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2021, Literatura e Sociedade
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A partir da leitura de “Anúncio da rosa” (A rosa do Povo) e de sua referência explícita ao parnasiano, o ensaio busca compreender o movimento, que, estruturando-se em torno ao embate entre os “tempos difíceis” (burgueses) e o esteticismo, propõe a reflexão sobre engajamento e fechamento, ou (num desdobramento disso) sobre os limites e entraves do próprio projeto drummondiano, em seu livro mais participante (1945).
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
Em seu número 75, a Revista do Instituto de Estudos Brasileiros leva aos leitores um conjunto impressionante composto de nove artigos, duas resenhas e uma importante contribuição na seção Documentação. Impressionante não só pela qualidade dos textos, mas, paralelamente, pela diversidade de abordagens, inovadoras tanto no sentido dos temas, como também de novas leituras e interpretações de autores e problemáticas recorrentes no contexto acadêmico. O universo rosiano-no sentido mais amplo possível-é recuperado e (re)visto a partir de diferentes olhares e saberes. Tânia Biazioli, doutora em Psicologia Social pela USP, tendo por base a história da alimentação, nos apresenta as "Receitas para o amor, por Aracy e João Guimarães Rosa". De um lado, os cadernos de receitas de Aracy (mantidos no acervo rosiano do IEB), de outro, a obra Noites do sertão, de João, de entremeios com a relação amorosa do casal. No artigo "Ambivalências humanas e não humanas em 'Meu tio o Iauaretê', de Guimarães Rosa", os autores propõem, a partir do referido conto (ROSA, 1969), repensar o "encontro entre as noções de humanidade e animalidade", de maneira a problematizar o que seriam os limites do civilizado e do selvagem. Gustavo de Castro e Silva e Vanessa Daniele de Moraes-respectivamente, professor de Estética da Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Comunicação pela mesma instituição-colocam em discussão a suposta oposição entre "humanidade" e "animalidade", recuperando, para além da prosa do nosso autor, os mitos e as narrativas anteriores à colonização das Américas, bem como tradições rabínicas seculares. Mas o perscrutar da fortuna rosiana vai ainda mais longe. No artigo "Grande sertão: veredas, um inventário da avifauna", Klaus F. W. Eggensperger, professor de Estudos Culturais e Literários da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Willian Dolberth, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Letras da mesma universidade, objetivam apresentar "uma alternativa de leitura ecologicamente consciente que se opõe à perspectiva antropocêntrica que retrata os elementos da natureza de forma opaca e pitoresca". Para tanto, partem dos vocábulos utilizados por Guimarães Rosa (1956) para descrever flora e fauna, com especial atenção para as aves, atentando para os elementos masculino, feminino, temporal e de vocalização. Ade lia Bezer ra de Meneses, pr ofessora colaboradora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, em seu artigo "Sereias: sedução e saber", apresenta uma instigante re(leitura) do romance Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, de Clarice Lispector (1993), em contraponto com a Odisseia, de Homero
Alguns dizem que nos sonhos não existem senão engano e mentira, mas às vezes se podem ter sonhos que não mentem e que, com o passar do tempo, revelam-se verdadeiros. Para demonstrar isso, apresento um autor que se chamava Macróbio: ele não tomou os sonhos como brincadeiras, pelo contrário, escreveu uma obra sobre o sonho que teve o rei Cipião. 3 Apesar de tudo, se alguém pensa ou diz que é loucura e ignorância acreditar naquilo que sonhou, quem assim considera, que me tenha por louco, pois sei que o sonho adverte o bem e o mal que acontecerá às gentes. Além disso, são muitos os que durante a noite sonham coisas obscuras, as quais depois se apresentam com clareza.
Revista Espaço do Currículo, 2023
Resumo: Na perspectiva ético-crítica (DUSSEL, 2012), acredita-se que, ao reconhecerem-se como "vítimas" do sistema vigente, as pessoas podem estabelecer formas de se libertar das injustiças que enfrentam. Essa ideia inspira-se na prática de Freire (2019), defensor de uma educação humanizadora, para a qual criou um processo teórico-metodológico denominado Investigação Temática. Este trabalho se propõe engajado com o processo de humanização da comunidade de Vidal Ramos, um município agrícola do interior de Santa Catarina, a fim de transformar as situações de injustiça ali presentes (ainda que muitas não sejam facilmente reconhecidas pela comunidade), a partir de um planejamento didático inspirado na educação éticocrítica e na Investigação Temática. O planejamento foi realizado em encontros no formato de uma oficina, com o grupo Prosa no qual integra uma pessoa com vínculo na comunidade, o qual realizou análise de falas significativas, identificou as contradições, o tema gerador e o contra tema, bem como movimento de estudo crítico da situação com a identificação de conhecimentos demandados. Por fim, também se realizou um movimento de planejamento dialógico-problematizador em diferentes áreas curriculares, abordando as contradições discutidas. A partir do desenvolvimento de tais atividades foi possível perceber a factibilidade da perspectiva ético-crítica em um movimento de práxis curricular que parte da escuta da comunidade, da problematização dos limites desumanizadoras identificados nessa escuta e do movimento de identificação dos conhecimentos demandados pela análise crítica dessas situações. Em contrapartida, ficou evidente a exigência de um coletivo diverso e do envolvimento de membros da comunidade local no processo de Investigação Temática Freiriana.
