
Vasco Ribeiro
Vasco Ribeiro has a PhD in Communication Sciences from University of Minho, a Masters from the University of Porto Faculty of Letters and a Degree in Journalism from the Journalism School of Porto.
University professor and researcher at the University of Porto, since 2001, he has been a lecturer of “Communication Strategies”, “Journalism Studies”, “Political Communication”, “Public Relations”, and “Media Relations”. He also teaches “Content for Media” at the Porto Business School, “Press Advisory” at Porto’s Superior School of Journalism and “Public Relations” at the Higher Institute of Administration and Management.
He is the author of the book “Sophisticated Information Sources” (2006), published by Media XXI. Has published various articles in academic and scientific Portuguese journals in the information sources area and spin doctoring.
Professionally, he was coordinator of the Press Office for the Governing Party’s Parliament Bench and adviser to the parliamentary leader. He has both participated and coordinated a number of political campaigns, at local and electoral circle levels.
He initiated his professional career in communication as press advisor for the Young Entrepreneurs National Association in 1996, where he was responsible for media promotion of Portugal Fashion. He was Head of Communication for Normetro (1998) and for the University of Porto (2002). He also lead the Press Office for the Porto City Hall and he was press adviser for the then Mayor (1998-2001).
He is also responsible for developing communication consultation strategies to a number of companies, private and public institutions across the country.
Address: Praça Coronel Pacheco, 15
4050 - 435 Porto
Portugal
University professor and researcher at the University of Porto, since 2001, he has been a lecturer of “Communication Strategies”, “Journalism Studies”, “Political Communication”, “Public Relations”, and “Media Relations”. He also teaches “Content for Media” at the Porto Business School, “Press Advisory” at Porto’s Superior School of Journalism and “Public Relations” at the Higher Institute of Administration and Management.
He is the author of the book “Sophisticated Information Sources” (2006), published by Media XXI. Has published various articles in academic and scientific Portuguese journals in the information sources area and spin doctoring.
Professionally, he was coordinator of the Press Office for the Governing Party’s Parliament Bench and adviser to the parliamentary leader. He has both participated and coordinated a number of political campaigns, at local and electoral circle levels.
He initiated his professional career in communication as press advisor for the Young Entrepreneurs National Association in 1996, where he was responsible for media promotion of Portugal Fashion. He was Head of Communication for Normetro (1998) and for the University of Porto (2002). He also lead the Press Office for the Porto City Hall and he was press adviser for the then Mayor (1998-2001).
He is also responsible for developing communication consultation strategies to a number of companies, private and public institutions across the country.
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4050 - 435 Porto
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Edition by Vasco Ribeiro
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
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Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
Books by Vasco Ribeiro
We leave out the works edited in Portugal; periodicals; and others that diverge from the theme of travel and focus exclusively on another area of knowledge, such as History, Literature, Politics, Geography, Art, and many others, even though they may be written by foreigners.
We also did not include unpublished epistolography and limited the research to English, French, German and Spanish, and even when we identified separate works, we admit that there was no systematization in the search for other languages and, therefore, we leave that challenge for future investigations. The corpus was essentially obtained from a
private collection, the collection of the Municipal Library of Porto, the British Library, the New York City Library and the many online resources of digitized works.
Por isso, é de crucial importância conhecermos a real influência destes técnicos nas notícias, assim como percebermos as suas origens, o seu nível de sofisticação e as mutações sofridas ao longo dos tempos. No caso português, é indispensável ainda tentarmos perceber quem são, onde são recrutados e que técnicas empregam para atingirem o sucesso na conquista e manutenção do poder. Aliás, a influência dos spin doctors nos media é um fenómeno retratado em filmes e séries de grande sucesso mundial, circunstância que justifica um conhecimento mais aprofundado, não só dos mecanismos de ação da comunicação política, mas também dos efeitos positivos e negativos sobre a informação pública.
Uma comunicação social forte é indispensável ao regime democrático, pelo que este livro pode constituir um contributo para a compreensão dos mecanismos de produção do noticiário político em Portugal e, neste sentido, para uma maior perspicácia da opinião pública na interpretação das notícias.
Book Section by Vasco Ribeiro
Foi neste estilo próprio que o caracterizava, e que tanto fazia lembrar os textos políticos e panfletários da Primeira República, que Vasco Pulido Valente sintetizou magistralmente o que realmente pesou no resultado eleitoral das Europeias de 2019. Entre as aspirações da pouca “populaça” que vota e a governação de um país eternamente em crise económica, as “frívolas” campanhas eleitorais para o Parlamento Europeu não passam, lamentavelmente, de epifenómenos da sociedade portuguesa. O adjetivo usado pelo colunista e historiador para classificar as disputas eleitorais parece-nos revelador de tudo aquilo que estes “pseudoeventos” – usando a nomenclatura de Daniel Boorstin (1961) – representam. Como se de uma corrida de cavalos se tratasse, as disputas eleitorais eclodem sempre no espaço público através de ecos que dão conta de guerras internas sanguinárias para a construção das listas de candidatos; depois tentam planificar a campanha, mais ou menos organizada ao estilo português; ensaiam comedidos orçamentos, sabendo que vão gastar mais do que a lei permite; arregimentam “jotas” e ensinam-lhes como se faz uma “bolha” que protege o cabeça de lista das perguntas incómodas dos jornalistas; lançam-se à estrada, sempre com uma equipa que vai à frente a preparar o terreno por onde vão colher o voto; nunca se esquecem de ensaiar pitorescas surpresas de peixeiras que beijam apaixonadamente o candidato ou rosas que caem do céu nas arruadas; asseguram, não raras vezes com recurso à pressão, que os jornalistas (em particular das televisões) acompanham a caravana; tentam construir mensagens com conteúdo político, mas circunscrevem-se a um combate de “bocas”, casos e reações a notícias que não representam qualquer impacto para a vida dos eleitores; e, já na grande noite eleitoral e numa sala onde se misturam jornalistas e militantes, gritam todos vitória.
Para as redações, as campanhas eleitorais também são fabricadas com as mesmas rotinas de há muitos anos. Finalmente alguns jornalistas conseguem abandonar as secretárias e partem para o terreno; constituem equipas dedicadas aos partidos que estão no pico da pirâmide e viram costas aos que habitam na “espiral do silêncio”; juntam-se os meios de diretos para as televisões e a voragem noticiosa faz o resto. Os dias serão divididos entre as guerras de palavras dos candidatos, a escolha do soundbite e os momentos coloridos da campanha que animam a espuma dos dias. É preciso uma força contracorrente hercúlea para conseguir sair da “bolha” e das declarações enfadonhas em que o staff do candidato encaixa os jornalistas, que estão sempre com os microfones ligados à espera da não controlada provocação ou da suculenta gaffe. Mais do que a substância, é o folclore que vai enriquecer as peças pouco diferentes porque o ritmo e os conteúdos são, quase sempre, determinados pelas máquinas partidárias e pelas pouco exigentes audiências. As campanhas eleitorais criam uma vertiginosa força centrífuga que tanto impede os media de olharem para mais longe.
