Papers by Victor Santos Vigneron

Preâmbulo-O tempo redescoberto Capítulo I-Da situação à trajetória: o que é posto em movimento? S... more Preâmbulo-O tempo redescoberto Capítulo I-Da situação à trajetória: o que é posto em movimento? Situações Trajetórias Capítulo II-Por uma logística sentimental de Paulo Emílio Salles Gomes Tempo de cinema Na cadência da espera O atraso pede passagem Por uma logística sentimental No rasto do pessimismo No rasto do otimismo Estação, periodização Ritmo de aventura Capítulo III-Intervalo. Um delegado no plano da imaginação Bazin, Vigo, Coco Todos os gatos são persas You are the global and we are the village Situação colonial, cinema estrangeiro Apêndice: paraguaio? brasileiro? cubano? ou mexicano? Capítulo IV-P.E.S.G.: relatório confidencial O gabinete do Doutor Paulo Emílio Em busca do Brasil formal Máquina de escreverpapel timbradocópia em carbono Tempo de urgência Rompimento do discurso Verso e reverso da vigilância Y a de la merde? Capítulo V-Encruzilhadas Vamos chamar o vento: a encruzilhada baiana Memória ao rés-do-chão Joaquim Maria Fagundes de Mello e Gomes: a costura dos corpos Do dois ao três, ou A reprodução a burrice paulista Oswald, febre terçã O golpe e a revolução Cemitério dos vivos Rasto atrás: crônica dos parentes Amortecimento Siglas utilizadas Entrevistas, depoimentos e consultas Referências documentais Referências bibliográficas Referências audiovisuais Anexo I-Livros citados da biblioteca de Paulo Emílio Anexo II-Cronologia de publicações de Paulo Emílio na imprensa (1956-1965) Anexo III: transcrições Exposição sobre a participação das artes visuais na Semana de Arte Moderna de 1922 Possibilidade de um filme de longa metragem em torno do cinema paulista de 1934 a 1949 Anexo IV: filmes em que Paulo Emílio participou nos anos 1970 Agradecimentos Dedico esta pesquisa aos meus colegas professores e a todos aqueles que têm sofrido em maior ou menor grau a acelerada destruição das condições de trabalho. Também dedico o trabalho aos alunos que estão sendo preparados para profissões que ainda não existem, mas que irão trabalhar para os mesmos patrões de sempre. Agradeço àqueles que de alguma forma tornaram viável esta pesquisa:
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 2021
O objetivo deste artigo é analisar o projeto de adaptação cinematográfica do romance "Amar, verbo... more O objetivo deste artigo é analisar o projeto de adaptação cinematográfica do romance "Amar, verbo intransitivo", produzido por Paulo Emílio Salles Gomes no final dos anos 1960. Propõe-se relacionar as escolhas formais e temáticas feitas pelo autor com outros aspectos significativos de sua trajetória. Espera-se, dessa maneira, recompor as posições estéticas e teóricas articuladas diante do regime militar. Nesse sentido, o recurso de Salles Gomes à ficção parece constituir um lance decisivo numa estratégia mais ampla de reconfiguração intelectual.
Revista Sures, 2021
A proposta deste artigo é realizar uma análise comparativa das trajetórias de Ferreira Gullar e P... more A proposta deste artigo é realizar uma análise comparativa das trajetórias de Ferreira Gullar e Paulo Emílio Salles Gomes durante a década de 1960. Uma vez que se trata de intelectuais com pouco contato entre si, não se pretende buscar pontos de conexão direta. No entanto, o fato de ambos terem colocado como problema a superação do atraso do país no campo da cultura justifica a comparação. Assim, pretende-se cotejar os elementos de afastamento e aproximação em seus percursos, com vistas a contribuir para o enquadramento geral da intelectualidade brasileira ligada às esquerdas enquanto tema de pesquisa historiográfica, sobretudo quanto ao “horizonte de expectativas” ascendentes que persistiu até o Golpe de 1964, quando paulatinamente tal cenário passa a sofrer um processo de reversão.

