2021, Jacqueline Batista Bessone do Couto
No decurso do Seminário de Turismo Patrimonial e Paisagens Culturais abordou-se a temática do Jardim Histórico. A introdução do conceito de paisagem cultural e a sua evolução, são o ponto de partida para o presente estudo. Os Jardins fazem parte da vida e do sonho da humanidade desde tempos imemoriais. Os monumentos e a sua salvaguarda, essencialmente após a 2ª Guerra Mundial, abrem o olhar à importância dos espaços de memória, onde se inserem os Jardins. Com a elaboração da Carta de Florença em 1981, o Jardim Histórico ganha um novo estatuto, mais protegido, valorizado e divulgado, tendo uma participação muito ativa na vida da sociedade civil e na interpretação da mesma. Efetuou-se uma revisão do estado da arte, por forma a compreender o processo evolutivo do enquadramento teórico, As metodologias de investigação incidiram na análise bibliográfica, investigação documental, bibliográfica e fotográfica dos Câmara Municipal da Figueira da Foz, e recorreu-se a alguma informação da netnografia. Por fim foi efetuada uma entrevista estruturada por escrito ao Sr. Vereador da Cultura do Município da Figueira da Foz. Pretende-se responder aos objetivos colocados, os quais consistem na compreensão da evolução da importância da paisagem cultural adaptada ao Jardim Histórico, em termos nacionais e internacionais e perceber a importância da Carta de Florença. Também a compreensão de conceitos associados ao turismo de Jardins Históricos e a sua trajetória bem como o conhecimento da história do Jardim Municipal da Figueira da Foz (JMFF) e a sua dinâmica da intervenção paisagística no JMFF, finalizam os objetivos deste trabalho. Ao avaliar a potencialidade do turismo de jardins numa perspetiva holística, passamos à análise da Palestra do passado dia 23 de Abril pelas 17.00h, efetuada pela Dra. Susana Silva, autora da Tese de Doutoramento: Lazer e Turismo nos Jardins Históricos Portuguesesuma abordagem geográfica. Foram abordados os artigos da Carta de Florença enaltecendo o Jardim Histórico, e abordou-se a temática internacionalmente, como por exemplo Kew Gardens no Reino Unido e a sua potencialidade turística, apropriada a todos os aficionados quer por flores quer por plantas, pagando quantias já avultadas para ter essa experiência. Foi introduzido o termo recurso turístico aplicado aos Jardins, e o modo de gestão que pode ser aplicado. Os Jardins Portugueses foram elencados bem como a sua inclusão em Rotas espalhadas por todo o país, tendo por base o trabalho da Associação Portuguesa dos Jardins Históricos. É interessante apercebermonos que em tempos passados já existiam jardins sustentáveis, pois em vários casos, as flores e plantas aí produzidas eram também vendidas in loco, possibilitando as intervenções de manutenção requeridas. As propostas para o futuro foram também apresentadas. Posteriormente abordou-se o caso específico do Jardim Municipal, o qual celebra o seu 130º aniversário a 13 de Setembro próximo. Precedeu-se à recolha de informação na imprensa da época, o que permitiu perceber a sua composição inicial, a qual foi sendo alterada ao longo do tempo. Foi possível elaborar uma tabela com as plantas identificadas. Chegados ao século XXI, o Jardim sofre uma intervenção brutal, que o descaracterizou. Na atualidade está a ser alvo de nova intervenção, com abate de árvores e transplante de algumas. O Sr. Vereador da Cultura do município da Figueira da Foz acredita que será de novo dignificado. Haverá lugar a uma classificação e atribuição de certificação? Revisão da Literatura Este estudo começa por efetuar o enquadramento teórico do tema em análise, jardins Históricos. Começamos por perceber o conceito de paisagem. A Bíblia faz referência logo no capítulo do Genesis, ao Jardim do Edém, "E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formad9o. 9 E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida" (Bíblia Sagrada, p. 24). No século VI a.C, o Rei Nabucodonosor, manda construir os Jardins Suspensos na Babilónia, ficando conhecidos como a obra mais emblemática do seu reinado por toda a Mesopotâmia. A obra é considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, não existindo contudo, vestígios arqueológicos. Compostos por terraços construídos em patamares, dando a ilusão de estarem suspensos, cobertos por jardins com imensas árvores de fruto, esculturas e cascatas de água. Os terraços eram a9poiados por gigantescas colunas.