MARECHAL CÂNDIDO RONDON -PR 2019 2 "Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é o viver mes... more MARECHAL CÂNDIDO RONDON -PR 2019 2 "Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é o viver mesmo… O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra." -Guimarães Rosa Queridos(as) professores(as), O material que vocês têm em mãos foi desenvolvido com muito cuidado e carinho pelos(as) acadêmicos(as) de Letras da UNIOESTE do campus de MCRondon, do terceiro e do quarto ano. São propostas sobre o trabalho em sala de aula com gêneros textuais/discursivos 1 . Há algumas sequências didáticas 2 que inovam em apresentar materialidades contemporâneas (próprias da circulação nas mídias digitais). Já outras propõem novos caminhos para trabalhos já cristalizados nos livros didáticos publicados nas últimas décadas. As atividades organizam-se em "módulos", cujos procedimentos apontam possibilidades para uma sala de aula "real". No Caderno, há atividades de produção inicial, de leitura fruição, de análise linguística, de estudo de gênero, de estudo de texto e, por fim, de produção final com vistas à construção de ambientes de interlocução. Nossas leituras, centradas no círculo de Bakhtin e nas contribuições da Linguística Textual, motivaram a produção de diferentes percursos, cujos caminhosirregulares, dados à falha e ao desviodesvelam a amplitude pedagógica dos gêneros: como ressalta Guimarães Rosa, trabalho de ir até o "rabo da palavra". Palavra que, a um só tempo, estabelece os culpados, os inocentes, a agitação, a construção das perspectivas de mundo, dos sistemas de atribuição de sentido, enfim... Palavra que é, como salienta Foucault 3 , o poder do qual queremos nos apropriar. Gêneros discursivos não são, sob essa perspectiva, estruturas textuais rígidas. São eles próprios a matéria que, mais ou menos, estabiliza a linguagem em todas as suas complexidades e vicissitudes. 1 Cf. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção de texto, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 2 Baseamo-nos no formato proposto por Dolz e Schneuwly, conforme a leitura e apresentação de Marcuschi (2008). 3 Cf. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. 25.ed. São Paulo: Loyola, 2005. Acompanhar os(as) acadêmicos(as) nesses (des)caminhos tem sido um privilégio. Este trabalho concretiza muitas discussões, muitas leituras, muitos fichamentos, muitas lágrimas, muitas risadas, muitas reflexões acerca do aluno e dos textos em sala de aula e muitas tentativas de, a despeito de um ambiente tão adverso, contribuir com a educação de qualidade. Pelo poder da palavrae só delaesses alunos se constituem professores. As sequências didáticas foram uma pedra desse edifício, um tijolo dessa construção, uma expressão enunciativa do "simpósio universal" 4 das vozes. Esperamos que as atividades deste Caderno concretizem a interlocução das aulas da licenciatura e possibilitem, também, aos alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, participar do nosso incerto diálogo. Incerto porque, na movência discursiva que constitui o nosso discurso em sala de aula, "aprender a viver é o viver mesmo". Ótima leitura! Rafael de Souza Bento Fernandes Docente do Colegiado do Curso de Letras-Português/Alemão/Espanhol/Inglês da UNIOESTEcampus de MCRondon Doutor em Letras pela UEM/ Universidade de Coimbra (PDSE-2016) Professor(a), caso tenha utilizado em sala, envie-nos o seu relato! Para citar esse trabalho: SILVA, Monique dos Santos; ROSA, Nicole Luana. Sequência didática -Mito. In: FERNANDES, Rafael de S. B.; SCHRÖDER, Mirian (Orgs.). Caderno de sequências didáticas. s/ editora: Marechal Cândido Rondon, 2019. 5 O mito é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo -O corpo morto de Deus, Vivo e desnudo. Este, que aqui aportou, Foi por não ser existindo. Sem existir nos bastou. Por não ter vindo foi vindo E nos criou. Assim a lenda se escorre A entrar na realidade, E a fecundá-la decorre. Em baixo, a vida, metade De nada, morre. Fernando Pessoa Primeiro, ULISSES 6 1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A PERTINÊNCIA PARA O TRABALHO COM O GÊNERO MITO NO ENSINO FUNDAMENTAL II Desde as primeiras manifestações, que surgiram acerca da linguagem, há mais de 2.500 anos na índia, com Paganini, os objetivos dos homens eram relacionados à intenção