Idaes/ Unsam

Este es el trabajo final que escribí en 2019 para la Cátedra, Humanidad, evolución y ecología a cargo de Rolando Silla y Debora Swistun.
La consigna era escribir una especie de Ensayo relacionando algo que hayamos visto con los autores que vimos durante el cuatrimestre.
Así escribí este análisis de la Serie One strange rock ( USA) y Villefranche ( Francia) bajo la lupa de algunos autores de la Antropólogos de la mente.

Este artigo expõe resultados de uma pesquisa realizada entre 2013 e 2015 que visou à compreensão dos aspectos de experiências de um grupo de mulheres que fizeram aborto clandestino. Os casos estudados envolveram mulheres com alto nível de escolarização, as quais, em sua maioria, haviam participado de movimentos feministas, um perfil diferente daquele que tem sido objeto da maior parte dos trabalhos relatados na literatura. Foram realizadas entrevistas em profundidade com oito mulheres que interromperam a gravidez. A partir das análises, são apresentadas as motivações, as dúvidas e as certezas presentes no processo de tomada de decisão pelo aborto, bem como a influência do envolvimento com o feminismo nesse processo.

O aborto provocado é um tema que suscita polêmica. Sendo permitido no Brasil em somente três situações (caso de estupro, risco de morte para a grávida e anencefalia fetal), sua ampla legalização tem sido motivo de constantes debates. No entanto, as experiências das mulheres que abortam são pouco conhecidas, e foi este o principal interesse da presente pesquisa. Durante o ano de 2014 foram feitas entrevistas semi-estruturadas com oito mulheres que abortaram. Diferentemente da maior parte dos estudos sobre o tema, as mulheres que
investigamos possuem alta escolaridade e, em sua maioria, são envolvidas com os movimentos
feministas. As entrevistas foram analisadas através da Análise Conteúdo. Somente duas entrevistadas disseram não sentir o desejo de ter filhos. Entre as que manifestaram esse desejo, foram várias as motivações para abortar, sendo que o momento de vida considerado impróprio para se ter uma criança se mostrou muito importante. Entre os aspectos que caracterizavam o
momento de vida como impróprio para a continuidade da gravidez, o relacionamento distante do ideal com o parceiro aparece com destaque. A concepção de maternidade das entrevistadas é bastante atrelada à constituição de família. O envolvimento com ideias feministas foi apontado como um fator de suporte para a decisão, que as afastava, em alguma medida, do
sentimento de culpa. O processo de decisão pelo abortamento foi repleto de reflexão, questionamentos e dúvida, constituindo um fenômeno complexo, que envolveu desde as concepções sobre maternidade e sexualidade que as entrevistadas tinham antes de a gravidez ocorrer, até suas relações nas redes de interação formadas diante da gravidez indesejada.

O presente texto relaciona uma etnografia urbana realizada em uma grande favela de Belo Horizonte, chamada aqui de Morro da Luz, e as teorizações de Judith Butler acerca das produções de enquadramentos e normas, e das formas pelas quais essas normas classificam pessoas entre quem é sujeito e quem não é. A partir da análise de algumas situações etnográficas vivenciadas em campo, proponho que é a articulação entre três regimes normativos primordiais – o do estado, o da igreja e o do “mundo do crime” – que confeccionam o que Butler chama de “enquadramento”, ou seja, a moldura que separa quem fica do lado de dentro e quem fica do lado de fora, quem é gente, e quem não é. Argumento que no Morro da Luz esse enquadramento conta com grande maleabilidade, e, baseando-me nessa constatação, proponho a noção de “massinha de modelar” (ao invés de uma moldura rígida) como forma de pensar o conceito de enquadramento de Butler.

Over the last five decades, Brazil has been experiencing important transformations, most strongly in the popular classes, both in regard to the religiosity of its people (with a reduction of Catholicism and a broadening of the evangelisms) and in regard to the dimensions and types of criminality and violence that characterize the country (with an expansion of illicit markets and an intensification of violent relations that are not exclusively, but considerably, related to those markets and to the ways they came to be structured in poor territories).

Interestingly, evangelical churches promote themselves precisely around the idea of a “battle against the devil,” and the devil, when it comes to places such as Morro da Luz, is profoundly linked to drug abuse and criminality. In that scenario, how can criminality and evangelism expand simultaneously in the same portion of the population?

Trato neste artigo de processos sociais que
envolvem moralidades, normatividades,
violências, vida e morte. Argumento, baseandome em uma pesquisa etnográfica realizada em
uma favela de Belo Horizonte, que é a
triangulação entre três regimes normativos
primordiais — o do “mundo do crime”, o do
estado, e o da Igreja — que vai confeccionar o
que a teórica Judith Butler chama de
enquadramento, ou seja, a moldura que separa
quem fica do lado de dentro e quem fica do
lado de fora do que é inteligível. Concluo que,
por se tratar de um território marcado por
violências, é essa triangulação que vai separar
quem é “humano” de quem é “matável”.

A coluna desta semana trata de três fenômenos sociais que temos experenciado nas últimas décadas:  a expansão da criminalidade e da violência, o aumento do encarceramento, e o crescimento vertiginoso dos evangelismos. Especialmente nas periferias urbanas, vemos cada vez mais armas, cadeias e igrejas. Neste texto, busco demonstrar, primeiro, que estas transformações no tecido social não são exclusividade brasileira, mas processos que, ainda que com significativas particularidades locais, se apresentam com força na América Latina como um todo (e no Brasil temos a péssima mania de nos esquecermos que somos latino-americanos). Segundo, que esses três fenômenos não somente coexistem, mas também se retroalimentam.

Na coluna desta semana, proponho uma discussão acerca das “punições” infligidas por grupos criminais a meninas e mulheres que de alguma maneira apresentam comportamentos considerados inadequados pelos membros dessas organizações. Mais especificamente, quero me deter sobre uma forma específica de “castigo” predominantemente aplicado em corpos femininos: o corte forçado dos cabelos. Meu argumento é que esse tipo de prática, cujo cerne parece estar em uma espécie de “desfeminização” das vítimas, pode nos dizer muito sobre as profundas interconexões existentes entre dinâmicas de criminalidade, violência e gênero.