Academia.eduAcademia.edu

O problema da consciência em Bombarda

2006, Miguel Bombarda e as singularidades de uma época: 1851-1910

Abstract

Na véspera da introdução da república num pequeno país da Europa ocidental, o médico psiquiatra Miguel Bombarda é assassinado por um paciente no seu consultório. A morte do Dr. Bombarda é trágica mas possui um significado grande para os investigadores científicos do cérebro, bem como para os filósofos da mente. O significado é este: uma teoria da mente mal construída pode ter resultados infelizes. Para além de ter sido professor de medicina e reformador brilhante das instituições psiquiátricas do seu país, o Dr. Bombarda foi autor de centenas de artigos (alguns publicados na prestigiosa Revue neurologique), de muitos livros e participante em algumas das polémicas intelectuais mais interessantes do seu tempo. Com este currículo notável, o significado da sua morte reside numa dupla surpresa: a dele e a nossa. Do lado dele, a morte às mãos de um paciente, que supostamente deveria conhecer bem, aproxima o Dr. Bombarda das figuras dos criadores ultrapassados pelas suas criações (o mítico Pigmalião, o Dr. Viktor Frankenstein, do romance de Mary Wollstonecraft Shelley, e muitos outros). Um pensamento que terá eventualmente surgido ao espírito do Dr. Bombarda nos seus últimos momentos é este: Como pôde isto suceder comigo? Do nosso lado, um século depois, o pensamento é semelhante: Como pôde o Dr. Bombarda ter sido assassinado? Por que razão estes pensamentos são obrigatórios? O Dr. Bombarda foi autor de um livro sobre a consciência humana em que expõe as perplexidades de