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Cultura e Natureza

2012, Síntese: Revista de Filosofia

Abstract

T^Tíís, homens do fim do século XX, interpretamos nossa epocalidade como um daqueles momentos em que determinada compreensão do sentido-fundamento de nosso ser-no-mundo se põe em questão: aquele sentido da globalidade de nosso existir, um mundo de vida, que a tradição nos transmitiu, começa a perder sua evidência, sua legitimidade. É determinada cultura, entendida como modo determinado de interpretar o existir do homem na história, que começa a perder sua validade inquestionável, o que provoca o homem para, na reflexão, repensar o próprio princípio primeiro: a crise de civilização que vivemos, de que o despertar de uma nova consciência ecológica é talvez hoje o sinal mais claro, põe em questão, em última instância, a compreensão do "sentido primeiro", que a cultura dos últimos séculos, os séculos da modernidade, nos legou e que se exprimiu filosoficamente na "metafísica da modernidade": a filosofia da subjetividade. A crise ecológica é, assim, uma crise muito mais profunda do que talvez possa parecer à primeira vista: é uma crise do sentido da vida humana, é uma crise de compreensão do sentido-fundamento, que constitui o referencial tíltimo de seu existir, é uma crise do padrão de racionalidade, que marcou a primeira forma de civilização planetária, numa palavra, é uma crise de metafísica, de filosofia primeira. A filosofia primeira da modernidade, que se autodenominou "filosofia transcendental" em sua articulação paradigmática em Kant, se elaborou conscientemente como uma "reviravolta na arte de pensar" (KrV B XVÍ),