Anais Eletrônicos do XXV Encontro Estadual de História da ANPUH-SP, 2020
No fim dos anos 1960, o crítico Paulo Emílio Salles Gomes escreveu duas adaptações cinematográfic... more No fim dos anos 1960, o crítico Paulo Emílio Salles Gomes escreveu duas adaptações cinematográficas de “Amar, verbo intransitivo”, de Mário de Andrade. O romance permitiu a Salles Gomes aprofundar sua produção ficcional, que já contava com os roteiros “Dina do cavalo branco” (1962), “Capitu” (1966) e “Memória de Helena” (1967); ao longo dos anos 1970 o autor ainda produziria as novelas “Três mulheres de três PPPês” (escritas em 1973) e “Cemitério” (escrito entre 1973 e 1976). Considerando a posição de “Amar, verbo intransitivo” nessa trajetória, o objetivo é analisar a articulação desse projeto com a atuação política do autor após o Golpe de 1964. A participação na demissão coletiva de docentes da Universidade de Brasília (1965) e a suspensão de sua contribuição em “A Gazeta” (1968) levaram o crítico a buscar alternativas, dentre as quais se destaca o investimento ficcional em sua escrita. Esse movimento não inclui apenas o material já citado, mas a multiplicação de estratégias narrativas (anedotas, digressões, o uso do palavrão etc.) em contextos acadêmicos. Estratégias que marcam cada vez mais a presença do autor no texto. É nesse sentido que, na Versão II de “Amar, verbo intransitivo”, Salles Gomes inclui um conjunto novo de personagens, como Oswald e Raul Morais. A inclusão do autor (Mário Raul de Morais Andrade) no texto marca uma reflexão sobre a produção da narrativa e sobre o papel do intelectual. De forma ampla é possível afirmar que esse movimento no interior da obra de Salles Gomes se assemelha à produção fílmica da época que repassa os dilemas dos intelectuais evidenciados pelo golpe, como ocorre em “O desafio” (1965, dir. Paulo César Saraceni) e “Terra em transe” (1967, dir. Glauber Rocha). No entanto, o trabalho de Salles Gomes é marcado por algumas peculiaridades. Em primeiro lugar, as modulações da vinculação com o presente se dão de forma paulatina em sua ficção: são muito discretas no Segundo Império de “Capitu”; insinuam-se genericamente no prognóstico de Raul Morais sobre a São Paulo dos anos 1960 (“uma grande... BOSTA”); concretizam-se nas menções à tortura na produção poética de início dos anos 1970 (“Tortuto”; “Paris 1944 curvou-se ante São Paulo 1970”), em “Três mulheres de três PPPês” e em “Cemitério”. Mas a aproximação com a modernização conservadora seria trabalhada através de dois movimentos já articulados em “Amar, verbo intransitivo”: 1. a circunscrição do escopo narrativo a uma classe, a burguesia paulista (que de certa forma reapareceria na “aristocracia do nada” do ensaio “Cinema: trajetória no subdesenvolvimento”, de 1973); 2. a dessolidarização do autor com essa classe (o deboche que retrabalha a fórmula de Mário de Andrade, ao passar da “tosse paulista específica” para a “burrice paulista específica”).
Anais do XXXVIII Colóquio do CBHA, 2019
O objetivo deste trabalho é estruturar um percurso de leitura sobre a obra do crítico de cinema P... more O objetivo deste trabalho é estruturar um percurso de leitura sobre a obra do crítico de cinema Paulo Emilio Sales Gomes em torno da noção de erotismo. Partindo de seus comentários sobre as comédias eróticas dos anos 1970, a proposta é abordar um dos campos de reflexão do crítico, regulado pelas noções de “obscenidade”, “censura”, “moral”, “pornografia” e “erotismo”. Espera-se que, dessa forma, passagens conhecidas de sua produção (suas polêmicas com Oswald de Andrade, sua atenção crescente ao cinema brasileiro, suas reflexões sobre o subdesenvolvimento etc.) sejam enfocadas sob um novo viés.

