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2007, Viso
viria a desenvolver posteriormente sob o título de "estética".
Anais do Colóquio Internacional Estética e Existência. João Pessoa, 2022
Nesta breve apresentação veremos de que modo os chamados três grandes nomes do pragmatismo norte-americano Charles Peirce, William James e John Dewey desenvolveram uma estética que deu origem a chamada "estética pragmatista". Assim, buscou-se apresentar quais seriam as características gerais dessa tradição, e mais particularmente depois, detendo-se no trabalho de cada um desses autores. Deste modo observou-se como em Peirce já está presente uma certa reflexão estética, ainda que fragmentária e escassa. Em seguida, James rompe com os limites da estética colocando-se para além dela. Já, por último, apresentou-se em termos gerais a estética de John Dewey, que foi considerada por muitos intérpretes como Richard Shusterman, o coração central da estética pragmatista.
RESUMO A obra de arte é um fato social. É um produto social de indivíduos sociais, e sua lógica é construída a partir dessa visão. Mas deve principalmente ser autônoma. É na arte que a radicalidade da dialética encontra sua maior expressão. Pois, sendo expressão dialética e, ainda, negativa, ela é ao mesmo tempo social e antissocial. É a partir desta tensão entre autonomia e determinação que é desenvolvida a Teoria Estética (Ästhetische Theorie). O objetivo deste texto é, neste sentido, apresentar a radicalidade da teoria estética negativa adorniana como uma tentativa de trazer à luz não só outro esquecido pela razão moderna, mas, e de forma mais específica, pensar a liberdade em meio a uma sociedade de não-liberdade. A estética negativa, enquanto sensibilidade e movimento para o não-idêntico é, neste sentido, moção e fundamento de apoio à ética, enquanto propensão a uma possível vida menos errada. ABSTRACT The work of art is a social fact. It is a social product of social individua...
Saberes Plurais: Educação na Saúde
A obra Sobre a estética, de Edgar Morin, está organizada em oito capítulos. O tema abordado ao longo das 125 páginas do livro é a estética ou emoção/sentimento estético. Definida como um componente integrante da sensibilidade humana, a estética pode, segundo o autor, voltar-se tanto para a arte, como para a natureza, ou referir-se a aspectos da vida cotidiana, ou ainda da imaginação, através da combinação de cores, sons, narrativas, e outras formas de arranjos. Morin destaca que temos a capacidade de estetizar obras não destinadas especificamente a fins estéticos. O texto compõe uma escrita consistente e recheada de exemplos que apontam para a importância dada pelo autor à estética na formação humana. A obra é indicada de maneira especial aos educadores interessados na produção de uma metamorfose pedagógica. É também recomendada aos educadores comprometidos com a construção de uma Pedagogia Complexa manifestada nas tramas do Pensamento Complexo de Morin e sensibilizados na perspecti...
Neste artigo se discute a necessidade de participação da Estética na pesquisa científica. A Ciência precisa da Estética, na medida em que seu idealismo e suas idealizações prejudicam seu juízo sobre os objetos que pesquisa. A Ciência não pode ser puramente abstrata em seus métodos, porque precisa considerar o que está fora da ordem que visa comunicar.
Nesta aula, eu abordo o uso do termo mímesis em A República de Platão com o intuito de entender suas matizes interpretativas, tendo como tema central uma das passagens mais controversas da história da filosofia da arte ocidental, a saber, a expulsão da poesia da cidade ideal.
Revista Mosaico
Epistemologia (compreendida, aqui, como teoria do conhecimento) e estética (compreendida, aqui, como possibilidade de estudo das experiências) são comumente considerados como separáveis um do outro, quando não incompatíveis entre si. Contudo, o que se observa nas produções de conhecimento que se desenvolvem nas humanidades é, precisamente, uma interação profunda e profícua entre os dois campos. Afinal, a obra produzida nos saberes das humanidades manifesta-se como um texto, que orienta a experiência de seus leitores de forma a produzir uma gama de conhecimentos. O presente artigo, nestes termos, procura analisar e explicitar algumas das relações possíveis entre estética e epistemologia, valendo-se da historiografia como representante das humanidades.