E foi com o propósito de tentar compreender e interpretar de que forma os partidos políticos portugueses atuam neste “campo de batalha”, procurando ganhar espaço mediático para persuadir os eleitores das suas promessas eleitorais, que partimos para este estudo. Decidimos analisar no mapa os seus périplos de campanha, perceber que eventos criaram e aferir o sucesso que tiveram na sua tentativa de induzir determinados temas na agenda pública. Numa triangulação metodológica que será explicada mais adiante, usámos, como corpus, a agenda de campanha diária difundida pela agência Lusa, cruzando as efetivas ações de campanha dos 17 partidos/coligações que participaram na corrida eleitoral com o noticiário político gerado durante os 12 dias de campanha oficial.
Parece-nos que não é menos importante o perfil dos autores deste trabalho de investigação, pois de um lado está um docente e assessor de imprensa político que participou em várias campanhas, em particular nas Europeias de 2014; e do outro está uma docente e jornalista que cobriu praticamente todas as campanhas eleitorais dos últimos 20 anos. Dois representantes de campos opostos e, não raras vezes, em conflito, que acabam por se enquadrar neste complexo e paradoxal campo da comunicação política que abarca propaganda e jornalismo.
Infere-se, portanto, que a gestão político-económica dos sucessivos governos transitórios, mesmo com inclusão dos que não foram liderados por Vasco Gonçalves (o I e VI Governo), foi, aos olhos da OCDE, positiva e até com desempenhos superiores a países do centro da Europa. Não deixa de ser curioso que este conturbado período de democratização, muito marcado pelo processo de descolonização, tenha resultado num presumido crescimento do país. Evidência que José Mattoso (1993, 273) atesta: «As consequência políticas e sociais da descolonização tiveram, aliás, mas relevância no futuro da sociedade portuguesa do que as consequências meramente económicas».
Todavia, não podemos fazer leituras precipitadas e demasiado otimistas, pois dois anos depois, durante o II Governo Constitucional formado por PS, CDS e independentes, o país viu-se forçado a fazer o primeiro pedido de empréstimo ao FMI. Deve igualmente ser referido que os países ocidentais haviam sido fustigados pelo choque petrolífero de 1973. Mesmo assim, não deixa de ser singular que um Governo que assumiu sempre a luta de classes e a construção do socialismo como principais bandeiras tenha apresentado estes indicadores de governação.
E Vasco Gonçalves, num aparente conflito entre a vontade de executar e a utopia em que sempre viveu, nunca escondeu que o seu objetivo final era o socialismo. Um sistema que seria implementado através de uma revolução cultural de educação do povo e da criação de um aparelho produtivo sólido, assente em trabalhadores coesos e unidos em torno de um único ideal de sociedade. Uma revolução que chegou a ter, à semelhança da Revolução Maoísta, um Livro Verde da Revolução, com tamanho de bolso e com citações do camarada Vasco Gonçalves, a instar à morte da «reação». Uma reação que tanto servia para catalogar fascistas e sociais-democratas como empresários ou religiosos. De resto, a revolução guiou-se pela hipérbole das muitas publicações apologéticas, repleta de anticlericalismo primário e de «clubite partidária», em tudo semelhantes às que abundaram na Primeira República.
Mas também foi um período de celebração da democracia. Tempos onde o cidadão português acreditava e trabalhava para um futuro melhor. Um período onde as desigualdade sociais e económicas, muito gravadas nos 48 anos de ditaduras, foram sendo atenuadas. Um ambiente de discussão e confrontação pública que agitava uma informada e, por isso, mais participativa opinião pública. Movimentos partidários repletos de apaixonados, idealistas e sonhadores que, mesmo num choque de soluções antagónicas, lutavam pelo que acreditavam. Um turbilhão de acontecimentos que estimularam novos e fraturantes movimentos culturais, potenciados pela virgindade das liberdades individuais. A quebra dos padrões hegemónicos do comportamento social ocorridos neste período, e com uma robustez semelhante ao ocorrido no centro da Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, gerou uma sociedade inconformada que em tudo contrasta com a atualidade.
Por isso, com o afastamento de Vasco Gonçalves, nunca mais a esquerda-radical voltou ao poder. Há quem defenda que com a morte do gonçalvismo também morreu a Revolução de Abril. Um presságio que José Saramago vaticinou, em pleno «verão quente», mais concretamente no editorial do Diário de Notícias de 23 agosto de 1975: «O primeiro-ministro Vasco Gonçalves é homem para o socialismo, o único entre as figuras históricas do MFA. Se é político para um dia ou para dez anos não futuramos. Apenas prevemos que saído ele não haverá socialismo em Portugal».
Sabe-se, também, que os executantes desta atividade, os press agents, atuavam com técnicas próximas do campo da assessoria de imprensa. Mais tarde, esta denominação profissional caiu em desuso e a promoção começou a ficar a cargo dos autodenominados publicists. Umas décadas depois, a promoção passou a ser denominada public relations e, mais recentemente, tem pro- liferado uma infindável heterogeneidade terminológica que vai desde communications director e press officer, passa por media consultant e pode terminar em head of reputation management ou spin doctor.
Perante esta variação identitária, não é difícil perceber que abundam equívocos e imprecisões quanto às origens desta atividade de promoção para-jornalística que vulgarmente se denomina de assessoria de imprensa, mas que frequentemente pode empregar múltiplos e variáveis rótulos e autodenominações. E também é com irresponsabilidade que se atribui a Ivy Lee a fun- dação (e até invenção) da assessoria de imprensa. Então, onde assentam os pilares fundadores desta atividade e porque ocorreram ao longo do século cíclicas mutações na sua denominação e autodenominação? Assim, procurando contribuir para o mapeamento da evolução histórica da assessoria de imprensa política, partimos para este capítulo com o objetivo de: 1) tentar compreender porque decorreram estas alterações na denomi- nação profissional; 2) quais foram as mais utilizadas e em que períodos conjunturais tiveram o auge de utilização; e 3) quais os seus principais atores.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
A colecção "Representar os Portugueses" teve a coordenação de Vasco Ribeiro e José Santana Pereira.