Anais do I Congresso Pensamento e Pesquisa sobre a América Latina, 2019
O propósito deste trabalho é identificar os vínculos da crítica cinematográfica de Paulo Emílio S... more O propósito deste trabalho é identificar os vínculos da crítica cinematográfica de Paulo Emílio Salles Gomes com o cinema latino-americano e, mais especificamente, com os filmes mexicanos dos anos 1950. Embora tenha se "convertido" ao cinema brasileiro, é notória em sua obra a ausência de reflexões sistemáticas acerca da cinematografia dos países vizinhos. Ao lado dos panoramas de cinematografias europeias, apenas dois artigos do Suplemento Literário tratam de uma pesquisa sobre as cinematecas na região ("Rudá na Unesco" e "Situação latino-americana", 1961). Assim, o progressivo abandono de sua formação eurocêntrica em proveito do estudo da situação "colonial" do cinema brasileiro ("Uma situação colonial?", Suplemento Literário, 1960), não é acompanhado por uma sensibilização ante os filmes latino-americanos. No entanto, o caso mexicano é particular na reflexão de Salles Gomes. Este caso não supõe um enraizamento regional de suas reflexões (apesar do emprego do conceito de "subdesenvolvimento" ["Cinema: trajetória no subdesenvolvimento", Argumento, 1973]), mas permite ver sob uma ótica diversa seu diálogo com os filmes que surgem sob o "milagre brasileiro". Por um lado, o cinema mexicano (e, em menor medida, o argentino) foi evocado como um modelo de proteção à produção nacional ("Ao futuro perfeito" e "Uma revolução inocente", Suplemento Literário, 1961). Mas para além disso, a hipótese específica deste trabalho é que a obra mexicana de Luis Buñuel, incorporada por uma via europeia ("Veneza 52", Anhembi, 1953), parece oferecer um percurso que desaguaria, anos mais tarde, no interesse do crítico por filmes ligados ao ambiente periférico de São Paulo. Em outras palavras, o choque causado pela Cidade do México que aparece em "Los olvidados" (1950, dir. Buñuel) parece ser reatualizado em filmes onde a migração para as periferias parece ser a tônica,

História: espaço fecundo para diálogos 3, 2020
O objetivo deste trabalho é explorar certas estratégias adotadas pelo crítico Paulo Emílio Salles... more O objetivo deste trabalho é explorar certas estratégias adotadas pelo crítico Paulo Emílio Salles Gomes diante do problema da formação de uma cultura cinematográfica brasileira. Assim, trata-se de observar como Bahia e São Paulo são evocados em alguns de seus textos, de modo a indicar sua oscilação em torno de conceitos como “subdesenvolvimento” ou “formação”. Os marcos temporais que orientam a seleção do material são os anos de 1959, data de publicação de "Formação da literatura brasileira", do crítico literário Antonio Candido de Mello e Souza, e 1976, quando Salles Gomes fez seu último acréscimo a um texto de ficção mais tarde publicado com o título "Cemitério". No início dos anos 1960, o crítico acompanhava o clima otimista criado em torno de filmes como "Porto das caixas" [1962, dir. Paulo César Saraceni] e "O pagador de promessas" [1962, dir. Anselmo Duarte], que pareciam realizar as expectativas frustradas na década anterior pelo fracasso da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Representativa em relação a esse momento é a conferência “Um certo clima que reina hoje no Brasil em torno do cinema nacional”, proferida naquele mesmo ano de 1962. Ali, a latente independência econômica do cinema nacional era comparada à situação da literatura brasileira nas primeiras décadas do século XIX. Também nessa época o cinema baiano aparece na crítica e na correspondência de Salles Gomes com muita força. Filmes como "Bahia de Todos os Santos" [1960, dir. Trigueirinho Neto] e "Barravento" [1962, dir. Glauber Rocha] parecem confirmar para o crítico o crescente enraizamento nacional da cultura cinematográfica. O Regime Militar, no entanto, parece estar na raiz de uma revisão da parte do crítico paulista. O otimismo que marcava a década anterior era agora substituído por um ambíguo “jacobinismo” que, se não perdia o pé em uma perspectiva nacional, investia cada vez mais diretamente num aprofundamento em seu contexto imediato, São Paulo. Isso se faz sentir não apenas no papel de destaque que o caipira ganhava em sua crítica de cinema (de Amácio Mazzaropi a Ozualdo Candeias), mas também em sua produção ficcional, sobretudo no roteiro elaborado em torno de "Amar, verbo intransitivo", nas novelas "Três mulheres de três PPPês" e em "Cemitério". Conhecer e incorporar os limites de uma formação precária (a “burrice paulista específica”), parece agora ser o centro de uma estratégia que passa pela revisão da história local, movimento no qual a Bahia não deixa de ter um papel importante, mas muito diverso do que lhe era atribuído anos antes. É provavelmente nesse momento que o crítico escreve um material intitulado “Possibilidade de um filme de longa metragem sobre o cinema paulista de 1934 a 1949”, que serve de fecho para as reflexões aqui propostas.

