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Controvérsias Sobre O Currículo Da Geografia Escolar

2020, Revista Brasileira de Educação em Geografia

Abstract

Partindo do pressuposto de que o currículo da geografia é a primeira arena de disputas em torno da constituição de um campo acadêmico-científico da Geografia no Brasil, este artigo analisa o cenário de controvérsias, no contexto da década de 1930, entre as principais comunidades científicas da Geografia, a paulista e a carioca, em relação ao currículo da Geografia Escolar concebido no seio das reformas educacionais que caracterizaram os primeiros anos do governo Vargas. Metodologicamente, dois documentos são aqui analisados: o primeiro, de 1931, é o texto curricular publicado pela Reforma Francisco Campos, concebido pelas mãos da escola carioca de geografia, sobretudo sob a figura de Delgado de Carvalho. O segundo documento, de 1935, é a seção "Críticas e Notas" do Boletim Paulista de Geografia, em que Pierre Monbeig, Aroldo de Azevedo e Maria da Conceição Vicente de Carvalho expõem suas críticas e proposições curriculares para o ensino de Geografia no Brasil. Sugerimos, a partir de nossas análises comparativas pautadas nesses dois materiais, que havia um antagonismo entre estas duas comunidades científicas de Geografia no tocante à formação escolar secundária brasileira, sobretudo em termos de adequação da idade escolar aos diferentes conteúdos, escalas de análise e abordagem dos fenômenos de natureza geográfica.