É literatura de ficção científica? Sim. Pode ser julgado pelos critérios literários habituais? Não. Tal afirmação requer não apenas justificação, mas também uma ela-boração considerável. A ficção científica escrita, é claro, a literatura, embora a ficção científica noutras mídias (filmes, teatro, talvez mesmo pintura ou escul-tura) deva ser julgada por normas diferentes das aplicadas à palavra escrita 2. Concentrando-se na ficção científica como literatura, principalmente como ficção em prosa, este artigo tentará indicar algumas das limitações que os crí-ticos encontram na tentativa de aplicar a crítica literária tradicional à ficção científica. Para ser breve, o acesso do interesse acadêmico à ficção científica que tem ocorrido nos últimos anos tem levado a uma considerável dificulda-de. Não só os críticos acadêmicos encontram-se presos pela condescendência habitual (e irrefletida) ao lidar com esse gênero em particular; muitas vezes suas ferramentas críticas, por mais refinadas que sejam, simplesmente não são aplicáveis a um corpo de trabalho que, apesar de sua semelhança superficial com a ficção realista ou naturalista do século XX, é fundamentalmente uma forma drasticamente diferente de arte literária. Finos começos foram feitos na tipologia da ficção científica por Darko Suvin 3 da Universidade McGill, que se baseia nos parâmetros prescritos para o gênero pelo escritor e crítico polonês, Stanislas Lem 4. Samuel Delany, escritor e teórico de ficção científica, abordou as mesmas questões em um artigo re-cente, preocupado em grande parte com problemas de definição 5. Um ponto muito importante que surge no trabalho de todos os três críticos é que os padrões de plausibilidade-como se pode aplicá-los à ficção científica-devem ser derivados não só da observação da vida como ela é ou ___________________________________________________________________ Maurício Sampaio é designer e mestrando em Multimeios pela UNICAMP.
Cadernos IRI, nº 2, 2016
The aesthetic problematization that underlies the discussions about art tends to ignore the recurrent ambiguity of the notion of the sensitive (almost always related directly to its etymological root, the Aisthesis). In fact, this concept, which often serves as a non-problematic basis for the study of art and its aesthetic objects, is extremely comprehensive and flexible, being involved in many disciplinary areas, methodologies and conceptual relations that need to be pointed out. In these terms, the question arises: does it make sense to speak of different sensologies? And, if so, is it possible to delineate the terms of a specifically aesthetic sensology? Is the Aisthesis – as aesthetic experience – a specifiable phenomenon within a wider sensological landscape?
Revista Estética e Semiótica
A Estética ganhou autonomia no iluminismo. A Estética se torna uma Disciplina que vem provocar a visão que os filósofos da época tinham não somente sobre a arte do passado, mas também sobre os artistas e suas obras. Cabe observar que uma…
2011
Trabalho académico da Universidade Católica do Porto realizado em 2011 para a disciplina de Estética e Teorias da Arte. INDICE INTRODUÇÃO I – AS RAIZES DA ESTÉTICA FRANCISCANA II - A ESTÉTICA EM SÃO FRANCISCO DE ASSIS 2.1 – A espiritualidade e a beleza 2.2 – A beleza da alegria 2.3 – A beleza do Crucificado III – A ATITUDE DE SÃO FRANCISCO PERANTE A CRIAÇÃO IV – A ESTÉTICA EM SÃO BOAVENTURA 4.1 – Os transcendentais 4.2 – Categorias estéticas 4.3 – Mistério Trinitário 4.4 – O exemplarismo 4.5 – O corpo humano 4.6 – A Natureza 4.7 – Conhecer a Deus pelas e nas Criaturas V – O CÂNTICO DAS CRIATURAS: A ESTÉTICA DO LOUVOR E DA BONDADE CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA
Revista Crioula, 2011
RESUMO: O presente artigo procura fazer alguns apontamentos sobre ideologia da estética no romance moçambicano Terra Sonâmbula, do escritor Mia Couto, a partir das funções que exercem os cadernos de Kindzu na obra. Haverá considerações tanto sobre o porquê isso acontece neste romance quanto na linha em que o pesquisador se insere.