Anais do 24º Encontro Regional da ANPUH-SP, 2018
Em “Cabíria, ou a viagem aos confins do neorrealismo” (1957, "Cahiers du cinéma"), André Bazin se... more Em “Cabíria, ou a viagem aos confins do neorrealismo” (1957, "Cahiers du cinéma"), André Bazin se propunha a difícil tarefa de incluir no cinema neorrealista a obra de Frederico Fellini. Como Gilles Deleuze notaria mais tarde, o crítico não tomaria a posição política como critério básico para definir esse movimento, fazendo-o antes por meio de elementos formais articulados ao conceito de “realismo”. Se tal conceito é tradicionalmente lido, na obra de Bazin, a partir de seu ensaio “Ontologia da imagem fotográfica” (1945, "Problèmes de la peinture"), um dos objetivos desse trabalho é refletir sobre os matizes adquiridos por esse realismo no contexto mais definido da crítica circunstancial de filmes. Sendo assim, serão discutidas as análises feitas por Bazin a respeito de três obras: A esperança (1945, dir. André Malraux), Paisà (1946, dir. Roberto Rossellini) e A batalha dos trilhos (1946, dir. René Clément). Ora, no momento mesmo em que buscava sentar as bases de uma definição ontológica da imagem, Bazin voltava-se para filmes que retomavam acontecimentos políticos recentes, como a resistência à ocupação alemã ou a Guerra Civil espanhola. A análise dos comentários do crítico a respeito dessas três obras nos permite, assim, identificar suas primeiras formulações em torno do que se poderia chamar de uma “retórica da transparência”, isto é, uma concepção de realismo como resultado de um trabalho de mise en scène. Anos depois, a propósito de filmes como Umberto D. (1952, dir. Vittorio de Sica) ou Diário de um pároco de aldeia (1951, dir. Robert Bresson), Bazin chamaria a atenção para a crise do acontecimento dramático, com a redução tendencial do roteiro aos gestos cotidianos. Ora, é possível afirmar que essa tendência se encontrava presente já nos referidos filmes do imediato pós-guerra, ainda que com arranjos diversos. Dessa forma, seja em suas reflexões gerais (a “Ontologia da imagem fotográfica”), seja por meio da análise circunstanciada, é possível notar a preocupação com o novo status político da imagem cinematográfica no pós-guerra, quando, por exemplo, ela adquire status de prova jurídica nos Processos de Nuremberg (1945-1946). Decorre desse novo lugar político das imagens um importante questionamento a respeito da tarefa da crítica: não apenas indicar o apelo ideológico do filme, mas sobretudo prolongar suas imagens, criar uma situação em que ao leitor-espectador é dada a tarefa de construção do sentido.