Os partidos políticos constituem um pilar fundamental dos sistemas democráticos representativos, em que os cidadãos delegam, aos seus representantes, organizados em estruturas partidárias criadas em torno de valores e projetos políticos-sociais, o poder de deliberar e tomar decisões sobre o rumo do país. Apesar da aparente apatia política dos cidadãos das sociedades ocidentais e de níveis oscilantes, mas geralmente elevados, de desconfiança em relação aos partidos e quem os povoa, continua a ser acima de tudo através dos partidos políticos que os cidadãos podem participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos. Em Portugal, durante a transição democrática, os partidos reestruturaram o Estado, escolheram o sistema político, redigiram uma Constituição e determinaram a realização das primeiras eleições livres. Após a consolidação democrática, têm sido estes mesmos partidos políticos o principal motor político do desenvolvimento social do país, através da representação dos vários pontos de vista da sociedade civil e da sua transformação em legislação e em obra. Por isso, uma nova geração de investigadores e docentes de algumas das principais universidades portuguesas-nas áreas de Ciência Política, História Contemporânea e Ciências da Comunicação-decidiu organizar uma colecção de livros que recorde, divulgue e destaque o papel que os partidos portugueses, com representação na Assembleia da República, tiveram e continuam a ter na construção do Portugal contemporâneo. Os seis livros que formam a colecção Representar os Portugueses apresentam aos leitores do Público uma oportunidade de recordar momentos, protagonistas, crises, bem como de reencontrar um conjunto de fotografias, cartazes e, até, autocolantes e objectos de campanha dos partidos políticos que marcaram o rumo da nossa História.
We leave out the works edited in Portugal; periodicals; and others that diverge from the theme of travel and focus exclusively on another area of knowledge, such as History, Literature, Politics, Geography, Art, and many others, even though they may be written by foreigners.
We also did not include unpublished epistolography and limited the research to English, French, German and Spanish, and even when we identified separate works, we admit that there was no systematization in the search for other languages and, therefore, we leave that challenge for future investigations. The corpus was essentially obtained from a
private collection, the collection of the Municipal Library of Porto, the British Library, the New York City Library and the many online resources of digitized works.
Por isso, é de crucial importância conhecermos a real influência destes técnicos nas notícias, assim como percebermos as suas origens, o seu nível de sofisticação e as mutações sofridas ao longo dos tempos. No caso português, é indispensável ainda tentarmos perceber quem são, onde são recrutados e que técnicas empregam para atingirem o sucesso na conquista e manutenção do poder. Aliás, a influência dos spin doctors nos media é um fenómeno retratado em filmes e séries de grande sucesso mundial, circunstância que justifica um conhecimento mais aprofundado, não só dos mecanismos de ação da comunicação política, mas também dos efeitos positivos e negativos sobre a informação pública.
Uma comunicação social forte é indispensável ao regime democrático, pelo que este livro pode constituir um contributo para a compreensão dos mecanismos de produção do noticiário político em Portugal e, neste sentido, para uma maior perspicácia da opinião pública na interpretação das notícias.
Foi neste estilo próprio que o caracterizava, e que tanto fazia lembrar os textos políticos e panfletários da Primeira República, que Vasco Pulido Valente sintetizou magistralmente o que realmente pesou no resultado eleitoral das Europeias de 2019. Entre as aspirações da pouca “populaça” que vota e a governação de um país eternamente em crise económica, as “frívolas” campanhas eleitorais para o Parlamento Europeu não passam, lamentavelmente, de epifenómenos da sociedade portuguesa. O adjetivo usado pelo colunista e historiador para classificar as disputas eleitorais parece-nos revelador de tudo aquilo que estes “pseudoeventos” – usando a nomenclatura de Daniel Boorstin (1961) – representam. Como se de uma corrida de cavalos se tratasse, as disputas eleitorais eclodem sempre no espaço público através de ecos que dão conta de guerras internas sanguinárias para a construção das listas de candidatos; depois tentam planificar a campanha, mais ou menos organizada ao estilo português; ensaiam comedidos orçamentos, sabendo que vão gastar mais do que a lei permite; arregimentam “jotas” e ensinam-lhes como se faz uma “bolha” que protege o cabeça de lista das perguntas incómodas dos jornalistas; lançam-se à estrada, sempre com uma equipa que vai à frente a preparar o terreno por onde vão colher o voto; nunca se esquecem de ensaiar pitorescas surpresas de peixeiras que beijam apaixonadamente o candidato ou rosas que caem do céu nas arruadas; asseguram, não raras vezes com recurso à pressão, que os jornalistas (em particular das televisões) acompanham a caravana; tentam construir mensagens com conteúdo político, mas circunscrevem-se a um combate de “bocas”, casos e reações a notícias que não representam qualquer impacto para a vida dos eleitores; e, já na grande noite eleitoral e numa sala onde se misturam jornalistas e militantes, gritam todos vitória.
Para as redações, as campanhas eleitorais também são fabricadas com as mesmas rotinas de há muitos anos. Finalmente alguns jornalistas conseguem abandonar as secretárias e partem para o terreno; constituem equipas dedicadas aos partidos que estão no pico da pirâmide e viram costas aos que habitam na “espiral do silêncio”; juntam-se os meios de diretos para as televisões e a voragem noticiosa faz o resto. Os dias serão divididos entre as guerras de palavras dos candidatos, a escolha do soundbite e os momentos coloridos da campanha que animam a espuma dos dias. É preciso uma força contracorrente hercúlea para conseguir sair da “bolha” e das declarações enfadonhas em que o staff do candidato encaixa os jornalistas, que estão sempre com os microfones ligados à espera da não controlada provocação ou da suculenta gaffe. Mais do que a substância, é o folclore que vai enriquecer as peças pouco diferentes porque o ritmo e os conteúdos são, quase sempre, determinados pelas máquinas partidárias e pelas pouco exigentes audiências. As campanhas eleitorais criam uma vertiginosa força centrífuga que tanto impede os media de olharem para mais longe.
E foi com o propósito de tentar compreender e interpretar de que forma os partidos políticos portugueses atuam neste “campo de batalha”, procurando ganhar espaço mediático para persuadir os eleitores das suas promessas eleitorais, que partimos para este estudo. Decidimos analisar no mapa os seus périplos de campanha, perceber que eventos criaram e aferir o sucesso que tiveram na sua tentativa de induzir determinados temas na agenda pública. Numa triangulação metodológica que será explicada mais adiante, usámos, como corpus, a agenda de campanha diária difundida pela agência Lusa, cruzando as efetivas ações de campanha dos 17 partidos/coligações que participaram na corrida eleitoral com o noticiário político gerado durante os 12 dias de campanha oficial.