Revista Dissertatio de Filosofia, 2022
Defende-se que, em Platão, haveria um ataque ao estilo de arte realista, uma novidade à época. Será apresentada uma definição do que seria esse realismo, apresentando exemplos da arte visual, mas também, brevemente, da poesia. Será destacada a comunhão de áreas filosóficas na crítica platônica, pois não só a estética, como a epistemologia, a ontologia e a ética estão presentes no ideário que define a arte como um simulacro do real. Será abordada a questão da mímēsis e a diferença de perspectiva entre as Leis e os livros III e X da República.
Psicologia & Sociedade, 2015
Este artigo procura apresentar os conceitos de agenciamento e phylum maquínico, concebidos por Gilles Deleuze e Felix Guattari, para sublinhar o silício dentro do agenciamento contemporâneo homem-natureza. O silício (Si), matéria de destaque da microeletrônica, torna-se matéria expressiva de uma ética e de uma estética próprias. Com o objetivo de cartografar as forças que se colocam em ação em alguns agenciamentos homem-silício, busca criar uma imagem-pensamento tributária de uma estética do silício, que exprime um modo de existência. Neste trajeto, estão cartografadas algumas linhas de sustentação de uma sociedade de controle e outras linhas que agem em ruptura com a mesma. Com a arte, na idade da informatização planetária, vislumbram-se linhas orientadas a uma nova processualidade criativa e singularizante, capazes de promover mudanças nos posicionamentos do homem por uma vida portadora de certos valores estéticos.
Filosofia na Praia, 2019
Santo Agostinho (354-430), filho de Santa Mônica e discípulo de Santo Ambrósio, nasceu na cidade norte--africana de Tagaste, então integrante do Império Romano. Na juventude abraçou o maniqueísmo, doutrina dualista de origem persa. Converteu-se ao cristianismo em 386. Em 391 tornou-se padre e, poucos anos depois, foi eleito bispo da cidade de Hipona, também no norte da África. Leu e escreveu muitíssimo. Não é à toa que alguns especialistas consideram-no o pensador que mais influiu sobre a cultura ocidental. No ano de 430 morreu Santo Agostinho, enquanto Hipona era assediada pelos vândalos chefiados por Genserico.
2011
Este trabalho argumenta sobre a potencialidade da criacao estetica como construtora de um futuro diferenciado. O homem, em suas varias manifestacoes artisticas, serve como exemplo para representar a visao da ciencia moderna que entende, o individuo, suas ferramentas e suas relacoes como uma rede de interacoes, na qual as mudancas nao ocorrem jamais isoladamente. Essa postura complexa tem a finalidade de construir o amanha, a partir das relacoes estabelecidas entre os seus sub-sistemas. O resultado das interacoes e uma rede que nao tem nem inicio e nem fim, se conecta indefinidamente e permite, pelo dialogo entre seus diversos integrantes, a emergencia de novas perspectivas. E um compreender o mundo de forma sistemica em que os sub-sistemas ao trocarem informacoes entre si contribuem para o aumento da diversidade e da complexidade. O fundamento teorico do trabalho esta alicercado em Charles Sanders Peirce, Ilya Prigogine e Edgar Morin. Ilya Prigogine argumenta que e a criatividade qu...
