Papers by Fabiano Bechelany
Anuário Antropológico, 2012
O deslocamento de pessoas provocado por empreendimentos hidreletricos resulta quase sempre em um ... more O deslocamento de pessoas provocado por empreendimentos hidreletricos resulta quase sempre em um descompasso entre experiencia anterior e a do presente. Este artigo propoe compreen- der este descompasso a partir da categoria do espaco, e suas implicacoes antropologicas no contexto do Vale do Jequitinhonha. A partir de uma breve etnografia e reunindo analises teoricas sobre o estudo do espaco humano, sera esbocada uma analise de elementos da organizacao espacial de duas comunida- des ribeirinhas atingidas. O texto conclui com uma interpretacao das transformacoes espaciais e suas implicacoes na socialidade dos reassentamentos.

A partir de uma experiencia do cinema e do indigenismo brasileiro, que forneceu aos povos indigen... more A partir de uma experiencia do cinema e do indigenismo brasileiro, que forneceu aos povos indigenas da Amazonia recursos audiovisuais para registrarem imagens de si, o trabalho reflete sobre o lugar do outro no cinema indigena. Nessa analise nao busco apontar senao linhas de forca dos filmes indigenas, aspectos que podem ser assinalados como singularidades dessas producoes. A questao da originalidade e autenticidade dos filmes indigena e uma constante no debate, mas aqui buscou-se contrastalas via observacoes sobre a perspectiva indigena a respeito das potencialidades do audiovisual dentro seus proprios universos e contextos contemporâneos. Dessa forma, deve-se levar em conta as implicacoes da estrutura interetnica em que vivem e que motivam movimentos de reificacao cultural. Para desenvolver esses aspectos, tomarei aqui o caso dos filmes produzidos pelos Panara (Je) no âmbito do Projeto Video nas Aldeias.

Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, 2019
This paper presents a description of hunting and an analysis of its technical relations among the... more This paper presents a description of hunting and an analysis of its technical relations among the Panará, an indigenous group which inhabits southern Amazonia. The paper is focused around two genetic processes of hunting: the individuation of the hunter and the constitution of a hunting territory. In this sense, it approaches the constitution of the hunter as person in relation with his weaponry, a technical object that is the mediator between the hunter’s action and the prey; afterwards, it approaches the forms of environment that emerges from the movement across the forest and through the production of hunting paths where the prey is encountered. The analysis of these aspects allows us to get insight of the hunting activity from the point of view of its actions, materials and interactions with the environment, from the analysis of technical elements which are socially relevant and construct important modes of relation between Panará and their territory.

Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2017
O presente artigo tem como finalidade analisar a trajetória do contato e remoção compulsória, no ... more O presente artigo tem como finalidade analisar a trajetória do contato e remoção compulsória, no período da Ditadura Militar (1964-1985), de dois povos indígenas de língua jê: os Tapayuna e os Panará. O contato de ambos os povos com as frentes de expansão no estado do Mato Grosso, entre as décadas de 1950 e 1970, teve um impacto nefasto em suas vidas. Eles foram vítimas de processos genocidas, etnocidas e de espoliação territorial. Foram removidos compulsoriamente para o Parque Indígena do Xingu: os Tapayuna foram transferidos em 1970, os Panará em 1975. Após 22 anos, os Panará lograram retornar a uma porção de seu antigo território. Os Tapayuna de hoje se espelham no processo panará, pleiteando o reconhecimento do esbulho sofrido e a reconquista de sua autonomia territorial. O texto apresenta os eventos vividos por cada povo e discute as possibilidades de uma justiça de reparação no país.

Espaço Ameríndio, 2013
Factualmente recorrente, simbolicamente pregnante e sociologicamente estruturante, a caça é um da... more Factualmente recorrente, simbolicamente pregnante e sociologicamente estruturante, a caça é um dado fundamental na Amazônia. A série de elementos destacados pela etnologia regional revela a centralidade da atividade entre os coletivos amazônicos. Neste trabalho foco os discursos antropológicos a respeito da atividade cinegética dos povos indígenas, buscando delinear um objeto de estudo. A revisão da bibliografia se concentra em um período particular dessa produção, aquele referente às últimas três décadas, e se detém sobre alguns dos aspectos relativos à “metafísica da caça” (LIMA, 1996). Um dos propósitos é ver como os temas da “afinidade potencial” e do “perspectivismo ameríndio” rebatem na compreensão do campo cinegético, e por outro lado, ver como esse campo informa as operações analíticas desses conceitos. Paralelamente, no ensaio procuro identificar alguns dos nódulos que a interpretação da caça tem enfrentado, apontando, assim, questões para potenciais avanços etnográficos e ...