religiosa, a fim de que se expandissem tais informações e alcançassem o maior número de pessoas. Com o passar dos tempos, os objetivos não se distanciaram muito deste que o iniciou. O homem evoluiu, aprendeu a utilizar diversas técnicas para sobreviver, e também para se comunicar, tornando possível a segregação de sociedades e as trocas culturais entre as diferentes culturas. A partir deste ponto, se iniciaram diversas explicações acerca de diferentes questões, incluindo o surgimento do mundo, dos seres e de tudo que nele habita. Estas histórias, contadas dentro de determinadas sociedades com o intuito de explicar a origem do universo, eram conhecidas como "mitos". Textos que se referem a um conjunto de narrativas maravilhosas e lendas de distintos gêneros que, transmitidos em sua maioria nos discursos orais, propiciaram a muitos povos explicações contínuas sobre suas origens. Como apontado por Branco (s.d, p. 60), "as características comuns a todos os deuses gregos deram a conhecer a sua relação com os fenômenos da natureza, cujas forças regiam a sua figura antropomórfica, baseada em modelos e costumes humanos." Assim, alguns detalhes do gênero mito serão elencados com mais detalhes, justamente por se tratarem de pontos fundamentais para compreender suas origens e sua importância no momento histórico de propagação. Para Branco (s.d), é a partir destas situações lendárias e mitológicas que se torna difícil o trabalho de distinguir a fantasia da realidade, pois as abordagens da problemática do mito histórico sofreram alterações de acordo com as tradições religiosas dos povos. Portanto, ao se tratar de um gênero fictício, envolvendo interpretações sobre o que determinavam tais mitos, levando-se em consideração a cultura que o permeava, o trabalho com o gênero mito será elaborado para alunos do 7° ano das redes de ensino. Caso se faça necessário, o trabalho pode ser modificado para o trabalho com turmas anteriores/posteriores. Faz-se imprescindível que ao final deste trabalho os alunos compreendam a importância do gênero mito, visto que: PRODUÇÃO FINAL Produção final do gênero mito. Anexo VII.I -Comanda.
MARECHAL CÂNDIDO RONDON -PR 2019 2 "Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é o viver mes... more MARECHAL CÂNDIDO RONDON -PR 2019 2 "Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é o viver mesmo… O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra." -Guimarães Rosa Queridos(as) professores(as), O material que vocês têm em mãos foi desenvolvido com muito cuidado e carinho pelos(as) acadêmicos(as) de Letras da UNIOESTE do campus de MCRondon, do terceiro e do quarto ano. São propostas sobre o trabalho em sala de aula com gêneros textuais/discursivos 1 . Há algumas sequências didáticas 2 que inovam em apresentar materialidades contemporâneas (próprias da circulação nas mídias digitais). Já outras propõem novos caminhos para trabalhos já cristalizados nos livros didáticos publicados nas últimas décadas. As atividades organizam-se em "módulos", cujos procedimentos apontam possibilidades para uma sala de aula "real". No Caderno, há atividades de produção inicial, de leitura fruição, de análise linguística, de estudo de gênero, de estudo de texto e, por fim, de produção final com vistas à construção de ambientes de interlocução. Nossas leituras, centradas no círculo de Bakhtin e nas contribuições da Linguística Textual, motivaram a produção de diferentes percursos, cujos caminhosirregulares, dados à falha e ao desviodesvelam a amplitude pedagógica dos gêneros: como ressalta Guimarães Rosa, trabalho de ir até o "rabo da palavra". Palavra que, a um só tempo, estabelece os culpados, os inocentes, a agitação, a construção das perspectivas de mundo, dos sistemas de atribuição de sentido, enfim... Palavra que é, como salienta Foucault 3 , o poder do qual queremos nos apropriar. Gêneros discursivos não são, sob essa perspectiva, estruturas textuais rígidas. São eles próprios a matéria que, mais ou menos, estabiliza a linguagem em todas as suas complexidades e vicissitudes. 1 Cf. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção de texto, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 2 Baseamo-nos no formato proposto por Dolz e Schneuwly, conforme a leitura e apresentação de Marcuschi (2008). 3 Cf. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. 