Por princípio, é devida uma elevação do sensível para o supra-sensível e, em questões de metafísica, deve-se ser impreterivelmente um anesteta; mas, na medida em que a despedida do sensível não é possível na totalidade (o que pertence à conditio humana), então, em questões irredutivelmente estéticas, pode-se ser esteta à vontade. Fundamentalmente falso seria o completo abandono da elevação para o anestético; mas seria também errada, em sentido inverso, uma dissolução metafísica de todo o sensível, uma anestetização total." 1 1. O fim da metafísica Têm sido muitas a vozes filosóficas a declarar o fim da metafísica. Cada uma delas parte, necessariamente, de algum ou de alguns conceitos específicos de metafísica, que considera superados nas diversas modalidades contemporâneas de pensar a significação do mundo. A linha mais influente desta tendência filosófica é, sem dúvida, aquela que se vem traçando a partir de Heidegger -não sem forte influência de Nietzsche e de Dilthey. Segundo esta perspectiva, o percurso metafísico seria marcado, essencialmente, pela identificação entre ser e pensar, no processo de fundamentação de tudo o que é, com a correspondente redução do real ao conceito. Na modernidade, este percurso terá ganho claramente a característica de uma fundamentação do real no sujeito que o concebe. O idealismo -com a sua máxima manifestação em Hegel -terá marcado um ponto de chegada deste trajecto, em que o conceito subjectivo se identifica com o todo da realidade, na medida em que identifica toda a realidade com a consciência -a qual atinge a verdade de si e de tudo, quando atinge o nível da auto-consciência ou consciência de si (Selbstbewusstsein), enquanto consciência transcendental ou fundamentadora do ser e do pensar 2 . Ora, qualquer ponto de chegada é, precisamente, um ponto final. Nesse sentido, a modernidade -sobretudo na sua versão idealista -representa o ponto de chegada ou final da metafísica, colocando a nu, também, os limites dessa leitura do mundo -limites esses que residem, precisamente, na pretensão de não possuir limites, isto é, em certa configuração «totalitária» do pensamento. Sintomaticamente, foi no interior desse mesmo idealismo que se desenvolveu a convicção de que a metafísica atinge o seu apogeu precisamente na estética, enquanto unificação do sujeito e do objecto, numa visão englobante de toda a realidade e na clara afirmação de que "«verdade e bondade» sejam «irmanadas apenas na beleza», ou que o «mais elevado acto da razão» seja um «acto estético» e que a função unificante do belo deva estender-se a toda a sociedade, à humanidade e à história, na sua totalidade" 3 . Um programa mais metafísico para a estética seria inimaginável; mas, ao mesmo tempo, estamos perante a afirmação plena de um programa estético para a metafísica -com o qual, o pensamento metafísico parece ter dado lugar ao «pensamento estético», depois de ter sucumbido à aporia interna de não conseguir compreender plenamente o fundamento que sempre perseguiu, nem sequer como «eu transcendental» ou como «subjectividade absoluta». Quando Nietzsche, já em plena superação do idealismo, se propõe «fundamentar» o seu pensamento no seu «gosto» e não em argumentos ou na dialéctica 4 , está já distante da prática metafísica -mesmo que o seu modo de pensar possa ainda ser considerado uma fundamentação metafísica na «vontade de poder». Aliás, a relação entre estética e metafísica moderna assume, em Nietzsche, características especiais, de tal modo que nele se manifesta, paradoxalmente (ou aporeticamente), certo caminho nihilista da metafísica ocidental. De facto, o «pensamento estético» de Nietzsche articula-se como tomada de consciência de que o mundo -ou aquilo a que, habitualmente, chamamos realidade -não passa de uma construção humana, o que permite comparar o estatuto da nossa relação com o mundo à relação de um artista com a sua obra. Enquanto artistas, somos construtores do mundo, na medida em que originamos metáforas desse mundo, convencendo-nos, depois, que essas metáforas dizem, verdadeiramente, a realidade 5 . Mas não passam de ficções. E não há outro modo de pensar a realidade, senão no encadeamento e na relação mais ou menos complexa do conjunto de ficções que, po(i)eticamente, os humanos elaboram. 