Anais do 29º Simpósio Nacional de História, 2017
O objetivo aqui proposto é efetuar uma primeira aproximação com determinados temas caros à obra d... more O objetivo aqui proposto é efetuar uma primeira aproximação com determinados temas caros à obra do crítico de cinema André Bazin. Mais especificamente, trata-se de situar sua defesa de uma concepção bastante particular de "realismo ontológico" no interior das tendências estéticas e políticas que marcaram a crítica francesa em meados do século XX. Grosso modo, tal posição foi associada muitas vezes a uma crítica do cinema fundado na montagem (Griffith, Kulechov, Eisenstein etc.), ao qual Bazin oporia uma exploração do valor ontológico inerente às imagens. Para tanto, sua crítica explorou um conjunto de conceitos que teria uma grande importância nos estudos sobre cinema, como a "profundidade de campo" ou o "plano-sequência". Estudos mais recentes, no entanto, apontam para a inexatidão dessa leitura, que se baseia em um conjunto relativamente pequeno de textos (sobretudo a "Ontologia da imagem fotográfica"), de modo a hipertrofiar algumas tendências importantes mas não exclusivas da obra do crítico. Sendo assim, esta intervenção tem por objetivo percorrer alguns textos de Bazin, particularmente aqueles dedicados ao cinema estadunidense. Por um lado, esse campo de interesse constitui já uma cisão política no seio da crítica francesa, predominantemente hostil ao cinema hollywoodiano. No entanto, a figura de Bazin possui uma inserção particularmente ambígua nesse campo, articulando-se de maneira deslocada com os variados nichos político-cinéfilos. Diante disso, parece profícuo acompanhar a análise de determinados diretores e atores para aferir a variação sofrida pela noção de “realismo ontológico” no âmbito de um comentário mais direto sobre filmes. O recorte documental proposto inclui o ensaio sobre Orson Welles (sobretudo seus comentários sobre “Cidadão Kane” e “Soberba”), o conjunto de artigos sobre a obra tardia de Charles Chaplin (principalmente “O grande ditador” e “Monsieur Verdoux”) e ainda seus ensaios sobre Humphrey Bogart ou sobre as “pin-ups”. Note-se que não se trata de analisar nenhum filme em específico, mas sim o percurso crítico constituído a partir deles, o que supõe certa especificidade em termos de análise formal. Assim, de forma algo semelhante à leitura proposta por Gilles Deleuze com relação à discussão baziniana em torno do neorrealismo, trata-se de analisar o significado propriamente político das opções estéticas do crítico no interior da indústria cinematográfica e do “star system” no momento de eclosão da Guerra Fria.
ARTICLES by Victor Santos Vigneron

Revista de História, 2024
Este artigo tem como objetivo analisar determinadas formas de prolongamento do Modernismo em São ... more Este artigo tem como objetivo analisar determinadas formas de prolongamento do Modernismo em São Paulo. Mais especificamente, trata-se de observar a manifestação desse movimento na trajetória do crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes entre os anos 1960 e 1970. Situado numa posição singular ante o Modernismo, o crítico articulou, ao longo de sua trajetória, diversas maneiras de lidar com o movimento. Por um lado, é possível aferir o prolongamento do tema nas formulações do crítico sobre a figura de Oswald de Andrade, de quem foi próximo desde os anos 1930. Por outro lado, uma reflexão mais abrangente sobre o Modernismo se cristaliza no início dos anos 1970, num documento em que Paulo Emílio reflete sobre a Semana de 22. Por meio dessas duas perspectivas, espera-se refletir sobre o sentido da atualização do Modernismo no contexto turbulento que se seguiu ao Golpe de 1964.
Revista Estudos Avançados, 2023
O objetivo deste artigo é comentar a conferência “Cinema Brasileiro e Realidade Social”, escrita ... more O objetivo deste artigo é comentar a conferência “Cinema Brasileiro e Realidade Social”, escrita no início dos anos 1960 por Paulo Emílio Salles Gomes. Mais especificamente, trata-se de identificar as tensões que atravessam a obra do crítico paulista num período marcado pela emergência de uma nova produção cinematográfica e pelas discussões em torno do desenvolvimento econômico do país. De maneira significativa, a conferência se apropria da obra Formação da literatura brasileira, de Antonio Candido de Mello e Souza, de modo a apresentar de uma maneira particular uma “tomada de consciência” acerca do cinema brasileiro, de sua situação e de suas possibilidades.