Parece-nos que não é menos importante o perfil dos autores deste trabalho de investigação, pois de um lado está um docente e assessor de imprensa político que participou em várias campanhas, em particular nas Europeias de 2014; e do outro está uma docente e jornalista que cobriu praticamente todas as campanhas eleitorais dos últimos 20 anos. Dois representantes de campos opostos e, não raras vezes, em conflito, que acabam por se enquadrar neste complexo e paradoxal campo da comunicação política que abarca propaganda e jornalismo.
Infere-se, portanto, que a gestão político-económica dos sucessivos governos transitórios, mesmo com inclusão dos que não foram liderados por Vasco Gonçalves (o I e VI Governo), foi, aos olhos da OCDE, positiva e até com desempenhos superiores a países do centro da Europa. Não deixa de ser curioso que este conturbado período de democratização, muito marcado pelo processo de descolonização, tenha resultado num presumido crescimento do país. Evidência que José Mattoso (1993, 273) atesta: «As consequência políticas e sociais da descolonização tiveram, aliás, mas relevância no futuro da sociedade portuguesa do que as consequências meramente económicas».
Todavia, não podemos fazer leituras precipitadas e demasiado otimistas, pois dois anos depois, durante o II Governo Constitucional formado por PS, CDS e independentes, o país viu-se forçado a fazer o primeiro pedido de empréstimo ao FMI. Deve igualmente ser referido que os países ocidentais haviam sido fustigados pelo choque petrolífero de 1973. Mesmo assim, não deixa de ser singular que um Governo que assumiu sempre a luta de classes e a construção do socialismo como principais bandeiras tenha apresentado estes indicadores de governação.
E Vasco Gonçalves, num aparente conflito entre a vontade de executar e a utopia em que sempre viveu, nunca escondeu que o seu objetivo final era o socialismo. Um sistema que seria implementado através de uma revolução cultural de educação do povo e da criação de um aparelho produtivo sólido, assente em trabalhadores coesos e unidos em torno de um único ideal de sociedade. Uma revolução que chegou a ter, à semelhança da Revolução Maoísta, um Livro Verde da Revolução, com tamanho de bolso e com citações do camarada Vasco Gonçalves, a instar à morte da «reação». Uma reação que tanto servia para catalogar fascistas e sociais-democratas como empresários ou religiosos. De resto, a revolução guiou-se pela hipérbole das muitas publicações apologéticas, repleta de anticlericalismo primário e de «clubite partidária», em tudo semelhantes às que abundaram na Primeira República.
Mas também foi um período de celebração da democracia. Tempos onde o cidadão português acreditava e trabalhava para um futuro melhor. Um período onde as desigualdade sociais e económicas, muito gravadas nos 48 anos de ditaduras, foram sendo atenuadas. Um ambiente de discussão e confrontação pública que agitava uma informada e, por isso, mais participativa opinião pública. Movimentos partidários repletos de apaixonados, idealistas e sonhadores que, mesmo num choque de soluções antagónicas, lutavam pelo que acreditavam. Um turbilhão de acontecimentos que estimularam novos e fraturantes movimentos culturais, potenciados pela virgindade das liberdades individuais. A quebra dos padrões hegemónicos do comportamento social ocorridos neste período, e com uma robustez semelhante ao ocorrido no centro da Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, gerou uma sociedade inconformada que em tudo contrasta com a atualidade.
Por isso, com o afastamento de Vasco Gonçalves, nunca mais a esquerda-radical voltou ao poder. Há quem defenda que com a morte do gonçalvismo também morreu a Revolução de Abril. Um presságio que José Saramago vaticinou, em pleno «verão quente», mais concretamente no editorial do Diário de Notícias de 23 agosto de 1975: «O primeiro-ministro Vasco Gonçalves é homem para o socialismo, o único entre as figuras históricas do MFA. Se é político para um dia ou para dez anos não futuramos. Apenas prevemos que saído ele não haverá socialismo em Portugal».
Sabe-se, também, que os executantes desta atividade, os press agents, atuavam com técnicas próximas do campo da assessoria de imprensa. Mais tarde, esta denominação profissional caiu em desuso e a promoção começou a ficar a cargo dos autodenominados publicists. Umas décadas depois, a promoção passou a ser denominada public relations e, mais recentemente, tem pro- liferado uma infindável heterogeneidade terminológica que vai desde communications director e press officer, passa por media consultant e pode terminar em head of reputation management ou spin doctor.
Perante esta variação identitária, não é difícil perceber que abundam equívocos e imprecisões quanto às origens desta atividade de promoção para-jornalística que vulgarmente se denomina de assessoria de imprensa, mas que frequentemente pode empregar múltiplos e variáveis rótulos e autodenominações. E também é com irresponsabilidade que se atribui a Ivy Lee a fun- dação (e até invenção) da assessoria de imprensa. Então, onde assentam os pilares fundadores desta atividade e porque ocorreram ao longo do século cíclicas mutações na sua denominação e autodenominação? Assim, procurando contribuir para o mapeamento da evolução histórica da assessoria de imprensa política, partimos para este capítulo com o objetivo de: 1) tentar compreender porque decorreram estas alterações na denomi- nação profissional; 2) quais foram as mais utilizadas e em que períodos conjunturais tiveram o auge de utilização; e 3) quais os seus principais atores.
Editado por Sónia Pedro Sebastião e Paulo Martins
foi um relevante e dinâmico serviço co-suportado por diferentes governos.
Serviço esse que teve como objetivo primordial ser um elo de ligação (bidirecional?) entre o poder e a imprensa. Dito de outra forma, constituiu de facto um serviço que, aos olhos de hoje, se podia designar de assessoria de imprensa política, com atividade visível desde 1891 (ano referenciado nas "Memórias do ‘Esculápio’" do jornalista Eduardo Fernandes)"
A versão portuguesa da crise, analisada neste livro, intensifica factores como a desregulação das relações laborais, uma afasia crítica e reflexiva que se traduz na ausência de modelos alternativos de existência; desequilíbrio e distorção na representação de grupos e problemáticas sociais; perda de autonomia dos jornalistas; fortalecimento dos discursos hegemónicos em detrimento do pluralismo e da independência. É um quadro pouco esperançoso.
O conjunto de artigos aqui reunidos, da autoria de jornalistas, académicos e investigadores na área dos media, pretende contribuir para a inversão deste cenário. Porque a esperança se alimenta de um debate aberto e informado."