3 W. WELSCH, Vernunft. Die zeitgenössische Vernunftkritik und das Konzept der transversalen Vernunft, Frankfurt a. M.: Suhrkamp, 1996, 465. 4 Cf.: F. NIETZSCHE, Die fröhliche Wissenschaft 5 Cf.: F. NIETZSCHE, Ueber Wahrheit und Lüge im aussermoralischen Sinne, Sämtliche Werke (Colli/Montinari), München 1980, Vol I, 873-890. Assim sendo, não podemos falar de uma realidade existente, independentemente dessas ficções. O mundo não nos é dado a conhecer; nós é que o originamos, na medida em que o «conhecemos». O mundo como ficção passa a ser, então, a compreensão máxima do nihilismo ocidental -como máxima consequência da metafísica moderna da subjectividade -já esboçada na estética transcendental de Kant, que pretendia sujeitar todo o conhecimento às categorias do espaço e do tempo. Nietzsche seria, assim, a radicalização do impulso nihilista da racionalidade moderna e da sua metafísica -por isso, a manifestação máxima e última, a mais evidente também, da metafísica ocidental. Nesse ponto extremo, o pensamento metafísico coincidiria com o pensamento estético, enquanto ficção po(i)ética da realidade. Viver a realidade seria, então, fruir profundamente os mundos permanentemente construídos pela nossa própria ficção imaginativa. De facto, é nesta dimensão da fruição que Nietzsche esboça, em recuperação da dimensão dionisíaca da realidade, pretensamente eliminada pela dimensão apolínea ou racionalizante da metafísica, também aquilo a que viria a chamar-se, mais tarde, o "pensamento estético" 6 e que é apresentado como uma das características da denominada «pós-modernidade», isto é, de uma época que pretende pensar pósmetafisicamente -e de uma cultura que pretende viver como tal. Mas que poderá significar tal modalidade de pensamento e de vida, que parece marcar fortemente as sociedades contemporâneas? 2. Estética da fruição Wolfgang Welsch é, sem dúvida, um dos principais teorizadores contemporâneos do denominado «pensamento estético». Segundo ele, a palavra-chave dessa modalidade de pensamento -que encontra realizado em inúmeras figuras da filosofia contemporânea, como Lyotard, Derrida, Foucault, Vattimo, Cacciari, Sloterdijk, Rorty, etc. -é a «percepção» (Wahrnehmung). Esta está indissociavelmente ligada aos sentidos e, por isso mesmo, ao conhecimento sensitivo. Por um lado, porque evita distanciar a interpretação do sentido da sua articulação nos sentidos e na sua referência à realidade particular; por outro, porque elabora um discurso que pretende, ele mesmo, afectar os sentidos, cuidando por isso muito mais da dimensão retórica do que da dimensão puramente lógica. 6 W. WELSCH, op. cit. Também Walter Schulz, após abdicar das pretensões «dualistas» de fundamentação da história da metafísica ocidental -sobretudo da moderna, que procurava fundamentar a realidade empírica na subjectividade transcendental -lança uma proposta de metafísica «pós-metafísica», que coincide com a função unificante da beleza, tal como sugerida já no projecto do idealismo tardio. Trata-se, contudo, de um processo hipotético, semelhante ao que aparece articulado na arte moderna, que permite uma visão global do sentido, não já baseando-se em fundamentação segura, mas na "abdicação da confiança no mundo, em favor da insegurança no mundo" 9 . Essa insegurança coloca-nos numa situação «suspensa» (Schweben), num vaivém entre o «eu» e o «mundo», sem pretensões de colocar o fundamento nem dum lado nem do outro, mas mantendo-se na «vivência» concreta dessa situação constantemente inconstante. Certo modo de nihilismo seria, nesse sentido, a única metafísica que permitiria perceber ainda um sentido global