Papers by Angela Maria Araujo Leite

A intensificação, no Brasil, de modernas técnicas agrícolas, com a chamada Revolução Verde, a par... more A intensificação, no Brasil, de modernas técnicas agrícolas, com a chamada Revolução Verde, a partir dos anos de 1970, acabou por aprofundar as diferenças entre pequenos, médios e grandes produtores agrícolas, uma vez que foi negado ao pequeno agricultor o acesso a essa modernização, deixando-lhe renegado às mudanças que foram ocorrendo no meio rural. Historicamente, o estado de Alagoas tem na atividade agrícola, especialmente na monocultura da cana-de-açúcar, no cultivo do algodão e na cultura do fumo, o seu suporte econômico. Tal fato proporcionou um grande destaque no cenário nacional e internacional, especificamente com o cultivo do fumo, chegando aos anos de 1970 a ser considerado o maior parque fumageiro da América Latina. Contudo, a partir dos anos de 1990 a crise se instala, marcando o desenhar de um novo cenário, notadamente no município de Arapiraca, considerado Pólo Regional, onde a agricultura deixa de ser sinônimo de prosperidade. Arapiraca localiza-se na área central do Estado de Alagoas, possui segundo estimativa do IBGE para 2005 um total de 199.964 habitantes, sendo 163.383 no espaço urbano e 36.581 no espaço rural, ou seja, apenas 18% estão distribuídos na zona rural, com densidade demográfica de 568,93km2. O município situa-se na área central do Estado (figura 1), na Mesorregião do Agreste e na microrregião de Arapiraca, e dista 135,7 km de Maceió, capital do Estado de Alagoas. Tem uma superfície de 351 km2 e é cortado pelas coordenadas 9º 45` e 9" S e 36º 39` 40" O. Por sua localização no centro do Estado, tornou-se ponto de passagem para as pessoas que trabalham no corte da cana-de-açúcar e que retornam da Zona da Mata, no fim da safra, em direção ao Agreste e Sertão. Assim, a cidade de Arapiraca, em função de sua feira livre e da crescente

Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impor minha existência numa sociedade que ... more Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impor minha existência numa sociedade que insiste em negá-la. (Djamila Ribeiro) Impor-se diariamente, visibilizar-se insistentemente, tornou-se uma luta necessária e exaustiva, desde que os navios transportaram seres humanos que foram desapropriados de si e desterritorializados, para serem escravizados em territórios além-mar. É a realidade da população afro-brasileira que também luta constantemente para formalizar territorialidades negras, pois "[...] territórios negros ou território de maioria negra, como também territórios de maioria afrodescendente são conceitos sobre espaços geográficos habitados ou produzidos pela população sobre um lugar de moradia e suas extensões de uso" (CUNHA JUNIOR, 2019, p.92). Em todos os movimentos há a força de refletir e atuar sobre o espaço vivido pois, para Cunha (idem), "[...] traduzir as ideias relativas a territórios é pensar de forma ampliada do espaço geográfico e todo sentido dado pela população negra que o habita". No Brasil o processo colonial construiu e difundiu a imagem do povo negro como seres inferiores ou, em casos extremos, negando sua humanidade, seus saberes, vivências e territorialidades. Assim, para Domingos (2011 apud CUNHA JUNIOR, 2019, p.93) "o território, nesse sentido é um caleidoscópio representativo da vida, tem dimensões variadas no jogo das relações sociais, culturais e políticas".
Livro Dois séculos de capitalismo em Alagoas

RESUMO-Os movimentos negros e antirracistas sempre foram silenciados e oprimidos. Fazse necessári... more RESUMO-Os movimentos negros e antirracistas sempre foram silenciados e oprimidos. Fazse necessário trazer à tona essas questões para que a hegemonia da branquitude, que ainda ocupa os lugares de poder, não se utilize delas para criar, dentro da sociedade, invisibilidades e indiferenças. A publicidade é um meio de divulgação que se utiliza de aparatos convidativos a cada público; e, a problemática materializa-se quando determinados grupos são discriminados, tais como, crianças negras, mulheres negras e, de forma mais ampla, o povo negro. Djamila Ribeiro, referência nesta escrita, nos alerta sobre os problemas que impedem o acesso aos lugares de cidadania, que o racismo impõe. Analisa-se, através de revisões bibliográficas e de campanhas publicitarias, pretéritas e contemporâneas, como a sociedade brasileira se constituiu, sob forte influência do racismo. Descolonizar o pensamento está apenas em seu movimento inicial. Dessa forma, o texto reflete sobre o pensamento racista, predominante na sociedade brasileira, e o pensamento antirracista nos espaços intraescolares e extraescolares, possibilitando um exercício que nos permita compreender a importância do nosso papel na produção de uma sociedade antirracista. Contata-se que o racismo estrutural está arraigado na sociedade brasileira, o que torna urgente efetivarmos o funcionamento da Lei 11.645/08 nos espaços escolares, promovendo uma educação antirracista.
Diversitas Journal, 2017
A aula de campo como ferramenta de investigação do lugar no ensino de Geografia Tiágo Gomes dos S... more A aula de campo como ferramenta de investigação do lugar no ensino de Geografia Tiágo Gomes dos Santos (1) ; Lindinalva Miguel da Silva (2) ; Angela Maria Araújo Leite (3)

RUNA, archivo para las ciencias del hombre, 2021
Os povos indígenas lidam com intervenções colonizadoras desde o século XVI, incluindo nesse rol a... more Os povos indígenas lidam com intervenções colonizadoras desde o século XVI, incluindo nesse rol a escola, implementada majoritariamente por políticas integracionistas. Porém, desde as décadas finais do século XX, intensificam processos de resistência, afirmam e recriam modos de vida, apropriando-se da escola e aliando-se a universidades, principalmente para a formação específica de seus professores. Este estudo aborda a formação inicial de professores indígenas na Licenciatura Intercultural Indígena - CLIND, curso desenvolvido pela Universidade Estadual de Alagoas, Brasil, em parceria com povos indígenas da região. Com um currículo diferenciado, a licenciatura intercultural diplomou 69 professores indígenas e já contempla a segunda turma, iniciada em 2019. Na análise de trabalhos de conclusão do curso, produzidos individualmente por alunos da primeira turma, é possível afirmar que, mesmo informados por parâmetros teórico-metodológicos acadêmicos, estes trabalhos aportam outras metod...

Diversitas Journal, 2020
RESUMO: A plantation, no nordeste brasileiro, é introduzida após a invasão portuguesa, no início ... more RESUMO: A plantation, no nordeste brasileiro, é introduzida após a invasão portuguesa, no início do século XVI. O cultivo da cana de açúcar vai ser inserido na zona da mata e os engenhos vão se espalhando pelo território canavieiro. Para dar suporte a esses engenhos, a produção de alimentos se desenvolverá no agreste e a pecuária bovina no sertão, dessa forma o interior vai sendo ocupado, especialmente no atual território alagoano. Será a partir desta abordagem que o presente trabalho se desenvolverá. O objetivo é apresentar resultados da primeira etapa de uma pesquisa sobre a formação das cidades, através de levantamentos documentais em cartórios, igrejas e órgãos públicos. Assim, constatou-se a importância do tropeirismo, que será fundamental para o surgimento das feiras livres e, consequentemente, das cidades do agreste. Da mesma forma, as fazendas de gado serão o marco inicial da ocupação dos municípios do sertão alagoano. PALAVRAS-CHAVE: Tropeiro. Rio dos currais. Agreste. Sert...
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