Dissertação de mestrado by Julio Talhari

Esta pesquisa analisa, do ponto de vista etnográfico, os visitantes da Pinacoteca do Estado, em S... more Esta pesquisa analisa, do ponto de vista etnográfico, os visitantes da Pinacoteca do Estado, em São Paulo. Embora seja o museu de arte mais antigo da cidade, a Pinacoteca se encontra, junto a outras instituições culturais da região da Luz, no meio de processos de revitalização por meio da cultura. Tais processos fazem parte de fenômenos urbanos globais que vêm redefinindo o papel dos museus no contexto urbano e relacionando-os com processos econômicos mais abrangentes. No entanto, a presente pesquisa busca um afastamento das análises que entendem os museus como parte de uma cultura de consumo e vê seus frequentadores apenas como consumidores. Contudo, não se propõe aqui uma antropologia do consumo, que – em que pese a notável superação de uma abordagem moral do tema – se baseia numa ruptura entre sujeito e objeto e compreende as relações materiais apenas como formas de representação de classificações e divisões culturais mais profundas de grupos sociais. Tenta-se, na verdade, compreender o comportamento dos visitantes da Pinacoteca em suas formas de sociabilidade, bem como a relação desses visitantes com os objetos de arte tendo como base uma perspectiva antropológica da arte e da cultura material. Tal perspectiva permite conceber as obras de arte como pessoas, o que dinamiza e complexifica as relações com objetos materiais. Assim, analisa-se, situacionalmente, as relações dos visitantes da Pinacoteca de modo que, por meio das obras de arte e dos laços de sociabilidade, as interações sociais possam ser ampliadas e, em vez de ocasião para distinção simbólica e social, a visita possa ser entendida como oportunidade de construção pessoal.
Papers by Julio Talhari

Routledge eBooks, Dec 8, 2022
Latin American cities have recorded dozens of traffc-related deaths every year of pedestrians and... more Latin American cities have recorded dozens of traffc-related deaths every year of pedestrians and cyclists, mainly due to urban mobility public policies and urban space that privilege motorised vehicles. Activists, artists and relatives of traffc victims have made urban interventions to blow the whistle on traffc violence and propose safer urban mobility designs to nonmotorised commuters. Regarding the cyclists, one of the public interventions has been the embed of ghost bikes-victims' white bicycles-in the location where the fatalities occurred. The endeavour in this chapter was to scrutinise these 'motionless vehicles' from an anthropological perspective, inspired by Gell's approach. This approach enables us to apprehend the ghost bikes as art objects, behaving like an extension of human beings and infuencing urban mobility, urban space and social imagery. Ghost bikes apprehended through anthropological analysis of images and digital cartography revealed a plurality of social relations between humans and nonhumans, fostering ways of sociability, social spaces and urban materialities safer for bicycle commuting. Moreover, art-activist interventions bring out political ways of life (and death) where oeuvre, life and the loss of cyclists' life are blended. In short, traffc-related deaths became political potency to ensure life.

Ponto Urbe, Dec 28, 2022
O objetivo deste texto é apresentar, ainda que sinteticamente, certo panorama etnográfico do cent... more O objetivo deste texto é apresentar, ainda que sinteticamente, certo panorama etnográfico do centro da cidade de São Paulo, mais especificamente da região da Luz, em contexto reconfigurado após dois anos da pandemia de Covid-19 e de ações da polícia, mais uma vez, para desarticular a chamada cracolândia, que, embora se fixe em espaços da região, se caracteriza como uma territorialidade itinerante (FRÚGOLI JR.; SPAGGIARI, 2010; RUI, 2012). A região da Luz (São Paulo)-aqui entendida por uma área mais ampla que compreende, além da própria Luz, partes dos bairros de Campos Elíseos, Santa Ifigênia e Bom Retiro-é marcada, por um lado, por abrigar prédios históricos e instituições culturais importantes e, por outro, pela presença significativa de pessoas em situação de rua, bem como práticas de prostituição feminina e uma das mais conhecidas cenas de uso de crack do país. Cultura e "degradação": notas etnográficas sobre as rearticulações na região ...
Muitas análises entendem os museus como par-te de uma cultura de consumo e veem seus frequentador... more Muitas análises entendem os museus como par-te de uma cultura de consumo e veem seus frequentadores apenas como consumidores. O presente artigo busca um afastamento de tais estudos ao tentar compreender o comportamento dos visitantes da Pinacoteca de São Paulo em suas formas de sociabilidade, bem como sua relação com os objetos de arte tendo como base uma perspectiva antropológica da arte e da cultura material. Assim, analisa-se, situacionalmente, as relações dos visitantes de modo que, por meio das obras de arte e dos laços de sociabilidade, as interações sociais possam ser ampliadas e, em vez de ocasião para distinção simbólica e social, a visita possa ser entendida como oportunidade de construção pessoal.
Primeiros Estudos, 2011
FASSON, K.; Talhari, J. . Entrevista com Ana Claudia Marques. Primeiros Estudos - Revista de Grad... more FASSON, K.; Talhari, J. . Entrevista com Ana Claudia Marques. Primeiros Estudos - Revista de Graduação em Ciências Sociais, v. 1, p. 193-213, 2011.
Ponto Urbe, Dec 2012
Este artigo é resultado de pesquisas etnográficas que partiram da análise do consumo cultural em ... more Este artigo é resultado de pesquisas etnográficas que partiram da análise do consumo cultural em instituições culturais na Luz, em São Paulo, com a finalidade de apreender usos, representações e possíveis interações entre o público das instituições com o entorno e com a população local. Tendo como base observações de campo e entrevistas realizadas na Sala São Paulo, na Pinacoteca do Estado e também no Parque da Luz, foi possível conhecer usos que os frequentadores fazem da região. A partir de tal conhecimento, concepções apriorísticas que muitas vezes tendem a caracterizar a Luz ou como um bairro cultural ou como uma região degradada, marcada pela presença da cracolândia e alvo, a partir de 2005, do Projeto Nova Luz, puderam ser repensadas.
Entrevistas by Julio Talhari
Primeiros Estudos, Aug 2011
RBCS, Feb 2014
Entrevista concedida em agosto de 2013 quando da passagem de Sharon Zukin por São Paulo para part... more Entrevista concedida em agosto de 2013 quando da passagem de Sharon Zukin por São Paulo para participar da conferência internacional “Patrimônio cultural: memória e intervenções urbanas” (FAU-USP). Zukin aborda o contexto nova-iorquino com ênfase em seu livro mais recente, Naked city (2010), em que lança um olhar atento às decorrências de vastas intervenções de reurbanização, analisa os meandros do tema da autenticidade urbana e aprofunda uma visão crítica sobre a influência de Jane Jacobs nos estudos e nas lutas políticas ligadas ao modo de vida urbano nos Estados Unidos. A socióloga também examina as relações dos grandes museus com a cidade e discorre sobre suas recentes pesquisas em Amsterdã e Xangai, em que novas temáticas são incorporadas em suas reflexões.
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