Organizadores: José Nuno Matos, Carla Baptista e Filipa Subtil
Este livro constitui o 1º volume da coleção Relações Públicas e Comunicação Organizacional – Dos fundamentos às práticas, que visa promover uma reflexão crítica alargada às diversas teorias, manifestações e aplicações das relações públicas e da comunicação organizacional na contemporaneidade.
In this paper we want to analyse how those Ministers managed their relation with the media during their governments, and to understand their communication strategies and the journalists’ reaction to them. We gathered every news article that mentioned health policies and was published between 2008 and 2011 in three generic newspapers: a daily quality newspaper (Público), a daily popular newspaper (Jornal de Notícias) and a weekly quality newspaper (Expresso). 1987 news articles were analised.
This paper is part of wider investigation, “Disease in the News”. This project’s purpose is to understand the health sector’s mediatisation in the Portuguese media through an analysis in four axis: the themes and sources of the health news articles; the information sources linked to health services; the organisation of those sources; how health journalists understand the health area; how the health sources evaluate the journalists’ work. We will share some of the results from the first part.
In 1938, the US Congress created the Foreign Agent Registration Act (Osgood, 2002, p. 245), commonly known as FARA, which obliged all US companies and agents working for foreign governments or foreign companies to submit an annual state- ment of their activity to the Department of Justice. It was through these records that we could verify that, in addition to the New York House of Portugal, the Portuguese regime registered, between 1938 and 1974, a set of five corporations/individuals that provided promotion services, articulated with the Portuguese propaganda bureau and the elite of New satate, with the aim of trying to shape the American public opinion. We therefore propose a longitudinal diachronic study, where we will try to describe and interpret the actions of these propagandist agents in promoting the image of the country, the regime and its highest leaders - Salazar and Marcello Caetano.
A decade before the publication of the first public relations manual in Portugal, a translation of the work of Sam Black (1962), Antonio de Oliveira de Salazar already had a portfolio with extensive personal correspondence with a public relations company in New York. It was called George Peabody and Associates and developed an intense and sophisticated work in tourist and political communication for the Por-tuguese Government during 11 years (1951-62). Through a search of the archives of Torre do Tombo and the US Department of Justice, as well as the epistemological and prosopographic study of the main figures of the old regime, we will try to dem-onstrate the strategies, tactics and main protagonists of this company that served the New State and the dictator of the regime. As a main conclusion, this article re-veals how, even during the 1950s and without António Ferro, the dictatorial Govern-ment itself carried out an instinctive communication shift towards the bidirectional asymmetric model (Grunig & Hunt, 1984)
assessores de imprensa enquanto peças basilares no processo noticioso e, em particular, tentar perceber até que ponto eles
podem guiar e condicionar o trabalho jornalístico. Evitando posições conspirativas e maniqueístas, demonstra-se no texto
uma tendência pragmática de indução noticiosa praticado por assessores de imprensa, relações-públicas, consultores de
comunicação, porta-vozes e outras fontes que trabalham profissionalmente a informação.
Nos meados da década de 80 o termo inglês “spin doctor” começou a ser a melhor forma de classificar os assessores de imprensa que, ao serviço de partidos e governos, manipulavam jornalistas e, consequentemente, a opinião pública (Campbell, 2002; Kurtz, 1998; Maltese, 1992; Manning, 1998; Safire, 1984; Sumpter & Tankard, 1994). Partindo deste pressuposto, e tendo como objetivo central tentar perceber se há, de facto, spin doctoring em Portugal, decidiu-se realizar entrevistas de elite a elementos que “habitam” o centro da atividade política nacional e o núcleo da maior concentração e produtividade de jornalismo político em Portugal - a Assembleia da República. Realizámos, assim, 30 entrevistas ao trinómio políticos-assessores de imprensa – jornalistas; nomeadamente 1) aos assessores de imprensa que desenvolvem a sua atividade para os diferentes grupos parlamentares; 2) aos jornalistas ‘residentes’ no Parlamento e que lidam diariamente com estes profissionais; e 3) aos políticos que recorrem e contratam os seus serviços. Ressalve-se entre os entrevistados encontram-se dois ex-primeiros-ministros de Portugal, Pedro Santana Lopes e José Sócrates, e vários assessores de imprensa e consultores que serviram diversos partidos e vários governos. Entre os resultados, não só se evidencia a existência desta atividade em Portugal, como também se identificam os seus principais protagonistas.
mídia contemporânea por meio da análise de conteúdo (BARDIN, 2011) de dois press
releases da área de saúde de ambos países, e respectiva cobertura feita por dois jornais de
grande circulação brasileiro e português. As categorias analisadas foram duas: 1) elementos
narrativos (narrador, personagens, tempo, espaço e enredo), para verificar se há a intenção
de contar uma história no press release; 2) destaque a personagens, como formas
expressivas de persuasão do aproveitamento do material pelo jornalista. O resultado sugere
a complexa trama midiática contemporânea, composta por fontes, assessorias de imprensa e
jornalistas, mas também por outros atores sociais, como organizações não governamentais,
celebridades e redes sociais.
Muitos são os estudos que provam os altos índices de eficácia
deste suporte na indução de notícias, mas quase nada se conhece
sobre o seu processo de produção. Procura-se, desta forma, tentar perceber com que propósitos e de que forma o press release é elaborado para ter a aceitação dos jornalistas, assim como entender o processo de transformação que estes textos sofrem até serem publicados como notícias finais. Este ensaio procura, também, levantar a discussão sobre o conflito entre as relações públicas e o jornalismo, nomeadamente se os press releases se assumem mais como produtos promocionais ou jornalísticos.
destaca-se os ‘eventos’ como uma das principais ferramentas, por parte da indústria das relações públicas, na promoção de temas do interesse do poder político, das instituições ou das empresas.
de fontes, identificou os meios de transmissão de informação aos media e caracterizou os
graus de confidencialidade adoptados nesta tarefa. Entre as conclusões destaca-se a circunstância de só um terço do produto jornalístico dos diários estudados ser produzido por iniciativa das redacções. Mais de 60% das notícias resultam de uma acção de indução por parte de assessores de imprensa, relações públicas, consultores de comunicação, porta–vozes e outros peritos de spin doctoring – ou seja, são determinadas pelas chamadas fontes sofisticadas de informação.
A exposição VISEU PELAS BOCAS DO MUNDO pretende mostrar a cidade de Viseu através do olhar de viajantes estrangeiros, autores e editores de guias e livros de viagem publicados entre 1820 e 1974, com particular enfase para as suas gentes, costumes, história e património. Assente num corpus de mais de 600 obras de várias línguas, reunidas a partir de uma coleção particular, esta iniciativa irá revelar, através de frases e imagens, as impressões dos viajantes estrangeiros que, ao visitarem Portugal, não ficaram indiferentes à beleza de Viseu e da região da Beira Alta.
