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“Portugalidade”: um nada que é nada

2023, Superinteressante

Abstract

É recorrente a reflexão sobre o que significa ser português, assunto que atrai intelectuais de diferentes áreas do saber. Ora convocando o messianismo, através de explicações esotéricas, ora assumindo que os factos, e apenas os factos, interessam. A este respeito, José Mattoso (2008) é muito lúcido, ao sublinhar que, se o critério de análise for o da objetividade, excluem-se desde logo as teorias míticas e messiânicas. É neste quadro que vou discorrer sobre o que me propuseram, com os olhos postos, sempre, na investigação que desenvolvo há já alguns anos, a propósito da “portugalidade”. Desconstruindo-a, como é timbre das Ciências Sociais e Humanas (CSH), que não se dão bem com essências, mitos ou cartilhas. Eduardo Lourenço sublinhava uma hiperidentidade portuguesa devido a um défice de identidade real, que se compensava no plano imaginário. Mas, nem por isso o ensaísta invocou a “portugalidade” para o justificar, bem pelo contrário, como deixou claro em entrevista à RTP, em que afirmava não existir “o” português, muito menos “portugalidades” .