Significação - Revista de Cultura Audiovisual, 2022
O artigo a seguir trata de um pequeno conjunto de críticas escritas entre 1957 e 1... more O artigo a seguir trata de um pequeno conjunto de críticas escritas entre 1957 e 1959 por Paulo Emílio Salles Gomes. O objetivo é discutir, a partir desse material, uma primeira formulação mais sistemática para o sentimento de frustração do autor diante do cinema nacional. Esse problema seria retomado em seus ensaios mais conhecidos, produzidos no início dos anos 1960, e revela uma trajetória pouco conhecida de hesitações e reflexões em torno do par “expectativa-frustração”. O estudo desses artigos conclui que o atraso emergia então como categoria central para abordar não apenas a produção nacional, mas a própria postura do intelectual diante dela

d'Obras, 2022
Este artigo propõe uma aproximação entre a moda e o cinema a partir de dois autores de destaque n... more Este artigo propõe uma aproximação entre a moda e o cinema a partir de dois autores de destaque no campo acadêmico brasileiro, os críticos Gilda de Mello e Souza e Paulo Emílio Salles Gomes. Embora guardem especializações epistemológicas próprias, Gilda com o estudo da moda e Paulo Emílio com a crítica de cinema, constata-se que nem Gilda e nem Paulo Emílio são estranhos ao objeto originalmente abordado pelo outro, visto que Gilda elabora uma série de análises de filmes nacionais e estrangeiros, enquanto Paulo Emílio não é de todo alheio à questão do figurino, e, consequentemente, da moda, em suas críticas cinematográficas. Assim, ao analisar os escritos de Gilda e de Paulo Emílio sobre moda e cinema, nota-se como as relações de gênero e de sexualidade se sobressaem enquanto questões de relevância na abordagem de ambos os autores, ainda que a perspectiva adotada por cada um seja distinta. Considera-se, enfim, que mesmo se as análises desenvolvidas por eles acerca desses temas não sejam isentas de reservas ou reavaliações, elas oferecem um viés introdutório a suas respectivas obras e a seus métodos críticos.
Thesis Chapters by Victor Santos Vigneron

O tema desta tese é a trajetória do crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes em suas últimas d... more O tema desta tese é a trajetória do crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes em suas últimas décadas de atuação intelectual. A partir da pesquisa do material pessoal do crítico, depositado na Cinemateca Brasileira, além de textos publicados e de documentos dispersos em outros arquivos, a proposta é acompanhar as transformações em sua escrita a partir de finais dos anos 1950. Entre os anos 1960 e 1970, sua produção é marcada por um paulatino acercamento com o cinema brasileiro, fato que seria registrado em seus mais conhecidos escritos, “Uma situação colonial” (1960) e “Cinema: trajetória no subdesenvolvimento” (1973). No entanto, a análise de um conjunto mais amplo de documentos permite observar uma trajetória intelectual mais complexa. Afinal, Paulo Emílio encontrava-se na confluência da institucionalização de um determinado projeto moderno para o país, obstado por diferentes processos que afetaram sua posição; o advento do regime militar, o processo de institucionalização acadêmica e a aceleração da modernização capitalista num sentido conservador levariam de roldão algumas das formulações teóricas apresentadas pelo intelectual no início dos anos 1960. Diante disso, o objetivo específico desta tese é analisar as diferentes encruzilhadas a que a escrita de Paulo Emílio foi submetida, de modo a aferir o trabalho de formulação levado a cabo pelo crítico entre os anos 1960 e 1970. Nesse processo intelectual, a escrita de Paulo Emílio registra um paulatino amadurecimento de determinadas tendências, mas também o descarte de certas experiências, fato evidenciado nos esboços e nos materiais não publicados do autor. No conjunto é possível observar que sua derradeira produção, demarcada entre “Cinema: trajetória no subdesenvolvimento” e “Festejo muito pessoal” (1977), é um ponto de confluência de diferentes tendências, urdidas de forma paulatina na documentação privada, que configuram uma maneira muito particular de formalizar os dilemas de sua trajetória intelectual.
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