O desafio foi lançado pela Vereação da Cultura do Município de Viseu a um conjunto de docentes e investigadores da Universidade do Porto de várias áreas do conhecimento, tais como Ciências da Comunicação, Ciência da Informação, Arte e Design, pelo que se espera que a exposição possa refletir a forma particular como cada um perspetiva, sente e destaca os conteúdos a partir de diferentes áreas de conhecimento.
Also highlighted is the fact that the political press consultancy office has been one of the author’s occupations, as well as a subject of study in previous research papers in the field of communication sciences.
This thesis starts off by revealing the weight of professional sources of information serving the interests of organizations, while making inroads through the history of domestic and international political press consultancy, from the dawn of civilization to practically our time. A proposal with a particular focus on media manipulation techniques by the most significant U.S. presidents, but also a description of analogous practices in our still young democracy.
At a central stage of this thesis, we will examine and compare the concepts of manipulation, persuasion and journalism with the press consultancy office. We will also compare it as a promotion mechanism serving companies and, in contrast, political and government organizations. Here, we will conduct a detailed survey of the practices of spin doctoring during Tony Blair's term as prime-minister, in the United Kingdom, as reported by British academics, journalists, politicians and opinion makers.
The last part of this dissertation pertains to the field study undertaken on the basis of 30 top-level interviews conducted with personalities “residing” in the domestic political center of activity and the core of the greatest concentration and productivity of political journalism in Portugal – the Portuguese Parliament.
Thus, we conduct interviews with stakeholders of the trio of politicians, press officers and journalists, namely 1) with press officers conducting their work for different parliamentary groups; 2) with ‘resident’ journalists in Parliament and who deal with these professionals on a daily basis; and 3) with politicians who turn to and hire their services. It is worth noting that the interviewees include two former prime-ministers of Portugal: Pedro Santana Lopes and José Sócrates.
To supplement these interviews, we examined the contents of 572 press reports (hard copy and online) resulting from a thorough and more computerized collection of all the news published in the Portuguese press, from 2003 to 2012, which directly or indirectly referred to the words “spin”, “spin doctors” and “spin doctoring.”
As a main result of this entire methodological survey, we obtained not only a thesis on the emergence of spin doctoring both nationwide and worldwide, but also an approximate definition and a description of its form of action, or, as is dubbed here: ‘the identity matrix of spin doctors.’ Another noteworthy point is the way parliamentary journalists, press officers and communications consultants as well as politicians view this activity, in combination with Portuguese journalism and political communications.
O objectivo central desta investigação é tentar compreender 1) o que é o spin doctoring; 2) se é praticado em Portugal (designadamente na Assembleia da República); e 3) se é igual, uma variação, ou uma atividade completamente diferente da assessoria de imprensa. Outro dos objectivos que este trabalho pretende alcançar passa por tentar elencar uma matriz identitária dos spin doctors que permita compreender quais são os seus grandes objectivos, pré-requisitos, principais momentos e técnicas usadas no desenrolar das suas funções.
Destaque-se, também, que a assessoria de imprensa política tem sido uma das atividades profissionais do autor, assim como um objecto de estudo de anteriores trabalhos de investigação na área das ciências da comunicação.
O presente trabalho revela, numa primeira fase, o peso das fontes profissionais de informação ao serviço de interesses das organizações e faz uma incursão pela história da assessoria de imprensa política mundial e nacional, desde os primeiros alvores da civilização até, praticamente, aos nossos dias. Uma investida com particular enfoque nas técnicas de manipulação dos media por parte dos mais marcantes presidentes norte-americanos, mas também uma descrição das homólogas práticas na nossa ainda jovem Democracia.
Numa fase central desta tese, vamos analisar e comparar os conceitos de manipulação, persuasão e jornalismo com a assessoria de imprensa. Vamos também compará-la enquanto mecanismo de promoção ao serviço das empresas e, em contraponto, das organizações políticas e governamentais. Aqui faremos um levantamento pormenorizado das práticas de spin doctoring durante o governo de Tony Blair, no Reino Unido, relatadas por académicos, jornalistas, políticos e líderes de opinião britânicos.
A última parte deste trabalho refere-se ao estudo de campo que desenvolvemos com base em 30 entrevistas de elite realizadas a elementos que “habitam” o centro da atividade política nacional e o núcleo da maior concentração e produtividade de jornalismo político em Portugal - a Assembleia da República.
Realizamos, assim, entrevistas aos ‘públicos’ do trinómio políticos, assessores de imprensa e jornalistas, nomeadamente 1) aos assessores de imprensa que desenvolvem a sua atividade para os diferentes grupos parlamentares; 2) aos jornalistas ‘residentes’ no Parlamento e que lidam diariamente com estes profissionais; e 3) aos políticos que recorrem e contratam os seus serviços. Ressalve-se entre os entrevistados encontram-se dois ex-primeiros-ministros de Portugal: Pedro Santana Lopes e José Sócrates.
Para complementar estas entrevistas, analisámos o conteúdo de 572 peças jornalísticas de imprensa (papel e on-line) resultante de uma exaustiva, mas informatizada, recolha de todas as notícias publicadas na imprensa portuguesa, entre 2003 e 2012, que referiam, direta ou indiretamente, as palavras “spin”, “spin doctors” e “spin doctoring”.
Como resultado principal de todo este levantamento metodológico, obtivemos não só uma tese sobre o aparecimento do spin doctoring a nível nacional e internacional, mas também uma aproximada definição e uma descrição da sua forma de atuação, ou, como aqui vem batizada: ‘a matriz identitária dos spin doctors’. Outro apontamento digno de destaque é a forma como os jornalistas parlamentares, os assessores e consultores de comunicação e os políticos veem esta atividade, em articulação com o jornalismo e a comunicação política portuguesa.
O nevoeiro que tolda o actual noticiário político é adensado, como referem vários autores, pela prevalência das fontes oficiais no processo noticioso, o que configura uma manifesta dependência dos jornalistas em relação à informação providenciada pelas instâncias de poder. Ora, dada a sua natureza e origem, essa informação oficial ou oficiosa obedece a objectivos específicos e predeterminados, no âmbito de uma estratégia eminentemente política. Acontece ainda que o manancial informativo oriundo das fontes oficiais – cuja legitimidade não é por nós minimamente questionada, sublinhe-se – surge, amiudadas vezes, sob a forma de anonimato, circunstância que pode comprometer a credibilidade da mensagem jornalística perante os seus receptores.