Estudos Avançados, 2006
m "o burrinho pedrês", do livro Sagarana, de João Guimarães Rosa, podemos ouvir: "As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...". Mais adiante, no mesmo texto, ainda se ouve: "Boi bem bravo. Bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito...Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...". Essa dança das palavras aparece recorrente em toda a obra do escritor. Se seguirmos passos em Primeiras estórias, Corpo de baile, Grande sertão: veredas ou Magma, a sensação sonora se mantém. Podemos dizer que há momentos na literatura de Rosa em que se tornam muito audíveis os ruídos primordiais, sons de uma espécie de pré-música, ainda distante do período sacrificial de ordenação e de classificação em perspectiva modal e tonal, considerando aqui um breve período da história da música ocidental. 1 Noutros momentos, nos textos de Guimarães, ritmos modais, melodias e harmonias são entregues ao leitor a partir de personagens e de lugares. A sonoridade pode ainda nos chegar à maneira terceiramargeana, isto é, situada no tempero e na mistura das duas margens visíveis do rio com a sua terceira, insondada, de comas e de ragas imaginários, ou ainda, por uma espécie de escape, num real intangível, fora da escrita musical, que só se ouve em suspeita, tal qual a oralidade dos aedos e dos antigos. No trecho de Sagarana antes reproduzido, parece pertinente pensar numa representação ruidosa: de ancas, de dorsos, de estralos e de estrondos, de mugidos e de berros. Sem muito esforço, mais à frente, nesse mesmo recorte feito em "O burrinho pedrês", encontra-se a combinação rítmica, repetitiva, modal e ritual, na baba do boi bem bravo que bate baixo, o boi berrante. Noutros cantos, noutros contos, inúmeras sugestões melódicas e harmônicas: nos olhos de Miguilim, no violão de Laudelim, na canção de Siruiz, na festa de Manuelzão, com procissão e oferenda a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nos silvos e chiados de Sirimim, nas xurugações de Nhinhinha, na brancura misteriosa do polvilho em Maria Exita, na conversa dos bois, na valsa serena e desesperada do amor de Riobaldo e Diadorim, nos sons das invenções de Catraz, no recado cifrado do Morrão e na própria pirâmide do sertão. Num sopro de palavras, aqui e acolá, Rosa também nos convida ao silêncio-como proposta de percepção de fenômenos inefáveis: das garatujas e das
A concepção “Rosa/Roda da Inclusão” foi desenvolvida a partir de análises bibliográficas relacionadas às pessoas com Mobilidade Reduzida, ao Direito à Cidade e toda uma gama de discussões sobre Inclusão Social, Cidadania e Desenho Universal.
Ana Guardião, Miguel Bandeira Jerónimo, Paulo Peixoto, orgs., Ecos Coloniais: Histórias, Patrimónios e Memórias (Lisboa: Tinta-da-China), 2022
Matraga, 2020
A partir de coleção de biografemas de Guimarães Rosa-tomado aqui como personagem de seu próprio projeto singularíssimo de cruzamento de vida e obra-o conto "Os chapéus transeuntes" é lido como performance autoficcional; isto é, a escritura dessa estória pode ter servido de gesto de confissão e contrição do próprio Rosa, que assim expiaria seu pecado maior: a Soberba. A hipótese da pesquisa é que existe em vigência no aparato crítico um Rosa cor-de-rosa, tanto no sentido de atenuar sua "fala narcísica" (CHAUVIN, 2020), como no de obliterar a tradicional relação dessa cor à feminilidade. Na conclusão, aventam-se algumas questões sobre o autor talvez ainda não devidamente respondidas.
Quem conhece a história sabe que a desobediência é a virtude original do homem.
Revista da ABENO, 2014
O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) faz parte das estratégias do Programa Nacional da Reorientação da Formação Profissional em Saúde (PRO-Saúde). Com a participação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Estado do Paraná, o PRO-PET-Saúde é um programa que visa consolidar a integração ensino-serviço-comunidade para fortalecer as estratégias do Sistema Único de Saúde. Este artigo é um relato de vivência de dois grupos PET-Saúde, apresentado por quatro petianas do curso de Odontologia da UEPG, que atuaram na Unidade de Saúde Silas Sallen. O relato faz menção ao Dia Rosa: um evento realizado no mês de agosto para a saúde e cuidado da mulher, com o objetivo principal de demonstrar a importância do exame preventivo do câncer de colo do útero. Além deste exame, o trabalho multiprofissional do PET-Saúde UEPG proporcionou a execução de atendimentos odontológicos, solicitação de mamografias e orientações sobre o auto-exame das mamas, higiene e auto-exame d...
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