Vibrant - Virtual Brazilian Anthropology, 2019
This paper presents a description of hunting and an analysis of its technical relations among the... more This paper presents a description of hunting and an analysis of its technical relations among the Panará, an indigenous group which inhabits southern Amazonia. The paper is focused around two genetic processes of hunting: the individuation of the hunter and the constitution of a hunting territory. In this sense, it approaches the constitution of the hunter as person in relation with his weaponry, a technical object that is the mediator between the hunter's action and the prey; afterwards, it approaches the forms of environment that emerges from the movement across the forest and through the production of hunting paths where the prey is encountered. The analysis of these aspects allows us to get insight of the hunting activity from the point of view of its actions, materials and interactions with the environment, from the analysis of technical elements which are socially relevant and construct important modes of relation between Panará and their territory.

O presente artigo tem como fnalidade analisar a trajetória do contato e remoção compulsória, no p... more O presente artigo tem como fnalidade analisar a trajetória do contato e remoção compulsória, no período da Ditadura Militar (1964-1985), de dois povos indígenas de língua jê: os Tapayuna e os Panará. O contato de ambos os povos com as frentes de expansão no estado do Mato Grosso, entre as décadas de 1950 e 1970, teve um impacto nefasto em suas vidas. Eles foram vítimas de processos genocidas, etnocidas e de espoliação territorial. Foram removidos compulsoriamente para o Parque Indígena do Xingu: os Tapayuna foram transferidos em 1970, os Panará em 1975. Após 22 anos, os Panará lograram retornar a uma porção de seu antigo território. Os Tapayuna de hoje se espelham no processo panará, pleiteando o reconhecimento do esbulho sofrido e a reconquista de sua autonomia territorial. O texto apresenta os eventos vividos por cada povo e discute as possibilidades de uma justiça de reparação no país.

Será preciso agradecer muitas pessoas que estiveram ao meu lado e que contribuíram para realizaçã... more Será preciso agradecer muitas pessoas que estiveram ao meu lado e que contribuíram para realização desse trabalho. Entre elas, as que devo maior gratidão são as famílias panará, que me receberam em suas casas, partilharam comida e me permitiram participar de suas vidas. Vivemos momentos felizes. Nomearei algumas delas que estiveram mais próximas: Peranko, meu anfitrião, Sâsó, seus filhos Pepeti, Tussó, Kuranturi, Towsy, Tetuan, Pakontu; Kupere e Kypawy (supiã e nãpiã), Tepaka, Pentuntum, Kabakrã e Kapitã. Devo agradecer à família de Parantá que foi sempre generosa comigo. À família de Teseia, Kiarãsâ e suas filhas. Devo agradecer aos topytumara Akâ, Sykiã, Kokâ, Kieron, Pansuá, Kreton, Tukokian, Iotu, Seakia, Patikã, Seakari, Pâti, Kiekampó e Parikiati, grande caçador. Sykiã, pajé e cacique, que é um grande homem. A Paripoa, Kwotum, Krempy e Sawkré, que me recebiam em seus kukré pã. Agradeço aos meus amigos do dia-a-dia na aldeia: Mikré, Iotikiã, Kiansi, Soti-i, Pysy, Tepakriti, Parinkô, Kankó, Bikiri, Sakona, Sakiera, Sinkú e sua mulher Karasâ, Cutia, Passi, Sãtó, Naprãprã, Paturi e Komoi. Kuka, Kypakiã e Pukiora, que me explicaram muita coisa. Kunity que me levou para pescar e caçar. Sokriti e sua família me receberam no Sõkwê em diferentes oportunidades. A todos os demais, que porventura esqueci aqui, meu sincero agradecimento pela generosidade e pela proximidade. Em campo foram muitas pessoas que me acolheram. A Edinei Maria, professora e colaborada dos povos indígenas da região, agradeço profundamente a atenção e ajuda que me dispensou. As demais pessoas da Secretaria de Educação de Guarantã do Norte, em especial Diana, Glorinha e Fernanda, agradeço pela ajuda. A equipe de saúde do DSEI-Kayapó que atua entre os Panará, também agradeço pela hospitalidade, as refeições partilhadas e o aprendizado que me concederam. Em especial, a enfermeira dos Panará, Mariza Refosco, que se tornou amiga e partilhou muitas informações Agradeço a equipe do ISA que me levou a campo, com quem retornei ainda algumas vezes e cujo trabalho respeito bastante. Ao Paulo Junqueira, um especial agradecimento. A Manuela Otero, parceira entre os Panará. Também agradeço Renato Mendonça e Kátia Ono, além das amigas do Diagnóstico, Amanda Horta, Camila Gauditano e Rosana Gasparini. Devo agradecer a Steve Schwartzman e a Elizabeth Ewart, antropólogos que trabalham com os Panará e que foram atenciosos comigo quando os procurei. Encontrei Steve em Nãsêpotiti uma vez e agradeço pela conversa e o interesse que demonstrou com minhas questões.