25.ed. São Paulo: Loyola, 2005. Acompanhar os(as) acadêmicos(as) nesses (des)caminhos tem sido um privilégio. Este trabalho concretiza muitas discussões, muitas leituras, muitos fichamentos, muitas lágrimas, muitas risadas, muitas reflexões acerca do aluno e dos textos em sala de aula e muitas tentativas de, a despeito de um ambiente tão adverso, contribuir com a educação de qualidade. Pelo poder da palavrae só delaesses alunos se constituem professores. As sequências didáticas foram uma pedra desse edifício, um tijolo dessa construção, uma expressão enunciativa do "simpósio universal" 4 das vozes. Esperamos que as atividades deste Caderno concretizem a interlocução das aulas da licenciatura e possibilitem, também, aos alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, participar do nosso incerto diálogo. Incerto porque, na movência discursiva que constitui o nosso discurso em sala de aula, "aprender a viver é o viver mesmo". Ótima leitura! Rafael de Souza Bento Fernandes Docente do Colegiado do Curso de Letras-Português/Alemão/Espanhol/Inglês da UNIOESTEcampus de MCRondon Doutor em Letras pela UEM/ Universidade de Coimbra (PDSE-2016) Professor(a), caso tenha utilizado em sala, envie-nos o seu relato! Para citar esse trabalho: SILVA, Monique dos Santos; ROSA, Nicole Luana. Sequência didática -Mito. In: FERNANDES, Rafael de S. B.; SCHRÖDER, Mirian (Orgs.). Caderno de sequências didáticas. s/ editora: Marechal Cândido Rondon, 2019. 5 O mito é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo -O corpo morto de Deus, Vivo e desnudo. Este, que aqui aportou, Foi por não ser existindo. Sem existir nos bastou. Por não ter vindo foi vindo E nos criou. Assim a lenda se escorre A entrar na realidade, E a fecundá-la decorre. Em baixo, a vida, metade De nada, morre. Fernando Pessoa Primeiro, ULISSES 6 1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A PERTINÊNCIA PARA O TRABALHO COM O GÊNERO MITO NO ENSINO FUNDAMENTAL II Desde as primeiras manifestações, que surgiram acerca da linguagem, há mais de 2.500 anos na índia, com Paganini, os objetivos dos homens eram relacionados à intenção religiosa, a fim de que se expandissem tais informações e alcançassem o maior número de pessoas. Com o passar dos tempos, os objetivos não se distanciaram muito deste que o iniciou. O homem evoluiu, aprendeu a utilizar diversas técnicas para sobreviver, e também para se comunicar, tornando possível a segregação de sociedades e as trocas culturais entre as diferentes culturas. A partir deste ponto, se iniciaram diversas explicações acerca de diferentes questões, incluindo o surgimento do mundo, dos seres e de tudo que nele habita. Estas histórias, contadas dentro de determinadas sociedades com o intuito de explicar a origem do universo, eram conhecidas como "mitos". Textos que se referem a um conjunto de narrativas maravilhosas e lendas de distintos gêneros que, transmitidos em sua maioria nos discursos orais, propiciaram a muitos povos explicações contínuas sobre suas origens. Como apontado por Branco (s.d, p. 60), "as características comuns a todos os deuses gregos deram a conhecer a sua relação com os fenômenos da natureza, cujas forças regiam a sua figura antropomórfica, baseada em modelos e costumes humanos." Assim, alguns detalhes do gênero mito serão elencados com mais detalhes, justamente por se tratarem de pontos fundamentais para compreender suas origens e sua importância no momento histórico de propagação. Para Branco (s.d), é a partir destas situações lendárias e mitológicas que se torna difícil o trabalho de distinguir a fantasia da realidade, pois as abordagens da problemática do mito histórico sofreram alterações de acordo com as tradições religiosas dos povos. Portanto, ao se tratar de um gênero fictício, envolvendo interpretações sobre o que determinavam tais mitos, levando-se em consideração a cultura que o permeava, o trabalho com o gênero mito será elaborado para alunos do 7° ano das redes de ensino. Caso se faça necessário, o trabalho pode ser modificado para o trabalho com turmas anteriores/posteriores. Faz-se imprescindível que ao final deste trabalho os alunos compreendam a importância do gênero mito, visto que: PRODUÇÃO FINAL Produção final do gênero mito. Anexo VII.I -Comanda.
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