Neste quadro, os consumidores das notícias perdem frequentemente de vista as pontas do fio que forma o novelo, deixando-se emaranhar pelo turbilhão informativo que lhes é servido. Tanto mais que um texto jornalístico pode comportar, em simultâneo, fontes visíveis e invisíveis. Isto porque, durante o processo de fabrico da notícia, o jornalista cruza informação proveniente de várias fontes e, por vezes, utiliza dados sem identificar a sua origem, podendo até fazê-lo inconscientemente. Neste sentido, as fontes invisíveis são determinantes para a construção de algumas notícias.
A expansão das fontes oficiais e o carácter sigiloso que estas adoptam na sua relação com os media suscitam, por conseguinte, fundadas dúvidas sobre a bondade de propósitos e a lisura de procedimentos do tríptico políticos/assessores de imprensa/jornalistas. Não é por isso de estranhar que, quando em Agosto de 2003 o todo-poderoso director de comunicação do governo inglês, Alastair Campbell, se demitiu na sequência do suicídio do cientista David Kelly , a imprensa do Reino Unido tenha exultado. «The end of Labour’s spin cycle?» ; «Exit the spinmeister» – titularam então os jornais The Times e Independent, respectivamente. A queda do famoso spin doctor de Tony Blair significava, para muitos jornalistas que acompanhavam as incidências de Downing Street, a derrota de certos métodos de relações públicas alegadamente malfazejos para o processo democrático (Somerville, 2004: 32).
Em Portugal, a polémica em torno da putativa viciosidade das relações públicas na vida democrática conheceu alguma amplitude pública após a publicação do livro Sob o signo da verdade, de Manuel Maria Carrilho, em Maio de 2006. Na obra, o ex-ministro da Cultura e candidato derrotado à Câmara de Lisboa acusou uma agência de comunicação de ter jornalistas a soldo para implementar ou silenciar determinadas estratégias políticas. Mais tarde, Carrilho fez extravasar o debate para o poder das relações públicas para influenciar, ou mesmo condicionar, as agendas dos media.
Por cá, é igualmente usual o questionamento público dos elevados salários dos assessores de imprensa dos governos. Foi assim durante o consulado de Santana Lopes, cuja intenção de criar uma «central de comunicação» deu brado e acabou vetada pelo presidente Jorge Sampaio, e assim é na actual governação de José Sócrates, em cujo corpo de assessores de imprensa se incluem profissionais com remunerações entre os 2400 e os 4500 euros mensais . Ora, com tão chorudas prebendas, é legítimo presumir que os spin doctors do executivo socialista são considerados fundamentais na acção governativa.
Os exemplos aqui referidos inscrevem-se num discurso de «diabolização» das Relações Públicas, o qual encontra eco em franjas importantes da opinião pública e publicada. Mas valha a verdade que também são muitos os investigadores sociais, opinion makers e jornalistas que não vêem os spin doctors como maquiáveis de pacotilha e que, inclusivamente, consideram que as Relações Públicas tornam mais claro, regrado e proficiente o relacionamento dos media com as fontes de informação. Donde, o mais avisado será evitar posições maniqueístas sobre o assunto, não considerando apressadamente que as Relações Públicas vieram macular a suposta isenção jornalística nem que, pelo contrário, tornaram anódina a acção das fontes.
Feito este exórdio, passemos então à descrição do objecto de estudo da dissertação que intitulámos de Fontes sofisticadas de informação – Análise do produto jornalístico político da imprensa nacional diária de 1995 a 2005. Com este propósito, convém desde logo explicar o que significa «fontes sofisticadas». Trata-se de um termo presente em artigos científicos do jornalista e docente Joaquim Fidalgo e que lhe ouvimos, por diversas vezes, nas aulas do Mestrado de Comunicação e Cultura, quando pretendia sublinhar a evolução que as fontes conheceram no sentido de um maior profissionalismo, de um maior apuro técnico, de uma melhor compreensão das necessidades jornalísticas e de uma mais eficaz gestão da informação.
Foi, portanto, a partir desta ideia de maior sofisticação das fontes de informação no seu relacionamento com os media que avançámos para uma pesquisa sobre a influência das fontes no noticiário político dos quatro grandes diários portugueses – Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público –, durante os anos 1990, 1995, 2000 e 2005.
Quanto à estrutura do corpo da dissertação, adiantamos que o estudo comporta uma primeira parte de enquadramento teórico do tema, onde se faz uma resenha da investigação sociológica sobre a construção das notícias com base em fontes de informação. Seguindo uma perspectiva cronológica e a partir de uma selecção dos autores considerados mais relevantes, são então descritos os principais estudos até hoje realizados sobre as organizações noticiosas e a sua interligação com as fontes.
Uma segunda parte da dissertação é dedicada à investigação tout court, ou seja, à análise das grelhas comparativas e à apresentação das primeiras conclusões sobre o objecto de estudo. Procura-se, então, esboçar as primeiras respostas às questões-chave da dissertação e desenvolver leituras científicas sobre a matéria em investigação.
Pela natureza da dissertação proposta, é fácil deduzir que as fontes primordiais do estudo são as edições diárias dos jornais Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público publicadas em 1990, 1995, 2000 e 2005. Para tanto, a investigação centrou-se nos excelentes fundos da Biblioteca Pública Municipal do Porto e em material disponível nos arquivos dos próprios jornais.
Com o intuito de garantir uma maior acuidade na análise comparativa dos jornais, o investigador consultou, a montante, bibliografia específica sobre as relações entre fontes de informação e jornalistas, durante o processo de produção noticiosa. Neste sentido, surgem como referências bibliográficas incontornáveis desta dissertação os estudos realizados por Leon V. Sigal, Harvey Molotch e Marylin Lester, Stuart Hall et al., Herbert Gans, Stephen Hess, Ericson et al., Gaye Tuchman, Melvin Mencher, Paul Manning ou pelos portugueses Rogério Santos, Nelson Traquina, Ricardo Jorge Pinto, Jorge Pedro Sousa, entre outros. De salientar, a propósito, que a tradução das citações de obras estrangeiras presentes neste estudo é da responsabilidade do autor da dissertação.
