a imagem do afloramento calcário descrito em Umbra encontra as relações entre memória e estratigrafia de Walter Benjamin e, tendo por objeto esse “quadro micrológico da cultura cotidiana” (BOLLE, (2006 [1994]), o poema em prosa do século XIX se desdobra em textos contemporâneos – devir-barro no romance de Itamar Vieira Júnior; geocrítica de José Miguel Wisnik; tugurização e contra-arquitetura de Antonio José Ponte e simbolismo experimental de Claudio Daniel – e no site-specific Testemunho, do artista Daniel de Paula, à procura de registrar a fugacidade urbana em seu devir-natu...
Revista Linguagem em Foco, 2019
Este artigo apresenta uma pesquisa sobre a representação do discurso ficcional embasado na Gramática Sistêmico-Funcional proposta por Halliday e na Linguística de Corpus, utilizando-se o software WordSmith Tools. A análise focaliza a metafunção ideacional, realizada pelo sistema de transitividade, focalizando os processos mentais e a relação lógico-semântica da projeção. O objetivo da pesquisa foi observar como os pensamentos das personagens de um corpus ficcional são representados através dos verbos de elocução THINK e PENSAR, buscando descrever padrões textuais nos três romances que compõem o corpus. Os padrões textuais encontrados são comparados com o objetivo de se identificar uma possível "influência" do romance original de Aldous Huxley sobre a produção textual de Veríssimo tradutor e autor.
Araripe Jr., o primeiro crítico de Cruz e Sousa, tentando caracterizar o estado febril e difuso que imperava no Brasil no fim do século, nele observou uma aliança de niilismo e irracionalismo, decorrente de crise política mais vasta, mas responsável, entretanto, por novas respostas sociais, como um certo anarquismo, uma Utopia que se agitava, então, gelatinosa, e que talvez anunciasse um mundo em gestação, a nova América das idéias.
Caracol, São Paulo, n. 4, 2012, 2012
Na introdução de seu Panorama do movimento simbolista brasileiro, Andrade Muricy levanta a possibilidade de Rubén Darío ter incorporado a seus poemas elementos da obra de Cruz e Sousa, que o haveria impressionado fortemente. A hipótese permanece pouco investigada. Embora sustentada por impressões e dados refutáveis, não convém descartá-la: a semelhança apontada é instigante e o inquérito que ocasiona pode esclarecer aspectos significativos da produção dos chamados simbolistas e de toda poesia escrita na América em torno do ano de 1900, sobretudo no que respeita aos modos de apropriação e imitação de técnicas compositivas entre poetas.
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O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, 2021
Revista USP, 2011
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 2024
Mátria XXI, nº 11, 2022
Estudos Ibero-Americanos, 2006
Anais do SIMPEMUS - UFPR, 2008
Ilha Revista de Antropologia, 2016
Linguagem e Literatura: Democracia e Resistência, 2023
Uma amizade serena: Érico Veríssimo e Herbert Caro., 2006
Journal article in Revista Santa Catarina em História, v.12, no.1-2, 2018
Estudos em Jornalismo e Mídia, 2009
Linha D'Água
Estudos avançados, 2004
Revista Letras, 2014
Da Imersão à Emersão: narrativa e transitividade na ressignificação do eu, 2021