Papers by Marcela De Paula
Migração, raça e ''solidariedade seletiva'' Um debate italiano necessário a partir do assassinato do jovem cabo-verdiano Willy Monteiro, 2020
Carta de Roma: Migração, raça e ''solidariedade seletiva''
Um debate italiano necessário a partir... more Carta de Roma: Migração, raça e ''solidariedade seletiva''
Um debate italiano necessário a partir do assassinato do jovem cabo-verdiano Willy Monteiro, medalha de ouro por mérito civil

Este trabalho trata de algumas elucidações entre o conceito de mundo atlântico e suas relações co... more Este trabalho trata de algumas elucidações entre o conceito de mundo atlântico e suas relações com a historiografia literária comparada, dentro do contexto lusófono, em especial analisando as relações entre colonizadores e colonizados em obras literárias brasileiras. Nas últimas décadas (SLAUTER, 2008), estudiosos de literatura têm produzido uma vasta bibliografia no campo da história literária do Atlântico, historiadores idealizaram “histórias do mundo atlântico”, “histórias de histórias do mundo atlântico” e argumentos sobre a utilidade do conceito de “mundo atlântico”, mas o fizeram em grande parte sem fazer referências aos estudos literários, sejam eles do passado ou do presente.
Entretanto, a ascensão do termo mundo Atlântico, como um objeto de análise, é certamente um dos desenvolvimentos mais significativos deste tipo de historiografia da última década e, apesar da expressão “Mundo Atlântico”, historiadores do Atlântico raramente reconheceram a importância de trabalhos literários, que fizeram dessa vertente substância central para a historiografia atlântica. Tal fenômeno é uma manifestação local de um problema generalizado que afeta o “mercado” dos estudos literários no chamado desafio do linguistic and cultural turns, dentro da história como disciplina, e do ressurgimento do historicismo dentro dos estudos literários, o que Slauter chama de uma “espécie de correção”, pois, enquanto uma vez os estudos literários serviam como um maior exportador de ideias e métodos para as ciências humanas, hoje estudiosos literários exportam mais de historiadores do que outros exportam deles.
O livro elege obras como “Desmundo”, de Ana Miranda; “Os verdes abutres da Colina”, de Josè Alcides Pinto; “Iracema”, de Josè de Alencar, entre outros, para abordar o contexto colonial.

Este trabalho tece considerações sobre as obras Invenção do Mar, de Gerardo Mello Mourão, e Plura... more Este trabalho tece considerações sobre as obras Invenção do Mar, de Gerardo Mello Mourão, e Plural de Nuvens, de Gilberto Mendonça Telles, sob a perspectiva dos estudos comparados pós-coloniais e o(s) Atlântico(s) Sul, e a influência dos textos camonianos. O crítico Wilson Martins (1998: 01) considera Invenção do Mar a epopeia que deu certo para o mundo atual na literatura brasileira, chamando tal obra de “brasilíada”, uma atualização de Os Lusíadas. Na obra vemos o confronto do povo brasileiro com nativos e invasores durante as viagens de ocupação. Esse povo guerreiro, que se transformará em brasileiro, desbrava e enfrenta todas as vicissitudes do atravessamento do Mar e do tempo histórico. Por sua vez, em Plural de Nuvens, Gilberto Mendonça Teles, ao almejar ser o grande poeta de Goiás, cria o neologismo “Camongo” (Camões e Goiás), que, segundo Emanuel de Moraes (2000), poderia ser considerado a síntese da obra poética gilbertiana, pois, ao adotar um linguajar popular, salienta a preocupação com o amor e os problemas sociais e políticos brasileiros, dando destaque à metapoesia e a figuras do folclore brasileiro. Para tanto, Mendonça Teles retoma o “mito do Saci” e, através dessa filosofia nativa, deflagra-se contra os que dominam a política e a cultura no país. Jà em Invenção do mar, observamos que ele não constitui um poema nativista nem mesmo nacionalista, pois Mello Mourão não apresenta um discurso de idealização da pátria. Entretanto, é muito interessante ver o diálogo entre o texto Camoniano, Mouriano e Gilbertiano, principalmente quando pensamos no próprio Atlântico Sul – não apenas como Oceano – mas como um personagem, um símbolo épico na formação da – se é que existe – identidade lusófona.
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Um debate italiano necessário a partir do assassinato do jovem cabo-verdiano Willy Monteiro, medalha de ouro por mérito civil
Entretanto, a ascensão do termo mundo Atlântico, como um objeto de análise, é certamente um dos desenvolvimentos mais significativos deste tipo de historiografia da última década e, apesar da expressão “Mundo Atlântico”, historiadores do Atlântico raramente reconheceram a importância de trabalhos literários, que fizeram dessa vertente substância central para a historiografia atlântica. Tal fenômeno é uma manifestação local de um problema generalizado que afeta o “mercado” dos estudos literários no chamado desafio do linguistic and cultural turns, dentro da história como disciplina, e do ressurgimento do historicismo dentro dos estudos literários, o que Slauter chama de uma “espécie de correção”, pois, enquanto uma vez os estudos literários serviam como um maior exportador de ideias e métodos para as ciências humanas, hoje estudiosos literários exportam mais de historiadores do que outros exportam deles.
O livro elege obras como “Desmundo”, de Ana Miranda; “Os verdes abutres da Colina”, de Josè Alcides Pinto; “Iracema”, de Josè de Alencar, entre outros, para abordar o contexto colonial.
Um debate italiano necessário a partir do assassinato do jovem cabo-verdiano Willy Monteiro, medalha de ouro por mérito civil
Entretanto, a ascensão do termo mundo Atlântico, como um objeto de análise, é certamente um dos desenvolvimentos mais significativos deste tipo de historiografia da última década e, apesar da expressão “Mundo Atlântico”, historiadores do Atlântico raramente reconheceram a importância de trabalhos literários, que fizeram dessa vertente substância central para a historiografia atlântica. Tal fenômeno é uma manifestação local de um problema generalizado que afeta o “mercado” dos estudos literários no chamado desafio do linguistic and cultural turns, dentro da história como disciplina, e do ressurgimento do historicismo dentro dos estudos literários, o que Slauter chama de uma “espécie de correção”, pois, enquanto uma vez os estudos literários serviam como um maior exportador de ideias e métodos para as ciências humanas, hoje estudiosos literários exportam mais de historiadores do que outros exportam deles.
O livro elege obras como “Desmundo”, de Ana Miranda; “Os verdes abutres da Colina”, de Josè Alcides Pinto; “Iracema”, de Josè de Alencar, entre outros, para abordar o contexto colonial.