Breve história" do PSD inaugura coleção de livros sobre forças políticas Uma "breve história" do PSD inaugura hoje uma coleção de livros sobre sete forças políticas, vendidos semanalmente com um jornal diário, numa iniciativa que visa "combater o afastamento" dos cidadãos face à política, disse à Lusa o coordenador. m declarações à Lusa, o professor universitário e especialista em comunicação política Vasco Ribeiro, disse que a iniciativa visa "dar a conhecer o fundamental papel dos partidos políticos em Portugal e na consolidação da sua democracia" e representa uma "tentativa de combater o afastamento das pessoas, numa altura em que crescem os movimentos extremistas e populistas" e em que "há um ataque fácil na opinião pública à classe política". E PUB 40% DESCONTO no Alarme. Proteja a sua casa e receba uma OFERTA Alarme exclusiva. Apenas hoje. Obter orçamento Anúncio Alarme Líder
Since then, spin doctoring has been described as the most effective and the most widely used political communications technique by the administrations of Ronald Reagan and Bill Clinton, in the U.S., and of Margaret Thatcher and Tony Blair, in the United Kingdom.
And, with Tony Blair rising to become Labour Party leader, in 1994, spin doctors and their activity became popular, namely with Alastair Campbell, former press secretary of Tony Blair and nicknamed the ‘master of spin doctoring.’
However, as part of doctorate research on spin doctoring, the author noticed that that this activity has been described since World War I (but under different names), but with particular incidence on the period of muckraker journalism and watchdog journalism in the U.S. Indeed, during the presidency of Woodrow Wilson, the actions of government press officers were known as ‘ballyhoo art’ (Bent, 1926, 1927); when Franklin Roosevelt was president, they were called ‘plutogoges ‘ (Seldes, 1938), and the expression ‘put a spin,’ which appeared in various news items in the 1950s, was coined by James Reston, former political editor at Washington Post, to point out some of the maneuvers by Dwight Eisenhower (For example, Reston, 1955). And, of course, throughout the Cold War, there were countless international cases describing the existence of governmental spin doctoring in the U.S. (Dutton, 1971; Grossman & Kumar, 1981; Hess, 1984; Blyskal & Blyskal, 1985; Calhoun, 1988; Maltese, 1992) and in the United Kingdom (Windleshan, 1966; Seymour-Ure, 1968; Wintour, 1972; Cockerell et al., 1984; Seymour-Ure, 1991).
Thus, we have noticed that spin doctoring is a structural behavior of political communication characterized, among other behaviors, by becoming a “permanent campaign” (Blumenthal, 1980) which, until the 1940s, only existed during election campaigns. We have also noticed that every feature of spin doctoring, as described by dozens of authors, coincide, to a great extent, with the “packaging politics” of Jamieson (1993) and Bob Franklin (2004 [1994]), as well as with the “Americanization” (Schoenbach, 1996) and “modernization” (Asp & Esaiasson, 1996) of politics. Or even with that which Bennett (2012) calls the process of “politics of illusion” and Kaiser (2006) calls “intelligent design of politics.”
In short, the idea of this research is to ultimately be able to present a thesis on the modus operandi of government press offices in the U.S. and the United Kingdom from the 1920s to the early 1990s, to allow for: 1) a definition of spin doctoring; 2) an operating matrix of spin doctors with behavior/techniques (we currently have 36 behaviors listed); 3) check whether practice exists in the author’s country: Portugal.
Another interesting fact, and more geared to the present, is that we have been noticing that the term has undergone graduations of negativity over the last two decades, and so it currently appears to have become gentler, or, put another way, less derogatory.
Hyderabad, India
15-19 July, 2014
The central goal of this research is to attempt to understand 1) what spin doctoring is; 2) whether this is being carried out in Portugal (namely in the Portuguese Parliament); and 3) whether this is the same, a variation, or an altogether different activity from the corporate media relations. Another of the goals that this work seeks to achieve includes an attempt to list an identity matrix of spin doctors to enable us to understand their main objectives, prerequisites, chief moments and techniques used in the performance of their duties.
This research starts off by revealing the weight of professional sources of information serving the interests of organizations (Tunstall, 1970; Sigal, 1973; Tunstall, 1974; Gans, 1979; Ericson et al., 1987, 1989; Manning, 1998, 2001; Schlesinger, 2006, 2007 [1994]), while making inroads through the history of domestic and international political press consultancy (Kelly, 1956; Boorstin, 1961; Bloom, 1973; Hess, 1984; Jamieson, 1984; Blumler, 1990; Maltese, 1992; Kurtz, 1993; Blumler & Gurevitch, 1995; Blumler et al., 1996; Cappella & Jamieson, 1997; Kurtz, 1998; Blumler & Kavanagh, 1999; Jamieson & Waldman, 2003; Stanyer, 2003; Crouse, 2003 [1973]; Blumler & Gurevitch, 2005), from the dawn of civilization to practically our time. A proposal with a particular focus on media manipulation techniques by the most significant U.S. presidents, but also a description of analogous practices in the young portuguese democracy.
At a central stage of this thesis, we will examine and compare the concepts of manipulation, persuasion and journalism with the press consultancy office. We will also compare it as a promotion mechanism serving companies and, in contrast, political and government organizations. Here, we will conduct a detailed survey of the practices of spin doctoring during Tony Blair's term as prime-minister, in the United Kingdom, as reported by British academics, journalists, politicians and opinion makers (Jones, 1995b, 1995a; Negrine, 1996; Schlesinger, 1998; Jones, 1999; Gaber, 2000; Pearson et al., 2001; Rusbridger, 2001; Schlesinger, 2001; Negrine & Lilleker, 2002; Young, 2003; Gaber, 2004; Miller, 2004; Franklin, 2004 [1994]; Schlesinger, 2006; Negrine et al., 2007; Miller & Dinan, 2008; Franklin et al., 2010).
The last part of this dissertation pertains to the field study undertaken on the basis of 30 top-level interviews conducted with personalities “residing” in the domestic political center of activity and the core of the greatest concentration and productivity of political journalism in Portugal – the Portuguese Parliament.
Thus, we conduct interviews with stakeholders of the trio of politicians, press officers and journalists, namely 1) with press officers conducting their work for different parliamentary groups; 2) with ‘resident’ journalists in Parliament and who deal with these professionals on a daily basis; and 3) with politicians who turn to and hire their services. It is worth noting that the interviewees include two former prime-ministers of Portugal: Pedro Santana Lopes and José Sócrates.
To supplement these interviews, we examined the contents of 572 press reports (hard copy and online) resulting from a thorough and more computerized collection of all the news published in the Portuguese press, from 2003 to 2012, which directly or indirectly referred to the words “spin”, “spin doctors” and “spin doctoring.”
As a main result of this entire methodological survey, we obtained not only a thesis on the emergence of spin doctoring both nationwide and worldwide, but also an approximate definition and a description of its form of action, or, as is dubbed here: ‘the identity matrix of spin doctors.’ Another noteworthy point is the way parliamentary journalists, press officers and communications consultants as well as politicians view this activity, in combination with Portuguese journalism and political communications.