da realidade, que residiria no puro processo ou movimento de viver esse sentido -na «fruição» do real «suspenso», indefinidamente, eternamente, num trajecto sem fundo, sem princípio e sem fim. Mas é já o próprio Welsch quem, na linha de Odo Marquard 10 , levanta o problema da relação deste pensamento «estético» com certa tendência «an-estética», enquanto negação da própria percepção sensível. De facto, a paradoxal situação do pensamento contemporâneo parece, ao estilo de Nietzsche, conduzir a percepção sensitiva do real particular (enquanto base imprescindível de toda a estética propriamente dita) à construção «poiética» do real como ficção ou como virtualidade. O momento a fruir, num processo de infinda suspensão, é um momento imaginário, construído virtualmente no próprio processo metafórico de o pensarmos e o dizermos. Ora isso só é possível por meio da construção artística/artificial de um mundo aparente -precisamente o mundo estético, enquanto Scheinwelt -como único mundo verdadeiro, que deve ser vivido segundo o modo do «estádio estético» da existência 11 . Torna-se, assim, claro que esta versão pós-moderna de "idealismo estético surge como fuga da realidade da história" 12 : «beleza» pode tornar-se, perigosamente, um outro 9 W. SCHULZ, Metaphysik des Schwebens, Pfullingen, 1985, 13. 10 Cf.: O. MARQUARD, Ästhetica und Anästhetica, Paderborn 1989. 11 O que permitiria colocar a actual «sociedade da fruição» (Erlebnisgesellschft) em paralelo com a «existência estética» teorizada por Kierkegaard (Cf.: S. KIERKEGAARD, Entweder/Oder, Gütersloh 1979; G. SCHULZE, Die Erlebnisgesellschaft. Kultursoziologie der Gegenwart, Frankfurt a. M. 1992). 12 J. SPLETT, Liebe zum Wort, Frankfurt a. M., 1985, 165. nome para «falsidade», mesmo na medida em que se pretende para além da distinção entre verdade e falsidade. Assim, parece evidente que a esteticização pós-moderna se perverte imediatamente em an-estética, isto é, em não-percepção da realidade, na sua verdade fenoménica. Do ponto de vista sócio-cultural, este problema manifesta-se, por um lado, na queda das...
Resumo: Este texto visa demonstrar a crítica feita por Adorno à indústria cultural e ao processo de Esclarecimento da racionalidade Ocidental; visa também refletir sobre o papel atribuído à arte pelo filósofo da escola de Frankfurt. Para Adorno, a arte apresenta a possibilidade de uma experiência que tenha sentido em si mesma e, portanto, livre das regras impostas pela indústria cultural. O caráter mimético da arte apresenta ao indivíduo que a contempla uma outra forma de experiência; ela é apenas uma promessa de felicidade. A arte, para Adorno, representa o retorno ao belo natural, ao reino da liberdade e daquilo que não foi submetido ao estado de dominação imposto pela racionalidade capitalista. Palavras-Chave: Adorno; Indústria Cultural; Esclarecimento; Arte Moderna; Mímesis; Belo Natural.
Polyphonía/Solta a voz, 2007
RESUMO Neste artigo, procuramos demonstrar como a questão da paidéia é colocada por Platão, na constituição de uma paidéia fi losófi ca, como verdadeira educação. Para compreender sua originalidade, situamos o pensamento pedagógico de Platão no debate que realiza com a cultura de sua época, sobretudo com os sofi stas-educadores que vendiam o seu conhecimento e viam na erudição a essência da paidéia.
Uma "possível" estética Pessoana, pode-se deduzir não apenas dos seus escritos acerca desta temática, como também da própria vertente poético/plástica da sua poesia ortónima e heterónima, e as confidências do Livro do Desassossego. Destes poemas e desta prosa "artística" e "ontológica" emerge uma imagética que se aproxima de elementos específicos das tendências estéticas, dos movimentos e correntes que foram seus contemporâneos: Cubismo e Futurismo, chegados do exterior; Sensacionismo e Interseccionismo teorizados pelo próprio Pessoa, ele mesmo, e Álvaro de Campos.
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