Resumo: A partir de uma experiência do cinema e do indigenismo brasileiro, que forneceu aos povos... more Resumo: A partir de uma experiência do cinema e do indigenismo brasileiro, que forneceu aos povos indígenas da Amazônia recursos audiovisuais para registrarem imagens de si, o trabalho reflete sobre o lugar do outro no cinema indígena. Nessa análise não busco apontar senão linhas de força dos filmes indígenas, aspectos que podem ser assinalados como singularidades dessas produções. A questão da originalidade e autenticidade dos filmes indígena é uma constante no debate, mas aqui buscou-se contrastá-las via observações sobre a perspectiva indígena a respeito das potencialidades do audiovisual dentro seus próprios universos e contextos contemporâneos. Dessa forma, deve-se levar em conta as implicações da estrutura interétnica em que vivem e que motivam movimentos de reificação cultural. Para desenvolver esses aspectos, tomarei aqui o caso dos filmes produzidos pelos Panará (Jê) no âmbito do Projeto Vídeo nas Aldeias. Abstract: Starting from an experience of cinema and the Brazilian indigenism movement, which provided the indigenous peoples of the Amazon audiovisual resources to register images of themselves, this work reflects on the place given to Other in indigenous cinema. In this analysis, I seek to point out the lines of force of indigenous films, all of which may be flagged as such singularities of this productions. The issue of originality and authenticity of indigenous films is a constant in the debate, but here I sought to contrast them via comments on the indigenous perspective on the potential of the audiovisual within their own universes and contemporary contexts. Thus, one should take
Anuario Antropologico, Dec 1, 2012

Este trabalho procura percorrer alguns dos estudos sobre a atividade cinegética na Amazônia no in... more Este trabalho procura percorrer alguns dos estudos sobre a atividade cinegética na Amazônia no intuito de distinguir as principais linhas de força dos discursos que a abordam. Trata-se de uma revisão da bibliografia concernente ao tema e uma discussão sobre as potencialidades de uma análise da caça na região. A etnologia realizada na Amazônia indígena reuniu dados que atestam a recorrência factual da atividade, além da sua pregnância simbólica e sua relevância sociológica para os coletivos amazônicos. As interações entre humanos e não-humanos na caça constitui um campo privilegiado para a observação dos modos de articulação entre natureza e cultura no universo ameríndio. Ao mesmo tempo, a complexidade da caça coloca desafios para a sua captura etnológica, tendo em vista a sua dispersão por diferentes dimensões da vida social indígena. Por meio da apresentação de diferentes estudos etnográficos que tratam da cinegética e uma discussão sobre os principais aspectos teóricos que informam esses trabalhos, procura-se apontar o lugar que a caça ocupa na antropologia da Amazônia indígena. A análise desenvolvida destaca os principais nichos temáticos apresentados, com o objetivo de cotejar duas possibilidades analíticas: uma que aborda as cosmologias e ontologias nativas, outra que analisa as pragmáticas e ações cinegéticas. As potencialidades de uma abordagem por meio dos estudos da antropologia da técnica são aventadas ao final.

Factualmente recorrente, simbolicamente pregnante e sociologicamente estruturante, a caça é um da... more Factualmente recorrente, simbolicamente pregnante e sociologicamente estruturante, a caça é um dado fundamental na Amazônia. A série de elementos destacados pela etnologia regional revela a centralidade da atividade entre os coletivos amazônicos. Neste trabalho foco os discursos antropológicos a respeito da atividade cinegética dos povos indígenas, buscando delinear um objeto de estudo. A revisão da bibliografia se concentra em um período particular dessa produção, aquele referente às últimas três décadas, e se detém sobre alguns dos aspectos relativos à "metafísica da caça" (LIMA, 1996). Um dos propósitos é ver como os temas da "afinidade potencial" e do "perspectivismo ameríndio" rebatem na compreensão do campo cinegético, e por outro lado, ver como esse campo informa as operações analíticas desses conceitos. Paralelamente, no ensaio procuro identificar alguns dos nódulos que a interpretação da caça tem enfrentado, apontando, assim, questões para potenciais avanços etnográficos e debates teóricos.
Pensar BH/Política Social
Campos-Revista de Antropologia Social, 2012
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